HAFIQ DOIS MESES DEPOIS— Ah, inferno, você me mata Habibi, me dá a sua boca.— Venha pegar, preguiçoso.Eu corro em volta da mesa ao redor de Antônia, ela sabe que essa luta é perdida, agarro a sua cintura e a jogo em cima da mesa, deixando cair uma pilha de papéis.Puxo a sua cabeça para trás, os seus cabelos entremeiam-se macios em meus dedos, agora eu tenho total acesso aos lábios carnudos da minha onça, eles se encaixam perfeitamente nos meus e eu vou pegá-los pra mim.Nossos beijos são como se não houvesse amanhã e a sensação às vezes é essa mesma.Desde que eu tive que receber em minhas mãos a dura tarefa de conduzir esse país e tomei para mim as rédeas das decisões mais urgentes do governo, a minha vida virou de cabeça para bai
HAFIQE depois de lamber, sorver e beber da sua carne novamente, como se fosse o meu último gole d'água no meio do deserto, nós fizemos amor, atracados em cima da mesa de reuniões.Me pego por vezes sorrindo, enquanto almoçamos esparramados no sofá.Apesar de todos os estresses, ela enche a minha vida de alegria, desse jeito que é só dela, tão natural, tão intempestiva e tão minha.Eu não preciso fazer o personagem do sheikh poderoso.Ela já viu as minhas maiores fragilidades, Tônia conhece o meu lado mais feio, o meu pior e isso é tão reconfortante, com ela eu posso ser somente eu, com todas as minhas imperfeições.Samyr, meu secretário, nos interrompe com uma ligação e Antônia fecha a cara, sentada no meu colo, quase me empurrando goela abaixo um pedaço de sanduíche.Sendo assim, uma vez onça, sempre onça...Ela arranca o telefone da minha mão e dispara para Samyr.— Samyr, esqueça Hafiq por meia hora, o seu chef
Sem que ela saiba, reformei um dos quartos, transformando-o em um pequeno estúdio para ela poder criar as suas obras de artes em um espaço só dela.Deveria ter feito isso mais cedo, após nos instalarmos na casa, levei-a com os olhos vendados para mostrar-lhe a surpresa do estúdio e ela gostou tanto que fizemos amor em cima da mesa de pintura, espalhando pincéis e latas de tinta pelo chão, em uma bagunça deliciosa e só nossa.— Senhora Hassan, você não se envergonha de fazer essa bagunça e tirar um homem virtuoso do bom caminho?— Pensei que seria um bom caminho fazê-lo gozar no estúdio novo.— Só se fizermos isso de novo, já estou pronto para um segundo round.Ela não está na sala, melhor, me dá tempo de arrumar essa bagunça que ficou a minha mão ferida.Sigo até o banheiro e quando menos espero, ela está na porta me olhando assustada, empurrando a minha mão, para ver o ferimento.— O que aconteceu? Onde você se machucou desse jeito, Hafiq?Eu tento tirar as mãos dela, mas ela me fuzi
Anusha me tira dos meus pensamentos e se levanta, jogando cinquenta Riyal Qatari na mesa da cafeteria que paramos para lanchar e reclama como sempre.— Vamos, rápido! Você e Jamal parecem duas lesmas, ainda temos que comprar uma roupa pra você para a festa de hoje, antes que você ponha esses peitos para fora com os decotes que você teima em usar.Eu sussurro pra Jamal.— Ih! A Manusha ataca novamente.Ele levanta a sobrancelha sem entender.— Manusha? Não entendi.— Acorda Jamal, por isso que ela fica te chamando de lesma, Manusha é a junção de Má com Anusha, Manusha entendeu agora?— Eu sou velha, mas não sou surda, você merecia umas boas chibatadas nessa sua bunda gorda. Mas eu gostei, Manusha é bom, pode me chamar assim menina, impõe respeito aos inimigos.— Eu me chamo Antônia, Anusha, e não menina.— Sim, eu sei, mas é muito bom implicar com você, menina.— Se continuar me chamando de menina, continuarei te chamando de Manusha!— Fique a vontade, menina insolente.E lá vai ela ba
