Capítulo 3
Alva sentiu uma dor aguda no peito, apertando-o com a mão direita enquanto sua respiração se tornava irregular.

Frederico percebeu imediatamente que algo estava errado e se aproximou:

— O que houve?

A preocupação em seus olhos era genuína, quase desesperadora, como se a vida dele dependesse dela.

Como alguém que parecia amá-la tanto... pôde esconder tantas coisas dela?

Com esforço, Alva controlou suas emoções e respondeu com voz trêmula:

— Nada... só um desconforto passageiro.

Frederico imediatamente apoiou a mão em seu peito, tentando confortá-la.

Depois de se certificar de que ela estava melhor, insistiu em levá-la para casa para descansar.

No caminho de volta, ele tentou contar histórias engraçadas, fazendo de tudo para animá-la.

Mas não importava o quanto se esforçasse, Alva continuava imersa em seus pensamentos, incapaz de sorrir.

Encostada na janela do carro, ela observava silenciosamente a paisagem que passava rapidamente.

Seus olhos estavam distantes, sua expressão difícil de decifrar.

— Alva... fiz algo de errado? — Frederico perguntou com cautela.

— Não. — Ela finalmente respondeu, com uma calma desconcertante.

— Estava apenas pensando em uma série que vi hoje.

Ele suspirou aliviado, aproveitando para continuar o assunto:

— Que série?

Alva lentamente se virou, fixando os olhos nos dele:

— O protagonista amava muito a heroína... mas um dia ele se apaixonou por outra pessoa e escondeu isso dela...

Ela observava atentamente cada reação dele, cada mudança sutil em sua expressão.

Então, com um tom sereno, mas firme, ela perguntou:

— Frederico, e se... um dia você deixar de me amar?

— Isso nunca vai acontecer!

Frederico a interrompeu de imediato, como se a simples ideia fosse impossível de suportar.

— Alva, você é a mulher que mais amei na vida. Mesmo que todos os homens do mundo traiam suas esposas, eu jamais faria isso. Eu não posso viver sem você!

Mas suas palavras, em vez de confortá-la, cravaram uma dor profunda no coração de Alva.

Ele dizia que não podia viver sem ela...

Mas mesmo assim, havia sucumbido à tentação.

Alva abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompida pelo toque insistente do celular de Frederico.

Ele hesitou por um instante, prestes a desligar, mas Alva afastou-se suavemente e murmurou:

— Atenda.

Com relutância, Frederico obedeceu.

Seu rosto estava calmo no início, mas algo que ouviu o fez arregalar levemente os olhos.

Seus músculos faciais se contraíram de leve, traindo sua tensão.

Depois de engolir em seco, encerrou a chamada e olhou para Alva:

— Alva... aconteceu uma emergência na empresa. Preciso ir imediatamente. Vou chamar um carro para te levar para casa, tudo bem?

Alva não disse nada, apenas assentiu e desceu do carro.

Enquanto observava o Maybach de Frederico desaparecer na estrada, ela respirou fundo e fez sinal para um táxi próximo.

— Por favor, siga aquele carro.

A motorista não fez perguntas e seguiu discretamente.

Algum tempo depois, o carro de Frederico parou diante de uma luxuosa mansão isolada.

Alva observava à distância, o coração apertado.

Uma jovem de aparência sedutora, vestindo uma fantasia de empregada com orelhas de coelho, abriu a porta com um sorriso radiante.

Assim que Frederico saiu do carro, ela correu para seus braços, abraçando-o com intimidade.

Alva observava cada gesto.

Logo, os dois se beijaram apaixonadamente.

Após longos segundos, Ivana se afastou, ofegante e sorridente.

Com um toque provocante, puxou a gravata de Frederico e sussurrou com um brilho malicioso nos olhos:

— Senhor... preparei uma surpresa especial para você. Quer ver?

Ela deslizou a ponta dos dedos pela sua garganta de maneira provocante.

Frederico engoliu em seco, os olhos ardendo de desejo.

Segurando firmemente a mão de Ivana, murmurou com um sorriso malicioso:

— Quinze minutos. Era pra levar trinta, mas corri o dobro... o que você acha?

Ivana riu suavemente, puxando-o pelo dedo:

— Então vamos ver... no carro.

Eles entraram no veículo e, em poucos minutos, o carro começou a balançar suavemente...

Depois, os movimentos ficaram mais intensos... mais descontrolados...

De longe, dentro do táxi, Alva observava tudo.

Mesmo tendo jurado que não nutria mais esperanças...

Ver aquilo... foi como levar uma facada no peito.

Uma dor dilacerante que a deixou sem ar.

Sentiu como se algo afiado tivesse perfurado seu coração.

As mãos pressionavam o peito enquanto sua respiração se tornava irregular e as lágrimas rolavam sem controle.

Sua mente a levou de volta ao passado.

Frederico sempre a tratara com tanto respeito...

Mesmo nos momentos mais intensos, nunca passou dos limites.

Ele dizia que a primeira vez deles deveria ser especial...

... algo para guardar na memória para sempre.

Foram três anos de namoro... três anos de espera...

Até a noite do casamento.

Naquela noite, o poderoso e confiante Frederico parecia outro homem.

Tão nervoso que mal conseguia desabotoar os botões de sua camisa.

Quando finalmente a tocou, seus dedos tremiam...

O rosto dele ficou instantaneamente vermelho.

Ele a valorizava tanto... Cada movimento era cuidadoso, sempre atento aos sentimentos dela.

Quando finalmente a possuiu por completo, não conteve a emoção e chorou.

Sussurrava repetidamente em seu ouvido:

— Alva, você é minha agora. Eu te amo. Vou te amar para sempre.

Naquele momento, ela se sentiu genuinamente amada.

Pensou que nunca haveria ninguém que a amasse mais do que Frederico.

Frederico só amava Alva.

Ele mesmo dissera isso... tantas vezes...

Mas agora, foi ele quem destruiu aquele juramento.

A motorista à frente, vendo as lágrimas de Alva, suspirou profundamente e estendeu-lhe um lenço de papel:

— Homens são todos iguais. Não existe um que não traia. Meu marido também é assim.

— Mas, por causa dos nossos filhos... eu não posso me separar, mesmo querendo.

Sua voz ficou embargada ao lembrar de suas próprias dores.

Hesitou, mas continuou:

— Garota, não fique assim... Você já é casada. Tente perdoá-lo desta vez... finja que não viu.

Alva apertou o lenço com força.

Sua voz saiu rouca, mas decidida:

— Não. Eu não vou perdoar.

"Frederico... Eu nunca vou te perdoar."

De volta para casa, Alva revirou gavetas e armários, reunindo todos os presentes que Frederico lhe dera.

Entre eles estava a valiosa joia “Estrela do Amanhecer.”

Com o celular em mãos, fez uma ligação:

— Alô, é da agência de gestão de bens? Quero vender tudo. O valor arrecadado deve ser doado integralmente para uma fundação de apoio às mulheres. Para ajudar aquelas que querem o divórcio, mas não conseguem por causa de filhos ou problemas financeiros.

Em uma hora, enviou todos os pertences.

Depois, ela começou a arrumar suas malas.

Estava no meio da arrumação quando a porta se abriu de repente.

Frederico entrou como um furacão, completamente encharcado, sem sequer se importar em fechar o guarda-chuva que nem trouxe consigo.

A roupa molhada grudava em sua pele, exalando uma friagem úmida.

Sem se dar ao trabalho de se secar ou trocar de roupa, correu até Alva, a respiração descompassada e a voz trêmula:

— Alva... por que você vendeu a “Estrela do Amanhecer”?
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