TESSÁLIA NARRANDO
A minha queda de pressão acabou fazendo meu pai me pegar nos braços, foi algo que eu achei que daria conta de caminhar até o caixão da minha mãe, porém foi mais forte que eu, a minha vida estava completamente destruída, e eu sabia que a partir daquele momento seria apenas eu e meu pai no mundo, onde eu não saberia como reagir, até porque eu fui sempre mais próxima a minha mãe, meu pai quase não falava comigo quando ela ligava, eu nunca entendi os motivos dele, mas um dia eu creio que eu vá compreender tudo isso. Assim que ele me colocou sentada na cadeira que estava ao lado da minha mãe, eu não aguentei ver ela ali sem vida, eu chorei desesperadamente, eu me joguei em cima dela, e chamei por ela. Chamei tanto por ela, que eu não aguentava ficar em pé, meu pai me segurava de um lado e a Nanda do outro, eu não estava bem com isso, eu sentia tudo ao meu redor se desfazendo e não podia fazer nada para impedir, eu apenas queria trocar de lugar, eu queria que ela estivesse aqui, eu queria dar minha vida e está ali no lugar dela, só de pensar essas coisas as lágrimas molhavam meu rosto, eu não sabia se eu aguentaria tanta dor como estava sentindo. Era algo que eu estava tentando lidar, mas apenas ao lado de pessoas que realmente fossem verdadeiros, ou apenas eu só queria que ela saísse desse sono e abrisse seus lindos olhos verdes, minha mãe é a mulher mais linda que eu já vi em toda a minha vida. Meu pai sempre disse que eu parecia com ela, que eu iria me tornar uma mulher linda como ela, e que um dia ele teria dores de cabeça comigo, e me lembro como se fosse hoje, minha mãe riu da situação junto comigo, e eu só tinha 10 anos, foi nos meus últimos dias com ela, e os outros 8 anos, eu me mantive longe, o que eu poderia ter voltado e ficado mais tempo com ela. Mas agora é tarde para tudo isso, eu fui uma filha ingrata, e uma mal filha, se eu tivesse voltado, talvez agora ela estivesse comigo, fico chorando com meus pensamentos aflorados. Nanda: Amiga, eu sei que você está sofrendo muito, mas você precisa tomar um copo com água, seu corpo está trêmulo. - ela diz e eu não consigo olhar na sua direção, eu fiquei ali com meu rosto deitado no corpo da minha mãe. Tess: Obrigada amiga, mais eu não quero.- digo e ela coloca a mão no meu ombro, e fica ali comigo, ela pega uma cadeira e senta do meu lado. Nanda: Eu posso não saber qual é a dor que você está sentindo nesse momento minha amiga, mas eu acredito que seja a pior das piores, mas saiba que você pode contar comigo, eu estarei a seu lado para lhe apoiar. - diz tocando meu ombro. Tess: Obrigada minha amiga. - digo enquanto as lágrimas molham meu rosto. Fiquei ali com ela um pouco, enquanto todos passavam olhando a minha mãe sem vida, e eu morrendo aos poucos, com a dor infinita que eu sentiria até o último dia da minha vida, meu pai ficou todo minuto ao meu lado, o que me manteve firme ali. Quando o padre estava fazendo a missa, eu me mantive firme em minha fé em Deus, eu sabia que para tudo existe um propósito e que em breve eu poderia descobrir tudo. Quando o padre finalizou a missa, o meu tio JN e o MG, foram fechar o caixão e eu não aguentei ver aquilo, que seria a última vez que eu viria minha mãe, eu não aceitava, eu me levantei e me joguei por cima dela, eu gritei chamando por ela, eu chorava desesperadamente, eu estava muito nervosa, eu queria ela de volta e tudo para mim, não fazia mais sentido, eu gritei muito pedindo para que ela voltasse, mas era impossível, afinal eu perdi a pessoa mais importante da minha vida, e agora