TESSÁLIA NARRANDO
Quando eu vi o meu pai ali, eu não pensei muito, eu apenas corri na sua direção e abracei ele, eu chorei, mas chorei muito, eu estava tão nervosa, e aquilo não podia ter sido verdade, eu estava em um pesadelo, e eu precisava acordar, precisava sair daquele sonho ruim. Eu estava tão desesperada, era uma dor tão forte que eu não sabia como estava aguentando essa dor. Então meu pai se afastou um pouco e colocou suas mãos no meu rosto me fazendo olhar pra ele, e eu falei o quanto estava doendo sentir aquilo. Fiquei um pouco agarrada no meu pai até que a Gabrielle apareceu ali, eu sei que ela e minha mãe tinha um tipo de amizade, mais eu nunca entende muito, afinal eu sempre fui uma menina que gostava de viver dentro de casa, mas minha mãe sempre dizia que não confiava nela, e isso eu ouvia as vezes quando ela conversava com a senhora Maria. A Gabrielle até tocou no meu ombro e falou que sentia muito, mas infelizmente eu não conseguia responder, eu estava muito mal e eu preferia não ter ouvido nada naquele momento, eu estava tão mal, tão machucada e destruída fisicamente, que quando eu me virei, e iria falar alguma coisa com ela, eu sentir uma tontura e minha visão ficou turva, eu apenas apaguei. Me acordei um tempo depois, e eu estava em uma leito de hospital o que me incomodou, eu acabei de perder a minha mãe e cá estou, as lágrimas molharam meu rosto e eu olhei na direção do meu pai, e ele me olhava com um olhar triste, e indecifrável, ele se levanta e vem na minha direção, assim que ele chega perto chamo por ele, e ele toca meu rosto, então sinto meu peito apertando, é aquela dor que está me sufocando, eu começo a chorar e pergunto para ele o porque disso está me acontecendo, eu nunca fiz nada para merecer uma dor tão forte quanto essa. Mas meu pai trata de acariciar meu rosto e pedi para que eu fique mais tranquila, mas eu não consigo, eu não sei que dor é essa, é algo que acredito que eu nunca terá cura, o que me deixa mais nervosa e eu choro ainda mais, meu pai fica um tempo ali tentando me acalmar e eu não consigo, mas quando ele consegue me deixar um pouco mais tranquila, até que o mesmo sair do meu quarto e me deixa ali sozinha eu acabo me encolhendo na cama e fico chorando, eu estava tão machucada com isso, era uma dor sem limites, é algo incomparável, é muito intenso essa dor, eu sei que dói muito, meu celular acaba tocando e eu atendo.
•LIGAÇÃO ON•
Tess: Alô?
Tia: Minha menina, queria saber como sua irmã está.
Tess: Tia, eu perdi a minha mãezinha.
Tia: Minha menina, eu sinto muito.
Tess: Tá doendo tanto.
Tia: Minha pequena, vai passar acredite, eu estou aqui para você, a Rúbia quer ir ficar com você.
Tess: Quando ela quiser vim, ela venha, eu não sei quando irei voltar, tudo está acontecendo agora, está doendo muito, eu perdi um pedaço de mim.
•LIGAÇÃO OFF•
Ela não consegue falar mais, que eu ouço ela chora, então resolvo desligar, e me isolar no meu lugarzinho, esse mundo para mim, está sem sentido, eu perdi a mulher que eu mais amo nessa vida, eu perdi um pedaço de mim. Eu passei um tempo ali, até que meu pai retorna para o meu quarto, ele entra e o médico vem logo atrás, assim que o médico entra, ele vem na minha direção.
Médico: Vejo que já acordou menina, eu vou remover o acesso do seu braço, pois o soro já acabou e você já pode ir embora. - ele diz e eu olho para meu pai que estava ali calado.
Tess: Obrigada doutor. - digo e viro meu rosto, a minha cabeça estava doendo tanto, eu não conseguia parar de pensar em tudo que perdi ao lado da minha mãe, eu tinha tantas coisas para falar para ela, queria dizer o quão eu a amo.
