AmberO motor do carro roncou quando Peter pisou no acelerador. Me encolhi contra a porta, sentindo o cheiro de uísque em seu hálito, ele devia ter bebido após meu "desaparecimento". Minhas mãos tremiam tanto que as prendi entre os joelhos, tentando disfarçar.As luzes da cidade passavam em borrões pela janela enquanto ele dirigia em silêncio. Era sempre assim antes de suas explosões, primeiro o silêncio sufocante, depois..."Onde você estava?" Sua voz cortou o ar, baixa e controlada. Perigosa."Já disse," engoli em seco, rezando silenciosamente para que Leonardo tivesse pensado em tudo, "estava na enfermaria. Pode checar se quiser, eu-"O carro freou bruscamente no semáforo, me jogando para frente. Peter virou-se em minha direção, seus olhos brilhando de uma forma que eu conhecia bem demais."Você realmente," ele alcançou meu rosto, seus dedos apertando meu queixo com força, "acha que eu sou idiota?""Peter, você está me machucando," tentei me soltar, mas ele apenas apertou mais."Ma
AmberCada movimento era uma agonia. Me arrastei pelo corredor, usando a parede como apoio, guiada pelos gritos das crianças. Meu corpo inteiro protestava, mas o medo pelo que Peter poderia fazer era maior que qualquer dor física."FAÇA ESSAS PESTES CALAREM A BOCA!" A voz dele trovejava do quarto dos gêmeos."Senhor, eles só estão assustados," ouvi a babá tentando acalmar a situação. "Se o senhor pudesse...""CALE A BOCA VOCÊ TAMBÉM!"Quando finalmente alcancei a porta do quarto, a cena me gelou o sangue. Louis, meu pequeno príncipe corajoso, caminhava em direção ao pai com os braços estendidos, como sempre fazia quando queria colo."Papai..."O empurrão foi brutal. Meu filho caiu sentado, seus olhos arregalados em choque antes do choro explodir ainda mais forte. Bella se encolheu em seu cantinho, abraçando o ursinho com força.Vi a mão de Peter se erguer, pronta para descer sobre Louis."NÃO!"Não sei de onde tirei forças, mas me joguei entre eles, empurrando Peter com toda energia q
LeonardoO escritório estava silencioso demais naquela momento, após os gritos de desespero de minutos atrás. Sobre minha mesa, os contratos dos chineses ainda esperavam minha assinatura final. Cinquenta milhões de dólares. O maior acordo da história da MGroup, e amanhã às 10h seria a reunião decisiva. Passei os dedos sobre o papel timbrado, sentindo o peso daquela decisão. Com esse contrato, recuperaríamos tudo que perdemos há três anos."Os documentos da Due Diligence chegaram", Magnus falou tentando me tirar, do topor. Eu tentava encontrar as lacunas, onde tudo o que estava acontecendo se encaixava. "Os chineses estão ansiosos. O Sr. Wong ligou três vezes hoje.""Amanhã às dez horas assinaremos", respondi sem tirar os olhos do monitor à minha frente. O cheiro de café frio que tinha esquecido sobre a mesa se misturava com a tensão no ar. As luzes da cidade piscavam pela janela grande atrás de mim, mas eu só conseguia prestar atenção nas linha fina com pequenas ondulações, que mostra
LeonardoMe soltei na cadeira, passando as mãos pelo rosto cansado. Ela nunca tinha implorado antes. Nunca."Ela ainda mexe com você, não é?" Magnus comentou, observando minha reação."Para o bem e para o mal." Murmurei, ainda encarando a tela. "Ela é a minha perdição.""E o que pretende fazer?" Ele se aproximou, lendo a mensagem novamente sobre meu ombro. "Gold Bear... 7:30...""Vou buscá-la." Me levantei, já começando a planejar. "Ela e as crianças.""Chefe, isso é imprudente. Não podemos simplesmente...""VOCÊ NÃO OUVIU O QUE EU OUVI?" Explodi, me virando para ele. Soquei a mesa com força o encarando. "Não percebeu como aquele filho da puta a manipula? Como ele usa o medo?"Magnus recuou um passo, surpreso com minha explosão."Ele alterna entre sedutor e destrutivo como se fosse um jogo doentio." Continuei, minha voz tremendo de raiva. "Mas quando as crianças estão perto... ele perde o controle completamente. Nem parece o mesmo homem que estava na festa há poucas horas atrás.""Ent
