Episódio 02

TESSÁLIA NARRANDO

Viver aqui em Miami está sendo um sonho, no início eu não queria, era muito longe e viver com minha mãe e meu pai é tudo que eu sempre quis, eu sempre estive no morro, eu não queria ter saído de lá, mas a vida me fez parar aqui, e nossa eu transformei tudo isso em algo bom, eu aprendi a conviver aqui, eu aprendi a falar outras línguas, e também aprendi vários costumes diferente ao que eu estava acostumada, como dizem lá no morro, hoje eu sou uma "patricinha". Nunca quis ser uma patricinha, eu gostava de ser uma "favelada" como minha melhor amiga Nanda dizia, mas a partir do momento que eu fui crescendo eu fui aprendendo tantas e tantas coisas, que hoje eu sou uma pessoa melhor. O tempo que estou aqui, eu não quis arrumar um namorado, isso porque sempre priorizei os meus estudo, para futuramente pensar em arranjar um namorado, acabei que hoje cá estou sem namorar ninguém. Até porque isso nunca me fez falta, o que me deixa feliz é saber que estou realizando o sonho da minha mãe, eu tenho vivido com a minha tia, e ela é uma pessoa maravilhosa, a minha prima Rúbia, sempre esteve comigo, me ajudou em tudo, e me ensinou muitas coisas. A Rúbia, é uma mulher já feita, ela tem 22 anos, e já ficou com tantos rapazes que eu só fiquei todo o tempo observando isso porque eu nunca quis me envolver. Vez ou outra ela sempre jogou um cara na minha frente para que eu me envolvesse, mas eu não quero, eu já disse a ela, que primeiro vem meus estudos. Apesar que tem 1 mês que eu acabei meus estudos, e ela estava me chamando para irmos a uma boate, mas eu não estava muito afim, afinal eu quase nunca gostei de curtir essas coisas. Porém hoje eu estava louca para curtir um pouco, afinal eu não sou de ferro e mereço um descanso.

Rúbia: Vamos logo Tess, vamos nos atrasar, e o Cássio está nos esperando lá embaixo. - ela diz e eu reviro os olhos.

Tess: Estou indo. - digo e termino de arrumar meus cabelos, assim que finalizo coloco um perfume e saio do meu quarto, vou até ela e assim que me ver ela sorrir.

Rúbia: Está gata demais, vamos logo. - ela diz e me puxa pelo braço, a gente caminha até a porta de saída e assim que chegamos ouvimos a tia.

Tia: Olhem a hora de chegar em casa, e você Rúbia, tome conta da sua prima. - ela diz séria.

Rúbia: Parece até que ela é uma criança. - diz e da risada.

Tia: Não é criança, mas eu tenho a responsabilidade dela e você sabe. - ela diz e ela revira os olhos.

Tess: Tudo bem tia, eu vou me cuidar, e voltarei cedo. - digo sorrindo e ela sorrir.

Rúbia: Fale por você. - ela diz e me puxa porta a fora.

Seguimos as duas até o elevador, chamamos o mesmo e assim que ele chegou, a gente entrou e apertou no botão para o térreo. A gente mora em um apartamento em Miami Beach, um dos lugares mais frequentados de toda a Miami, o que me faz lembrar muito do Rio de Janeiro, aquela praia linda, e a praia daqui são incomparáveis de tão lindas. Assim que chegamos no térreo ela correu para os braços do amado, o Cássio é o namorado da Rúbia, mas vez ou outra eu pego ele me olhando, o que me incomoda, as vezes tenho vontade de falar com a Rúbia sobre o assunto, mas tenho medo dela achar que sou eu que estou dando em cima dele, coisa que não quero. Então caminhamos até o carro dele, assim que chegamos no mesmo eu entrei na parte traseira e ela na frente com ele, eu estava vestindo um conjunto, uma calça jeans e cropped preto, o que realçou o meu corpo, deixei meus cabelos soltos, abri a janela da parte traseira e coloquei o rosto do lado de fora, e enquanto ele dirigia eu sorria como uma boba, por sentir aquela brisa no meu rosto, eu estava me dando um pouco de folga, minha prima fez o mesmo colocou o rosto pra fora e ficamos rindo as duas, ela segurou minha mão e ficamos igual duas bobonas, a gente deu gargalhada da nossa idiotice. O bom de ter a Rúbia comigo é que ela é maluca e sempre está a meu lado, ela é uma das poucas que eu realmente posso confiar. Quando chegamos em frente a boate, o namorado dela estacionou e entramos as duas para dentro novamente, ele fechou as janelas e assim que estacionou a gente desceu juntas.