Assim que ele removeu o acesso do meu braço, meu pai se aproximou e me ajudou a levantar. Já de pé não pensei muito a gente foi saindo do postinho, assim que sair daquele quarto eu vi alguns rosto conhecidos mas eu estava mal, eu não queria ver ninguém mais, eu apenas queria me isolar do mundo, então fui até o carro do meu pai, até porque se o tio está no volante é do meu pai, então apenas entrei no mesmo e fomos para casa, eu sentia as lágrimas molhando o meu rosto e em silêncio eu chorava, até que chegamos na mansão, e ao ver aquela frente eu sentir um aperto maior no meu peito e desci do carro, eu corri para dentro, e não conseguia me manter calma, era como eu estivesse presa a um pesadelo. Então eu subi para o meu antigo quarto e me joguei na cama, eu estava tão debilitada, que apenas queria que tudo aquilo não fosse real, a dor era muito forte e eu queria acordar e que nada daquilo fosse real. Então passei alguns minutos ali sozinha até que meu pai entrou ali e veio na minha direção, ele sentou ao meu lado, e acariciou meus cabelos.
Lobo: Minha raposinha, como você está? - ele pergunta enquanto mexe nos meus cabelos.
Tess: Vou ficar bem pai, não se preocupe. - digo a ele, e o mesmo me olha com um olhar triste.
Lobo: Daqui a pouco o corpo da sua mãe vai chegar na capela aqui da comunidade, então você pode se arrumar e ir comigo. - ele diz e eu apenas confirmo.
Tess: Tudo bem paizinho, eu vou sim. - digo baixinho enquanto as lágrimas molham meu rosto.
Lobo: Estou aqui se precisar minha pequena. - diz e beija minha testa. - E aproposito, tem alguém querendo te ver. - diz e eu olho para ele.
Tess: Eu não quero ver ninguém pai, eu não quero nada. - digo chorando e ele me abraça.
Lobo: Tudo bem, é que a Fernanda veio aqui apenas para te dar um abraço, mas pedirei para ela ir embora. - ele diz e eu me afasto um pouco dele.
Tess: Tudo bem pai, eu quero ver ela. - digo e ele me da um beijo no rosto e se levanta.
Lobo: Mandarei ela entrar. - diz e vai saindo do meu quarto, eu fiquei ali por alguns minutos, e depois a Nanda entrou no meu quarto, ela ao me ver correu e me abraçou, e eu abracei ela de volta, mas eu não conseguia me controlar até que eu acabei chorando muito mais.
Nanda: Ei amiga, eu estou aqui, pode chorar o quanto quiser. - ela fala amigável e eu continuo chorando muito.
Tess: Eu perdi a única coisa que eu mais amava nessa vida, a mulher que me deu tudo que podia. - digo soluçando.
Nanda: Não fique assim, ela não iria gostar de ver você dessa forma. - ela diz apertando meu corpo no dela.
Tess: Eu tô tentando ser forte e mostrar para mim mesma, que eu sou forte como ela. - digo e ela vai me soltando aos poucos.
Nanda: Isso mesmo minha amiga. - ela diz e toca me rosto.
Fiquei um pouco ao lado da minha amiga, ela ficou comigo, até que eu me levantei e fui tomar um banho, assim que eu acabei de tomar meu banho, sair do box e fui até a pia, fiz minha higiene e fui para dentro do quarto, peguei um vestido preto, vestir o mesmo e assim que eu vestir eu me olhei no espelho e vi o quão acabada eu estava, eu nunca na minha vida esperei para sentir uma dor tão profunda como estava sentindo, afinal é a minha mãe, a mulher que me colocou no mundo, tem toda uma história e isso teria que ser a coisa certa, eu chorar o meu luto da forma que eu sabia que iria me fazer desabafar, então assim que já estava pronta a Nada veio na minha direção e segurou no meu braço.
Tess: Eu não sei se vou conseguir. - digo e ela me olha nos olho.
Nanda: Não pense nisso agora, apenas vamos, eu tenho certeza que Deus te dará a força exata para você se erguer novamente, e agora eu estou aqui. - ela diz isso e me abraça, e quando menos espero ouço alguém bater na porta e entrar, era o meu pai.
Lobo: Minha princesa, você já se arrumou? - ele pergunta e olha na minha direção.
Tess: Já estou pronta pai. - digo e ele vem se aproximando.
Nanda: Vou deixar vocês um tempo sozinhos. - ela diz e sai.
Lobo: Minha raposinha, você sabe que agora eu que vou cuidar de você até o último dia da minha vida, então nem tudo que você possa ouvir da sua mãe por ai, seja verdade, antes de acreditar em algo, pergunte a mim. - ele fala e fico confusa.
Tess: Mas pai, o que vão falar? - pergunto e ele nega.
