MagnusGabriela estava sentada à mesa, me observando enquanto eu preparava o jantar com um sorriso nos lábios. Não era como se eu fosse um chef, mas sabia o suficiente para impressionar. A cozinha era uma válvula de escape nos momentos em que o caos do trabalho ameaçava me engolir. E, pelo jeito, ela parecia apreciar o esforço."Você está se saindo bem, Magnus," ela comentou, apoiando o queixo na mão enquanto me olhava."Bem o suficiente para ganhar pontos ou só o suficiente para não envenená-la?" brinquei, cortando os legumes com precisão.Ela riu, um som leve e genuíno. "Definitivamente ganhando pontos. Não sabia que você era tão prendado.""Há muito sobre mim que você não sabe, Gabriela," respondi, dando uma piscadela. O clima entre nós estava tranquilo, mas carregado de algo mais, algo que eu sentia se aprofundar a cada momento que passávamos juntos.Terminei de montar os pratos com cuidado e servi o vinho, tentando não deixar transparecer o quanto estava investido em impressioná-l
LeonardoO relatório estava espalhado sobre a mesa à minha frente, cada palavra gravada em negrito na minha mente, mas ainda assim, me recusava a acreditar. O anel que Amber encontrou não passava de uma joia comum, sem nenhuma modificação, dispositivo ou qualquer coisa que pudesse ser usada para espionagem. Apenas uma joia.Passei as mãos pelo rosto, frustrado. Isso não faz sentido. Era como se todas as peças que tínhamos começado a montar desmoronassem de uma vez. Peguei o telefone e disquei para Magnus. O sinal chamou, uma vez, duas vezes... nada. Deixei o telefone de lado com mais força do que pretendia, o barulho ecoando no quarto silencioso.Antes que pudesse me afundar ainda mais na frustração, Amber entrou no quarto, encostando-se na porta. Seu olhar estava sereno, mas carregava uma pontada de preocupação. "As crianças sentiram falta de você na hora de dormir," disse, sua voz gentil, mas firme.Fechei os olhos por um momento, deixando a culpa me invadir. "Me desculpe, amor. Eu
AmberEntrar na casa de Magnus, especialmente depois de encontrar Gabriela usando uma camiseta claramente dele, era como atravessar um portal para uma dimensão de puro constrangimento. Gabriela, no entanto, parecia não perceber, ou fingia muito bem. Ela insistiu para que entrássemos, sorrindo como se fosse a anfitriã oficial."Por favor, entrem! Já que estão aqui, pelo menos aproveitem um pouco," disse, enquanto segurava a porta aberta.Troquei um olhar rápido com Leonardo, que apenas deu de ombros e murmurou algo como "tudo bem". Não estávamos exatamente no clima de recusar sem parecer rudes. Magnus, por outro lado, parecia querer desaparecer. Ele olhou para Gabriela, depois para nós, como se estivesse tentando calcular onde exatamente tinha perdido o controle da situação.A casa de Magnus era um reflexo dele: organizada, elegante, mas sem ser pretensiosa
GabrielaPeguei minhas roupas da secadora, sentindo o calor agradável do tecido contra os dedos. Com a blusa e a calça dobradas nos braços, fui para o banheiro para me trocar. A camiseta de Magnus ainda estava em meu corpo, e enquanto a removia, não consegui evitar olhar para a lingerie que tinha escolhido para usar naquela ocasião.Era ousada. Mais do que o habitual. O tipo de lingerie que eu raramente usava, mas que tinha escolhido com cuidado, quase como um amuleto de confiança. Respirei fundo, tentando afastar os pensamentos que insistiam em surgir. Por que eu esperava que essa noite fosse diferente? Por que ainda alimentava essa esperança de que Magnus pudesse olhar para mim e ver mais do que uma amiga?Segurei a camiseta por um momento mais longo do que deveria, os dedos pressionando o tecido macio. Levantei-a até o rosto e senti o cheiro dele, uma mistura sutil de amaciante e algo in
