Estamos entrando e saindo de nadas.
Como o Lance diz: que grande merda.
Estamos todos sendo massacrados por vazios.
Ninguém sabe o que está acontecendo, não há ninguém que possa nos ajudar. Queria ao menos ter visto meus pais uma última vez, ter pedido desculpas por não chamá-los assim, por ter desobedecido suas ordens, passado por cima de suas regras e bagunçado suas normas. Me desculpem. Eu sei que é tarde.Somos os garotos de Raven Town, disse Pearce, perdidos em Raven Town.— Johann Yungberg
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Poderia haver uma rua coberta por luzes, uma mesa com bebidas e confeitos, música ruim cantada ao vivo, pessoas sentadas em uma roda, a buzina do velho ônibus azul causando um alarde ainda maior, mamãe e papai levando Dana para casa, Lucca dizendo que viria conosco em outra viagem, nós, todos nós, rindo sabendo que ele nunca iria cumprir essa promessa.Mas, há apenas quatorze, quatorze garotos em Raven Town. Quatorze garotos com medo, perdendo uns aos outros e a si mesmo nessa droga de Raven Town.Quatorze...? Contarei direito da próxima vez.— Vittore McKee***Vittore jamais sentira tando medo quanto naqueles últimos dias. Nem mesmo quando o The Ravens enfre
Há quanto tempo venho tentando guardar tudo para mim?Se eu cair, levanto. Dói? Dói. Mas engoli cada lágrima, cada dor, cada náusea, cada doença... Pois, eu tinha que seguir em frente. Tinha que erguer o corpo amolecido e dar vida a ele, como um Frankenstein.E olha o que estou fazendo agora. Olha onde estou agora.Estou chorando pelos que se foram, estou chorando tudo o que deveria ter chorado antes, estou deixando tudo sair de mim em forma de lágrimas - que mais parecem navalhas...Somos... Me recuso a continuar contando!...só garotos de Raven Town.— Carlisle True***A casa com o cara morto fica bem no centro de Raven Town. Suas portas largas e os muros altos acusam a quantidade de grana que quem quer que morava aí carregava em sua carteira. Antes de entrar, Vittore encarou Johann por alguns segundos. Talvez toda a baboseira de terem visto pessoas diferentes na cara do mesmo
Vamos em frente.Não olhe para trás.Não se lembre de nada.Esqueça de Raven Town.Esqueça que onde está agora é Raven Town.Fantasie que ninguém nunca se foi.Eles estão todos aqui.Bem aqui.Ao seu lado.Sussurrando.Eu posso ouví-los.Posso ver suas sombras.Eles se foram, Don. Eles se foram.Cada um deles.Finja que não.Finja que nada aconteceu.Estamos bem.Bem.NÃO ESTAMOS BEM!ESTAMOS MORTOS!MORTOS!Eu estou morto.Sou uma sombra.Uma sombra do Don.Sou um morto em Raven Town.Somos treze, treze em Raven Town.Raven Town.Eu a odeio!— Don Harlow***Don não havia dormido aquela noite, embora seus olhos estivessem fechados todo o tempo. Ele estava pensando na família, em como seus pais deram duro para mandá-lo à uma boa escola, como suaram para criá-
Não há nada que eu tema mais que essa estranha morte a qual levara tantos de nós.Uma morte silenciosa.Morte.Será mesmo que eles morreram?Será mesmo que estamos morrendo?O que há com Raven Town?Isso seria uma epidemia?Ainda é possível ver a luz nas praças de Londres, mas não é possível alcançá-las.Somos doze agora.Doze... Onze... Somos. Apenas garotos de Raven Town.Mortos, sucumbindo à Raven Town.- Todd Leesburg***Dylan afundou mais uma vez na piscina, sabíamos quem era, não pela cor de seus calções de banho amarelo néon, nem pela touca vermelha com um sinistro corvo branco feito à mão com linhas tortas e um bico estreito demais na ponta, mas por sua rapidez. A distância entre o segundo melhor nadador era incrível - quase dois longos metros. Os olheiros não conseguiam sequer reconhecer a existência de outro nadador naquela piscina sem
Estou cansado...Cansado dessa terra podre,dessa cidade de merda,desssas casas vazias,dessas ruas tão cheias de memórias,tão cheias de nada.Dessa droga toda...Estou cansado.Raven Town,talvez você possa ser gentil,uma única vez.Atenda a meu pedido,dê-me um pouco de sua misericórdia...Raven Town,leve-me para seu túmulo.— Vincent Ayotte***Lance tomou o volante para si e dirigiu até o motor cuspir fumaça. Assim que o ônibus parou, ele saiu e continuou a andar. Lance costumava ser bem animado, com suas piadas e toda a coisa de atleta... Ele era como um animal selvagem com correntes muito longas – era capaz de muito, quase esquecia-se dos limites e, então, bem perto do que ele mais almejava, a corrente acabava e ele sabia que não conseguiria quebrá-la. Mas o ônibus não era sua corrente. Ele andou e andou e os garotos apenas o observar
Somos as sombras de um passado próximo.Cada um de nós, cada ser vivoé essa sombra também.Se vivemos aqui,se caminhamos por essa mesma Terra,nos tornamos sombras paraquem ainda vai viver...Por isso, precisamos ser corajosose fazer o que tem que ser feitoquando tem que ser feito.Não deixe arrependimentos para trás.Não tenha medo.Siga em frente...Deixe sua marca no mundo,uma que nunca se apague,uma que esteja sempre fixa naspessoas que deixou para trás.Assim, mesmo que não esteja aqui,as pessoas se lembrarão de você...Até que elas também parem decaminhar sobre essa mesma Terra.— Maxfield Ephraim***O mato baixo esconde tocas de coelhos, as árvores altas comportam ninhos de águias, os rios rápidos escondem o atum, as cavernas sombriam pertencem à ursos. Não deixe o equipamento fora da bolsa ou ser
Mortos voltam mortos...O contrário um dia foi dito.As coisas hoje se misturam, os homens já não seguem as leis do mundo:Mortos voltam vivos.Vivos voltam mortos.Mortos voltam.Vivos voltam.Um dia.– Raven Stevenson***De tempos em tempos, cidades simplesmente acabavam. Não como nos filmes de faroeste e suas cidades fantasmas. As pessoas simplesmente iam não se sabe onde e não voltavam. As outras pessoas, as que sobravam, não tinham o que dizer. Elas simplesmente não se recordavam exatamente do que havia ali. Era uma cidade e existia, mas ninguém realmente conseguia recordar do dia em que não era assim. Como esperado de humanos sem respostas, eles criavam as suas próprias e espalhavam como se fosse a única. "A cidade sempre foi adornada por gangues. Acho que elas acabaram. Talvez o governo faça alg
E então, o monstro horrendo crava suas garras afiadas na pele fina e pálida do majestoso porém frágil herói.A morte, entretanto, não é bem vista pelos protagonistas.Eles a abominam mais do que aos demônios estranha e permanentemente presos em seu encalço.Ah, os protagonistas...Eles são capazes de matar a fera, ficar com a mocinha, a fama, a fortuna e a felicidade no final de tudo.E (novamente) entretanto, se você assistiu filmes e leu livros o suficiente então você sabe...Na tomada final, pouco antes das letras subirem, nas últimas linhas, os dedos sangrentos tendem a se mover sob a terra estéril.A morte abomina o monstro.– Lincoln Forestry***Lincoln nunca esquecera do dia em que viu o ônibus azul rajado feito um tigre de alabastro, carregado de corvos sortidos, cruzando os postes antigos na entrada da cidade. Eles eram ferozes como felinos e agitados como