Clark CollinsEu estava no escritório, olhando fixamente para as fotos e os documentos que Alexander havia me entregue. Não conseguia tirar os olhos das imagens... cada detalhe daquelas fotos parecia estar ali para me lembrar de um passado que eu nunca quis esquecer, mas que a vida e o acidente haviam me obrigado a deixar para trás. "Minha filha", pensei, tentando absorver essa ideia. Uma filha que estava ali, na casa dos meus pais, esperando para conhecer o pai que ela provavelmente nunca soube que tinha. Eu precisava contar isso para Victoria, mas como? Como explicar para a mulher que amo que, por mais que eu tenha começado uma nova vida ao lado dela, ainda havia um pedaço do meu passado que nem eu sabia que existia? E mais que isso, um pedaço de mim, perdido, mas agora trazido de volta na forma de uma menina de quase seis anos. Alexander ficou ao meu lado por um tempo, em silêncio, me dando o espaço de que eu precisava para processar. Depois de um tempo, ele se aproximou, colocou
Clark Collins Após passar a manhã toda com minha filha, tomei a difícil decisão de pedir ao meu pai que cuidasse de Clara por apenas dois dias. Eu precisava desse tempo para conversar com Victoria e explicar tudo que descobri sobre o meu passado. Enquanto abraçava Clara, senti o peso daquela breve separação, mas sabia que ela estava segura e que, ao voltar, eu faria de tudo para ser o pai que ela merecia. Depois de me despedir de Clara, segui direto para a prisão. Bianca, irmã de Laura, fingiu ser ela durante todo esse tempo, manipulando minhas memórias. Assim que cheguei, fui levado até a sala de visitas. Os guardas me informaram que ela logo chegaria. A espera foi longa, e o ar parecia cada vez mais pesado, até que vi Bianca surgir, acompanhada pelos guardas. Ela se aproximou, exibindo um sorriso amargo, que me fez lembrar do quanto ela me enganou. — Vejo que finalmente resolveu me visitar, Clark — disse ela, com uma voz carregada de sarcasmo. — Achei que nunca tivesse coragem
Clark Collins Enquanto Bianca permanecia ali, diante de mim, com aquele olhar frio e acusador, senti uma onda de emoções conflitantes. Respirei fundo, tentando controlar a raiva e a dor que suas palavras despertavam. Mas não podia deixar que ela me esmagasse com essa culpa para sempre. — Bianca, sei que você precisa de alguém para culpar pela perda da sua irmã. Eu entendo que a dor faz isso com a gente. Mas você não pode continuar vivendo com esse ódio — disse, encarando-a firmemente. — Parte da minha memória foi apagada depois do acidente. Eu perdi um pedaço de mim e, infelizmente, parte desse pedaço era o meu passado com Laura. Mas você precisa entender que eu não tenho culpa pela perda dela. Eu não escolheria isso, nunca escolheria deixá-la morrer, mas ela escolheu que a Clara, sua sobrinha, minha filha, vivesse. Ela me observava, seus olhos endurecidos, mas percebi um leve tremor em seu rosto. Talvez um breve momento de vulnerabilidade. — Por mais que você me odeie e quei
Clark Collins Quando cheguei em casa, encontrei Victoria me esperando no jardim. Seus olhos refletiam preocupação, como se ela soubesse que eu trazia comigo um segredo. — Clark, o que está acontecendo? — ela perguntou, me observando com seriedade. — Sei que algo aconteceu, e você precisa me dizer o que houve meu amor. Respirei fundo, reunindo forças para contar a ela. Mas, antes que eu pudesse começar, um carro se aproximou pela entrada da mansão. Meu pai e minha mãe saíram, e ao abrir a porta de trás, Clara desceu correndo em minha direção. Ela me envolveu em um abraço apertado, e pude sentir sua pequena figura tremendo em meus braços. — Papai! — ela disse, chorando. Ouvir aquela palavra novamente, vinda dela, me emocionou profundamente. Porém, a confusão era evidente no rosto de Victoria. — Papai? — Victoria perguntou, sem entender nada. Entramos todos na casa. Clara ficou na sala, cercada pelos meus pais e também por Luna e Lion, que olhavam curiosos para a nova irmãz