eu tinha que me refugiar presa dentro de mim, então quando meu pai pediu para que eu ficasse mais calma, que eu tenho ele ali eu sair de perto do caixão e deixei que levassem, ele me segurou nos braços e ao perceber que eu estava fraca, eu pedi para me deixar ir andando, e assim ele me deixou. Eu caminhei segurada nele e na Nanda, eu caminhava e sentia minhas pernas tremer, mas continuei andando até que ao chegamos no cemitério eu caminhei até onde ela seria enterrada, eu via tudo aquilo e para mim, eu estava em um pesadelo sem fim, era algo que eu jamais poderia explicar tamanha era a dor que estava no meu peito, até que ao finalizarem o enterro, eu apaguei. Eu não sei quanto tempo eu passei desacordada, mas ao acordar eu estava na minha cama e o meu pai estava ali do meu lado, o mesmo acariciava meu rosto, e ao ver que eu abrir os olhos o mesmo se animou mais. Ele colocou sua mão nos meus cabelos e passou os mesmo calmamente, eu olhei ao redor e os meus tios e a minha melhor amiga ainda estavam ali, quando me viram acordar, parece que tiraram um peso das costas, percebi que eles respiraram um pouco mais leve. Lobo: Graças a Deus minha raposinha. - ele diz baixinho, enquanto acaricia meus cabelos. Nanda: Ai amiga, eu estava tão preocupada com a forma que você apagou. - ela diz se aproximando. Tess: Estou melhor. - digo sentindo um aperto forte no peito, mas tento segurar as lágrimas, eu não quero dar preocupação para ninguém. JN: Princesa, que bom que você já acordou, seu pai só não fez matar o médico para te examinar. - ele diz sorrindo, eu sei que ele quer apenas descontrair o clima, mas nada está bem e todos sabem disso. Lobo: Cala a boca filho da puta. - ele fala e respira fundo. - Minha raposinha, tem que descansar tá? - ele diz e apenas assinto. Tess: Pai, eu sei que acabei de enterrar a minha mãe. - digo com a voz embargada, e os olhos cheios de lágrimas. - Mas eu quero voltar para Miami, eu não vou conseguir me manter aqui, eu não vou conseguir olhar para os lado e não ver a minha mãe aqui, e eu entendo que tenho o senhor, mas eu não vou conseguir, está doendo muito. - digo e minhas lágrimas molham meu rosto. Lobo: Não pense nisso agora, eu estou com você, e eu vou te ajudar a se curar, eu sei que está doendo, mas eu estou com você. - diz e eu me jogo na cama, viro para o outro lado, e sentir cada partícula do meu corpo se destruindo a cada pensamento que eu tinha ali. Nanda: Amiga eu quero dormir aqui com você hoje, se você quiser, eu quero te ajudar, como nos velhos tempo. - diz e eu não conseguia responder, minha garganta estava presa em um nó e eu levantei minha mão para que ela segurasse. Lobo: Qualquer coisa, você me chama Fernanda. - ele diz e se levanta da cama. Tess: Obrigada pai. - digo e logo ele sai dali com os meus tios. Fiquei ali com a Nanda, ela se deitou comigo, e me abraçou, ela me apertou contra o corpo dela, e eu sabia que minha melhor amiga de infância jamais me abandonaria, eu sempre fui muito ligada na Nanda, nós duas sempre estivemos juntas e nada nem ninguém nunca conseguiu separar nós duas, apesar que quando eu estava em Miami, eu nunca conseguia falar com ela, e eu sabia que era minha mãe impedindo que eu mante-se o contato, até porque minha mãe dizia que eu a família da Nanda nunca me aceitaria como amiga dela, por eu ser filha de quem sou, essa frase eu nunca esqueci, e afinal eu não sabia se isso era um problema, mas mesmo assim eu e a Nanda sempre foi muito unida. E no momento que eu mais preciso é ela que está comigo, é ela que me estendeu a mão, e pediu