Meses depois... Ângela Souza A cada mês, uma nova fase. Os primeiros meses de gestação foram tranquilos e logo passou a fase do enjoo, o que me permitiu comer direito novamente. Na escola, logo que souberam da minha gravidez e quem era o pai do meu filho, vários olhares acusadores foram lançados em minha direção. Olhares de pessoas impiedosas, que se acham donas da verdade, entretanto, eu tinha uma leve desconfiança de quem foi a responsável por descobrirem que eu e César estávamos juntos. Todavia, cada um é dono da sua própria vida e de nada me importava à opinião de pessoas que tem uma bela aparência por fora, mas são feias por dentro. Por outro lado, os meus pais tem vindo pelo menos duas vezes por mês para São Francisco e aos poucos os laços quebrados da velha amizade entre Cesar e Richard, parece que está sendo restaurados. As minhas aulas particulares continuaram dentro da masmorra da luxuria e quando acho que já me foi apresentado tudo desse mundo, sem preconceito e repleto
São Francisco – Cidade na Califórnia. Dois dias antes... Ângela Souza São Francisco, a cidade que nunca dorme, eu estava mais cochilando que dormindo, já que nem mesmo o nível de isolamento acústico colocado no meu quarto, era suficiente para impedir que os ruídos que vinham do lado de fora fossem ouvidos, pois, entravam pelas diversas janelas que tinha em torno da mansão. O meu maior sonho era morar com os meus avós, que vivem em uma fazenda em Austin. Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi a porta do quarto se abrir. — Bom dia, princesa. — Bom dia, Nina — eu me sentei rapidamente, afastei os meus longos cabelos do rosto. Ela se aproximou e deu o beijo demorado em minha testa, para depois me envolver em um forte abraço. — Feliz aniversário. Nina cuida de mim desde que vim ao mundo, já que os meus pais se preocupam muito mais com a carreira do que a própria filha. E de todos os meus aniversários, não lembro um em que eles estivessem presentes. — Já são mais de seis horas,
César Medeiros _Chefe! Meus pensamentos foram interrompidos ao ouvir a voz do velho Santiago. O homem que conheço desde que vim ao mundo. Após a morte do meu pai, ele foi de grande valia ajudando-me a livrar-me daquela desgraçada, tomando posse de tudo que era meu e com isso acabou se tornando o meu braço direito. — Você já tem as informações que pedi? — Sim! Encontrei a escola perfeita em São Francisco. Ele me entregou o dossiê que tinha várias fotos de alunas que estudavam no lugar. Com todo meu dinheiro, tudo que não precisaria era ser um professor, mas acabei me tornado um dos melhores do país, e reconhecido mundialmente. Porém, há mais de dois anos vim para Alemanha, pois acompanhar de perto o funcionamento da minha empresa.Será nesse lugar que eu, César Medeiros, encontrarei um novo brinquedinho, e como sempre, depois de saciar todas as minhas vontades, será descartado.Ângela Souza — Pronto — disse a cabeleireira da minha mãe. — Obrigada, Sarah. — Você fica linda de qualq
Ângela Souza Quando surgi na porta da sala, como sempre todos os olhares foram direcionados em minha direção. Susan, com seu grupinho, mantinha o olhar cravado em meus cabelos, ostentando um esboço de sorriso no rosto. A cada passo que dava, sentia como se os meus membros inferiores estivessem grudados ao chão, pois, estava cada vez mais difícil me mover e no instante que passei perto dela, um sorriso cínico surgiu em sua face. Depois que acomodei-me em uma das cadeiras, a voz grave do homem que certamente era o substituto do professor Cristóvão, ecoou no espaço. Mas, no momento que ele iniciou a sua aula e o som da voz enjoativa de Susan se fez presente, minha respiração se tornou escassa, meu coração batia num ritmo alucinante, minha garganta estava ardendo, tamanho era o nó que se formou ao ouvir as palavras que estavam sendo proferidas por ela. Imediatamente, como prevenção, eu peguei minha bombinha de ar. Se minha língua antes estava presa ou enrolada pela revolta que cresceu de