Victoria Hayes CollinsOs anos passaram mais rápido do que eu podia imaginar. No começo, conquistar o coração de Clara foi uma tarefa delicada, cheia de pequenos passos e muita paciência. Ela era doce, mas carregava uma desconfiança natural, uma barreira que eu compreendia e respeitava. Foram meses de diálogos, de abraços silenciosos e de presença constante até que, finalmente, ela me chamou de “mãe” pela primeira vez. Aquele momento, após três anos juntos, foi inesquecível e me encheu de uma felicidade indescritível.A cada aniversário, fazíamos questão de celebrar juntos, e logo as festividades se tornaram momentos em que toda a família se reunia ao redor de Clara, Luna e Lion. Os natais eram igualmente únicos com toda família Collins, Jack, Emma, os pais do Clark, o primo dele e sua família. Clark e eu preparávamos a casa com decorações e surpresas que faziam nossos filhos sorrirem. Sempre terminávamos a noite com a casa cheia, entre risadas, histórias e momentos que se tornaram a
Victoria Hayes Os anos passaram como uma correnteza, rápidos e constantes, levando consigo momentos preciosos, mas deixando lembranças profundas. Ver nossos filhos crescerem sempre foi a maior realização de Clark e minha. Cada conquista, cada desafio superado, cada riso e lágrima compartilhados moldaram nossa família, fortalecendo nossos laços. Clara floresceu diante dos nossos olhos, uma jovem confiante e determinada, agora com sua própria carreira de escritora e a responsabilidade de ser CEO da Editora Collins. Luna e Lion também seguiram caminhos promissores, com Luna estudando Direito e Lion Medicina — ambos com aquela paixão que Clark e eu sempre buscamos alimentar neles. Hoje, em uma noite tranquila, Clara me chamou para uma conversa. A luz suave do quarto realçava a maturidade em seu rosto, que misturava ainda um traço daquela menina sonhadora que um dia me chamou de "mãe" pela primeira vez. Agora, carregava responsabilidades e questionamentos sobre a vida, sobre o amor. Ela
Lion Collins Ser neurocirurgião em Istambul era uma honra e uma responsabilidade que eu levava muito a sério. Cada dia trazia um novo desafio, e cada paciente era uma lembrança do porquê eu escolhi essa carreira. Meu nome era bem conhecido entre os corredores do hospital, não só pelas minhas habilidades, mas também pela quantidade de atenções que recebia. As enfermeiras e até algumas médicas lançavam olhares e sorrisos sugestivos, e confesso que não era difícil para mim conquistar quem eu quisesse. No entanto, ironicamente, a única mulher que me interessava de verdade parecia imune ao meu charme: Nazli. Nazli era diferente. Trabalhamos juntos há algum tempo, e ela era dedicada, direta, e nunca me dava um segundo olhar, o que me deixava intrigado. Era como se eu fosse apenas mais um médico entre tantos. E, claro, isso só fazia com que eu desejasse conquistá-la ainda mais. Naquela manhã, entrei no quarto de uma de minhas pacientes e a vi trocando o soro. Ao me ver, ela nem sequer
Nazli Ylmaz Naquela noite, após um longo plantão, eu saí do hospital cansada, mas determinada a não me deixar abalar por um certo neurocirurgião que parecia achar que todas as mulheres caíam aos seus pés. Já estava escuro, e as luzes da cidade de Istambul brilhavam intensamente. Quando me aproximei da entrada, lá estava ele: Lion Collins, em seu carro, buzinando insistentemente. Suspirei, tentando ignorar a cena. — Entra, eu te dou uma carona, Nazli — ele insistiu, abaixando o vidro e exibindo aquele sorriso confiante. — Não precisa, senhor Lion — respondi secamente, tentando afastá-lo de uma vez por todas. Ele, claro, continuou insistindo. Mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, vi Deniz, da pediatria, foi se aproximando. Ele olhou para Lion, e, com um ar protetor, me ofereceu uma carona. — Quer uma carona, Nazli? — perguntou, lançando um rápido olhar a Lion, que parecia incomodado. — Claro, Deniz. Agradeço pela gentileza — aceitei, entrando no carro dele sem olhar para