Ângela Souza
Quando surgi na porta da sala, como sempre todos os olhares foram direcionados em minha direção. Susan, com seu grupinho, mantinha o olhar cravado em meus cabelos, ostentando um esboço de sorriso no rosto. A cada passo que dava, sentia como se os meus membros inferiores estivessem grudados ao chão, pois, estava cada vez mais difícil me mover e no instante que passei perto dela, um sorriso cínico surgiu em sua face. Depois que acomodei-me em uma das cadeiras, a voz grave do homem que certamente era o substituto do professor Cristóvão, ecoou no espaço. Mas, no momento que ele iniciou a sua aula e o som da voz enjoativa de Susan se fez presente, minha respiração se tornou escassa, meu coração batia num ritmo alucinante, minha garganta estava ardendo, tamanho era o nó que se formou ao ouvir as palavras que estavam sendo proferidas por ela. Imediatamente, como prevenção, eu peguei minha bombinha de ar. Se minha língua antes estava presa ou enrolada pela revolta que cresceu dentro de mim, agora, ela estava mais solta e livre que antes, pois, mal se aquietou dentro da minha boca e assim que me levantei, comecei a falar sem parar. Contudo, quando meus olhos ficaram fixos no rosto do homem a minha frente, um calafrio me subiu pela espinha, congelando meus ossos e fazendo com que meus pulmões ficassem em chamas, estava difícil respirar.A sensação que eu tinha, era que logo o meu coração iria saltar do meu peito e a minha única reação foi levar o objeto que estava na minha mão direita de encontro a minha boca. Quando minha respiração voltou ao normal. Um desafio silencioso se fez presente, segundos, minutos... Eu não sei dizer, porque para mim parecia uma eternidade e o homem parado a minha frente continuava me observando, ele parecia ler minha alma. Meu corpo todo estremeceu assim que sua boca entreabriu-se e o som da sua voz ressoou a minha volta. — Qual é o seu nome? A resposta veio logo em seguida e não foi dada por mim. — Ela é a nossa freirinha da sala — falou Susan num tom sarcástico. As feições do professor logo mudaram, por uma fração de segundos, eu tive a impressão de que ele ficou com raiva, como se estivesse se controlando, pois, dava para ver como sua mandíbula se contraia, mas, logo uma postura autoritária se fez presente e os olhos atentos que me analisavam ganharam outra direção, sua voz grave, num tom rude se fez presente. — Senhorita Susan, se limite somente a responder algo quando for direcionado a você. — o rosto dela ficou vermelho, devia estar corroendo-se de raiva. Então num fio de voz, acabei dizendo o meu nome.— Ân... Ângela.Aquele par de olhos azuis, feito uma lagoa pacífica, novamente me encarou e em seguida se moveu continuando com sua aula. Minutos depois, quando o barulho familiar ecoou dentro do ambiente, todos começaram a se levantar, já que a próxima aula seria no laboratório de biologia. Com o material em mãos, comecei a caminhar, quando levantei a cabeça, talvez fosse só fruto da minha imaginação, mas seus olhos demostravam luxúria, ou talvez fosse desejo, já que era semelhante ao olhar dos homens do restaurante que fui com os meus pais, quando minha mãe me obrigou a vestir uma daquelas roupas que realçavam todas as curvas do meu corpo. Ele parecia um tigre pronto para atacar sua presa, "Eu". ════❁════❁═══❁════❁════Gritos e sussurros ecoam a minha volta. Depois do terceiro horário, todos vieram para a cantina. Fiquei no meu cantinho, olhando as fotos que os meus pais tinham enviado até o momento que a calmaria se fez presente por alguns segundos, despertando a minha total atenção. Entretanto, logo descobri o motivo de tanto silêncio, já que todos estavam a observar o professor Medeiros e a vice-diretora Marina, que surgiram no ambiente. Eles dois formam um belo casal, dá para notar no olhar dela o quanto estava radiante, algo que jamais havia visto, já que a mulher sempre teve uma expressão fechada, parecia estar sempre zangada.Horas depois...Assim que o carro passou pelo grande portão da minha casa, coloquei a bíblia que estava lendo dentro da mochila e no instante que o veículo parou e a porta foi destrava, saí e caminhei em direção à entrada principal, já que os ruídos vindos do meu estômago estavam me incomodando. — Nina, cheguei, onde você está?— Estou aqui na cozinha, Angel. Corri até lá e avancei na direção do fogão, tirei a tampa de uma das panelas, sentindo o cheiro delicioso da comida invadir minhas narinas.— Vai lavar as mãos mocinha. Marta já vai arrumar a mesa. Antes de lavar as minhas mãos, me manifestei. — Vou comer aqui mesmo na cozinha com vocês.