– Quem é ela? – perguntei, mantendo meu olhar fixo na mulher ruiva.
– Ela? Qual "ela"? Estamos cercados de mulheres. Aliás, é novidade você prestar atenção em qualquer uma – respondeu Nicolas, visivelmente surpreso.
– Isso porque são todas superficiais, interesseiras ou mesmo insuportáveis – retruquei de forma direta.
– Sei... Mas então, qual "ela" não é tudo isso? – disse ele, percebendo a direção do meu olhar. – NÃO CARA! Depois de dez anos sem nem olhar pra ninguém, você enxerga justo ela? Esquece.
– Eu perguntei QUEM É ELA – reforcei, meu tom agora nada amigável.
– Patrícia. A mulher mais inacessível do país nesse momento.
– Ah, não percebi que era casada.
– Não é, mas é ex-mulher do Hector Magli e mãe dos gêmeos do Vinicius Brown. Entre os dois relacionamentos, ela acabou com os negócios de Dom Luiz e destruiu metade do crime organizado de Minas Gerais.
– E o que a torna inacessível?
– Ela é mãe solteira de gêmeos, empresária, e está metida em algo obscuro que nem eu consigo entender. Desde o Vinicius Brown, ela não se relaciona com ninguém.
– Hum.
– O quê?
– Tá esperando o quê para me apresentar?
– Na verdade, eu estava esperando que você desistisse. Ela me dá medo.
– Fala sério, Nicolas. Você, com medo?
– Ela é praticamente uma Magli, sabe?
– Não importa o que ela tenha feito ou quem você pense que ela é. Importa que você lembre que sou seu chefe e me apresente agora.- Fui grosseiro e me arrependi imediatamente, mas ele sabe bem que não tenho muito tato com as pessoas.
– Sim, senhor – respondeu ele, com um tom ressentido, mas incapaz de recusar. Afinal, antes de ser meu funcionário, Nicolas era meu irmão mais novo.
Ele foi nervoso falar com a tal Patrícia, o que me chamou atenção nela foi o vestido que usava, era exatamente igual a um que minha esposa tinha... o que me fez desconfiar que ela queria chamar minha atenção... eles trocaram algumas palavras e quando percebi, a mulher ruiva vinha na minha direção.
–É uma honra recebe-lo Kevin, pensei que nem viria a um evento como esse, sou Patrícia.– ELa falou se apriximando toda segura de si.
–Realmente, eu não sabia porque tinha vindo até que a vi. – Respondi secamente.
–E agora sabe? – Ela perguntou com um olhar de curiosidade.
–Sim, agora faz sentido, podemos caminhar pelo jardim? – Perguntei pensando em me afastar de todo o barulho e agito que havia no salão principal do baile.
–Sim, se você for me contar, pois fiquei curiosa.–Ela estava tentando ser simpática.
–Veremos. – Respondi seco e eu sei que não estava sendo legal, não precisa me julgar.
–Misterioso hein…– ela respondeu.
Quando chegamos em um canto isolado do jardim, eu a encarei com seriedade, sentindo cada palavra presa em minha garganta antes de finalmente dizer:
– Você fez tudo isso.
Patrícia pareceu confusa por um momento, mas logo respondeu:
– O que quer dizer?
– Mexeu com a minha cabeça... a semana toda. Com lembranças... A música que começou a tocar misteriosamente perto da minha casa, o perfume no carro...
Ela manteve um semblante calmo, o que só me irritava mais.
– E por que acha isso? Por que motivo pensa que fui eu? – ela questionou, fingindo inocência.
Olhei diretamente nos olhos dela, não deixando espaço para dúvidas:
– Porque você está usando o perfume e o vestido iguais aos da minha esposa.
Por um segundo, vi sua expressão vacilar, mas então ela disse:
– Eu não quis ser cruel, Kevin. Mas precisava da sua atenção.
Minha raiva crescia. Cada vez que ela falava, o controle que eu me esforçava tanto para manter parecia se desfazer.
– Se não é por crueldade, só pode ser desespero o que te motiva. Então, por favor, explique.
Patrícia respirou fundo antes de começar:
– Essa festa... Pretendo fazer uma grande revelação. Mas para isso, eu preciso da sua proteção. Ninguém tem mais poder do que você para garantir que eu esteja a salvo. Mas não é só por mim...
– Seus filhos – interrompi, já antecipando sua resposta.
Ela assentiu, sua voz ganhando um tom mais grave.
– Sim. Eles estarão em perigo assim que eu me revelar. E não tenho escolha, ou faço isso, ou vou perder a minha irmã.
De repente, tudo começou a fazer sentido. Mesmo assim, o que ela havia feito ainda me deixava furioso.
– Agora entendi. Ainda estou muito irado por você brincar com a memória da Emily, mas enfim compreendi seu desespero.
Patrícia olhou para mim, esperando por algo. Não desviando o olhar, perguntei:
– Vai me ajudar?
– E por que pensa que posso fazer tal coisa? Porque sou bilionário?
Ela balançou a cabeça lentamente e disse algo que me fez parar por um instante:
– Porque assim como eu, você tem outra identidade. É a ela que estou recorrendo.
Eu não disse mais nada. Instintivamente, segurei o braço dela com força, olhando para os arredores, então a puxei para a sombra das árvores próximas.
– Você está maluca? Não sabia o quanto era perigoso falar disso?
Ela tentou se soltar, sua voz firme:
– Você está me machucando. Pode me soltar, por gentileza?
– Você é uma petulante – retruquei, encarando-a diretamente. Mesmo assim, soltei seu braço, mas não sem demonstrar minha irritação.
