capítulo 5
Alva permaneceu em silêncio o tempo todo. Após alguns minutos, sua paciência se esgotou.

— Está tarde. Eu vou embora.

Frederico levantou-se imediatamente para acompanhá-la, mas foi rapidamente impedido pelos amigos:

— A Alva precisa descansar, mas nós não nos encontramos há tanto tempo! Você não pode sair agora!

— Deixe ela ir dormir. Fique aqui com a gente.

Alva soltou suavemente a mão que ele segurava e falou com calma:

— O motorista me levará para casa. Fique com seus amigos.

Antes que ele pudesse reagir, ela já estava se afastando, caminhando rapidamente para evitar qualquer tentativa de impedi-la.

Pouco depois de o carro começar a se mover, Alva sentiu algo estranho no bolso de seu casaco. Ao verificar, encontrou um celular que não era o seu — o celular de Frederico.

Com as sobrancelhas franzidas, pediu ao motorista para retornar ao bar.

Assim que chegaram, ela viu Ivana descendo de um táxi. A jovem conferia repetidamente a maquiagem no espelho do celular enquanto caminhava distraidamente em direção ao camarote.

O instinto fez Alva apertar o celular em sua mão e segui-la.

Sem surpresa, Ivana parou exatamente diante do camarote onde Frederico estava.

Assim que entrou, jogou-se nos braços de Frederico sem hesitação.

Ele imediatamente a segurou pela cintura, acariciando seus cabelos com carinho:

— Por que chegou tão rápido?

Ivana apoiou a cabeça no ombro dele, sorrindo de forma encantadora:

— Eu estava com saudades! Assim que recebi sua ligação, vim correndo.

Frederico riu suavemente.

— Então merece uma recompensa.

Sem esperar resposta, inclinou-se para beijá-la com paixão. Seus lábios se encontraram em um beijo intenso e cheio de desejo.

— Chega! Parem de exibir isso! — gritou um dos amigos, rindo.

Ninguém parecia surpreso. Pelo contrário, seus amigos riam e faziam piadas, como se a cena fosse completamente normal.

Alva, parada do lado de fora, observava tudo através de uma pequena fresta na porta.

Um frio penetrante percorreu seu corpo.

Então todos sabiam...

Todos estavam fingindo... diante dela.

— Frederico, agora que a Ivana chegou, podemos finalmente jogar algo mais... interessante, não acha? — provocou um dos amigos, arqueando as sobrancelhas com um sorriso malicioso.

Com palmas e risadas, eles chamaram de volta as mulheres que estavam no camarote antes.

Em poucos minutos, cada um estava abraçado a uma delas. O jogo escolhido foi simples: “Verdade ou Desafio”. A garrafa girava, decidindo quem seria o próximo a responder.

Depois de várias rodadas, finalmente parou em Frederico.

A sala explodiu em gritos de empolgação.

— Frederico, quando foi a última vez? — perguntou um dos amigos, com um sorriso cheio de segundas intenções.

Frederico ergueu uma sobrancelha, inexpressivo.

— Ontem. No carro.

A resposta provocou uma onda de exclamações e risos altos.

— Caramba! E como foi?

Ivana, com o rosto corado, escondeu-se envergonhada no peito dele. Frederico passou os dedos pelos cabelos dela e, com um sorriso provocador, declarou:

— Ela me satisfez completamente. Foi inesquecível.

As gargalhadas ecoaram ainda mais altas.

— Eu sempre disse que as flores do campo são mais doces que as do jardim! — zombou alguém.

— Exato! Com o nosso status, quem não tem algumas aventuras?

— Desde que seja bem escondido, é diversão garantida! A Alva nunca vai descobrir.

Alguns beijaram suas acompanhantes, as mãos deslizando sem cerimônia.

Quando o nome de Alva foi mencionado, o sorriso de Frederico desapareceu instantaneamente. Seu rosto endureceu e seus olhos escureceram com seriedade.

— Não façam nenhuma besteira perto da Alva. Vocês sabem as consequências.

— Claro! A gente sabe! Ela nunca vai descobrir! — apressaram-se em garantir.

Cada palavra entrou nos ouvidos de Alva como um golpe impiedoso. Parada do lado de fora, congelada, ela ouviu tudo. O riso alto e as vozes cheias de escárnio continuavam ressoando de dentro do camarote.

Seus pés estavam dormentes, o corpo entorpecido, como uma concha vazia. Sem reação, virou-se e começou a caminhar para fora do bar, sem direção.

O motorista a viu e, preocupado, correu para ajudá-la, pronto para chamar Frederico.

No entanto, Alva levantou a mão, detendo-o com firmeza.

— Não me siga. Quero ficar sozinha. E não diga a Frederico que eu voltei aqui.

Com essas palavras, dispensou o motorista e seguiu seu próprio caminho, sozinha nas ruas desertas.

Uma chuva torrencial começou a cair, mas Alva sequer percebeu.

Os pingos frios apenas intensificaram sua lucidez.

Ela não sabia por quanto tempo andou... Talvez mais tempo do que na noite gelada de inverno, quando torceu o tornozelo aos dezessete anos e Frederico a carregou até em casa.

Quem diria... O coração humano é mesmo uma brisa que muda com o vento.
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