MagnusDesde o momento em que Gabriela mencionou gostar de filmes de ação e terror, algo dentro de mim mudou. Sempre a enxerguei como alguém delicada, sensível, até um pouco reservada. Mas agora, percebia que talvez tivesse subestimado quem ela realmente era. Ela não apenas acompanhava a conversa com confiança, mas parecia se destacar nela.Enquanto ela falava, seu sorriso surgia com mais frequência, e cada vez que isso acontecia, eu sentia uma onda de admiração que não estava acostumado a lidar. Era um sorriso genuíno, animado, que deixava claro o quanto ela estava à vontade. Gabriela e Amber conversavam sobre fazer compras juntas, trocando sugestões sobre o que poderiam procurar.Olhei para Leonardo, que estava recostado no sofá, assistindo à interação delas com um sorriso no rosto. Era interessante ver uma amizade surgir ali, especialme
MagnusPegamos o elevador juntos, eu ao lado de Gabriela, lutando para ignorar o pulsar constante nos meus lábios, uma lembrança vívida do beijo que ainda ardia em minha memória. A tensão entre nós parecia crescer a cada andar, como se o silêncio no pequeno espaço amplificasse tudo o que estava não dito.Quando chegamos ao apartamento dela, uma onda de familiaridade me atingiu de imediato. Era o antigo apartamento de Amber, um espaço que eu mesmo havia ajudado a organizar para Gabriela. No entanto, ao entrar, notei que tudo havia mudado. Cada detalhe agora refletia a personalidade dela, tornando o lugar completamente único e muito mais acolhedor. Plantas adornavam os cantos, e as paredes estavam decoradas com quadros minimalistas, nada parecido com o estilo funcional e quase impessoal de Amber."Você mudou tudo," comentei, deixando meu olhar percorrer o ambiente. "Está bem b
AmberDeitada ao lado de Leonardo na nossa cama, com as luzes do abajur lançando um brilho suave pelo quarto, eu me sentia envolta em uma bolha de tranquilidade. Nossos dedos estavam entrelaçados, descansando sobre meu abdômen, enquanto a conversa flutuava de um assunto para outro, naturalmente."Você acha que Magnus e Gabriela vão dar certo?" perguntei, virando minha cabeça para olhar para ele.Leonardo soltou uma risada baixa, desviando o olhar para o teto antes de me encarar novamente. "Magnus não é uma pessoa fácil, Amber. Ele é... fechado, muito na dele. Sempre foi assim, desde que o conheci.""Mas Gabriela parece ser boa para ele," murmurei, buscando seus olhos. "Talvez ela consiga abrir essa barreira que ele construiu."Leo suspirou profundamente, apertando levemente minha mão. "Ele nem sempre foi assim. Antes, era um cara mais leve, mais descontraído. Mas..."
LeonardoO sol já iluminava meu escritório na MGroup quando Magnus entrou, com aquele andar confiante de sempre. Ele parecia calmo, mas eu o conhecia bem o suficiente para notar a tensão sutil em seus ombros. Coloquei de lado os papéis que estava analisando e o encarei com um sorriso.“Bom dia,” disse, inclinando-me na cadeira. “Espero que esteja mais descansado que ontem à noite.”Magnus riu baixo, sentando-se na cadeira diante de mim. “Foi uma noite interessante, para dizer o mínimo.”Aproveitei o tom descontraído para começar. “Então, vai me contar como terminou a noite com Gabriela, ou vai me deixar criando teorias para contar para minha noiva?”Ele ergueu uma sobrancelha, mas o canto de seus lábios entregava um sorriso contido. “Foi... bom. Melhor do que eu esperava. Mas, como sempre, as coisas não podem ser simples.”Cruzei os braços, divertido com sua hesitação. “Magnus, você é o cara que enfrenta bandidos, resolve problemas de segurança complexos e me ajuda a proteger minha fa