Lobo: Não se preocupe, ninguém vai lhe perturbar com isso, antes eu mato o infeliz. - ele diz e eu fico sem entender o que ele quis dizer, mas ele segura em meu braço e vamos saindo do meu quarto, assim que saímos, fomos andando pelo corredor e descemos as escadas, e a Nanda estava ali me esperando. Também vi o tio JN e o MG, os dois tios que a vida me deu, eu percebi um tipo de olhar diferente, mas ignorei, afinal eu não queria nem pensar em nada, a minha vida não tá bem para nada, então me aproximei com meu pai que não soltava meu braço por nada.
Nanda: Amiga, você tem meu ombro para chorar tá. - ela diz e eu apenas concordo e sinto as lágrimas molharem meu rosto.
Lobo: Vamos logo, eu preciso chegar lá. - diz nervoso, e então meus tios percebem que ele está nervoso então nós seguimos até o carro e assim que chegamos no mesmo, entramos e meu pai sentou comigo, eu encostei a cabeça em seu ombro e fiquei quieta, eu estava tentando assimilar e fingir que não estava sendo nada real. Então quando estávamos perto da capela, já tinha algumas pessoas entrando e saindo, então quando chegamos, descemos do carro, e eu caminhei ao lado do meu pai até a entrada, quando cheguei na mesma eu vi o caixão e aquilo quebrou toda a minha estrutura, eu cheguei mais perto e vi a minha mãe ali sem vida, o que me causou uma queda de pressão.
LOBO NARRANDOEu fiquei um pouco ali conversando com o JN antes de entrar, eu sabia que a Tessália não iria está muito bem, afinal perder alguém que amamos como a mãe é algo que jamais vamos entender ou saber o que é a perda de alguém, mas como eu já tinha perdido a minha mãe, eu sabia um pouco da dor, mas eu não conseguia deixar ela sair para doer em mim. Mas infelizmente eu sentir a dor da perda da Liz, afinal de contas desde de crianças a gente foi muito ligado um ao outro, até que chegou esse dia horrível e doloroso, para mim doeu por eu ter ficado todos esses anos ao lado dela, e nunca ter dado mais valor a mulher que conviveu comigo por tantos anos. Sei que não será fácil depois explicar para a Tessália tudo que aconteceu e que acontece, uma hora ou outra eu vou ter que enfrentar as minhas dores, mas espero que esse dia nunca chegue de ter que demonstrar toda a minha dor. Então acabei entrando e o JN foi resolver o resto do velório, assim que entrei eu olhei ao redor e vi tudo e
TESSÁLIA NARRANDOA minha queda de pressão acabou fazendo meu pai me pegar nos braços, foi algo que eu achei que daria conta de caminhar até o caixão da minha mãe, porém foi mais forte que eu, a minha vida estava completamente destruída, e eu sabia que a partir daquele momento seria apenas eu e meu pai no mundo, onde eu não saberia como reagir, até porque eu fui sempre mais próxima a minha mãe, meu pai quase não falava comigo quando ela ligava, eu nunca entendi os motivos dele, mas um dia eu creio que eu vá compreender tudo isso. Assim que ele me colocou sentada na cadeira que estava ao lado da minha mãe, eu não aguentei ver ela ali sem vida, eu chorei desesperadamente, eu me joguei em cima dela, e chamei por ela. Chamei tanto por ela, que eu não aguentava ficar em pé, meu pai me segurava de um lado e a Nanda do outro, eu não estava bem com isso, eu sentia tudo ao meu redor se desfazendo e não podia fazer nada para impedir, eu apenas queria trocar de lugar, eu queria que ela estivesse
LOBO NARRANDOPerceber o quão frágil a Tessália estava, acabou com as minhas barreiras, eu sabia que a morte da Liz não iria ser nada fácil, tudo era muito ruim, olhar para todos os lados e não ver ela ali, seria horrível. Não que eu via ela como mulher, afinal eu sempre vi ela como uma irmã, uma irmã que eu nunca tive, e ao assumir ela, eu nunca deixei de cumprir com minhas obrigações, sempre mantive ela com tudo que ela tinha direito. A Tessália foi um brinde, essa menina mudou completamente a minha vida, cuidar dela, e fazer ela crescer de uma forma madura foi a minha melhor escolha, acredito que se o pai dela estivesse vivo daria a vida por ela, até porque ele sempre foi muito firmeza, e agora ela só tem a mim, porque jamais poderemos contar com a ajuda da família da Liz do nordeste, afinal eles sempre rejeitaram ela, mas eu e minha mãe sempre acolhemos ela, sempre fizemos dela uma boa pessoa, e hoje infelizmente ela se foi. Eu caminhava com a Tess nos braços até chegar em casa. A
