Magnus
Pegamos o elevador juntos, eu ao lado de Gabriela, lutando para ignorar o pulsar constante nos meus lábios, uma lembrança vívida do beijo que ainda ardia em minha memória. A tensão entre nós parecia crescer a cada andar, como se o silêncio no pequeno espaço amplificasse tudo o que estava não dito.
Quando chegamos ao apartamento dela, uma onda de familiaridade me atingiu de imediato. Era o antigo apartamento de Amber, um espaço que eu mesmo havia ajudado a organizar para Gabriela. No entanto, ao entrar, notei que tudo havia mudado. Cada detalhe agora refletia a personalidade dela, tornando o lugar completamente único e muito mais acolhedor. Plantas adornavam os cantos, e as paredes estavam decoradas com quadros minimalistas, nada parecido com o estilo funcional e quase impessoal de Amber.
"Você mudou tudo," comentei, deixando meu olhar percorrer o ambiente. "Está bem b
AmberDeitada ao lado de Leonardo na nossa cama, com as luzes do abajur lançando um brilho suave pelo quarto, eu me sentia envolta em uma bolha de tranquilidade. Nossos dedos estavam entrelaçados, descansando sobre meu abdômen, enquanto a conversa flutuava de um assunto para outro, naturalmente."Você acha que Magnus e Gabriela vão dar certo?" perguntei, virando minha cabeça para olhar para ele.Leonardo soltou uma risada baixa, desviando o olhar para o teto antes de me encarar novamente. "Magnus não é uma pessoa fácil, Amber. Ele é... fechado, muito na dele. Sempre foi assim, desde que o conheci.""Mas Gabriela parece ser boa para ele," murmurei, buscando seus olhos. "Talvez ela consiga abrir essa barreira que ele construiu."Leo suspirou profundamente, apertando levemente minha mão. "Ele nem sempre foi assim. Antes, era um cara mais leve, mais descontraído. Mas..."
LeonardoO sol já iluminava meu escritório na MGroup quando Magnus entrou, com aquele andar confiante de sempre. Ele parecia calmo, mas eu o conhecia bem o suficiente para notar a tensão sutil em seus ombros. Coloquei de lado os papéis que estava analisando e o encarei com um sorriso.“Bom dia,” disse, inclinando-me na cadeira. “Espero que esteja mais descansado que ontem à noite.”Magnus riu baixo, sentando-se na cadeira diante de mim. “Foi uma noite interessante, para dizer o mínimo.”Aproveitei o tom descontraído para começar. “Então, vai me contar como terminou a noite com Gabriela, ou vai me deixar criando teorias para contar para minha noiva?”Ele ergueu uma sobrancelha, mas o canto de seus lábios entregava um sorriso contido. “Foi... bom. Melhor do que eu esperava. Mas, como sempre, as coisas não podem ser simples.”Cruzei os braços, divertido com sua hesitação. “Magnus, você é o cara que enfrenta bandidos, resolve problemas de segurança complexos e me ajuda a proteger minha fa
AmberA manhã começou com o som familiar e ensurdecedor da energia incontrolável dos gêmeos, Bella e Louis. Com apenas dois anos e nove meses, eles já dominavam a arte de transformar qualquer espaço em um caos adorável. Suas risadas ecoavam pela casa, misturadas com o som de passos rápidos e o bater de brinquedos no chão.Desci as escadas, ouvindo o som da conversa das babás, tentando manter o controle sobre os pequenos enquanto eles corriam pela sala. Uma delas tinha uma expressão serena, enquanto a outra parecia estar lidando com um verdadeiro furacão ao tentar convencer Bella a tomar o suco de laranja."Eu quelo o rosa, não o lalanja!" Bella dizia, com um bico adorável que quase me fez rir."E eu não quelo nada, quelo só binca!" Louis exclamou, soltando-se das mãos da babá e disparando pela sala."Deixe comigo," fale
AmberOs risos de Bella e Louis ainda ecoavam pelo jardim quando me virei para Leonardo novamente. Estávamos sentados no sofá da sala, observando as crianças correrem entre as flores. Eles estavam felizes, e isso era tudo que importava para mim."Leo," chamei, minha voz um pouco hesitante. Ele virou o rosto para mim, seus olhos calorosos e atentos, como sempre. "Estive pensando... Os gêmeos nunca tiveram uma festa de aniversário. Peter achava que era um gasto desnecessário, dizia que não valia a pena porque eles eram pequenos demais para lembrar. Eu estava pensando..."Leonardo ficou quieto por alguns segundos, mas vi sua expressão endurecer. Ele se inclinou para frente, cruzando os braços, claramente processando minhas palavras. "Nunca tiveram uma festa?" Sua voz carregava uma incredulidade misturada com irritação. "Eles merecem muito mais do que isso, Amber.""S
