Amber"Por favor, está me machucando." Minhas costas pressionadas contra a parede começavam a doer, mas o homem não se afastou. Seus olhos, tão parecidos com os de meus filhos, queimavam de ódio.A sala VIP do Plaza Royal, que momentos antes me pareceu elegante com sua decoração em dourado e vermelho, agora mais parecia uma prisão. O segurança, Magnus, como o outro o chamara, bloqueava a única saída."Você não entende," tentei novamente, lutando contra as lágrimas. "Eu realmente não sei quem vocês são. Se me deixarem ligar para o meu noivo...""Noivo?" O homem riu, um som frio que me fez tremer. "Ainda não terminou sua atuação? Quer continuar fingindo que não se lembra de nada?"Tentei me desvencilhar, mas ele era muito mais forte. O perfume dele, uma mistura de hortelã com algo amadeirado, me deixava tonta, despertando sensações que eu não compreendia.A porta se abriu e outro homem entrou apressadamente. Aproveitei a distração para tentar correr, mas não fui rápida o suficiente. Mag
AmberA primeira sensação foi de desorientação. Minha cabeça latejava e minha boca estava seca, com um gosto amargo. Tentei abrir os olhos, mas as pálpebras pesavam como chumbo."Ela está acordando," ouvi uma voz masculina dizer. Magnus, reconheci.Forcei meus olhos a se abrirem e pisquei várias vezes, tentando focar minha visão. O ambiente era amplo e elegante, decorado em tons de cinza e azul. Uma suíte, percebi, maior que qualquer quarto que já tinha visto. E ainda assim... familiar."Onde..." minha voz saiu rouca. "Onde estou?""Em um lugar que você conhece bem," a voz dele respondeu de algum lugar à minha direita.Me sentei lentamente, segurando a cabeça que ainda girava. Estava deitada em uma cama king size, ainda usando o vestido dourado da festa, agora amarrotado. O perfume dos lençóis, um toque de lavanda, despertou algo em minha memória, mas a lembrança nunca vinha completa."Por favor," tentei me levantar, mas minhas pernas tremiam. "Preciso voltar para festa. Peter deve es
LeonardoAndei de um lado a outro enquanto ela descobria sua história."Acha mesmo que é verdade o que ela diz?" Magnus me questionou."Não sei. Espero qualquer coisa dessa mulher." parei e me virei para ele. "Ainda assim, procure por Amber Kane e veja o que descobre. Procure também entender como Peter entrou nessa história. Não acredito que seja por acaso." Ele concordou, puxando o celular e começando a digitar.Voltei para o quarto depois de 15 minutos a encontrando sentada no chão, com várias fotos e relatos espalhados a sua volta."Eu não me lembro de nada disso." sua voz soou firme."Percebo que não. Mas eu posso te ajudar com isso, se você me devolver o que roubou."Ela se levantou e me aproximei perigosamente dela. Por mais que eu negasse, meu corpo ainda a desejava e em um movimento rápido, a puxei pela nuca, a trazendo bem perto do meu corpo."Eu só quero as minhas informações de volta, Amber...e pelo que eu vejo, você quer sua vida. É uma troca justa." Sua boca se moveu sedu
AmberMinhas mãos tremiam enquanto colocava os brincos. Pareciam normais, elegantes até, mas carregavam o peso da minha nova prisão. Deslizei o celular para dentro da bolsa, tentando escondê-lo entre o estojo de maquiagem e a carteira."Quando eu mandar mensagem, você responde em no máximo cinco minutos," Leonardo falou sem tirar os olhos do próprio celular. "Se demorar mais que isso, considerarei uma quebra do acordo."O silêncio que seguiu era sufocante. O som dos dedos dele deslizando pela tela do celular parecia ensurdecedor no espaço confinado do carro."Que horas são?" perguntei de repente, um novo tipo de pânico me atingindo."Quase meia-noite," ele respondeu sem me olhar. "Ficamos fora por pouco mais de uma hora.""Uma hora?" Minhas mãos voaram para o rosto. "Não, não, não..."Abri a bolsa freneticamente, procurando um lenço. O rímel devia estar todo borrado, minha maquiagem arruinada. Peter odiava quando eu não estava impecável. Odiava quando eu desaparecia.Uma risada seca m
