A cidade de Raven Town fica às margens de um grande cemitério em Londres.
Quando o sol está murchando atrás de arranha-céus e montanhas, as lápides altas, cruzes e estátuas de anjos caídos, projetam sombras na estrada - o que assusta algumas pessoas e fascina muitas outras.
Os londrinos nem sempre consideram àquela, parte de Londres.
Quase não há pessoas ligadas aos moradores de Raven Town. Todos nasceram ou foram criados ali ou largaram tudo e não há mais nada para prendê-los em outro lugar.
"Esta é uma cidade para sobreviventes. Se você vive a mercê de grandiosidades, me desculpe, aqui não é seu lugar!", dizia um morador, num dos poucos relatos que ainda existem.
Mas, naquela noite, aos encalços de um solstício de verão, vozes de mais foram ouvidas, luzes se acenderam, pessoas fugiram. Mas os relatos são vagos. Poucos.
Raven Town foi derrubada e instinta em 1979, dita por vazia, deserta.
O cemitério ampliou-se, e nada mais.
Não há mais sombras de lápides na estrada, nem moradores corvos. Há apenas mortos, corpos enterrados às cãs, velas derretidas, rosas, jacintos e demais flores, ambas mortas sobre o que um dia fora Raven Town.
O que acha de vagar pelas ruas desertas de uma cidade mortífera?
Se você entrou... lute, esconda-se e, acima de tudo, sobreviva.
Não há nada aqui, apenas nós e nós.Os mortos, e nós.As lápides, o perfume podre das flores murchas, e nós.Ventos intermitentes, corvos barulhentos e nós. Ainda somos dezessete. Mas, até quando? Ele se foi.Para onde? Ninguém sabe, tampouco viu. Tão simplesmente... PUF! E já não está mais aqui.Somos dezessete agora, dezessete garotos perdidos de Raven Town.Eu não deveria ter saído de casa.- Pete Emoud***É frio em Londres. O carro dá guinadas para os lados - para os quatro lados - enquanto Scott, com seu
Vozes.Elas reclamam em meus ouvidos.Gritam.Mas eles já se foram.Diga, Scott. Diga.Elas estão me enlouquecendo.Estão roubando minha sanidade.O que há com essa merda de cidade?Preciso sair daqui.Preciso que elas parem.Por favor.Parem.Somos dezesseis agora.Apenas dezesseis.Dezesseis garotos de Raven Town, perdidos na droga da Raven Town.Já chega disso...– Scott Tarheel***Ouvir Vincent dizer, pela milésima vez, que não há nada naquelas ruas não ajudava nem mesmo um pouco. Todos já sabem que não há ninguém, existem apenas rastros, uma prova de que um dia eles existiram e habitaram aquelas casas agora tão vazias.Scott não sabia bem o que pensar, ele apenas observava os outros fazerem o que ele já não tinha coragem de fazer.Don tinha as mãos sobre os olhos, esfregando-os em meio a
Mais um. Perdemos mais um. Nem mesmo me convenci de que Max se sei.O grande Maxfield.Meu irmão. Por que?Então Dylan também não está mais aqui.Para onde os levaram?Quem os levou?Como...?Agora somos dezesseis.Dezesseis garotos perdidos.Os garotos de Raven town.Perdidos.Que lindo fim esse é.Seria mais fácil se nos prendessem.Max, te vejo em breve, eu sei.Dylan...Estaremos todos juntos outra vez, eu sei.Charles Freeman disse: Por que temer a morte? Essa é a mais bela aventura da vida.Então, eu juro que, assim que não houver mais por quem chorar, viverei essa aventura como um lunático.Mas, até lá, ainda estamos desaparecendo, ainda estamos indo e indo e indo... Alguém voltará de lá, seja lá onde isso for...?Somos Garotos de Raven Town. Que triste Raven Town.- Duece Ephraim
O mundo desaba em cores sortidas.Eu sou um corvo.O mundo remontá-se em escuridão.Eu sou a pomba.Paz. Paz. Paz.Perdi tudo.Meus amigos, minha família, minha casa, minha vida.Paz. Paz. Paz.Espero que a encontrem.Eu sou o corpo, o corpo do garoto morto em Raven Town.Não há nada vivo em Raven Town.- Leo Castellon***Eu sabia que estava vendo-os, eu sei que estou vendo. Todos eles. Todos eles. Maxfield também estava lá, ou melhor, ainda está lá. Parado ao lado de Duece, parado ao lado do irmão. Mas, Maxfield estava morto. Maxfield sumiu. Maxfield e Dylan.Impossível? Improvável? Errado? Incorreto? Falho? Falso? Coisas da minha mente? O que é isso que vejo se não fantasmas?Os outros estão manchados. Eu os sinto, mas eles estão distantes de mais para serem tocados.
