LOBO NARRANDO

Pensar tudo que já vivi em toda a minha trajetória, até onde estou hoje, não foi nada fácil, perdi meu pai muito jovem e perdi a minha mãe na mesma base, e tive que assumir o morro herdado pela minha mãe, onde eu conseguir acompanhar tudo de perto, ela foi uma mulher forte, enfrentou muitas coisas para conseguir chegar até onde chegou, infelizmente nem tudo a gente pode levar para a vida inteira, mais aqui estou com minha cabeça fervendo de tanto que já pensei na minha vida. Quando eu coloquei a a Liz na minha casa e assumir ela como fiel, eu fiz isso por um motivo, ela estava com uma criança e ela era uma amiga de infância, então eu não poderia deixar ela abandonada, e foi o que fiz eu coloquei ela no meu nome, mas com a ideia de que eu nunca tocaria nela, eu nunca ficaria com ela, e eu me mantive assim, eu deixei claro a ela que eu não transaria com ela, ou até mesmo chegaria a tocar nela. Porém ela disse que iria seguir sua vida, e arrumaria algum cara no asfalto mais nunca na comunidade, pois para todos aqui dentro eu era o marido dela, ela de início se incomodava com o fato dela ser chamada de chifruda, afinal eu pego qualquer uma na rua. O que me fez ficar tão solidário foi a filha dela, ela era apenas uma ruivinha, de olhos verdes chamativos, que me encantaram e ela tinha apenas 2 anos de idade, o que a mãe dela colocou na cabeça dela é que eu era seu pai, e até hoje ela pensa que realmente eu sou seu pai, mas na verdade eu nunca fui o pai dela, o pai dela foi um grande amigo meu, e por acaso acabou perdendo a vida em um desses confrontos que aqui na comunidade tem. Quando a Tessália fez 10 anos, a irmã do pai dela pediu para que a Liz tirasse a Tess da comunidade, e desse uma vida melhor a ela, o que a fez repensar e dentro de 1 mês, ela acabou enviando a menina para Miami na Flórida, foi difícil para todos, eu estava tão animado com a questão de ter alguém por quem eu lutaria para proteger diariamente, mas como ela foi embora, eu não conseguiria mais proteger ela como eu já a protegia antes.

O tempo se passou e eu acabei ouvindo o barulho de fogos, e eu no impulso acabei levantando rapidamente, corri até a minha moto e montei na mesma, dei partida para as ruas do morro, e assim que eu cheguei perto da minha casa a Liz estava saindo de casa, ela correu para um lugar onde conseguiu visão para atirar, eu parei a moto de qualquer forma, peguei minha arma que estava na minha cintura e comecei a atirar em tudo que eu via se mexendo.

Liz: Cuidado Lobo. - ela grita de longe e eu continuo correndo por ali, e vou atirando, eu preciso chegar na boca, preciso da minha fuzil e de mais balas.

Lobo: Me da cobertura Liz. - grito e a mesma continua atirando. A Liz sempre foi uma mulher determinada, ela fez treinamento para proteger a Tessália, ela sempre manteve ela protegida, o que era maravilhoso para ela. Porém eu lembro como se fosse hoje, ela sofreu tanto quando ela foi embora, mas era o melhor, até eu fiquei mal por ter perdido a minha filha, mas sabíamos que era o melhor, ela teria independência própria e com isso seria uma mulher maravilhosa. Estava com meus pensamentos aflorados quando sentir um tiro de raspão no meu braço, eu já estava perto da boca, assim que cheguei eu vi o JN ali, que assim que viu meu braço ferido já gritou.

JN: Vamos pra cima deles, precisamos matar eles, e te levar para o postinho com urgência chefe. - ele diz com tom de preocupado.

MG: Vamos pra cima. - ele grita e os vapor vão com eles, e eu consigo entrar na boca, corro até a sala de armamento e pego meu fuzil, coloco ele nas costas, pego munição e corro para fora, assim que chego lá, já tiro minha fuzil das costas e começo a atira, olho para o lado de cima e a Liz vem descendo. Nesse minuto foi tudo muito rápido, eu só ouvir os disparos, e sua roupa que era branca se tornou vermelha.

Assim que eu vi a mesma cair no chão eu não pensei muito, eu fui atirando com meu fuzil em todos os desconhecidos que eu não conhecia, e fui me aproximando dela, assim que eu cheguei mais perto dela, eu vi o cara que atirou nela, eu peguei minha pistola e descarreguei toda nele, e meus olhos marejaram, eu nunca tinha chorado por ninguém, nem quando mataram a minha mãe, mas eu nasci e fui criado com essa garota, e hoje eu estava sem saber o que fazer, aquela dor se instalou dentro de mim, e assim que me aproximei eu me ajoelhei a seu lado, e toquei seu rosto.

Lobo: O que você veio fazer aqui embaixo, seu lugar sempre foi lá em cima. - digo com a voz embargada.

Liz: Eu vi esse cara te seguindo, e ele estava procurando uma oportunidade de te atacar. - ela faz uma pausa e começa a sair sangue da boca dela.

Lobo: Não fala mais, eu preciso te manter viva. - digo e ela toca meu rosto.

Liz: Me promete que vai cuidar da minha filha. - ela diz enquanto tosse e toca meu rosto, isso parecia uma despedida, eu não deixei ela falar mais.

•RÁDIO ON•

JN: Fala tu chefe.

Lobo: Como tá as coisas ai? Preciso de ajuda urgente, para levar a Liz no postinho.

JN: O que tá pegando, aqui tá mais calmo, acredito que já estamos quase acabando a invasão.

