Amber
Leonardo estava furioso. O som do impacto da porta sendo fechada ecoava em minha mente enquanto ele andava de um lado para o outro na sala, os músculos tensos e a expressão sombria. Eu o observei por alguns instantes antes de me aproximar, tentando medir as palavras que poderiam atravessar o caos em sua mente.
"Leo," chamei suavemente, colocando minha mão em seu braço para interromper sua caminhada incessante. "Senta aqui comigo. Vamos pensar com calma sobre isso."
Ele bufou, mas se deixou guiar até o sofá que ficava no canto da sala. Ele se jogou no sofá, passando as mãos pelos cabelos com frustração evidente. "Eu não entendo. Ela sabia que não era bem-vinda aqui. Por que diabos veio até aqui hoje, Amber? Ela nunca faz nada sem uma razão."
Cruzei as pernas, sentando-me ao lado dele, meu tom calmo contrastando com sua tensão. "Ex
MagnusEstava sentado no sofá da minha sala, segurando o relatório técnico que havia acabado de chegar. O anel estava em cima da mesa de centro, brilhando sob a luz da luminária como se fosse apenas isso: uma joia comum. E, pelo parecer técnico, era exatamente isso."Não há dispositivos de escuta, chips, ou qualquer outro tipo de tecnologia escondida," dizia o relatório. "Anel confeccionado em ouro branco com uma pequena pedra de safira genuína."Passei a mão pelo rosto, irritado. Algo dentro de mim dizia que não podia ser tão simples. Martina Ricci não fazia nada sem motivo. O fato de ela ter deixado o anel na sala de Leonardo podia ser um descuido, mas também podia ser algo mais elaborado que eu ainda não conseguia enxergar.O som da campainha interrompeu meu fluxo de pensamentos. Levantei-me, cruzando a sala com passos lentos, ainda perdido em pensamentos. Quando abri a porta, lá estava Gabriela, com aquele sorriso despreocupado que parecia iluminar qualquer ambiente."Você está co
MagnusGabriela estava sentada à mesa, me observando enquanto eu preparava o jantar com um sorriso nos lábios. Não era como se eu fosse um chef, mas sabia o suficiente para impressionar. A cozinha era uma válvula de escape nos momentos em que o caos do trabalho ameaçava me engolir. E, pelo jeito, ela parecia apreciar o esforço."Você está se saindo bem, Magnus," ela comentou, apoiando o queixo na mão enquanto me olhava."Bem o suficiente para ganhar pontos ou só o suficiente para não envenená-la?" brinquei, cortando os legumes com precisão.Ela riu, um som leve e genuíno. "Definitivamente ganhando pontos. Não sabia que você era tão prendado.""Há muito sobre mim que você não sabe, Gabriela," respondi, dando uma piscadela. O clima entre nós estava tranquilo, mas carregado de algo mais, algo que eu sentia se aprofundar a cada momento que passávamos juntos.Terminei de montar os pratos com cuidado e servi o vinho, tentando não deixar transparecer o quanto estava investido em impressioná-l
LeonardoO relatório estava espalhado sobre a mesa à minha frente, cada palavra gravada em negrito na minha mente, mas ainda assim, me recusava a acreditar. O anel que Amber encontrou não passava de uma joia comum, sem nenhuma modificação, dispositivo ou qualquer coisa que pudesse ser usada para espionagem. Apenas uma joia.Passei as mãos pelo rosto, frustrado. Isso não faz sentido. Era como se todas as peças que tínhamos começado a montar desmoronassem de uma vez. Peguei o telefone e disquei para Magnus. O sinal chamou, uma vez, duas vezes... nada. Deixei o telefone de lado com mais força do que pretendia, o barulho ecoando no quarto silencioso.Antes que pudesse me afundar ainda mais na frustração, Amber entrou no quarto, encostando-se na porta. Seu olhar estava sereno, mas carregava uma pontada de preocupação. "As crianças sentiram falta de você na hora de dormir," disse, sua voz gentil, mas firme.Fechei os olhos por um momento, deixando a culpa me invadir. "Me desculpe, amor. Eu
