Kerem Kaya Eu assisti a um filme com Luna naquela noite, aproveitando cada minuto ao lado dela. Aquele momento a sós foi o que ambos precisávamos; depois de todas as dúvidas e confusões causadas pelas fofocas maldosas, era um alívio finalmente poder estar em paz ao seu lado. Mas sabia que isso não duraria se eu não fizesse algo em relação ao que havia acontecido na empresa. Luna tinha sofrido nas mãos de pessoas que espalhavam mentiras, e isso era algo que eu não podia tolerar.Na manhã seguinte, ao entrar na empresa, eu já sabia o que precisava fazer. As palavras de Luna, sua tristeza velada, tudo aquilo ainda ecoava em minha mente. Ao passar pela recepção, cumprimentei brevemente os funcionários e pedi à minha secretária que chamasse Derya e Emine para a minha sala. Ela assentiu, e em poucos minutos, ouvi a leve batida na porta.— Entrem — disse, em um tom controlado, mas firme.As duas entraram com expressões cautelosas, provavelmente não imaginando o que as esperava. Respirei fun
Lion Collins Eu estava no plantão, exausto, mas cada vez mais convencido de que precisava provar para Nazli que eu podia ser o homem que ela merecia. A noite já passava das dez, e o hospital estava mais silencioso do que o normal, o tipo de silêncio que sempre parecia pressagiar algo. Ainda assim, saber que ela estava por perto me dava uma sensação estranha de conforto, mesmo em um ambiente caótico como aquele.Foi então que a emergência foi ativada. Um paciente chegou com ferimentos graves a bala, e tanto eu quanto Nazli corremos para os primeiros socorros. A situação era crítica, e rapidamente levamos o paciente para a sala de cirurgia. Eu, como cirurgião, e Nazli, como enfermeira chefe, estávamos determinados a salvar aquela vida. Mas eu podia ver a tensão no rosto dela; essas situações sempre trazem uma carga emocional pesada, e eu sabia que ela sentia isso tanto quanto eu.A cirurgia estava avançando, e cada segundo contava. Mas então, de repente, a porta da sala de cirurgia foi
Nazli Ylmaz A noite tinha sido uma sucessão de emoções e sustos. Eu ainda estava tentando controlar a adrenalina que corria pelo meu corpo quando o Doutor Ferman entrou na sala de cirurgia, trazendo com ele aquela calma autoritária que sempre impunha respeito. — Nazli, preciso que me ajude com este paciente — ele disse, sem perder tempo. A voz dele, firme e controlada, trouxe-me de volta ao momento, e eu imediatamente me concentrei na tarefa. Trabalhamos juntos para estabilizar o paciente, cada movimento era preciso, e a sala estava imersa em uma concentração absoluta. Quando terminamos, eu estava exausta, mas aliviada por ter feito tudo o que era possível por aquela vida. Doutor Ferman se aproximou e, de uma maneira que me pegou de surpresa, colocou a mão no meu ombro. — Você fez um bom trabalho hoje, Nazli. Vá para casa e descanse. Pode tirar o dia de folga — ele disse, com um sorriso breve, mas sincero. Assenti, agradecendo pela compreensão, mas, ao sair da sala, perce
Nazli Ylmaz Essas palavras me atingiram com uma intensidade inesperada. Eu havia ouvido declarações antes, mas nada como aquilo. Não havia promessas vazias, nem juras exageradas. Apenas uma determinação serena, uma promessa de alguém que estava realmente disposto a lutar por mim, a lutar para ser melhor, não apenas para conquistar o que queria, mas para ser digno de algo maior. — Lion… — comecei, mas as palavras escaparam, se misturando em uma confusão de sentimentos que não sabia como expressar. Eu estava tão acostumada a me proteger, a erguer muralhas ao meu redor, que agora, diante daquela vulnerabilidade dele, sentia as minhas próprias defesas desmoronarem. Ele continuava me observando, o sorriso diminuindo, dando lugar a um olhar mais profundo, quase triste. — Sei que você carrega feridas, e que o medo de confiar em alguém é enorme — ele disse em voz baixa. — Mas eu não vou desistir. Vou te provar, de um jeito ou de outro, que sou mais do que a imagem que você tem de mim.
