Amber
Meus dedos corriam frenéticos pelo teclado, cada comando sendo executado com precisão quase automática. Era como se minha mente estivesse despertando de um longo sono, conectando fios que antes pareciam desconectados. A cada novo acesso, um caminho diferente se abria, iluminando partes de mim que eu nem sabia que estavam apagadas. A euforia pulsava em minhas veias. Eu estava desbravando um pedaço de mim mesma, e isso me fazia sentir viva novamente.
Pausando por um momento, respirei fundo e observei a tela à minha frente. Tudo ali era familiar, mas, ao mesmo tempo desafiador. Meus olhos correram pelas linhas de código e relatórios que eu analisava com precisão. Eu estava voltando, lentamente, mas estava.
O som de vozes exaltadas do lado de fora da sala interrompeu minha concentração. Franzi o cenho, tentando ignorar, mas o volume aumentava a cada segundo. As palavras eram
LeonardoO som dos saltos de Martina batendo contra o piso da recepção ecoou assim que saí do elevador. O cenário que encontrei ao atravessar as portas foi exatamente o que temia: Martina Ricci em plena performance. Layla estava pálida atrás do balcão, os seguranças parecendo desconfortáveis enquanto tentavam manter a compostura diante de uma mulher que claramente havia ultrapassado todos os limites."Vocês são um bando de inúteis!" Martina vociferava, o rosto contorcido de raiva. "Como ousam obedecer a uma impostora como aquela mulher? Eu sou Martina Ricci! Vocês sabem o que isso significa?" Sua voz cortava o ambiente como uma faca.Respirei fundo, ajustando o paletó e preparando-me para o espetáculo que sabia que estava prestes a enfrentar. "Martina!" Minha voz ecoou pela recepção. Ela congelou por um momento, seus olhos estreitando-se enquanto
MartinaSentei-me no sofá de veludo da cobertura de Peter, minhas pernas cruzadas com elegância calculada. Um sorriso vitorioso curvava meus lábios enquanto girava a taça de vinho em minhas mãos, o líquido rubro refletindo a luz dourada do ambiente. Peter estava de pé ao lado da janela, olhando a vista da cidade com uma expressão que oscilava entre irritação e cálculo.“Eu disse que ia conseguir,” comecei, minha voz doce como mel, mas com a satisfação afiada de uma lâmina. “Enquanto você grita com os seus incompetentes, eu resolvo as coisas. A escuta está lá. Bem debaixo do nariz daquele babaca, além da minha mãe bem estampada em seu rosto.”Peter virou-se para me encarar, os olhos estreitados. “Você teve sorte, Martina. Foi só isso. Eu planejo cada movimento; você só causou uma
AmberLeonardo estava furioso. O som do impacto da porta sendo fechada ecoava em minha mente enquanto ele andava de um lado para o outro na sala, os músculos tensos e a expressão sombria. Eu o observei por alguns instantes antes de me aproximar, tentando medir as palavras que poderiam atravessar o caos em sua mente."Leo," chamei suavemente, colocando minha mão em seu braço para interromper sua caminhada incessante. "Senta aqui comigo. Vamos pensar com calma sobre isso."Ele bufou, mas se deixou guiar até o sofá que ficava no canto da sala. Ele se jogou no sofá, passando as mãos pelos cabelos com frustração evidente. "Eu não entendo. Ela sabia que não era bem-vinda aqui. Por que diabos veio até aqui hoje, Amber? Ela nunca faz nada sem uma razão."Cruzei as pernas, sentando-me ao lado dele, meu tom calmo contrastando com sua tensão. "Ex
MagnusEstava sentado no sofá da minha sala, segurando o relatório técnico que havia acabado de chegar. O anel estava em cima da mesa de centro, brilhando sob a luz da luminária como se fosse apenas isso: uma joia comum. E, pelo parecer técnico, era exatamente isso."Não há dispositivos de escuta, chips, ou qualquer outro tipo de tecnologia escondida," dizia o relatório. "Anel confeccionado em ouro branco com uma pequena pedra de safira genuína."Passei a mão pelo rosto, irritado. Algo dentro de mim dizia que não podia ser tão simples. Martina Ricci não fazia nada sem motivo. O fato de ela ter deixado o anel na sala de Leonardo podia ser um descuido, mas também podia ser algo mais elaborado que eu ainda não conseguia enxergar.O som da campainha interrompeu meu fluxo de pensamentos. Levantei-me, cruzando a sala com passos lentos, ainda perdido em pensamentos. Quando abri a porta, lá estava Gabriela, com aquele sorriso despreocupado que parecia iluminar qualquer ambiente."Você está co