— Você sabe que isso vai contra as regras da sua mãe — eu me virei na direção da mulher que estava com alguns pratos em suas mãos. — Quando vocês vão entender que eu também sou dona de tudo isso. As regras da minha mãe são para serem seguidas quando ela estiver aqui, já que isso é uma raridade. Então, vamos seguir as minhas e, eu digo que vamos todos comer juntos. — Você é tão diferente da sua mãe. — Devo isso a você, por ter me criado tão bem e me ensinado que todos somos iguais. Agora vamos comer que estou faminta. Nos instantes seguintes, estava a fazer uma das coisas que mais gosto "comer", porém, desvio a atenção do meu prato para Nina. — Como foi o primeiro dia de aula?— Todas estavam suspirando pelo professor novo. — Deve ser bonito então...— De fato sim, ele parece àqueles modelos das revistas da minha mãe, mas, o professor César Medeiros deve ter por volta de uns 40 anos e tem idade para ser o pai de qualquer aluna daquele lugar. Não sei como podem ter interesse nele.— Filha, você ainda é tão nova, quando a atração é fatal, despertando os desejos da carne, não se tem idade. Mas, de fato deve ser só uma fantasia de aluna por um professor bonito, já que um homem na posição dele, jamais terá olhos maliciosos para qualquer uma de vocês.Nina, assim como eu, voltou a comer e o silêncio reinou a nossa volta. Entretanto, suas palavras martelam em minha mente e lembrei-me de como Susan e até mesmo a senhora Marina, estavam encantadas pelo professor Cesar, porém, o meu corpo jamais será mais forte que a minha mente. Esse mundo de luxúria e desejos profanos não fará parte da minha vida.César Medeiros Sentei-me na poltrona e, enquanto tomava pequenos goles da bebida que estava no copo que seguro firme em uma das mãos, meus pensamentos voam, ou melhor, dão cambalhotas, tropeçam sobre os acontecimentos de horas atrás. Quando cheguei naquele lugar, a única certeza que eu tinha, era que Santiago havia feito uma ótima descoberta, porém, nenhuma das que já tinha visto era aquilo que eu esperava. Susan era bonita, assim como várias outras que estavam no meu campo de visão, no entanto, quando a imagem da aluna desleixada surgiu em minha frente, o calor emanado do meu corpo se dissipou e aquela imagem me trouxe de volta a realidade. Jamais achei que ela seria o meu próximo alvo, pois, quando meu olhar ficou cravado na direção da garota, minha respiração ficou irregular, meus batimentos aumentaram no mesmo instante que uma temperatura escaldante tomou conta de todo o meu corpo. Era como se o meu lado predador estivesse assumido o controle do meu corpo, já que a minha presa es
Ângela Souza Passei todo trajeto de volta para casa em silêncio. Eu estava nervosa, já que Alberto me informou que meus pais haviam chegado. Entrei em casa no instante em que minha mãe descia a escada. Fiquei parara no mesmo lugar assim que a vi, enquanto que ela se livrou do último degrau e olhou-me duramente de cima a baixo, semicerrando os olhos, como se me tivesse visto pela primeira vez na vida. Por fim, o silêncio foi quebrado quando ela e repeliu-me com indignação. — Desleixada como sempre, Ângela. Como se não me bastasse os vários defeitos que você tem. Sempre está muito mal vestida e agora a combinação ficou a pior possível com esse cabe... — Filha! Antes que ela terminasse de proferir suas palavras, que certamente iriam terminar ao dizer que tem vergonha de ter uma filha como eu, o som da voz do meu pai se fez presente. Ele logo me envolveu em um forte abraço. — Eu estava com saudades, pai. — A garotinha do papai está, cada dia, mais linda — disse isso e deu um beijo no
César Medeiros Havia um demônio adormecido dentro de mim, passei anos tentando sossegar a minha mente para não despertá-lo, mas depois de tudo que aquela maldita me fez passar, acabou acordando o meu lado mais sombrio. O menino frágil se tornou um homem poderoso, podendo e fazendo tudo que me agradasse. Gosto de luxo e não me reprimo em me dar uma vida de conforto, grandeza e luxo. Com os olhos fixos na direção do espelho da sala, ao observar minha imagem refletida nele, fico satisfeito com o que eu vejo. Estou trajando um terno com corte italiano, azul escuro, com uma impecável camisa branca, gravata de seda, sapatos de couro legítimo e relógio de ouro reluzente. Sigo em direção à garagem e quando o carro entra em movimento, concentro minha atenção no parelho que está em minhas mãos, desviando por um momento para olhar o fluxo de veículos que era intenso a minha volta, pois, a cidade que nunca dorme estava a todo vapor, não me importei com isso. O tempo foi passando e assim que o ve