Lobo: Então eu vou descer com ela, corre no postinho e diz que a patroa tá ferida, quero todos de plantão na porta.

JN: Já é.

•RÁDIO OFF•

Após desligar o rádio eu não pensei muito, eu sabia que não podia pegar ela de qualquer maneira, mais ela tava perdendo muito sangue, e eu estava louco já, então assim que segurei ela nos braços eu sair correndo com ela nos meus braços até chegar no postinho, o que foi até um pouco rápido eu estava tão eufórico que eu cheguei muito rápido, mas assim que eu coloquei ela na maca ela me olhou com os olhos em lágrimas,

Liz: Me prometa que vai cuidar da Tessália se me acontecer o pior. - ela pede novamente e eu respiro fundo, os médicos vão em cima dela, e ela me olha chorando, a boca dela estava sangrando muito.

Lobo: Eu prometo. - digo e eles levam ela, o que me deixa com o coração apertado, estava andando de um lado para o outro, e o MG apareceu ali.

MG: Lobo, como ela está? - ele pergunta assim que se aproxima.

Lobo: Ela foi levada pelos médicos e ela está muito mal, e o pior preciso avisar a Tessália. - digo e ele coloca a mão no meu ombro.

MG: Ela vai sair dessa você vai ver. - ele diz tentando me confortar.

Lobo: Mas eu tô com um pressentimento ruim. - digo sério.

MG: Tenha fé. - ele diz e o JN aparece ali.

JN: Vim assim que consegui irmão. - ele diz se aproximando.

Lobo: Eu não sei o que será da Tessália sem ela. - digo sério e o JN me olha.

JN: Aquela ruivinha vai sofrer, pena que ela está do outro lado do mundo né? - ele diz e eu concordo.

Lobo: Preciso ligar para ela, e mandar ela vim. - digo me afastando, eu pego o celular, e fico pensando na ideia de ligar, eu não posso ligar agora, preciso primeiro de notícias dos médicos, para eu poder ligar para ela, e da a notícia. Minha menina vai sofrer mais infelizmente eu não tenho como evitar essa notícia.

Fico com o celular na mão, mas não consigo ligar para a tia da Tessália, eu sabia que se ligasse acabaria preocupando ela, assim como eu já estava nervoso, eu andava de um lado para o outro e não conseguia pensar em mais nada a não ser no quadro clínico dela, e o que poderia acontecer com ela, e isso estava na minha mente, isso apertava ela, e eu estava ficando louco, a puta da Elaine chegou perto de mim, e tocou meu rosto.

Elaine: Você está tão abatido. - ela diz e eu tiro sua mão do meu rosto com brutalidade.

Lobo: Com qual direito eu te dei de tocar no meu rosto vagabunda. - digo sério e ela se assusta.

Elaine: Eu só vim te dar apoio. - ela diz e eu gargalho na sua cara.

Lobo: Você veio me dar apoio, ou veio aqui ver se ela já tinha morrido. Eu vou te dar apenas meio segundo para você sumir da minha vista, ou eu vou te matar a sangue frio aqui dentro. - grito com ela, e a mesma sai correndo dali. O JN se aproximou de mim, e eu não parava quieto.

JN: Você está tenso meu irmão. - diz e me olha sério. - Já ligou para sua enteada? - ele pergunta e eu respiro fundo. Todos na comunidade sabe que eu não sou o pai biológico dela, mas eu falei que aquele que abrisse a boca para dizer que ela não era minha, eu cortava a língua fora e ainda matava, e ninguém nunca me desafiou sobre isso.

Lobo: Ainda não liguei, tô esperando notícias. - digo e o médico aparece ali.

Médico: Patrão, trago notícias do quadro clínico da patroa. - ele diz e eu me aproximo, junto com o JN e o MG.

Lobo: Pode falar, estou ouvindo doutor. - digo e ele respira fundo.

Médico: Então chefe, o que eu tenho para dizer a vocês é que o estado dela é muito delicado, as balas, atingiram o coração dela, e estamos lutando para manter ela viva, mas não garantimos de fazer ela ficar viva, então se ela tem algum parente é melhor ela se despedir deles assim que sair da cirurgia porque não sabemos quanto tempo ela vai ficar viva, ou se ela vai sobreviver. - ele diz e eu não consigo conter as lágrimas, a Liz sempre esteve ao meu lado, sempre se manteve firme ao meu lado, me dando apoio moral, e me ajudando em tantas ocasiões.

MG: Não pense que é o fim irmão, pense positivo, ela vai sair dessa, pense sempre positivo. - diz tocando meu ombro.

JN: Conte comigo irmão, eu sempre vou está aqui com você, e vamos pedi a Deus para que ela saia daqui bem. - ele diz e eu respiro fundo, enxugo as lágrimas que caía pelo meu rosto.

Lobo: Preciso fazer o que eu estava evitando a horas, eu preciso ligar para ela. - digo e respiro fundo. -Vou lá para um lugar mais reservado, fiquem na contenção. - digo e ele concordam.

Assim que eu me afastei, eu peguei meu celular e comecei a discar o número, eu não sabia como ia resolver isso, mas precisava fazer, eu não posso deixar a Tessália no escuro, ela é a única família que ela tem, então respirei fundo e liguei para a tia dela, primeiro eu falei a respeito com ela, e em seguida ela passou o telefone, eu comecei puxando um assunto bem distante, para ir chegando ao que interessava, eu estava tentando evitar, e achar um jeito de contar, então quando cheguei nessa parte eu respirei fundo.