Rúbia: Vamos logo amor. - ela diz e puxa ele e o mesmo da risada.

Cássio: Vamos minha gostosa. - ele fala segurando na mão dela, e caminhamos os três para a entrada da boate.

Rúbia: Seu amigo colocou nosso nome na lista? - ela pergunta enquanto caminhamos.

Cássio: Colocou sim minha gatinha. - ele fala e beija seu rosto. O que me faz apenas caminhar, eu fico pensando o quão feliz eu sou por nunca ter me envolvido com ninguém, eu acho que foi uma das melhores coisas que me aconteceu, apesar que tem um garoto que vive no meu pé, o Brian, ele sempre vive querendo condição, mas eu não consigo dar condição a ninguém no momento.

Rúbia: Terra chamando Tessália. - ela me sacode e eu olho na sua direção.

Tess: Estava pensando. - digo e vamos entrando na boate.

Rúbia: Eu vou te contar, o Brian está aqui também. - ela diz e reviro os olhos.

Tess: Eu não dou condição a ele, você sabe disso, não sei porque essa insistência. - digo chateada, mas ela nem liga muito pelo que falo, ela apenas me puxa para o meio das pessoas e começa a dançar comigo e o namorado dela, minutos depois ela se agarra no namorado e o Brian acaba nos achando, ele se encosta em mim, e dança colado no meu corpo e me afasto.

Brian: O que foi? - ele pergunta e eu reviro os olhos.

Tess: Eu nunca te dei condições, e você faz isso. - digo alterada, e ele se aproxima me puxando para colar seu corpo no meu.

Brian: Não pensa assim, você sabe que eu te amo. - ele diz e eu empurro ele.

Tess: Não toca em mim Brian, eu não gosto disso. - digo brava.

Então depois de muito rejeitar ele, o mesmo se afastou, e eu fiquei ali sentada perto do bar, eu realmente me chateie, eu achei a Rúbia e chamei ela para irmos para casa, mas a mesma não quis, então eu sair da boate, peguei um taxi e fui para casa, eu estava cansada, e bem chateada, onde já se viu, tentar me agarrar dessa forma, eu não gostei disso e não quero mais sair dessa forma, se esse garoto estiver eu não vou mais. Não sou obrigada a passar por essa inconveniência, é muito ruim a gente empurrar alguém e ele continuar insistindo, se isso acontecesse no morro eu garanto que ele já tinha morrido. Sinto meus olhos marejarem, só de pensar naquele morro, sinto saudades de lá, mas não tanta quanto eu sentia quando cheguei aqui, cheguei em casa já estava amanhecendo, paguei o taxi e fui para o elevador, assim que cheguei no mesmo eu entrei nele, e apertei para o meu andar, o que não demorou muito, assim que cheguei no meu andar, sair do elevador e fui andando até a porta abrir a mesma e entrei, logo que entrei eu vi minha tia aflita ao telefone, o que me deu um aperto no peito.

Tia: Meu amor, graças a Deus que você chegou, o seu pai está no telefone. - ela diz e eu pego o telefone.

Tess: Obrigada tia, o que ta acontecendo? - pergunto pra ela.

Tia: Atenda, ele vai lhe explicar. - ela diz e concordo.

•LIGAÇÃO ON

Tess: Pai.

Pai: Filha, onde você estava?

Tess: Tinha saído com a Rúbia, mas acabei de chegar em casa.

Pai: Entende, mas como você está? Soube que acabou o ensino médio.

Tess: Estou bem, só um pouco cansada, mas estou bem. E sim eu acabei tem um mês.

Pai: Fico feliz que isso tenha acontecido. Mas eu te liguei por outro motivo.

Tess: Pode falar pai, cadê minha mãe?

Pai: É sobre ela mesmo que te liguei.

Tess: Pode falar pai, estou ouvindo.

Pai: Então minha princesa, eu sei que notícia por telefone nunca é bom, mas acredite é difícil.

Tess: Está me assustando pai.

Pai: Eu preciso que você pegue o primeiro avião para o Brasil e venha para o morro, vou transferir todo o dinheiro para você vim aqui.

Tess: O que aconteceu?

Pai: Sua mãe inventou de trocar tiro na invasão e foi me salvar, então ela acabou sendo atingida, e eu preciso que você venha agora, ou pode ser tarde.

Tess: Não pai, isso é uma brincadeira né? - digo e começo a chorar desesperadamente.

