— Vocês sabem para onde Alva foi? Quando ela saiu? — Frederico lambeu os lábios secos, sua voz rouca e vacilante.Os empregados trocaram olhares nervosos antes de responderem:— A senhora saiu logo de manhã, levando uma mala... Não sabemos mais nada.Sair? Para onde ela poderia ter ido?A mente de Frederico ficou em branco. Por mais que tentasse, não conseguia imaginar um destino possível.Os pais dela... Eles já tinham suas próprias famílias há muito tempo. Alva jamais os procuraria.Ele só podia colocar suas esperanças nos amigos dela.Pegando o celular às pressas, começou a discar números conhecidos:— Alô? Aqui é o Frederico. Alva está com você?— O quê? Do que você está falando? Por que Alva estaria aqui?Esse tipo de conversa se repetiu incontáveis vezes.Nem mesmo seus próprios amigos tinham qualquer pista.A cada ligação infrutífera, uma nova onda de desespero o invadia.Aquela dor crua e implacável...Era como voltar ao passado, a um tempo antes de Alva entrar em sua vida. Só
Talvez Alva já soubesse de sua traição há muito tempo.Essa ideia atingiu Frederico como uma lâmina fria.Ele acreditava que tinha sido cuidadoso, que conseguia equilibrar sua vida com Alva e suas escapadas com Ivana.Pensava que sua discrição era infalível, que Ivana não passava de um passatempo que jamais seria descoberto.Mas, de alguma forma... ela sabia.Desde quando?A dor de imaginar Alva descobrindo seus segredos o atravessou como uma lança.Como ela pôde ser tão decidida? Como ela pôde simplesmente assinar o divórcio e desaparecer de sua vida?Seus olhos ardiam, sua visão se embaçou com lágrimas.De repente, as palavras de Alva durante o pedido de casamento ecoaram como um aviso tardio:— Eu prometo ser a Sra. Castilho e me esforçar ao máximo, mas nunca aceitarei mentiras. Se você me enganar, desaparecerei para sempre do seu mundo.Na época, Frederico riu, confiante de que jamais faria algo que pudesse magoá-la.Ele se orgulhava de seu amor por ela. Queria tanto entregar seu c
Ele quis rasgar os papéis do divórcio.Mas percebeu que aquilo talvez fosse a última coisa que ela lhe deixara.Se destruísse, não teria nem mesmo essa lembrança.Frederico traçou repetidamente o nome de Alva com a ponta dos dedos, seus olhos inundados de saudade.— Alva, foi minha culpa. Eu nunca deveria ter tido outra mulher. Eu só amo você!— Pode me bater, me xingar, fazer o que quiser, mas por favor, não me deixe.— Eu não posso viver sem você, Alva...Ele repetiu palavras de arrependimento inúmeras vezes, até sua voz se tornar rouca.Mas a pessoa que deveria ouvi-las... não estava ali.Tudo parecia em vão.— Alva, eu não assinei nada. Enquanto eu não assinar, ainda somos casados. Eu vou encontrar você!Seus olhos endureceram, cheios de determinação.Ele não a deixaria partir.Ela sempre fora dele. Ele podia admitir seus erros, mas jamais aceitaria perdê-la.Com uma expressão resoluta, Frederico guardou cuidadosamente os papéis do divórcio como se fossem um tesouro.Ainda tinha su
Uma foto de uma cama um pouco desarrumada apareceu diante dos olhos de Frederico.Ele quase explodiu de raiva, os olhos faiscando de fúria.— Então... era você! — rosnou, a voz fria e cortante, carregada de uma intensidade sufocante.Sem hesitar, digitou furiosamente:“Ivana, eu me lembro de ter te avisado: Alva não pode saber de nada entre nós!”A mensagem foi enviada. Do outro lado, Ivana leu, deu uma risadinha desdenhosa e, cheia de audácia, ligou para ele.— Alva, desde quando você aprendeu a imitar o tom de Frederico? Quase conseguiu! — provocou com uma ironia afiada.A voz dela ganhou um tom mais venenoso:— Se eu fosse você, já teria saído de cena e deixado o lugar de Sra. Castilho pra mim. Eu já estou esperando um filho dele... quem sabe logo ele me peça em casamento?Fez uma pausa dramática antes de continuar, ainda mais petulante:— No final, quem vai ser humilhada e expulsa sem nada será você. Melhor se adiantar e evitar esse sofrimento. Do contrário, não vai ganhar nada, s