Estamos dilacerados, como os corações na minha canção. Somos todos partes desiguais que estão colidindo contra nada.Nancy, quando eu disser que te amo, por favor, não duvide.Estamos em quinze agora.Quinze almas idiotas, as quais quem quer que seja não quis levar. Ainda.Nancy, quando eu pedir para segurar sua mão, deixe.A morte está em nosso encalço.Nancy. Sinto tanto a sua falta.Ela vai nos pegar.E quando isso acontecer eu serei, finalmente, feliz ou infelizmente, uma parte podre de Raven Town.— Eden Alfie***Quando Leo sumiu, Eden não percebeu, talvez fosse o único à não perceber. Ele estava cantando uma música sobre a rigidez do pai, seus medos e as pessoas para quem não pôde dizer adeus.Talvez por não ter percebido seu sumisso, talvez por medo de que, em algum lugar, ele fosse puxar seus pés, talvez por nada de ma
Oh, que grande merda estamos fazendo, hein?Somos tolos, todos nós, tolos, idiotas, imbecis, ingênuos ao pensar que um dia poderemos escapar daqui... Ninguém tentou isso ainda. Ainda. Mas quem pode partir deixando todos aqueles que desapareceram para trás?Quem conseguirá seguir sem ter a consciência mutilada por isso?Que coisa tosca, não?Vivemos para partir e só isso.Somos... Eu já não sei em quantos estamos. Não sei quem somos, isso está me enlouquecendo!Somos apenas os velhos garotos de Raven town.Os garotos de Raven town... Tsc.Foda-se Raven Town!— Lance Brad***Quando os sacos de fritas e os engradados de refrigerante acabaram, os garotos levantaram mais cedo, recolheram as mochilas vazias, fizeram uma fila e foram em busca de qualquer coisa, mais ou menos comestível, que ainda não houvesse passado da validade. Lance fora o último a sair do
Estamos entrando e saindo de nadas. Como o Lance diz: que grande merda.Estamos todos sendo massacrados por vazios. Ninguém sabe o que está acontecendo, não há ninguém que possa nos ajudar. Queria ao menos ter visto meus pais uma última vez, ter pedido desculpas por não chamá-los assim, por ter desobedecido suas ordens, passado por cima de suas regras e bagunçado suas normas. Me desculpem. Eu sei que é tarde.Somos os garotos de Raven Town, disse Pearce, perdidos em Raven Town.— Johann Yungberg***Sempre que entrava em uma casa, Johann sentia a claustrofóbica sensação de estar
Poderia haver uma rua coberta por luzes, uma mesa com bebidas e confeitos, música ruim cantada ao vivo, pessoas sentadas em uma roda, a buzina do velho ônibus azul causando um alarde ainda maior, mamãe e papai levando Dana para casa, Lucca dizendo que viria conosco em outra viagem, nós, todos nós, rindo sabendo que ele nunca iria cumprir essa promessa.Mas, há apenas quatorze, quatorze garotos em Raven Town. Quatorze garotos com medo, perdendo uns aos outros e a si mesmo nessa droga de Raven Town.Quatorze...? Contarei direito da próxima vez.— Vittore McKee***Vittore jamais sentira tando medo quanto naqueles últimos dias. Nem mesmo quando o The Ravens enfre