ーFiquem longe de nós! – O rapaz falou e segurando a mão de Hanna, começaram a se afastar de todos e irem em direção a porta. Só então Serena se mexeu. Não que tenha se movido do lugar nem nada assim. Mas com um menear de uma mão em direção a porta, essa se fechou com um baque tão forte, que as paredes tremeram. Hanna gritou e se agarrou a Roger.
ーDeixem-nos sair! – A voz da jovem saiu chorosa. ーNão vamos denunciá-los, só queremos ir embora daqui, seguir com nossa vida. Bento, vamos conosco, por favor.
ーNão seja ridícula, Hanna. Por que eu iria querer voltar à nossa vida patética se tenho a
Dora se aproximou dos dois e ambos se retraíram. Ela pegou devagar as mãos de Roger e passou as suas pelas palmas e braços do rapaz, que não conseguiu evitar um arrepio. Hanna segurava o pedaço de pau que havia se quebrado quando ele tentara quebrar a porta e se mantinha à espreita, colada ao seu corpo sem desviar os olhos da mulher, preparada para lhe atacar caso ele ferisse seu amigo. Seus olhos demonstravam que nada a impediria de golpeá-la. Dora a ignorou e em segundos, as feridas de Roger desapareceram.ーEsse é apenas um dos poderes que temos no início do solstício. ー Informou Dora, ficando de pé e se afastando. ーEntendam que uma nova vida se abre diante de todos. Vocês chegaram à maioridade e agora detém mais poder do que imaginam. Vocês três poderão abrir uma fenda para novas realidade
ーComo poderia não amá-los? E me acreditem, eu só soube disso há pouco tempo. Foi Dora e Téron que me disseram que isso era possível, que éramos os jovens da profecia. Tentei falar com vocês inúmeras vezes, quando descobri. Dora e Serena foi que me fez mudar de ideia e me disseram que ainda não estavam preparados. Achamos por bem esperar a hora certa de apresentar a vocês essa maravilhosa oportunidade.ーE nos dizer assim, dessa forma, tudo de uma vez? Nos trazer até aqui, fingir que tínhamos viajado entre realidades, modificar o orfanato, usar de seus poderes para criar um redemoinho, nos assustar por horas e apresentar a nós isso que acha que é para nós, uma maravilha? Ah, você é mesmo o pior filho da puta que já conheci, Bento. ー Roger lhe disse, o asco visí
Quando o barulho cessou, ele arriscou abrir um pouquinho a porta. O silêncio o saudou. Criando coragem, saiu de gatinhas da geladeira e engatinhou até onde estava sua amiga. O gosto de sangue na boca, com certeza do dente quebrado ou das mordidas na língua.Hanna estava de pé, seus cabelos grudados no suor do rosto, sua expressão, inescrutável. A exaustão visível, deixava pregas debaixo de seus olhos escuros pelas olheiras. O braço, antes quebrado, pendia solto e os dentes trincados. Com a outra mão, a sã, ela segurou o braço que, ao que parecia, doía, pela expressão dela, mas não mostrava sinais de quebradura. Como poderia ser possível isso:ーRoge, acho que os matei. ーela soluçou, a voz baixa e rouca. Roger, abraçado à Hanna, falou em seu ouvido:ーEles não suportam o sol, não devem suportar também o fogo.ーO que pensa em fazer? Seu isqueiro não dará conta de tantos, imagino que sejam muitos.ーVocê ainda está com aquele colar?ーÉ uma bijuteria de vidro! Comprei por centavos em uma feira, vai querer oferecer a eles? Eles não são índios, Roge. Quer barganhar nossa vida com isso? ーela retirou de dentro das vestes a bijuteria que estava de encontro ao seus seios, mostrando ao amigo.ーFique quieta e me deixe tentar algo. Não temos muito tempo.Retirando o colar do pesco&ccedCAPÍTULO VINTE E SEIS
ー Não podemos seguir mais por onde íamos, jamais quero me encontrar novamente com Metralhores, Deus me livre!ーSerá que há mais bestas como eles que estão entrando em nossa realidade, Han?ー Tomara que não. Sua ideia foi excelente, heim? Eu não teria pensado naquilo, ainda mais sob pressão. Mas creio que tenhamos que ir até a tal árvore, lá está a resposta, você não acha?ー Infelizmente sou obrigado a concordar. Mas Bento e seus novos amigos devem esperar por isso, sabem que é para lá que iremos para pôr fim a tudo isso. E me assustam mais que os Metralhores, na verdade. Acha que conseguirá gritar daquela forma novamente se os vir?ー F
Estavam de volta ao orfanato. Pararam na porteira e ficaram uns minutos olhando lá para dentro. Nem sinal de Bento ou dos outros, estava tudo quieto. A porteira estava como deixaram, aberta.ー Não tenho um pingo de vontade de entrar lá. ー disse Hanna.Roger concordou com um aceno de cabeça. Pressentiram que os esperavam, que estavam à espreita os aguardando e era inevitável o arrepio que sentiam.ー Ouça, Han, está ouvindo os pássaros?ー Sim! Me parece tudo normal, veja o céu, está azul, será que está tudo bem, que voltou tudo ao normal?ー Não imagina como gostaria de acreditar que sim, mas sinto em minha medula que não. El
ー Sério?ー Claro. Você achou que eu não iria querer conhecê-la?Roger sorriu mais abertamente e a puxou de encontro a si.ー Eu queria apresentá-la à vocês desde a segunda vez que saímos, mas tinha medo de que não fosse sério, sabe. E na verdade não sabia que era sério até agora.ー Seu bobo. Independente de ser sério ou não, quero muito conhecê-la. Ainda que seja só uma garota que está ficando com você, quero bater um papo com ela, contar como você é de verdade.Roger fingiu dar um soco em seu braço.ー Por favor, só n&atild
ー Padre, o senhor não acreditaria no que estamos metidos ー começou Roger. ー Aconteceu algo e nem sei por onde começar.Hanna, após ouvir o amigo tentando em desespero começar a contar, se afastou, o sorriso sumindo subitamente de seus lábios. Ela olhava para o Ford antigo do padre e se perguntava como ele podia estar ali. Será que podiam confiar nele, será que era um deles, dos que queriam matá-lo a todo custo para conhecerem uma outra realidade? Não passou despercebido ao padre a mudança abrupta da jovem.ー Acredito sim, meu caro, que estejam metido em alguma confusão, mas se acalme e me contem.ー Por que o senhor está aqui? ー Perguntou a garota, puxando Roger pelo braço para que se afastasse do clérigo at&eacut