O medo consumia Ivana.Se Frederico ama tanto Alva, o que ele vai fazer comigo quando descobrir tudo?Só de imaginar, seu corpo inteiro tremia.Desesperada, sua mente girava freneticamente, até encontrar a única saída possível para se salvar.Com mãos trêmulas, preparou o equipamento de transmissão ao vivo. Ajustou a maquiagem, trocou de roupa e criou uma imagem de fragilidade irresistível.Tudo pronto.Ligou a câmera.Lágrimas escorreram por seu rosto como se tivessem vida própria. Seus olhos brilhavam de uma dor meticulosamente ensaiada.— Amigos... eu... eu fui traída... — sua voz falhou, quebrada pelo suposto desespero.— Meu namorado... ele tem outra mulher... E agora... talvez ele me abandone... mesmo eu esperando um filho dele... — soluçou, como se o mundo estivesse desmoronando ao seu redor.— Ele me amava antes... por que está fazendo isso comigo agora? — murmurou, a voz repleta de mágoa fingida.Com cada palavra habilmente escolhida, Ivana se pintava como a vítima perfeita.D
— Cale a boca! — rosnou Frederico, seus olhos sombrios faiscando de desprezo. — Ivana, entenda de uma vez: você não passa de um passatempo descartável. Como ousa se comparar à Alva?— Um filho? — ele riu, cruelmente. — Se eu quiser, posso ter quantos filhos quiser.Então, voltou-se para seus seguranças.— Levem essa mulher para o hospital. Façam-na se livrar dessa criança!Ao ouvir isso, Ivana entrou em pânico absoluto.Com os olhos arregalados de medo, ela instintivamente abraçou o próprio ventre, como se pudesse proteger sua última esperança de sobrevivência e status.Ela não podia perder aquele bebê. Ele era sua única chance!Num ato desesperado, saiu correndo em direção à multidão, acreditando que eles ainda estariam ao seu lado. Eles prometeram protegê-la!Frederico ergueu a mão, ordenando que seus seguranças parassem.— Deixem-na correr... — disse com frieza, seus olhos frios acompanhando a figura em fuga como se já estivesse morta.Foi o fim.A verdade atingiu Ivana como um golp
Mas Frederico não estava disposto a dar essa chance a Ivana.Ele já havia cometido erros demais contra Alva.Se quisesse ter qualquer esperança de reconquistá-la, aquele bebê não poderia existir.Se a criança nascesse, ele e Alva nunca mais poderiam voltar a ser o que eram.Com a decisão tomada, Frederico ordenou friamente que seus seguranças arrastassem Ivana para o hospital.Ela lutou, gritou e se debateu inúmeras vezes, mas era impossível vencer a força dos homens que a seguravam.Logo, estava deitada na fria mesa de cirurgia, presa e impotente.O anestésico invadiu suas veias, e seu corpo lentamente cedeu à inconsciência. Suas pálpebras pesaram até se fecharem contra sua vontade.Quando acordou, tudo havia acabado.Seu ventre estava vazio.O bebê... se foi.A dor intensa no abdômen rasgava seu corpo e sua alma. Até mesmo respirar parecia uma tortura.O desespero tomou conta enquanto ela encarava o teto frio e sem vida.Ainda deitada na cama, sob vigilância constante dos seguranças,
— Frederico, pra quê tudo isso? Ivana já recebeu o que merecia. Você ama tanto assim a Alva?— Pois é! No seu lugar, qualquer mulher estaria aos seus pés. Pra que se importar com uma só?— Ela foi embora... deixa ela ir! Mostre que você não precisa dela pra ser feliz. Arrume outras, aproveite a vida!— Se quiser, até pode encontrar algumas parecidas com ela... ensine-as a agir como Alva, e pronto!Comentários frios e indiferentes se espalharam pela sala.Ao longo dos anos, eles testemunharam o amor profundo de Frederico por Alva e, no fundo, achavam aquilo uma perda de tempo.Enquanto estavam sempre cercados por mulheres, Frederico era o único diferente.Alva era assim tão especial?A simples dúvida já revelava um desejo oculto: eles também queriam algo assim.Quantas vezes não invejaram o que ele tinha?Frederico e Alva compartilhavam uma conexão genuína, algo que eles, presos à imagem de conquistadores, jamais experimentaram.Eles esqueceram como era se importar de verdade.Mulheres