HAFIQ
Ela senta-se da forma mais ereta possível, com as pernas cruzadas, charmosa pra cacete com uma camisola velha, maltrapilha, tentando manter a indiferença e o último fio de orgulho que lhe resta.
Antônia me aponta outro sofá para eu sentar-me e eu suspiro longamente, tentando dissipar a tensão que emana de nós dois.
Eu tento me acomodar da forma mais relaxada possível.
Sou um homem que não tem problemas de autoestima, sei do efeito que eu causo nas mulheres, a maioria joga-se em cima de mim como urubus na carniça. É incrível como a combinação de um pouco de beleza, educação e bastante dinheiro torna um homem irresistível.
Irresistível e... profundamente solitário.
As relações amorosas que eu vivi, se algumas fodas agradáveis podem ser definid
CAPÍTULO 5E aquela força da natureza saiu de minha casa como um furacão.Entrou e saiu como um redemoinho que arromba as portas e tira tudo do lugar, sem pena e sem piedade, sem tempo de se proteger, sem pedir licença.Se minha vida não entrar no eixo de novo, Hafiq vai cumprir com sua promessa, eu serei sua mulher, eu serei dele e isso me assusta demais. Durmo pensando em como conseguirei fugir da sua proposta, sem quebrar a promessa que fiz a Aziz. Kaled agora só tem a mim no mundo, a lembrança de tudo que Ziê fez por mim permanece viva em minha memória, em meu coração.Ele me ajudou a resgatar minha autoestima, e agora os dias sofridos que eu vivi fazem parte o passado, graças a ele.Conheci Ziê quando eu tinha treze anos, em uma viagem que ele fez com Johnny a Quijingue, cidade próxima a Canudos — BA.Era festa de Reis, a cidade estava cheia de visitantes, turistas iam e vinham. E a fome me fazia invisível, eles não me notavam. Eu estava muito magra, sofrida pela fome e dilacerad
Acordei cansada, tive uma noite de sono agitada, ainda sinto as mãos de Hafiq pelo meu corpo, que merda! Por que ele tinha que ser irmão de Zie?Pelo menos estou conseguindo me alimentar melhor, tomo um iogurte e um suco de laranja bem gelado, preparo rapidinho um mingau para Kaled.Sentado na cadeirinha, ele espalha mingau pra tudo que é lado e me sorri daquele jeito inocente que eu tanto admirava em Zie.- Mama, quer nanana. Hum!!! bom a nanana.E a banana se amassa toda entre as suas mãos gordinhas, mas que menino mais danado!Ele é um menino muito doce e travesso, uma boa mistura minha e de Aziz: mulato, cabelos castanhos cacheados, olhos castanhos curiosos e alegres.Em mais uma manhã de choro e birra, no placar mamãe x Kaled, eu perco humilhantemente, desisto por hoje dessa batalha e deixo ele levar escondido a chupeta na mochilinha da creche.Após deixa-lo na escola, retorno correndo para casa, ainda dá tempo de tomar uma chuveirada e arrumar-me rapidamente.Até que eu não estou
Eu as vejo salivarem como um canibal em frente a um banquete de carne, todas se tornaram uma massa líquida de hormônios, entre risinhos bobos, cutucões e suspiros juvenis. Completamente seduzidas pela figura envolvente de voz rouca e sotaque melodioso, que eu adoraria nesse exato momento apertar o pescoço até vê-lo sufocar.Dafne, a atendente da cafeteria, aprendiz de vadia, ousada como sempre, fala com Brenda e Lia.- Nossa, se esse homem fosse meu, só sairia da minha cama de cadeiras de rodas. Lia conclui, aumentando o alvoroço feminino.- É um belo de um parque de diversões, vocês não acham? Pra completar nossa maré de azar, só faltava ele ser gay.Brenda ajeita o decote do vestido, puxando seus peitos enormes para cima, como melões quase saltando à vista de todos, se puxasse mais um pouco, dava pra ver os mamilos.Aff!E minha amiga j**a os cabelos louros para o lado, fazendo a cara mais sexy que pode, em direção a Hafiq.- Não tô nem aí se ele for gay, por mim "fuck you my Darling
Faz um gesto indicando para eu passar em sua frente.Vamos almoçar meu bem.Saio pelo corredor com passos trôpegos, acompanho Hafiq até o carro estacionado na frente da galeria, ele abre a porta e eu me sento, olho para o lado e o filho da puta parece alegre pelo efeito que sua demonstração de poder acabou de provocar.Ele dirige em silêncio, por vezes me olha, observando minha reação.A raiva cresce dentro de mim, uma sensação física de cólera, ele não sabe, mas está abanando um lenço vermelho nas minhas fuças e eu estou botando fogo pelas ventas, prestes a atropelar tudo, um ardor queima meu ventre, subindo até a minha garganta.Minha vida virou de cabeça para baixo desde a chegada desse homem insuportável e lindo que divide o espaço comigo, com uma expressão de calma e contentamento que chega a dar nojo.Não tenho a menor ideia pra onde ele está me levando, com a venda da galeria não sei como pagarei as contas no final do mês e não tenho mais as rédeas da merda do meu destino.Três,
