Ele, apesar de ir mal nas provas, não era nem um pouco burro. Ao contrário, ele era muito inteligente! Seu único problema era talvez encontrar alguma motivação para estudar, pois não via graça nisso e não via sentido a forma como os professores queriam empurrar a matéria goela baixo dos alunos, então não conseguia se concentrar direito. Mas isso não o tornava menos inteligente, e queria provar isso ao outro, que parecia subestima-lo um pouco. Achava isso irritante, o fato de as pessoas terem essa má impressão dele logo de cara, embora concordasse que parte da culpa era dele.
Mas, ainda sim, acha isso um saco.
O de cabelos bicolores parecia ser igual aos outros. E, com sua personalidade destrutiva, não demoraria para ele se cansar do ruivo e manda-lo embora.
Era sempre assim.
Dei
Quando a refeição acabou, os dois rapazes voltaram para a sala.– Bom... – disse Abel – Acho que por hoje já está bom. Por que não aproveitamos e nos conhecemos melhor?– Tá me chamando pra um encontro? É isso? – disse brincado e rindo da cara de vergonha e raiva do menor.– Não idiota! Eu quis dizer....conversar e....– Hahahahaha! Eu sei bobo! Só estava brincando! – ele então se senta no sofá de novo, despretensioso como sempre – Começa você.– O que?– Me faça uma pergunta, eu respondo e depois eu te faço uma pergunta, e por aí vai. Entendeu o jogo?– Ah sim... Er... Pois bem, o que você gosta de fazer?– Gosto de futebol, vídeo games e de ir a festas. E você?– Eu gosto de desenhar, ler, escrever... E cozin
Na volta para casa, Dante se perdia em pensamentos fantasiosos.Encostado a janelo do carro do irmão, estava a pensar nesse encontro de hoje com seu colega de classe tão peculiar. Esse tal de Abelardo Gonçalves era muito estranho, pensava ele. O garoto tinha toda aquela coragem e firmeza para repreende-lo e o chamar de vários nomes ruins, sem se intimidar com sua presença. E, ao mesmo tempo, ficava com vergonha ou raiva com muita facilidade, por causa de piadinhas bobas e provocações. O ruivo não negava por achar o outro extremamente fofo quando ficava com o rosto vermelho de vergonha."Parecia um moranguinho". Pensou com um sorriso."Mas o que?! De onde raios ele tirou esse pensamento?!Credo... Ele agora estava pensando que o outro era fofo? De onde tinha surgido isso?Mas, infelizmente, era verdade. E
E bem quando Simon pensava sobre o padeiro atraente, o bendito entrava pela porta com seu enorme sorriso.– Bom dia meu amor!– Já disse para não me chamar assim!– Ah relaxa um pouco! Sabe que eu só estou te provocando um pouquinho. A propósito, trouxe mais uns pães e rocamboles pra você e Dante.– Você e esses seus doces... Daqui a pouco vai querer nos engordar com eles para depois nos cozinhar no forno, não é?– Sabe que você não resiste aos meus rocamboles de chocolate e framboesa, admita – os dois adultos riram daquilo e se sentaram no sofá. O loiro deixou a sua cesta em cima da mesa de centro e ambos pegaram um rocambole quentinho, provando com muito prazer.– Tem razão, não resisto – Simon s
A vida não poderia estar melhor para Abel, naquele momento.Mesmo com os estranhos sonhos que teve com Dante, o adolescente estava decidido a se focar em outras coisas mais importantes.Danilo e Laura perceberam que o amigo estava bem focado nos estudos, sendo um aluno dedicado, fazendo amizade com os professores e sempre sendo o primeiro a entregar os deveres e atividades. E sempre com uma excelente qualidade. A maioria dos alunos nem se preocupava em dar atenção a tais detalhes, mas Abelardo surpreendia a todos com a sua facilidade em resolver problemas, escrever redações e responder as perguntas orais.Muitos já o chamavam de “Queridinho dos Professores”, mas o mesmo nem se importava.Seus dois amigos enamorados chegaram a perguntar se ele estava bem, se ele não estaria exagerando na dose de perfeccionismo dos deveres,
E, enquanto trabalhava, o mais velho se recordava de lembranças da época de faculdade, quando conheceu Rodrigo. Ele entrou para estudar advocacia, assim como o pai fizera quando tinha sua idade, antes dele se afogar na bebida com a partida de sua mãe. Simon era um jovem introvertido e, no começo, teve dificuldade em fazer amizade com os outros alunos. Seus pais estavam trabalhando muito, tendo de deixar Dante – que na época tinha três anos de idade – sob os cuidados da avó deles, para que o mesmo pudesse cursar a faculdade. Seu grande objetivo era, mais que tudo, ajudar a sua família com o que fosse possível e nunca deixou de frequentar um dia sequer das aulas, ou de entregar qualquer trabalho. Sempre dedicado, Simon tentava sempre deixar as tensões das brigas de suas pais em casa, se concentrando nos estudos.Então, certo dia, ele estava andando em um corredo
Simon se achava um louco, mas Rodrigo se culpar por seu momento de fraqueza– Ro... Rodrigo... – tentou se explicar.– Me perdoe... – disse Rodrigo em um sussurro arrastado, enquanto lagrimas começavam a escorrer por seu rosto – Me... Me desculpe eu... – ele nem terminou a frase. Saiu correndo da cozinha direto para a sala, sai pela porta e indo embora.– Rodrigo! – Simon tentou alcançar o outro, mas ele já se foi. Quando sai de seu apartamento, via a porta do elevador no final do corredor se fechar, e, com isso, Rodrigo sumira de sua vista.Meu Deus... O que ele fez!?Ele beijou seu melhor amigo e não sabia o motivo disso. Parecia que algo o moveu a fazer tal coisa, como que controlando seus impulsos. Se odiava tanto naquele momento! Ele ainda ficou parado na porta de entrada, pensand
Ele se odiava tanto agora.Depois do que aconteceu com Rodrigo, Simon não conseguia mais ficar tranquilo com as coisas. Desde domingo, sua mente estava a mil por hora!Se recriminava por ter beijado seu melhor amigo, por ter se deixado levar por um desejo estranho e repentino.Mesmo que Rodrigo tivesse lhe correspondido na mesma intensidade, e não o impedido, ainda assim se sentia muito culpado. Não importava nada disso, não havia motivo algum para que Simon beijasse outro homem, especialmente alguém que foi seu amigo a anos. Foi um erro e ele se sentia um lixo, se sentia um louco. No trabalho, não conseguia se concentrar tão bem quanto gostaria... Achava que o serviço na agencia pudesse lhe servir para esquecer daquele assunto tão constrangedor.Mas nem isso adiantou.Não querendo preocupar
– Mas que porra cara?! Como isso aconteceu?!– Eu não sei! Eu estava fora de mim! Não sei porque fiz aquilo!– Cara... – Dante esfrega a mão pelos fios ruivos e no rosto– Não dá para acreditar... E o que o Rodrigo disse sobre isso?– Ele só se desculpou... E saiu correndo de casa.– Caralho... Que tenso. Mas acho que deve ser compreensivo ele ter fugido assim. Deve ter sido um choque tremendo para ele.– Nem me fale... – agora era Simon quem esfregava as mãos nos cabelos morenos, em sinal de frustração – O que eu faço? Estou até agora tentando entender o motivo de eu querer lhe beijar. Somos grandes amigos desde a faculdade, fazemos parte da vida um do outro... Não faz sentido eu fazer isso...&nd