para dormir ao meu lado, mesmo sabendo o quão difícil será a minha noite. Ficamos ali abraçadas até que eu acabei dormindo.LOBO NARRANDOPerceber o quão frágil a Tessália estava, acabou com as minhas barreiras, eu sabia que a morte da Liz não iria ser nada fácil, tudo era muito ruim, olhar para todos os lados e não ver ela ali, seria horrível. Não que eu via ela como mulher, afinal eu sempre vi ela como uma irmã, uma irmã que eu nunca tive, e ao assumir ela, eu nunca deixei de cumprir com minhas obrigações, sempre mantive ela com tudo que ela tinha direito. A Tessália foi um brinde, essa menina mudou completamente a minha vida, cuidar dela, e fazer ela crescer de uma forma madura foi a minha melhor escolha, acredito que se o pai dela estivesse vivo daria a vida por ela, até porque ele sempre foi muito firmeza, e agora ela só tem a mim, porque jamais poderemos contar com a ajuda da família da Liz do nordeste, afinal eles sempre rejeitaram ela, mas eu e minha mãe sempre acolhemos ela, sempre fizemos dela uma boa pessoa, e hoje infelizmente ela se foi. Eu caminhava com a Tess nos braços até chegar em casa. A
TESSÁLIA DELACROIXTessália, uma jovem de 18 anos, ruiva, tem 1,60 de altura. Tess como todos conhece, nasceu e se criou no morro do alemão, ao fazer 10 anos de idade sua mãe a mandou para fora do Brasil, mandou ela para morar com uma tia em Miami, Flórida. No início ela não queria ir, afinal sempre foi criada no morro, onde ela sempre achou que era sua única fortaleza, e que indo para tão longe ela iria perder todas suas amizades, afinal ela sempre viveu ali. Mas quando a Tess foi embora, ela conheceu o mundão fora da sua fortaleza, um mundo no qual ela se apaixonou, e conseguiu viver e se acostumar com todos os costumes que aquela cidade a proporcionou, ela aprendeu linguagens diferentes, costumes diferente, e se acabou se tornando uma patricinha. Ela tinha contato com sua mãe sempre que podia, ela fez amizades, mas o que ela nunca conseguiu foi arranjar um namorado, ela sempre colocou os estudo acima de tudo, e sua prioridade sempre foi crescer na vida, romance ela iria colocar sem
LOBO NARRANDOPensar tudo que já vivi em toda a minha trajetória, até onde estou hoje, não foi nada fácil, perdi meu pai muito jovem e perdi a minha mãe na mesma base, e tive que assumir o morro herdado pela minha mãe, onde eu conseguir acompanhar tudo de perto, ela foi uma mulher forte, enfrentou muitas coisas para conseguir chegar até onde chegou, infelizmente nem tudo a gente pode levar para a vida inteira, mais aqui estou com minha cabeça fervendo de tanto que já pensei na minha vida. Quando eu coloquei a a Liz na minha casa e assumir ela como fiel, eu fiz isso por um motivo, ela estava com uma criança e ela era uma amiga de infância, então eu não poderia deixar ela abandonada, e foi o que fiz eu coloquei ela no meu nome, mas com a ideia de que eu nunca tocaria nela, eu nunca ficaria com ela, e eu me mantive assim, eu deixei claro a ela que eu não transaria com ela, ou até mesmo chegaria a tocar nela. Porém ela disse que iria seguir sua vida, e arrumaria algum cara no asfalto mais