César Medeiros Sentei-me na poltrona e, enquanto tomava pequenos goles da bebida que estava no copo que seguro firme em uma das mãos, meus pensamentos voam, ou melhor, dão cambalhotas, tropeçam sobre os acontecimentos de horas atrás. Quando cheguei naquele lugar, a única certeza que eu tinha, era que Santiago havia feito uma ótima descoberta, porém, nenhuma das que já tinha visto era aquilo que eu esperava. Susan era bonita, assim como várias outras que estavam no meu campo de visão, no entanto, quando a imagem da aluna desleixada surgiu em minha frente, o calor emanado do meu corpo se dissipou e aquela imagem me trouxe de volta a realidade. Jamais achei que ela seria o meu próximo alvo, pois, quando meu olhar ficou cravado na direção da garota, minha respiração ficou irregular, meus batimentos aumentaram no mesmo instante que uma temperatura escaldante tomou conta de todo o meu corpo. Era como se o meu lado predador estivesse assumido o controle do meu corpo, já que a minha presa es
Ângela Souza Passei todo trajeto de volta para casa em silêncio. Eu estava nervosa, já que Alberto me informou que meus pais haviam chegado. Entrei em casa no instante em que minha mãe descia a escada. Fiquei parara no mesmo lugar assim que a vi, enquanto que ela se livrou do último degrau e olhou-me duramente de cima a baixo, semicerrando os olhos, como se me tivesse visto pela primeira vez na vida. Por fim, o silêncio foi quebrado quando ela e repeliu-me com indignação. — Desleixada como sempre, Ângela. Como se não me bastasse os vários defeitos que você tem. Sempre está muito mal vestida e agora a combinação ficou a pior possível com esse cabe... — Filha! Antes que ela terminasse de proferir suas palavras, que certamente iriam terminar ao dizer que tem vergonha de ter uma filha como eu, o som da voz do meu pai se fez presente. Ele logo me envolveu em um forte abraço. — Eu estava com saudades, pai. — A garotinha do papai está, cada dia, mais linda — disse isso e deu um beijo no
César Medeiros Havia um demônio adormecido dentro de mim, passei anos tentando sossegar a minha mente para não despertá-lo, mas depois de tudo que aquela maldita me fez passar, acabou acordando o meu lado mais sombrio. O menino frágil se tornou um homem poderoso, podendo e fazendo tudo que me agradasse. Gosto de luxo e não me reprimo em me dar uma vida de conforto, grandeza e luxo. Com os olhos fixos na direção do espelho da sala, ao observar minha imagem refletida nele, fico satisfeito com o que eu vejo. Estou trajando um terno com corte italiano, azul escuro, com uma impecável camisa branca, gravata de seda, sapatos de couro legítimo e relógio de ouro reluzente. Sigo em direção à garagem e quando o carro entra em movimento, concentro minha atenção no parelho que está em minhas mãos, desviando por um momento para olhar o fluxo de veículos que era intenso a minha volta, pois, a cidade que nunca dorme estava a todo vapor, não me importei com isso. O tempo foi passando e assim que o ve
Ângela Souza Meu coração pulsava com tanta força, que podia senti-lo querendo atravessar o peito. Minha respiração ficou acelerada, as minhas pernas fracas e a impressão que eu tinha, era de que a qualquer momento cairia no chão. Jamais imaginei que o amigo do meu pai, fosse justamente o professor César. Enquanto observava sua postura a minha frente, perdi a noção de espaço e do tempo. Ele me olhava da cabeça aos pés, como se estivesse apreciando a imagem diante de si, estremeci, sentindo a pele de todo o meu corpo se arrepiar e quando saí do momento de estupor em que me encontrava, as minhas pernas, que antes estavam pesadas demais sob meus joelhos, de repente voltaram ao normal me fazendo prosseguir. Eu andava com meus passos vacilantes, sob o olhar de reprovação da minha mãe, já que mudei uma das peças de roupa que ela havia escolhido. Como se eu fosse usar aquela blusa cropped, que me deixou com a sensação de estar pelada e ainda ter que passar aquele spray fixador nos meus cabel