– E você, um grosso – ela devolveu, sem recuar. – Não precisa se preocupar. Essa casa é minha. Não tem nenhum tipo de escuta ou vigilância aqui no jardim, pelo menos não agora.
Eu franzi o cenho, claramente surpreso.
– Sua casa?
– É, isso mesmo. Essa é a revelação. Eu sou a Condessa de Montebello. E minha irmã foi sequestrada na Europa por pensarem que ela era a Condessa.
Deixei escapar um suspiro pesado, processando a informação.
– Devia ter começado por aí. Estávamos à sua procura.
– Ótimo. Vai ou não me ajudar?
– Eu vou – respondi, finalmente me recompondo e começando a andar em direção à casa.
No entanto, sua voz me deteve:
– Espera. Por que estavam me procurando? – perguntou, vendo que eu continuava a andar. Mais uma vez, ela gritou – Ei, não dê as costas pra mim.
Parei e respirei fundo, girando para encará-la com aquele olhar firme que poucos ousavam desafiar.
– Com quem pensa que está falando? Ninguém levanta a voz pra mim.
Ela deu um passo à frente, ainda calma, me surpreendendo.
– Pois olha quem está levantando a voz agora – disse Patrícia, com um tom tranquilo que, por algum motivo, me irritava ainda mais.
Ela era... diferente. Não tinha medo de mim. Na verdade, parecia que nada a abalava.
– Senhorita, vamos conversar em seu escritório. Precisamos discutir os termos desse nosso acordo – falei, controlando minha raiva.
Ela assentiu, com um leve sorriso.
– Tudo bem. É por aqui.
– Então você é a Condessa – falei, mantendo meu olhar fixo em Patrícia, tentando captar qualquer reação.– Sim – respondeu ela, sem hesitar.Eu respirei fundo, ponderando por um momento antes de perguntar:– Vai me explicar isso? Como é que Dom Luiz deixou a herança para você depois de você acabar com os negócios dele?Patrícia suspirou, mantendo a compostura.– Esse é outro assunto complicado. Prefiro que você mesmo leia a carta que ele me deixou – disse ela.– Tudo bem, onde está? – perguntei, com o tom mais seco do que o necessário.Ela se virou, caminhando até uma gaveta próxima. Com movimentos precisos, tirou uma carta cuidadosamente guardada e a estendeu para mim. Peguei o papel, mas ao invés de ler imediatamente, fiz questão de começar em voz alta. Queria observar cada mudança em sua expressão enquanto eu lia. Esse era o meu jogo, e eu precisava entender exatamente o que estava acontecendo ali."Mia Bambina Patricia,Sinto ter partido sem termos conversado pessoalmente, mas sai
– Lembra que eu disse que estava procurando pela Condessa? – comecei, encarando-a.– Sim – respondeu Patrícia, com calma.– Se você sabe quem sou, também sabe que preciso manter as aparências. Além disso, preciso me unir a pessoas poderosas para resolver algumas questões pendentes.– E o que isso tem a ver comigo? – ela perguntou, levantando uma sobrancelha.– Você já disse o que precisa desse acordo. E o que eu preciso é da sua cooperação.– De que forma? – insistiu, desconfiada.– Um casamento – declarei, sem rodeios.Ela riu alto, me pegando de surpresa.– Desculpa, achei que tinha ouvido você dizer casamento – respondeu, ainda com um sorriso debochado.Senti a irritação subir. Que mulher não ia querer se casar com um homem como eu? Só estava sozinho porque queria. Mantive minha compostura.– Eu disse. Mas não fique convencida, são só negócios.– Convencida? – ela repetiu, indignada. – Você acha que está me fazendo uma grande proposta, né? Por que motivo acha que eu ficaria lisonje
*Ponto de vista de Alícia*Ja faz alguns anos que cheguei nessa ilha, aqui eu finalmente tive paz, encontrei meu propósito em cuidar de agentes que se aposentam. A espionagem é na maioria das vezes muito eficaz para manter a paz, no entanto o preço é alto para muitos agentes secretos que, quando tem sua identidade revelada, não podem simplesmente continuar a vida como uma pessoa normal, então, a fundadora da nossa agência, Catarina, pensou em um lugar onde essas pessoas tivessem a chance de recomeçar: nossa ilha.Logo que eu soube desse lugar, me enchi de curiosidade, eu estava cursando psicologia e meu trabalho de conclusão de curso foi sobre stress pós traumático, o que acomete grande parte dos agentes que acabam indo para a ilha, pensei que eles precisariam de algum acompanhamento, pensei que para mim também seria um recomeço ja que estava perdidamente apaixonada desde a adolescência por um homem que agora era casado e provavelmente nem se lembrava da minha existência.Só que o que
Sou o Kevin Azevedo, conhecido como CEO das empresas da minha família, multimilionário e recluso. Há anos não converso com muitas pessoas além do meu irmão e assistente pessoal Nicholas, ele faz esse meio de campo entre eu e as demais pessoas para eu não precisar falar com ninguém mais, até porque não confio em ninguém... talvez na minha mãe Agatha e eu confiava na Catarina, minha mentora desde a adolescência, mas ela também se foi, não cheguei a tempo de salvá-la, foi envenenada por uma espiã inimiga. Aliás, esqueci de mencionar... sou um espião. Na adolescência, Catarina viu potencial em mim quando todos só viam problemas comportamentais, ela me recrutou para uma escola de gênios na Europa, que mais tarde descobri ser uma escola que ela mesma havia fundado e que treinava agentes secretos para trabalhar em um setor também secreto dentro da ONU. As pessoas se formavam naquela escola e retornavam à vida normal, eram cozinheiros, modelos, enfermeiros, médicos, artistas... não havia uma