TESSÁLIA NARRANDOViver aqui em Miami está sendo um sonho, no início eu não queria, era muito longe e viver com minha mãe e meu pai é tudo que eu sempre quis, eu sempre estive no morro, eu não queria ter saído de lá, mas a vida me fez parar aqui, e nossa eu transformei tudo isso em algo bom, eu aprendi a conviver aqui, eu aprendi a falar outras línguas, e também aprendi vários costumes diferente ao que eu estava acostumada, como dizem lá no morro, hoje eu sou uma "patricinha". Nunca quis ser uma patricinha, eu gostava de ser uma "favelada" como minha melhor amiga Nanda dizia, mas a partir do momento que eu fui crescendo eu fui aprendendo tantas e tantas coisas, que hoje eu sou uma pessoa melhor. O tempo que estou aqui, eu não quis arrumar um namorado, isso porque sempre priorizei os meus estudo, para futuramente pensar em arranjar um namorado, acabei que hoje cá estou sem namorar ninguém. Até porque isso nunca me fez falta, o que me deixa feliz é saber que estou realizando o sonho da
LOBO NARRANDOFalar com a Tessália me fez ver que ela não era mais aquela menininha que vivia pendurada no meu pescoço, a tia dela acabou me contando que ela já tinha acabado de terminar os estudos o que foi ótimo para ela, mas passar 8 anos longe do morro certamente modificou toda a sua personalidade, eu sei que ela é já é uma mulher, e certamente quando vim para o Brasil vai trazer algum namorado ou noivo com ela, o que não é de se esperar. Desde que ela foi embora eu sempre evitava conversar com ela, era muito dolorido para mim, eu criei essa menina até a idade que foi embora, mas precisei me afastar eu não queria que ela descobrisse nunca que eu não era seu pai, afinal eu sempre quis ser pai, mas eu nunca de fato quis tentar nada com a Liz, eu só conseguia ver ela como uma irmã, então era impossível que eu ficasse com ela, muitos aqui da comunidade sempre soube que eu não tocava dela, porque se eu tocasse nada, eu não procuraria fora, ou não sei, a minha mente me prega várias peça
TESSÁLIA NARRANDOQuando eu vi o meu pai ali, eu não pensei muito, eu apenas corri na sua direção e abracei ele, eu chorei, mas chorei muito, eu estava tão nervosa, e aquilo não podia ter sido verdade, eu estava em um pesadelo, e eu precisava acordar, precisava sair daquele sonho ruim. Eu estava tão desesperada, era uma dor tão forte que eu não sabia como estava aguentando essa dor. Então meu pai se afastou um pouco e colocou suas mãos no meu rosto me fazendo olhar pra ele, e eu falei o quanto estava doendo sentir aquilo. Fiquei um pouco agarrada no meu pai até que a Gabrielle apareceu ali, eu sei que ela e minha mãe tinha um tipo de amizade, mais eu nunca entende muito, afinal eu sempre fui uma menina que gostava de viver dentro de casa, mas minha mãe sempre dizia que não confiava nela, e isso eu ouvia as vezes quando ela conversava com a senhora Maria. A Gabrielle até tocou no meu ombro e falou que sentia muito, mas infelizmente eu não conseguia responder, eu estava muito mal e eu p
LOBO NARRANDOEu fiquei um pouco ali conversando com o JN antes de entrar, eu sabia que a Tessália não iria está muito bem, afinal perder alguém que amamos como a mãe é algo que jamais vamos entender ou saber o que é a perda de alguém, mas como eu já tinha perdido a minha mãe, eu sabia um pouco da dor, mas eu não conseguia deixar ela sair para doer em mim. Mas infelizmente eu sentir a dor da perda da Liz, afinal de contas desde de crianças a gente foi muito ligado um ao outro, até que chegou esse dia horrível e doloroso, para mim doeu por eu ter ficado todos esses anos ao lado dela, e nunca ter dado mais valor a mulher que conviveu comigo por tantos anos. Sei que não será fácil depois explicar para a Tessália tudo que aconteceu e que acontece, uma hora ou outra eu vou ter que enfrentar as minhas dores, mas espero que esse dia nunca chegue de ter que demonstrar toda a minha dor. Então acabei entrando e o JN foi resolver o resto do velório, assim que entrei eu olhei ao redor e vi tudo e