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Lua

Thaney Bay. Minha nova cidade. Nos mudamos há duas semanas. Como as aulas ainda não começaram, tenho usado meu tempo livre para praticar piano e ir a algumas reuniões com meu pai. São um pouco chatas, mas ele insiste, já que futuramente sou sua única herdeira.

Não me vejo à frente de uma grande empresa; não me vejo fazendo nada que meu pai deseja para o meu futuro.

Vejo-me em um enorme palco, tocando em grandes concertos. Meu pai não vê futuro nisso. Eu sei que dinheiro é o que move o mundo, mas quero ir atrás dos meus sonhos, não só por mim, mas também por ela, minha falecida mãe.

* _Mãe, você não sabe o quanto eu queria ter você perto de mim._ *

Essa noite vamos a um jantar italiano na casa dos Scott; meu pai e seus novos sócios estarão lá. Então, é mais um jantar onde ficarei entediada até o final da noite. Coloco um vestido preto justo, com mangas curtas e um decote em formato de coração. Faço um rabo de cavalo bem alto para deixar o colo à mostra e coloco um ponto de luz. Visto um salto preto e faço uma leve maquiagem.

Em menos de uma semana, percebi que todo mundo anda extremamente arrumado, como se fossem fazer comerciais de TV. Deve ser por isso que a cidade é considerada a mais rica, já que todo mundo aqui é multimilionário.

Desço as escadas e encontro meu pai e a Abuelita na porta me esperando.

- Você está linda, Mirra.

- Obrigada, Abuelita.

- Senhoras! Meu pai estende os braços para mim e a Abuelita; nós entrelaçamos os braços indo em direção ao carro.

Fazemos o trajeto em silêncio até chegarmos à mansão. Acho que, para apenas um jantar de negócios, há muitos carros estacionados. Descemos e vamos rumo à entrada, onde somos recebidos pelo senhor e pela senhora Scott.

- Sejam bem-vindos! – diz a senhora Scott.

- Cavalheiros, acho que vocês vão direto para o escritório. Maria, me acompanhe até a sala de jantar; as mulheres estão lá. E você, querida, bom, as crianças estão no jardim. Não ligue muito para os meninos; afinal, homens. Mas Lexy está lá, e tenho certeza de que fará companhia a você.

- Ok – digo, marchando rumo ao quintal, ficando deslumbrada com o quanto a casa é grande e linda.

Desço as escadas que dão acesso ao jardim e vejo uma menina de costas, com uma cascata de cabelos pretos lisos, sentada em uma cadeira de piscina, conversando com um loiro alto e extremamente lindo e um outro moreno com tatuagem.

Me aproximo timidamente.

- Acho que temos companhia – o moreno balança a cabeça, fazendo os outros dois me olharem.

- Ah, oi – digo timidamente.

- Ah, a senhora Scott me despachou pra cá – digo, meio envergonhada.

- Minha mãe tem esse costume mesmo – diz o loiro, olhando para mim de baixo para cima descaradamente.

- Eu sou Trevor, esse é Travis – aponta para o moreno – e essa é a Lexi.

Nunca vi uma pessoa tão linda quanto ela. Lexy parecia aquelas modelos de revista: morena, com olhos claros e corpo escultural.

- Luana Alencar – digo, acenando timidamente.

- Vem, se junte aos excluídos – diz o moreno, virando uma garrafa de cerveja.

- Você quer? Só não conta pra mãe do Trevor, senão ela surta – diz, dando risada.

- Não, obrigada – me sento ao lado de Lexy.

- Que barulho é aquele? – digo, apontando para um salão com luzes acesas e um som de rock estrondando.

- Meu irmão e os idiotas dos amigos dele devem estar chapados de novo.

- Você tem irmão? – pergunto ao loiro.

- Infelizmente. Noah, o filho brilhante, é capitão da universidade onde estudamos; ele e os amigos praticamente mandam naquele lugar.

Sinto um leve ciúme partindo de Trevor em relação ao irmão, mas acho normal, já que toda a atenção deve estar no irmão mais velho por estar na faculdade.

- E vocês, têm irmãos brilhantes também? – digo rindo.

- Tá olhando pra ele – diz Lexy, olhando para Travis.

- Vocês são irmãos?

- Meios irmãos! – Travis a corrige.

- Tem também o imprestável do Dominic.

- Petrovic? Dominic Petrovic é meio-irmão de vocês dois também?

- Pelo visto, já conheceu o demônio – fala Travis.

- Como conheceu Dominic? – questiona Lexy.

- Fui a uma reunião com meu pai e ele estava lá com o senhor Petrovic – digo.

- Ah, entendi! – Lexy responde, com um sorriso travesso no rosto. – Então você já teve o prazer de conhecer o nosso “demônio”.

- Ele é... diferente, para dizer o mínimo – eu digo, lembrando da atitude arrogante de Dominic na reunião. – Mas parece que tem suas qualidades, apesar de tudo.

Travis ri, balançando a cabeça.

- Qualidades? Sério? Ele só sabe se mostrar mais do que é. Mas eu não vou criticar muito; ele é meu meio-irmão, afinal.

Travis se inclina para frente, com um olhar intrigado.

- E você, Luana, o que acha dele?

- Ah, bem... – hesito, buscando as palavras certas. – Ele é charmoso, eu diria, mas também parece um pouco... insuportável.

Lexy solta uma risada gostosa, e isso me faz relaxar um pouco mais. O clima entre nós parece leve, e a tensão do jantar de negócios se dissipa.

- Você vai se acostumar com ele. Na verdade, você vai acabar gostando de provocá-lo. É divertido! – Lexy diz, piscando para mim.

Antes que eu possa responder, um grupo de garotos entra no jardim, rindo alto. Por incrível que pareça, o olhar de todos eles está focado em mim, junto com um sorriso encantador que me faz sentir um frio na barriga.

- Ah, não! – Trevor exclama, claramente incomodado. – Esses caras sempre estragam a diversão.

- E lá vêm os idiotas! – Travis diz, olhando para o grupo que avança de forma imponente até nossa direção.

- Boa noite, Cachinhos! – Dominic solta, com um sorriso deslumbrante entre seus amigos, e não consigo não reparar em seu apelido referente ao meu cabelo.

- Boa noite, meninos! – respondo, tentando manter a compostura.

Eles logo se juntam a nós ao redor da piscina, e sinto a sensação de que o ar está saindo dos meus pulmões. Apesar de parecer mais uma briga de ego masculino entre os irmãos mais novos e mais velhos, eu estranhamente me sinto à vontade ao lado deles.

- Você toca piano, certo? – pergunta Lexy, mudando de assunto.

- Sim! – digo, animada. – Estou praticando bastante.

- Isso é incrível! Você deveria tocar para nós um dia – Travis sugere, com um brilho nos olhos.

- Com certeza! – concordo, imaginando-me no palco, tocando para uma plateia animada.

Enquanto a noite avança, percebo que, talvez, essa nova cidade e suas pessoas não sejam tão entediantes assim. A ideia de viver aqui, em meio a tanta riqueza e glamour, começa a parecer menos assustadora e mais atraente. Afinal, se tudo der certo, talvez eu encontre o meu lugar nesse mundo.

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