Pai: Vou transferir agora, não espere muito vem logo, vou desligar o médico está vindo da notícias.

•LIGAÇÃO OFF•

Assim que ele desligou as lágrimas molhava meu rosto, eu não sabia o tamanho da dor que eu estava sentindo naquele momento, eu não sei o que fazer, mas sei que preciso me segurar firme, para chegar no aeroporto e pegar um voo para o Brasil o mais rápido possível, a minha tia estava chorando do outro lado, e ela já devia saber o que estava acontecendo, eu corri no quarto e fiz minha mala, peguei tudo que iria precisar e sair as pressas do quarto, a minha tia se levantou e veio junto comigo, a gente saiu de casa, e foi para o elevador, assim que descemos, a gente se bateu com a Rúbia, a mesma ao ver minha mala, ela me agarrou e perguntou o que estava acontecendo, eu estava chorando muito, mas a tia conseguiu explicar pra ela, então nós três fomos para o aeroporto, a gente não demorou muito, pois como a Tia tem carro foi mais rápido de chegarmos. Assim que chegamos eu corri até um terminal e comprei a minha passagem, a moça que me vendeu disse que meu voo é o próximo e que eu aguardasse. Assim que me aproximei de minha tia eu abracei ela.

Tia: Minha princesa, vai dar tudo certo, não tenha medo e confie em Deus. - ela diz enquanto me abraça.

Rúbia: Eu queria ir com você, mas eu não sabia de nada, estou sem nada para ir. - ela diz e me abraça.

Tess: Não se preocupem, eu vou ficar bem, e quando você quiser ir, vá. - digo sentindo as lágrimas caírem pelo meu rosto.

Tia: Minha menina, vá e volte quando quiser, não sei se quando chegar lá você vai preferir ficar lá, ou você vai voltar, mas nossa casa é sua casa sempre. - ela diz e suas lágrimas molham seu rosto.

Rúbia: Vou sentir saudades. - diz chorando.

Tess: Eu volto assim que minha mãe estiver bem. - digo e enxugo as lágrimas das duas e ouvimos a chamada do meu voo. - Bom até breve. - digo tentando tranquilizar elas, e seguro minha pequena mala, abraço as duas e vou andando para a área de embarque, assim que entro arrumo minha mala dentro do avião, como ela é pequena posso levar ela comigo, respirei fundo, eu tenho 6 horas e meia de voo até o Rio de Janeiro. Respirei fundo e me aconcheguei na poltrona do avião, e minutos depois o avião decolou, eu estava todo minuto em oração, eu queria que minha mãe saísse dessa com saúde, e que eu pudesse chegar a tempo, eu chorei em silêncio enquanto orava pela vida da minha mãezinha.

Depois de 6 horas e meia de viagem cheguei no Rio de Janeiro, quando desembarquei eu corri até um ponto de taxi e peguei o primeiro que me apareceu, entrei e dei o endereço, e o mesmo me levou até a barreira do morro do alemão, assim que cheguei eu paguei e desci do carro, assim que fui caminhando apressada, eu vi um movimento estranho, o pessoal tudo agitado, até que cheguei perto e um vapor me parou.

Vapor: Aí ruiva, vai subir pra onde? - ele pergunta.

Tess: Eu sou a Tessália, filha do Lobo. - digo e ele me olha estranho.

Vapor: Você é filha da dona Liz? Bem que você parece com ela. - ele diz e me da passagem.

Tess: Sou sim, filha deles. - digo e vou subindo, no meio da ladeira perto do postinho, ouvir uma senhora falando.

Senhora: A senhora Liz acabou de falecer, ela não resistiu aos ferimentos. - quando ouvir isso eu gritei, e acabei caindo no chão, eu estava desesperada, a dor que me atravessou foi muito maior que eu podia esperar, eu fiquei no chão por alguns minutos chorando muito até que o JN chegou ali.

JN: Vem minha menina. - ele me da sua mão e eu seguro, ele me puxa para seus braços e me abraça forte. - Eu sinto muito minha pequena. - ele diz e eu choro ainda mais.

Tess: Isso é mentira né tio? - pergunto e ele fica em silêncio.

JN: Minha pequena, venha, vou lhe levar até seu pai. - ele diz e vai me puxando, ele me leva até o postinho, e eu vi meu pai de costas pra porta, eu estava tão mal, eu me tremia tanto que o MG percebeu que eu estava ali e tocou nele, ele olhou para trás e ficou ali paralisado me olhando, eu não pensei muito, corri na sua direção e me grudei nele, eu chorei desesperadamente no seu ombro.

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