LeonardoAssim que Amber fechou os olhos por um instante e pressionou a mão contra o braço do sofá, não hesitei. Peguei meu celular e disquei o número do Dr. Moores, o médico da família. O telefone mal completou o segundo toque antes de ser atendido."Leonardo?" A voz firme do médico ecoou pela linha. "Tudo bem, meu amigo?""Dr. Moores, minha noiva está tendo tonturas," expliquei rapidamente, tentando manter a calma. "Ela parece pálida e cansada. Quero que ela faça um check-up completo, consegue marcar para hoje.""Claro! Traga-a até minha clínica," respondeu ele prontamente. "Já vou deixar a equipe preparada para receber vocês."Desliguei o telefone, virando-me para Amber, que me observava com uma mistura de relutância e resignação. "Vamos à clínica," anunciei, minha voz firme, mas gentil. "O Dr
AmberMinha mente estava um turbilhão.As palavras do Dr. Moores ainda ecoavam em minha cabeça, girando sem parar como se eu não fosse capaz de processá-las.Grávida.Por mais que eu tivesse pensado nessa possibilidade, ainda assim parecia loucura. Eu tinha um DIU. Desde o nascimento dos gêmeos, Peter havia sido enfático sobre não querer mais filhos, e eu, na época, tinha aceitado sem questionar. Então, como isso podia ter acontecido?Meus olhos estavam vermelhos, inchados de um choro silencioso que nem percebi quando começou. Meus dedos tremiam levemente, entrelaçados sobre meu colo, e meu coração batia rápido, como se meu corpo ainda estivesse tentando alcançar minha mente.Senti a presença de Leonardo ao meu lado, quente e firme. Eu sabia que ele me observava atentamente, absorvendo cada microexpressão minha. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele se virou para o médico."Pode nos dar um minuto, Moores?"O doutor assentiu com um sorriso gentil, pegando a prancheta e saindo
LeonardoSaímos da clínica com Amber ainda um pouco em choque. Sua mão estava entrelaçada à minha, mas sua pegada era mais frouxa do que o normal, como se sua mente ainda estivesse tentando processar tudo.No carro, ela olhava pela janela, perdida em pensamentos. Eu podia ver a inquietação em seu rosto, o leve franzir das sobrancelhas, o morder de lábio que denunciava sua hesitação."B," falei, mantendo uma das mãos no volante e a outra acariciando a sua. "Você está muito quieta."Ela suspirou, desviando o olhar da janela para mim. "É só que... ainda parece surreal. Eu sei que estou grávida, sei que o médico confirmou, mas, ao mesmo tempo parece cedo demais para contar a todos.""Por que você acha isso?" perguntei, já sabendo a resposta."Porque é o começo da gravidez. Porque ainda tem muitas incertezas. Porque..." Ela parou e mordeu o lábio de novo. "Porque eu tenho medo."Minha mão apertou a dela com carinho. "Amber, eu entendo. Mas você não precisa carregar esse medo sozinha. Você
AmberAinda sentia o calor das mãos de Leonardo na minha pele, o gosto do seu beijo ainda pairava em meus lábios, mas dentro de mim, algo não estava certo. A manhã havia sido cheia de risadas e amor, os gêmeos estavam empolgados com a ideia de ter um irmãozinho ou irmãzinha, e a família inteira compartilhava dessa alegria. Mas por que, então, eu ainda sentia essa inquietação crescendo dentro de mim?Leonardo me envolvera nos braços com a promessa de um futuro perfeito. Disse que sempre esteve ao meu lado, que sempre me quis, que sempre fomos nós dois contra o mundo... mas, enquanto ele falava, algo dentro de mim gritava. Como se houvesse algo faltando. Como se uma peça da minha vida tivesse sido arrancada, e eu simplesmente aceitei que ela nunca existiu."Acho que preciso ver a dra. Gabriela." falei para Léo, quando tudo em mim parecia desmoronar."Acho uma ideia maravilhosa. Vou pedir para o Magnus te levar, pois tenho uma reunião em uma hora." concordei. "Mas não se esqueça que vamo