ANTÔNIAEu tentei me manter como uma dama fria e educada, mas o sangue me sobe no rosto, eu sou latina e baiana, não tem jeito de eu ser diferente, comigo a porrada canta, jogo capoeira desde que me dou por crescida, antes que ela começasse a pensar a limpar a porra de sua bunda sozinha, essa ordinária pediu por isso.Encosto a filha da puta na parede e pego-a pelo queixo, para que me encare.— Escute aqui, sua vaca! Hafiq é e sempre será meu. Não tenta tomar o que é meu senão eu faço uma marca bonitinha nessa sua cara ordinária.Ela não se dá por vencida e eu só sinto o cuspe atingir o meu rosto em uma velocidade supersônica, e a mal fodida da Jamilah fala mais alto.— Vagabunda.Não vou deixar essa passar de graça e só pra ela ver que eu não estou de brincadeira, dou- lhe dois tapas na cara tão estalados que deixaram a marca do meu anel em sua bochecha.Ela sai pelo corredor com os olhos arregalados, segurando
É uma confusão imensa, Farah acusa Hafiq de ofender o sheikh Karim e só trazer discórdia, Malika e o marido olham um para o outro, totalmente chocados com a discussão e Anusha desce as escadas com Hafiq, puxando-o pelo braço, enquanto ele passa por todos com os olhos injetados de ódio, pega a minha mão tão forte quase a esmagando e nos conduz até a saída.— Chame Youssef para irmos embora.Eu corro até Youssef e ele se adianta para manobrar o carro. Anusha nos segue e Hafiq discute com a avó.— Você o defende, eu sei que ele é seu filho, mas você esteve comigo todo o maldito tempo em que eu esperei a minha mãe, sentado na soleira da porta, sem que ela voltasse pra casa. Dia após dia, sem receber nenhuma notícia e nem um corpo pra enterrar. Então me faça um favor, pare de fingir que você não sabe de nada e comece a me falar a verdade, palavra por palavra, até lá, eu estou fora! Eu não deveria ter deixado a minha vida em Londres pra voltar pra esse inferno, eu vou fazer como o meu pai q
HAFIQDecido deixar um pouco de lado a minha miséria pessoal e vou verificar o motivo de Tônia se demorar tanto no banho, a porta está só encostada, ela sabe que eu não gosto que tranque, em caso de necessidade, eu posso protegê-la ou socorrê-la mais rápido.Sigo o som do seu choro baixinho e me deparo com Antônia, encolhida embaixo do chuveiro aberto, esfregando a bucha pelo corpo.A pele marrom ficando cada vez mais avermelhada de tanto friccionar a bucha na pele.Ela chora copiosamente e eu nunca a vi desolada dessa forma, ela só pode estar em um transe histérico.Esfregando e chorando e esfregando e chorando, a pele já deve estar arranhada, eu preciso tirá-la dessa histeria, entro no chuveiro mesmo de cueca e arranco a bucha das suas mãos.Tônia me encara e eu vejo nos olhos de gato que eu tanto amo, uma dor, uma tristeza extrema.Ela só repete palavras humilhantes, totalmente sem sentido, “cadela vadia”, “
Os músculos dos meus braços tremem, mas eu mantenho-a firme, grudada na parede.Tônia ainda me fita com as unhas fincadas em minhas costas e os dentes pequenos cravados em meu ombro.Após nos recuperarmos de nossa foda avassaladora, ela desliza por meus quadris, mantendo-se em seus próprios pés e continuamos abraçados, nos beijando fundo e com calma, até que nossas bocas se desgrudam pouco a pouco, abro o chuveiro e a lavo rapidamente, tirando- a logo debaixo da ducha.— Venha que eu vou te enxugar, você está se enrugando tal qual uma ameixa debaixo desse chuveiro.Visto-a com um roupão e pego uma toalha para secar os seus cabelos. Enquanto enrolo uma toalha na cintura, Tônia deposita beijinhos macios e molhados em meu peito, em meus braços.A minha felina hoje está preguiçosa e manhosa como uma gatinha dengosa, por vezes tão doce e tão feroz, mas tão minha.Tônia descansa deitada de lado, com a coxa enroscada entre as minhas pernas, brincando com alguns pelos que circundam os meus ma