HAFIQSó existe o desejo, os lábios de Tônia entreabrem- se de um jeito muito sexy. A respiração entrecortada demonstra-me que ela está tão excitada quanto eu.Minhas mãos percorrem o seu rosto, a sua pele macia me desperta uma voracidade que eu fiz de tudo pra esconder.Chupo os seus lábios carnudos e doces como tâmaras, seguindo com as mãos trêmulas até a curvatura do seu pescoço, descendo os dedos lentamente e descobrindo o prazer imenso de tocá-la.Eu não consigo tirar as mãos do seu corpo.Meu membro encosta na sua bunda macia, se avolumando cada vez mais, eu peço a ela tudo o que quero, e eu quero tudo, toda ela, só pra mim.Por que brigamos tanto se o que queremos é nos perder um no outro? Se só o que precisamos é aplacar essa fome que nos consome?- Eu quero de novo, dá pra mim, me dá essa boca gostosa, depois a gente volta a brigar, Tônia.Não quero mais brigar, a raiva morreu nesse beijo, dando lugar a um tesão insano. Se essa é a brincadeira, ah, meu bem, eu adoro brincar, d
ANTÔNIAPor que ele me beija assim? Por que continua essa tortura desumana?Eu sou toda sensação, toda desejo, não há mais o medo, a dor, só o prazer de ser mulher, de ser fêmea e o latejar nu e cru do cio.Os dedos me dedilhando dentro e fora, indo e vindo, cada vez mais fundo, cada vez mais rápido, cada vez mais longe; ele esfrega os dedos em um ponto que me deixa mais sensível, úmida e trêmula, contraio o sexo freneticamente, apertando-me em torno de seus dedos.Aperto os olhos com a força do prazer que se aflora em meu ventre e rasga meu corpo, dilacerando-me por dentro.- Abra os olhos, eu quero ver seus olhos enquanto goza, me dê o seu prazer, goza pra mim, habibi.Um orgasmo delirante me toma em um sobressalto e eu gozo em sua mão, viro a minha cabeça girando de um lado pra outro, no desespero de me perder, de não ter chão, de ser levada por caminhos que eu desconheço.Ele ainda mantém os dedos dentro de mim, apertando-me a vulva, circundando o polegar em meu clitóris, respiro
ANTÔNIANão será um casamento contratual, seremos amantes e o que mais me assusta é que eu anseio por isso. Eu não conhecia esse meu lado sombrio, de desejar submeter-me ao seu prazer, a essa posse irrevogável, querer que ele me tome para si, me reivindique.É ultrajante e tentador ao mesmo tempo, eu quero continuar a ser a mulher que sempre fui, independente, segura e senhora de minha vontade.Mas surge por trás dessa frieza, uma mulher que me acena com o abandono do prazer, do desejo puro, do salto sem tela de proteção.Até pouco tempo essa mulher era uma desconhecida.Essa mulher que bate a minha porta e invade minha vida, propondo-me o novo é irresistivelmente tentadora.Sou seduzida pelo canto da sereia, sair de minha zona de conforto, mas será que ao sair desse conforto, não me perderei novamente?Quantas dores mais eu vou viver ao me permitir querer, desejar, experimentar, ser mulher novamente?Eu tenho t
ANTÔNIAEu não sou uma mulher frágil, cândida, a rudeza do início de minha vida me criou uma couraça difícil de transpor.Hafiq precisa casar-se com uma princesa, de requinte e polidez irretocáveis e eu sou uma mulher livre, simples, e detesto demonstrar as minhas fraquezas.Só que apesar da minha postura forte e arredia, ele tem um jeito que me desarma, me deixa totalmente nua.Eu não consigo controlar o desejo que ele me desperta e odeio me sentir assim, feito uma massa de pão em suas mãos, que a gente sova, aperta e coloca no ponto na hora que bem quer.Hafiq continua me encarando em silêncio, como se pudesse adivinhar o turbilhão de pensamentos e emoções que se passam em minha cabeça.- Fale Tônia o que a assusta tanto.- Eu não sou mulher de ter medo de nada Hafiq, esse é o nosso problema, por isso que essa relação jamais vai dar certo. Você necessita de uma mulher dócil, frágil; que aja, seja e faça tudo do jeito