Ângela Souza Meu coração pulsava com tanta força, que podia senti-lo querendo atravessar o peito. Minha respiração ficou acelerada, as minhas pernas fracas e a impressão que eu tinha, era de que a qualquer momento cairia no chão. Jamais imaginei que o amigo do meu pai, fosse justamente o professor César. Enquanto observava sua postura a minha frente, perdi a noção de espaço e do tempo. Ele me olhava da cabeça aos pés, como se estivesse apreciando a imagem diante de si, estremeci, sentindo a pele de todo o meu corpo se arrepiar e quando saí do momento de estupor em que me encontrava, as minhas pernas, que antes estavam pesadas demais sob meus joelhos, de repente voltaram ao normal me fazendo prosseguir. Eu andava com meus passos vacilantes, sob o olhar de reprovação da minha mãe, já que mudei uma das peças de roupa que ela havia escolhido. Como se eu fosse usar aquela blusa cropped, que me deixou com a sensação de estar pelada e ainda ter que passar aquele spray fixador nos meus cabel
César Medeiros Durante a aula, fiquei observando-a e suas feições mudaram no instante que seu olhar ficou cravado no simulado. Seus olhos analisavam minuciosamente o papel a sua frente e não demorou muito para uma expressão de surpresa assoma-lhe o rosto. Enquanto o anjo estava com várias dúvidas ao redor da sua mente, eu só conseguia imaginar sua voz gemendo meu nome, enquanto meu pau entrava profundamente. Cada vez mais forte, cada vez mais fundo, tocando o seu ventre. Horas mais tarde me encontrava inquieto, ansioso pela expectativa do grande momento e depois que cheguei à casa de Richard, a mulher que ostentava um belo sorriso no rosto, já estava causando-me ânsia e, não via a hora de a garota surgir em minha frente. Contudo, quando ela apareceu no topo da escada, senti uma onda de eletricidade passar pelo meu corpo e uma forte luz no meu olhar, como se alguém tivesse acendido um facho. Seus olhos estavam arregalados indicando o quanto estava surpresa pela minha presença Ângela,
Ângela Souza As poucas palavras ditas por ele, me deixaram no estado de petrificação, pois, os meus pés pareciam que haviam grudados no chão, enquanto isso, o par de olhos azuis me sondava intensamente. Eu estava cada vez mais confusa e intrigada com os efeitos que a voz e o olhar de César Medeiros, causavam sobre mim e, aqui estou eu, frente a frente com o homem de beleza estonteante, que despertou a luxúria e o interesse em várias alunas, porém, era eu, a única pessoa que queria manter distância dele, que estava prestes a entrar no lugar onde por duas horas, só ficaria nós dois. — Ângela! E, o som da sua voz reverberou novamente no espaço, meus pensamentos se voltaram para minha bombinha, que estava guardada na minha bolsa e só espero que não seja preciso usá-la. — Professor! — falei em um sussurro. — Entre, por favor. Ele fez um gesto com uma das mãos, me incitando a me mover e foi inacreditável, pois, meus membros inferiores obedeceram aquele comando e, ao diminuir a distânci
César Medeiros Toda minha atenção estava direcionada para tela do meu celular. Meus batimentos ficaram alterados no momento que meu olhar caiu sobre o e-mail que tinha acabado de receber. Senti como a raiva penetrava por cada poro da minha pele, assim que o nome da infeliz surgiu entre as diversas palavras escritas no documento. Mas, antes que chegasse a ler o final, ouvi som de passos se aproximando, imediatamente, coloquei o objeto em meu bolso e me levantei. O rangido da porta ressoou no ambiente e quando ela foi aberta, o anjo surgiu em minha frente. Dei uma olhada de cima abaixo, varrendo o seu corpo com o olhar, até que finalmente meus olhos se concentraram no seu belo rosto. Embora ela estivesse usando um vestido horroroso, que era tão largo quanto a vestimenta de uma freira, mergulhei num tensão que se tornava insuportável ao imaginar o que estava escondido por debaixo daquele monte de panos em volta do seu corpo. Uma minúscula calcinha de renda preta, sem sutiã,
Ângela Souza— Santiago, por favor, acompanhe a senhorita até meu escritório — disse César, assim que começou a subir os degraus da escada.Com passos estreitos comecei a caminhar assim que o homem a minha frente andou rumo ao escritório. Quando chegamos frente ao cômodo, a voz de Santiago reverberou pelo corredor assim que ele abriu a porta, e com alguns passos adentrei o ambiente.— Fique a vontade senhorita Ângela. Deseja algo para beber? — ele perguntou, atencioso.— Não, obrigada! — respondi, querendo logo me ver sozinha.Dito isso, ele fechou a porta e assim que ouvi o som de passos se distanciando, peguei minha mochila e segui até o sofá de couro que tinha dentro do escritório. Depois de tirar um caderno, a caneta e minha bombinha. Coloquei a bolsa na posição onde daria para câmera captar bem a imagem do centro do ambiente. Em pensar que não queria aceitar o celular que o meu pai trouxe de Moscou, pois achei um absurdo pagar tão caro por um aparelho, no entanto, agora me seria