LeonardoO sangue escorria do lábio de Peter enquanto ele se apoiava em seu Jaguar preto. Ao nosso redor, pais e crianças começavam a notar a tensão crescente, parando para observar.Ele passou o polegar no ferimento, seus olhos frios me estudando. "Que loucura é essa, Martinucci?"Não consegui conter a risada. "Sério? Achou mesmo que eu nunca descobriria?""Descobriria o quê?" Ele se endireitou, ajustando o terno caríssimo. Sempre a imagem da sofisticação. "Que loucura é essa? ALGUÉM CHAME A POLÍCIA!" Sua voz ecoou pelo pátio da escola. "ESSE HOMEM É LOUCO!"Mantive minha atenção nele, mas meus olhos percorreram a multidão que se formava. Foi então que vi, Magnus escoltando Amber e as crianças pela saída lateral. Meu sorriso aumentou."Sabe, Peter," dei um passo à frente, "esse papel de vítima não combina com você. Que tal mostrar quem realmente é? Enfrente alguém do seu tamanho ao invés de aterrorizar inocentes?"Seus olhos se arregalaram por um momento, apenas um segundo de hesitaç
AmberOs olhos assustados de Louis e Bella me partiam o coração. Sentados um de cada lado no banco traseiro do carro, mantinham-se em silêncio, um hábito aprendido da pior maneira possível. Peter nunca tolerou barulho.Será que o que eu tinha feito era o correto? Meu coração estava disparado enquanto o carro corria em direção a qualquer lugar longe do domínio de Peter."Precisa de alguma coisa, senhora?" Magnus se virou do banco da frente, seus olhos gentis tão diferentes dos olhares frios da última vez que os vi. "Não, obrigada." Puxei meus filhos para mais perto, tentando passar uma segurança que eu mesma não sentia. "Para onde está nos levando, senhor?""Vamos para o aeroporto. O senhor Martinucci irá mandá-la para sua casa em Aspen. É mais seguro manterem distância do senhor Calton por enquanto."Assenti, ainda tensa, lembrando da cena na escola. "Leonardo... ele está bem? Vi a briga. Peter pode ser muito violento quando..."Magnus riu, me surpreendendo. "O CEO sabe se defender,
PeterAssim que o carro de Martinucci desapareceu na esquina, deixei toda minha raiva explodir. Voltei para o carro ignorando os olhares assustados dos pais que ainda restavam, e joguei a arma no banco do passageiro com tanta força que o couro italiano rangeu em protesto. Meus punhos encontraram o volante repetidamente, cada impacto ecoando a humilhação que acabara de sofrer. O gosto metálico do sangue em minha boca misturava-se com a bile que subia pela garganta."Filho da puta!" Cuspi as palavras junto com um filete de sangue. Minha língua explorou o corte no lábio, cada pontada de dor alimentando minha fúria.O silêncio ao meu redor finalmente penetrou a névoa vermelha de raiva. Os pais e crianças tinham desaparecido como ratos assustados, os portões da escola estavam fechados, e Amber... Onde diabos estava Amber?Um arrepio gelado percorreu minha espinha quando a realização me atingiu. Saí do carro, tentando ignorar como minhas mãos tremiam enquanto ajeitava meu terno Armani agora
LeonardoPermaneci imóvel no asfalto quente do aeroporto até o jato particular desaparecer no horizonte, levando com ele três pessoas que, em menos de 24 horas, tinham virado minha vida de cabeça para baixo. Só então me permiti soltar o ar que nem percebi que estava segurando. Consultei o relógio, 8:15. Ainda tinha algumas horas até a reunião com os chineses."Está tudo pronto para recebê-los em Aspen, Magnus?" perguntei, voltando a realidade."Sim, senhor. Como solicitado. Equipe completa, despensa abastecida, segurança reforçada." Ele hesitou por um momento. "E brinquedos. Mandei comprar brinquedos para as crianças."Sorri, grato pela iniciativa dele. "Obrigado, Magnus." Foi muito atencioso de sua parte.""Achei que eles iriam gostar." ele deu de ombros."O que achou desse tempo que ficou com ela no carro. Parece que ela está fingindo?" questionei olhando para o meu segurança."Não, senhor. Na verdade, achei ela e as crianças quietas demais." ele parecia pensativo. "Tenho sobrinhos