— Parece abandonada... — Alinna comentou, desconfiada.— Não. Tem gente ali — Yoran falou, apontando com a cabeça para o centro da vila. Um grupo de pessoas cercava uma carroça.Kael franziu o cenho. A cena era familiar demais.E então ele viu.Um lobo branco, alto e forte. Em pé, ao lado dele, um homem grande, de cabelos escuros e barba cerrada, segurava um saco de pano. Ao lado dele, com a mão no ombro do lobo, estava Milo.Mas aquele não era mais o garoto de antes. Milo agora era um homem. Alto, forte, o olhar sábio de quem tinha visto mais do que gostaria. Ele se virou, como se soubesse que Kael estava ali.E sorriu.— Você voltou.Kael congelou por um instante. Aquela voz era a mesma. O mesmo tom calmo de alguém que entendia demais e falava de menos.— Milo...?— É bom ver você, senhor Kael.Ágata se aproximou, desconfiada, mas em silêncio. O lobo branco levantou o olhar para Andrômeda, e ela sentiu algo estranho vibrar dentro de si. Como se aquela criatura soubesse exatam
A guilda o seguiu pelas ruas estreitas do vilarejo. As casas eram simples, feitas de pedra e barro, e algumas tinham fumaça saindo das chaminés. O povo dali era desconfiado — como todo lugar pequeno —, mas abaixavam a cabeça em respeito quando passavam por Milo. Alguns até acenavam para o lobo com cautela, mas nenhum sinal de medo. Pelo contrário… havia gratidão nos olhares.— Ele é bem respeitado por aqui — comentou Alinna, cruzando os braços.— Salvou metade dessas pessoas da fome. E de monstros piores que um lobo com olhos estranhos — respondeu Milo ao ouvir o comentário, sem nem olhar pra trás. — Eu e Sköll damos conta de proteger essa vila.— Sköll? — repetiu Kaito, curioso.Milo parou, deu um tapinha no flanco do lobo e disse com um sorrisinho orgulhoso:— Ele merecia um nome bonito.Sköll balançou a cauda, mas não tirou os olhos de Andromeda. Ágata lançou um olhar de canto para ela.— Você está bem?Andromeda assentiu devagar.— Onde vocês conheceram esse homem? — ela per
— Olha! É a minha mamãe! — Dara gritou, correndo na direção da mulher.Mas Sköll a impediu, pulando direto na cabeça da suposta mãe.— Nããão! — ela gritou. — Sköll, é a minha mãe! Solta ela! — A garota implorava entre lágrimas até desmaiar ao ver a cabeça sendo arrancada.Kael a agarrou no colo e a abraçou, impedindo que visse o restante.Milo observou, esperando que Sköll voltasse para perto — isso indicaria que estavam seguros. Mas Sköll não voltou. E isso só podia significar uma coisa: perigo.A aura angelical de Andrômeda começou a pulsar, fazendo sua cabeça latejar.— É um ataque! Protejam-se agora! — Milo gritou, sacando a espada.— Pode me ajudar outra vez, Kael? — ele perguntou, ainda com a espada em mãos.— Agui, consegue proteger a vila? — Kael perguntou, apertando Dara contra o peito.Ágata ergueu as mãos.— Claro que sim, mas... não sabemos de onde vem ou de quem é o ataque — disse ela, de olhos fechados, conjurando uma ala azul impenetrável — pelo menos, enquanto estiver
— Tá bom, já deu. Deixa a Dara dormir. — Ordam interveio com um sorriso nos lábios. Porque, apesar dos pesares, a cena era engraçada. — Temos coisas importantes a tratar, vamos. — Ele chamou, levantando a mão para o alto, como se chamasse a atenção de uma pequena tropa.— Ah, só mais um minuto... — murmurou Yoran, manhoso.— Vamos logo. — Boldar respondeu, já puxando o braço dele com impaciência.— O Yoran tá fazendo corpo mole de novo, que novidade — comentou Kaito, ainda abraçado à Ágata.— Cara chato — Yoran resmungou de volta.— Posso falar com você? — Andrômeda perguntou, segurando Kael pelo braço, depois de alcançá-lo no corredor.Ele a encarou, mergulhando nos olhos dela e percebendo a bagunça silenciosa que se escondia ali.— Tá com medo? — ele perguntou baixinho, ajeitando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha com delicadeza.Ela fechou os olhos, cedendo ao toque da mão quente de Kael.— Preocupada, eu acho — ela falou, ainda sentindo o toque dele.— Vamos falar sobre Rari