TESSÁLIA DELACROIXTessália, uma jovem de 18 anos, ruiva, tem 1,60 de altura. Tess como todos conhece, nasceu e se criou no morro do alemão, ao fazer 10 anos de idade sua mãe a mandou para fora do Brasil, mandou ela para morar com uma tia em Miami, Flórida. No início ela não queria ir, afinal sempre foi criada no morro, onde ela sempre achou que era sua única fortaleza, e que indo para tão longe ela iria perder todas suas amizades, afinal ela sempre viveu ali. Mas quando a Tess foi embora, ela conheceu o mundão fora da sua fortaleza, um mundo no qual ela se apaixonou, e conseguiu viver e se acostumar com todos os costumes que aquela cidade a proporcionou, ela aprendeu linguagens diferentes, costumes diferente, e se acabou se tornando uma patricinha. Ela tinha contato com sua mãe sempre que podia, ela fez amizades, mas o que ela nunca conseguiu foi arranjar um namorado, ela sempre colocou os estudo acima de tudo, e sua prioridade sempre foi crescer na vida, romance ela iria colocar sem
LOBO NARRANDOPensar tudo que já vivi em toda a minha trajetória, até onde estou hoje, não foi nada fácil, perdi meu pai muito jovem e perdi a minha mãe na mesma base, e tive que assumir o morro herdado pela minha mãe, onde eu conseguir acompanhar tudo de perto, ela foi uma mulher forte, enfrentou muitas coisas para conseguir chegar até onde chegou, infelizmente nem tudo a gente pode levar para a vida inteira, mais aqui estou com minha cabeça fervendo de tanto que já pensei na minha vida. Quando eu coloquei a a Liz na minha casa e assumir ela como fiel, eu fiz isso por um motivo, ela estava com uma criança e ela era uma amiga de infância, então eu não poderia deixar ela abandonada, e foi o que fiz eu coloquei ela no meu nome, mas com a ideia de que eu nunca tocaria nela, eu nunca ficaria com ela, e eu me mantive assim, eu deixei claro a ela que eu não transaria com ela, ou até mesmo chegaria a tocar nela. Porém ela disse que iria seguir sua vida, e arrumaria algum cara no asfalto mais
TESSÁLIA NARRANDOViver aqui em Miami está sendo um sonho, no início eu não queria, era muito longe e viver com minha mãe e meu pai é tudo que eu sempre quis, eu sempre estive no morro, eu não queria ter saído de lá, mas a vida me fez parar aqui, e nossa eu transformei tudo isso em algo bom, eu aprendi a conviver aqui, eu aprendi a falar outras línguas, e também aprendi vários costumes diferente ao que eu estava acostumada, como dizem lá no morro, hoje eu sou uma "patricinha". Nunca quis ser uma patricinha, eu gostava de ser uma "favelada" como minha melhor amiga Nanda dizia, mas a partir do momento que eu fui crescendo eu fui aprendendo tantas e tantas coisas, que hoje eu sou uma pessoa melhor. O tempo que estou aqui, eu não quis arrumar um namorado, isso porque sempre priorizei os meus estudo, para futuramente pensar em arranjar um namorado, acabei que hoje cá estou sem namorar ninguém. Até porque isso nunca me fez falta, o que me deixa feliz é saber que estou realizando o sonho da
LOBO NARRANDOFalar com a Tessália me fez ver que ela não era mais aquela menininha que vivia pendurada no meu pescoço, a tia dela acabou me contando que ela já tinha acabado de terminar os estudos o que foi ótimo para ela, mas passar 8 anos longe do morro certamente modificou toda a sua personalidade, eu sei que ela é já é uma mulher, e certamente quando vim para o Brasil vai trazer algum namorado ou noivo com ela, o que não é de se esperar. Desde que ela foi embora eu sempre evitava conversar com ela, era muito dolorido para mim, eu criei essa menina até a idade que foi embora, mas precisei me afastar eu não queria que ela descobrisse nunca que eu não era seu pai, afinal eu sempre quis ser pai, mas eu nunca de fato quis tentar nada com a Liz, eu só conseguia ver ela como uma irmã, então era impossível que eu ficasse com ela, muitos aqui da comunidade sempre soube que eu não tocava dela, porque se eu tocasse nada, eu não procuraria fora, ou não sei, a minha mente me prega várias peça