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6. Baile anual da Caridade

Amber

"Não, não e não! Esse vestido está horrível," Peter arrancou o vestido verde de minhas mãos. "É o evento mais importante do ano, não pode usar qualquer coisa."

Observei através do espelho enquanto ele revirava meu guarda-roupa, jogando peças no chão com desdém. Em três anos, era a primeira vez que me levaria a um evento social.

"Aqui," ele jogou um vestido dourado na cama. "Use este. E pelo amor de Deus, faça algo com esse cabelo." Olhei para meu cabelo preto na altura dos ombros, que pareciam rebeldes demais.

"Peter, as crianças..."

"Já falei com a babá. Ela ficará a noite toda," ele checou o relógio pela terceira vez em cinco minutos. "Não me faça me arrepender de te levar, Amber. É o Baile Anual de Caridade do Setor Hoteleiro, todos os grandes nomes estarão lá. Ou quase..." eu não entendi o que ele quis dizer com isso, mas não iria perguntar. Sabia que ele não responderia.

Mordi o lábio, pegando o vestido. Era lindo, tinha que admitir. O tecido cintilante parecia líquido entre meus dedos.

"Por que decidiu me levar desta vez?" Perguntei, começando a me vestir.

"Porque preciso fechar alguns contratos importantes," ele ajustou a gravata no espelho. "E um homem com uma bela noiva passa mais credibilidade. Só... tente não falar muito, ok? Quanto menos pessoas souberem sobre sua... condição, melhor."

Minha "condição". Era assim que ele se referia à minha amnésia, como se fosse uma doença vergonhosa.

"Os gêmeos perguntaram se você vai levá-los ao parque amanhã," tentei mudar de assunto.

"Não começa, Amber," ele suspirou irritado. "Já te disse mil vezes que não tenho tempo para isso. Se quer tanto ir ao parque, leve-os você mesma."

“Mas...”

"Mas nada! É para isso que você está aqui. Para suprir essa carência de seus filhos." concordei, abaixando a cabeça, resignada com sua resposta.

Voltei a me olhar no espelho e ouvi quando ele bateu à porta dizendo que eu tinha apenas meia hora para terminar de me arrumar. 

***

O caminho até o Plaza Royal foi silencioso. Peter digitava furiosamente em seu celular, ocasionalmente soltando suspiros exasperados.

"Lembre-se," ele falou quando o carro parou. "Você é minha noiva, não me envergonhe. Sorria, seja graciosa, mas não muito falante. E por favor, não mencione as crianças. Você fica ridícula quando fala deles."

"Claro, querido." falei sentindo o nó em minha garganta.

Os flashes começaram assim que saímos do carro. Peter instantaneamente mudou sua postura, seu braço envolvendo minha cintura com uma intimidade que não existia em casa.

"Peter Calton!" Os fotógrafos gritavam. "Quem é a sua acompanhante?"

"Esta é minha noiva, Amber Kane," ele anunciou com orgulho ensaiado. "Estamos muito felizes em participar deste evento tão importante." Os flashes continuaram a me cegar, e ele me arrastou para dentro do evento.

O salão era deslumbrante. Cristais pendiam do teto em cascatas de luz, mesas decoradas com arranjos elaborados de orquídeas brancas se espalhavam pelo ambiente, e uma orquestra tocava suavemente em um canto.

"Peter, querido!" Uma senhora elegante se aproximou. "Que surpresa maravilhosa! E esta deve ser..."

"Minha noiva, Amber," ele me apresentou mecanicamente. "Amber, está é Senhora Richmond, uma importante investidora."

"É um prazer," sorri, mas a mulher me olhava de uma forma estranha, como se tentasse se lembrar de algo.

"Igualmente, querida. Seu rosto me é familiar..."

"Amber, pega algo para beber enquanto converso com a Senhora Richmond," Peter me cortou bruscamente. "Assuntos de negócios, você entende."

Me afastei, sentindo o desconforto familiar da rejeição. Não era a primeira vez que Peter me tratava como um objeto decorativo, mas ainda doía.

Caminhei pelo salão, notando os olhares e cochichos. Alguns me observavam com curiosidade, outros com algo que parecia... reconhecimento? Uma garçonete passou com uma bandeja de champanhe e peguei uma taça, precisando de algo para ocupar minhas mãos.

"Dizem que o senhor Martinucci conseguiu chegar a tempo do evento," ouvi uma mulher sussurrar para outra. "Mas Martina está com ele, para o nosso azar."

Senhor Martinucci? O nome fez algo vibrar em minha memória, mas como sempre, a lembrança escapou antes que pudesse agarrá-la.

Continuei andando, observando os grupos que se formavam. Peter estava em seu momento circulando entre empresários importantes, rindo e gesticulando. Nem uma vez olhou em minha direção.

Foi quando aconteceu.

Distraída com meus pensamentos, não vi o homem que se virou bruscamente. Minha taça se chocou contra seu smoking impecável, derramando champanhe por todo o tecido negro.

"Não olha por onde anda?" A voz grave e irritada me fez congelar.

"Me desculpe, eu..." As palavras morreram em minha garganta quando ergui os olhos.

O homem era alto, imponente, com traços fortes que me eram estranhamente familiares. Seus olhos, de um castanho profundo, se estreitaram ao me fitar. Mas não foi sua beleza arrebatadora que me deixou sem ar.

Foi o quanto ele se parecia com meus filhos.

Louis tinha exatamente o mesmo formato de rosto, a mesma linha forte do maxilar. E Bella... minha pequena Bella tinha aqueles mesmos olhos penetrantes.

"Isso não é..." ele começou a falar, sua expressão mudando de irritação para algo mais intenso, mais perturbador.

Dei um passo para trás, sentindo meu coração disparar.

"Me desculpe, senhor. Eu... eu vou chamar alguém para limpar isso."

Tentei me afastar, mas sua mão agarrou meu pulso. O toque enviou uma corrente elétrica por todo meu corpo.

"Não tão rápido," sua voz estava mais baixa agora, quase um sussurro. "Acho que precisamos conversar... Amber."

A maneira como ele disse meu nome fez meus joelhos fraquejarem. Não era uma pergunta. Era um reconhecimento.

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