A noite parecia se arrastar, Andromeda admirava o breu no quarto se recusando a fechar os olhos, ela lutava contra o sono. Não queria dormir e esquecer o que tinha acontecido, Ela nem se lembrou de tudo e se dormisse ia se esquecer do que aconteceu hoje. Mas o passado não precisava de convite para invadi-la, muito menos de olhos fechados e de repente, ela se viu ali outra vez.O salão de mármore branco. As tapeçarias douradas tremulando com a brisa celestial.Andrômeda, ainda uma jovem sacerdotisa, vestida de azul claro, quebrava a maior de todas as leis: atravessar o véu para ver Kael, o demônio que não deveria amar.Ela tocou o portal proibido e sentiu o frio percorrer sua espinha, o medo de tudo que viria depois quase a fez mudar de ideia.Mas do outro lado, Kael a esperava. A aura negra dele contrastava violentamente com a sua, ele e seus olhos — aqueles olhos que carregavam o sol — a faziam esquecer de qualquer punição futura.Ela correu para ele.Foi ela quem deu o prim
— O chá está forte, And? — Boldar perguntou, notando a forma como ela admirava a fumaça que saía da xícara.— Não, claro que não. Eu só estava entretida com um pensamento. O Kaito me falou que certos níveis de magia são considerados inexistentes em humanos, mas podem crescer de acordo com o crescimento do ser humano.— É verdade. Veias de mana são manipuláveis, diferente de magia arcana. — Alinna respondeu, escorando o queixo na mão e fechando os olhos, quase vencida pelo sono.— Ela está certa, mas eu nunca vi magia arcana de perto, pelo menos não desde que saí do inferno. — Boldar respondeu, levantando da mesa e colocando as xícaras na pia.— Magia arcana é mais forte? — ela perguntou, interessada.Boldar se virou, escorando-se na pia.— Eu não sei dizer, mas pode perguntar ao capitão ou à Agui. Por que o interesse repentino?— Tive uma sensação ruim. Senti que perdia algo muito importante e que talvez eu nunca fosse recuperar. — Andromeda respondeu, cabisbaixa.Boldar suspirou.— P
Oi, meus leitores! Espero que vocês estejam bem. Esse é meu primeiro livro e coloquei meu coração nele. Espero que sintam e vejam a história como eu vi e senti e viajem pelo mundo em que eu vivo quando escrevo. Curtam muito o livro e sigam a autora, pois Os 7 Pecados Capitais terá continuação. Beijos! --- CAPÍTULO 1: O INÍCIO DE TUDO Houve um tempo em que os gigantes esculpiam montanhas com as mãos nuas, as fadas dançavam em florestas de cristal e os demônios brindavam com vinho sob a luz de duas luas. A Terra era uma tapeçaria de raças, tecida com magia e sangue. Mas o equilíbrio é frágil, e a ganância dos deuses, ainda mais. Nas ruínas de um mundo outrora grandioso, Andrômeda observava o céu, o olhar perdido entre as estrelas. O eco da voz de Kael era longínquo, mas presente. Ela sentia o sangue escorrer entre os dedos, que freneticamente pressionavam o ferimento profundo em seu ventre. — AHHHHHH! O grito de Kael rompeu a planície destruída. A terra rachada se estend
Kael segurava Andrômeda no colo. Sentia seus braços falharem, mas ficou ali, parado, sentindo o cheiro de lírio que ela amava. Kael tentava se controlar. Focava no som da risada dela, mas, a cada instante, seu peito se enchia mais de fúria. Ele não aceitava que, por uma competição estúpida entre dois deuses velhos, arrogantes e gananciosos, nunca mais veria sua amada. Seus olhos brilhavam em carmesim pela segunda vez na vida. A primeira foi quando descobriu que sua mãe havia sido morta num ataque aos níveis inferiores do inferno — e que sua irmã também morrera lá. Ele tinha cinco anos, mas mesmo assim matou treze demônios com um poder que, mais tarde, chamou de neve negra — um toque daquela neve na pele de qualquer ser vivo o mataria antes que abrisse a boca outra vez. Tentáculos negros surgiam do chão como garras. Kael estava tomado pelo ódio. Andrômeda queria proteger todos, se sacrificava para isso... e, no fim, morreu. Morreu defendendo quem a matou. Kael levitou, ainda se