Lion Collins Duas semanas que passaram em um piscar de olhos, mas que também pareceram uma eternidade. Desde o dia em que Nazli me deu aquele pequeno, mas significativo beijo na bochecha e me permitiu um espaço no coração dela, algo dentro de mim começou a mudar. Não era mais sobre a conquista ou sobre provar algo a alguém, era sobre merecer o que Nazli representava, um futuro que eu mal ousava sonhar antes.Naquela noite, enquanto me preparava para o encontro, sentia um misto de ansiedade e euforia. Tinha convencido Ferman a trazer Zeynep junto para que fosse um encontro duplo. Sabia que Nazli ficaria mais à vontade assim, menos pressionada, e por mais que quisesse um momento a sós com ela, estava disposto a tudo para que ela se sentisse segura e confortável.Quando cheguei ao restaurante, Nazli já estava lá, radiante em uma simplicidade que a tornava ainda mais encantadora. Seu sorriso ao me ver me deixou sem palavras por um instante, e senti que todo o meu esforço estava valendo a
Lion Collins Eu levei Nazli para casa depois do jantar, e, apesar do incidente com Zeynep, senti que a noite havia sido um sucesso Estacionei o carro um pouco longe da casa dela e caminhamos lado a lado em silêncio por um tempo, eu queria prolongar ao máximo a noite ao lado dela e a brisa fresca pairando ao nosso redor. A presença dela tinha um efeito calmante, e, por algum motivo, eu me sentia mais eu mesmo ao seu lado, como se ela me visse além das aparências, além do que eu tentava mostrar. Quando nos aproximamos do prédio dela, Nazli quebrou o silêncio com uma voz suave, quase melancólica. — Sabe, Lion, nem sempre fui tão fechada… mas a vida tem um jeito de nos tornar mais cautelosos, não é? — Ela olhou para mim, os olhos refletindo uma vulnerabilidade que raramente mostrava. — Eu e minha irmã Leyla… perdemos nossa mãe há pouco tempo. Ela era tudo para nós, sabe? Ela nos criou sozinha por um tempo, mas sempre carregava um peso que nunca compartilhava, até que um dia, acordamos
Nazli YlmazAo abrir a porta de casa, um aperto tomou conta do meu peito. Havia algo diferente na atmosfera. Eu dei dois passos para dentro e parei. Lá estava Leyla, sentada no sofá com os olhos vermelhos e chorando, segurando algo nas mãos, perdida em pensamentos. —Leyla?—sussurrei, aproximando-me dela, mas minha voz saiu trêmula. Ela levantou a cabeça lentamente, e no instante em que nossos olhares se encontraram, entendi que, por alguma razão, estávamos ambas prestes a desabar.Sem dizer nada, nos abraçamos, e eu senti o calor das lágrimas escorrerem pelo meu rosto enquanto ela soluçava baixinho. Depois de alguns instantes, Leyla se afastou um pouco, com os olhos cheios de saudade, e estendeu as mãos para me mostrar dois pequenos embrulhos.—Enquanto arrumava as caixas no quarto dos fundos, encontrei isso.— ela disse, a voz embargada. —Dois presentes de Natal. A mamãe os deixou para nós.Por um momento, o chão pareceu sumir sob meus pés. Aquela tradição… nossa mãe adorava esconder
Nazli Ylmaz Ao deitar ao lado de Leyla naquela noite, observei sua respiração suave, o rosto sereno. Era raro vê-la assim, sem as linhas de preocupação ou tristeza que tantas vezes marcavam seu semblante desde que nossa mãe se foi. Eu fiquei ali, no escuro, admirando minha irmã com o coração cheio de um misto de orgulho e dor. Ela era tão forte… muito mais do que ela própria imaginava.Minha mente então me levou de volta no tempo, ao dia em que conheci o pai dela. Eu era uma criança, e ele surgiu em nossas vidas de forma repentina, trazendo alegria e uma energia diferente para nossa casa. Minha mãe parecia tão feliz ao lado dele. Aqueles primeiros tempos foram como um sonho; ele me tratava bem, e eu, que nunca conheci meu pai verdadeiro, comecei a vê-lo como alguém que poderia preencher aquele vazio. Eu até cheguei a chamá-lo de “pai”, sem nem precisar de permissão, porque ele me fez sentir que eu podia.Lembro-me de quando minha mãe anunciou que estava grávida de Leyla. A felicidade