AmberEntrar na casa de Magnus, especialmente depois de encontrar Gabriela usando uma camiseta claramente dele, era como atravessar um portal para uma dimensão de puro constrangimento. Gabriela, no entanto, parecia não perceber, ou fingia muito bem. Ela insistiu para que entrássemos, sorrindo como se fosse a anfitriã oficial."Por favor, entrem! Já que estão aqui, pelo menos aproveitem um pouco," disse, enquanto segurava a porta aberta.Troquei um olhar rápido com Leonardo, que apenas deu de ombros e murmurou algo como "tudo bem". Não estávamos exatamente no clima de recusar sem parecer rudes. Magnus, por outro lado, parecia querer desaparecer. Ele olhou para Gabriela, depois para nós, como se estivesse tentando calcular onde exatamente tinha perdido o controle da situação.A casa de Magnus era um reflexo dele: organizada, elegante, mas sem ser pretensiosa
GabrielaPeguei minhas roupas da secadora, sentindo o calor agradável do tecido contra os dedos. Com a blusa e a calça dobradas nos braços, fui para o banheiro para me trocar. A camiseta de Magnus ainda estava em meu corpo, e enquanto a removia, não consegui evitar olhar para a lingerie que tinha escolhido para usar naquela ocasião.Era ousada. Mais do que o habitual. O tipo de lingerie que eu raramente usava, mas que tinha escolhido com cuidado, quase como um amuleto de confiança. Respirei fundo, tentando afastar os pensamentos que insistiam em surgir. Por que eu esperava que essa noite fosse diferente? Por que ainda alimentava essa esperança de que Magnus pudesse olhar para mim e ver mais do que uma amiga?Segurei a camiseta por um momento mais longo do que deveria, os dedos pressionando o tecido macio. Levantei-a até o rosto e senti o cheiro dele, uma mistura sutil de amaciante e algo in
MagnusDesde o momento em que Gabriela mencionou gostar de filmes de ação e terror, algo dentro de mim mudou. Sempre a enxerguei como alguém delicada, sensível, até um pouco reservada. Mas agora, percebia que talvez tivesse subestimado quem ela realmente era. Ela não apenas acompanhava a conversa com confiança, mas parecia se destacar nela.Enquanto ela falava, seu sorriso surgia com mais frequência, e cada vez que isso acontecia, eu sentia uma onda de admiração que não estava acostumado a lidar. Era um sorriso genuíno, animado, que deixava claro o quanto ela estava à vontade. Gabriela e Amber conversavam sobre fazer compras juntas, trocando sugestões sobre o que poderiam procurar.Olhei para Leonardo, que estava recostado no sofá, assistindo à interação delas com um sorriso no rosto. Era interessante ver uma amizade surgir ali, especialme
MagnusPegamos o elevador juntos, eu ao lado de Gabriela, lutando para ignorar o pulsar constante nos meus lábios, uma lembrança vívida do beijo que ainda ardia em minha memória. A tensão entre nós parecia crescer a cada andar, como se o silêncio no pequeno espaço amplificasse tudo o que estava não dito.Quando chegamos ao apartamento dela, uma onda de familiaridade me atingiu de imediato. Era o antigo apartamento de Amber, um espaço que eu mesmo havia ajudado a organizar para Gabriela. No entanto, ao entrar, notei que tudo havia mudado. Cada detalhe agora refletia a personalidade dela, tornando o lugar completamente único e muito mais acolhedor. Plantas adornavam os cantos, e as paredes estavam decoradas com quadros minimalistas, nada parecido com o estilo funcional e quase impessoal de Amber."Você mudou tudo," comentei, deixando meu olhar percorrer o ambiente. "Está bem b
AmberDeitada ao lado de Leonardo na nossa cama, com as luzes do abajur lançando um brilho suave pelo quarto, eu me sentia envolta em uma bolha de tranquilidade. Nossos dedos estavam entrelaçados, descansando sobre meu abdômen, enquanto a conversa flutuava de um assunto para outro, naturalmente."Você acha que Magnus e Gabriela vão dar certo?" perguntei, virando minha cabeça para olhar para ele.Leonardo soltou uma risada baixa, desviando o olhar para o teto antes de me encarar novamente. "Magnus não é uma pessoa fácil, Amber. Ele é... fechado, muito na dele. Sempre foi assim, desde que o conheci.""Mas Gabriela parece ser boa para ele," murmurei, buscando seus olhos. "Talvez ela consiga abrir essa barreira que ele construiu."Leo suspirou profundamente, apertando levemente minha mão. "Ele nem sempre foi assim. Antes, era um cara mais leve, mais descontraído. Mas..."