MagnusGabriela estava sentada à mesa, me observando enquanto eu preparava o jantar com um sorriso nos lábios. Não era como se eu fosse um chef, mas sabia o suficiente para impressionar. A cozinha era uma válvula de escape nos momentos em que o caos do trabalho ameaçava me engolir. E, pelo jeito, ela parecia apreciar o esforço."Você está se saindo bem, Magnus," ela comentou, apoiando o queixo na mão enquanto me olhava."Bem o suficiente para ganhar pontos ou só o suficiente para não envenená-la?" brinquei, cortando os legumes com precisão.Ela riu, um som leve e genuíno. "Definitivamente ganhando pontos. Não sabia que você era tão prendado.""Há muito sobre mim que você não sabe, Gabriela," respondi, dando uma piscadela. O clima entre nós estava tranquilo, mas carregado de algo mais, algo que eu sentia se aprofundar a cada momento que passávamos juntos.Terminei de montar os pratos com cuidado e servi o vinho, tentando não deixar transparecer o quanto estava investido em impressioná-l
LeonardoO relatório estava espalhado sobre a mesa à minha frente, cada palavra gravada em negrito na minha mente, mas ainda assim, me recusava a acreditar. O anel que Amber encontrou não passava de uma joia comum, sem nenhuma modificação, dispositivo ou qualquer coisa que pudesse ser usada para espionagem. Apenas uma joia.Passei as mãos pelo rosto, frustrado. Isso não faz sentido. Era como se todas as peças que tínhamos começado a montar desmoronassem de uma vez. Peguei o telefone e disquei para Magnus. O sinal chamou, uma vez, duas vezes... nada. Deixei o telefone de lado com mais força do que pretendia, o barulho ecoando no quarto silencioso.Antes que pudesse me afundar ainda mais na frustração, Amber entrou no quarto, encostando-se na porta. Seu olhar estava sereno, mas carregava uma pontada de preocupação. "As crianças sentiram falta de você na hora de dormir," disse, sua voz gentil, mas firme.Fechei os olhos por um momento, deixando a culpa me invadir. "Me desculpe, amor. Eu
AmberEntrar na casa de Magnus, especialmente depois de encontrar Gabriela usando uma camiseta claramente dele, era como atravessar um portal para uma dimensão de puro constrangimento. Gabriela, no entanto, parecia não perceber, ou fingia muito bem. Ela insistiu para que entrássemos, sorrindo como se fosse a anfitriã oficial."Por favor, entrem! Já que estão aqui, pelo menos aproveitem um pouco," disse, enquanto segurava a porta aberta.Troquei um olhar rápido com Leonardo, que apenas deu de ombros e murmurou algo como "tudo bem". Não estávamos exatamente no clima de recusar sem parecer rudes. Magnus, por outro lado, parecia querer desaparecer. Ele olhou para Gabriela, depois para nós, como se estivesse tentando calcular onde exatamente tinha perdido o controle da situação.A casa de Magnus era um reflexo dele: organizada, elegante, mas sem ser pretensiosa
GabrielaPeguei minhas roupas da secadora, sentindo o calor agradável do tecido contra os dedos. Com a blusa e a calça dobradas nos braços, fui para o banheiro para me trocar. A camiseta de Magnus ainda estava em meu corpo, e enquanto a removia, não consegui evitar olhar para a lingerie que tinha escolhido para usar naquela ocasião.Era ousada. Mais do que o habitual. O tipo de lingerie que eu raramente usava, mas que tinha escolhido com cuidado, quase como um amuleto de confiança. Respirei fundo, tentando afastar os pensamentos que insistiam em surgir. Por que eu esperava que essa noite fosse diferente? Por que ainda alimentava essa esperança de que Magnus pudesse olhar para mim e ver mais do que uma amiga?Segurei a camiseta por um momento mais longo do que deveria, os dedos pressionando o tecido macio. Levantei-a até o rosto e senti o cheiro dele, uma mistura sutil de amaciante e algo in