AmberO motor do carro roncou quando Peter pisou no acelerador. Me encolhi contra a porta, sentindo o cheiro de uísque em seu hálito, ele devia ter bebido após meu "desaparecimento". Minhas mãos tremiam tanto que as prendi entre os joelhos, tentando disfarçar.As luzes da cidade passavam em borrões pela janela enquanto ele dirigia em silêncio. Era sempre assim antes de suas explosões, primeiro o silêncio sufocante, depois..."Onde você estava?" Sua voz cortou o ar, baixa e controlada. Perigosa."Já disse," engoli em seco, rezando silenciosamente para que Leonardo tivesse pensado em tudo, "estava na enfermaria. Pode checar se quiser, eu-"O carro freou bruscamente no semáforo, me jogando para frente. Peter virou-se em minha direção, seus olhos brilhando de uma forma que eu conhecia bem demais."Você realmente," ele alcançou meu rosto, seus dedos apertando meu queixo com força, "acha que eu sou idiota?""Peter, você está me machucando," tentei me soltar, mas ele apenas apertou mais."Ma
AmberCada movimento era uma agonia. Me arrastei pelo corredor, usando a parede como apoio, guiada pelos gritos das crianças. Meu corpo inteiro protestava, mas o medo pelo que Peter poderia fazer era maior que qualquer dor física."FAÇA ESSAS PESTES CALAREM A BOCA!" A voz dele trovejava do quarto dos gêmeos."Senhor, eles só estão assustados," ouvi a babá tentando acalmar a situação. "Se o senhor pudesse...""CALE A BOCA VOCÊ TAMBÉM!"Quando finalmente alcancei a porta do quarto, a cena me gelou o sangue. Louis, meu pequeno príncipe corajoso, caminhava em direção ao pai com os braços estendidos, como sempre fazia quando queria colo."Papai..."O empurrão foi brutal. Meu filho caiu sentado, seus olhos arregalados em choque antes do choro explodir ainda mais forte. Bella se encolheu em seu cantinho, abraçando o ursinho com força.Vi a mão de Peter se erguer, pronta para descer sobre Louis."NÃO!"Não sei de onde tirei forças, mas me joguei entre eles, empurrando Peter com toda energia q
LeonardoO escritório estava silencioso demais naquela momento, após os gritos de desespero de minutos atrás. Sobre minha mesa, os contratos dos chineses ainda esperavam minha assinatura final. Cinquenta milhões de dólares. O maior acordo da história da MGroup, e amanhã às 10h seria a reunião decisiva. Passei os dedos sobre o papel timbrado, sentindo o peso daquela decisão. Com esse contrato, recuperaríamos tudo que perdemos há três anos."Os documentos da Due Diligence chegaram", Magnus falou tentando me tirar, do topor. Eu tentava encontrar as lacunas, onde tudo o que estava acontecendo se encaixava. "Os chineses estão ansiosos. O Sr. Wong ligou três vezes hoje.""Amanhã às dez horas assinaremos", respondi sem tirar os olhos do monitor à minha frente. O cheiro de café frio que tinha esquecido sobre a mesa se misturava com a tensão no ar. As luzes da cidade piscavam pela janela grande atrás de mim, mas eu só conseguia prestar atenção nas linha fina com pequenas ondulações, que mostra
LeonardoMe soltei na cadeira, passando as mãos pelo rosto cansado. Ela nunca tinha implorado antes. Nunca."Ela ainda mexe com você, não é?" Magnus comentou, observando minha reação."Para o bem e para o mal." Murmurei, ainda encarando a tela. "Ela é a minha perdição.""E o que pretende fazer?" Ele se aproximou, lendo a mensagem novamente sobre meu ombro. "Gold Bear... 7:30...""Vou buscá-la." Me levantei, já começando a planejar. "Ela e as crianças.""Chefe, isso é imprudente. Não podemos simplesmente...""VOCÊ NÃO OUVIU O QUE EU OUVI?" Explodi, me virando para ele. Soquei a mesa com força o encarando. "Não percebeu como aquele filho da puta a manipula? Como ele usa o medo?"Magnus recuou um passo, surpreso com minha explosão."Ele alterna entre sedutor e destrutivo como se fosse um jogo doentio." Continuei, minha voz tremendo de raiva. "Mas quando as crianças estão perto... ele perde o controle completamente. Nem parece o mesmo homem que estava na festa há poucas horas atrás.""Ent