Na primeira sexta-feira de julho Alexandre chegou do escritório aparentemente aborrecido e quando o questionei sobre o fato, ele explicou.
- Terei que viajar para Curitiba na próxima semana, princesa. Assumimos a reforma de um restaurante lá e eu precisarei me ausentar, no entanto pensei se você não poderia pedir alguns dias de folga ao seu chefe para ir comigo, o que você acha?
Eu tinha voltado a trabalhar apenas no hospital e ainda que não estivesse muito disposta sabia que Dr. Isidoro, meu chefe, era uma pessoa pouco acessível, diferente de Vagner, que me concedeu a semana toda de folga quando soube da morte do meu pai.
- Não dá amor, eu acabei de voltar de licença, o Dr. Isidoro não irá me conceder mais dias de folga.
- Mas não seria tanto tempo assim. Talvez em três ou quatro dias eu já tenha organizado tudo por l&a
Uma semana após Alexandre retornar de Curitiba, o questionei sobre seu pai, porque tinha certeza que meu ofendido namorado não vira mais o senhor Xavier desde a briga que tivera com ele. Minha suposição foi confirmada e eu protestei. - Alexandre, você não pode cortar relações com seu pai por minha causa, já faz tempo que não se falam e isso não está certo. – Alertei meu namorado logo cedo, ainda durante o café da manhã, contudo ele retrucou. - Carol, eu já disse que só volto a conversar com meu pai se ele se retratar com você. - Alexandre, você não pode ser tão radical assim. Não pode intimar o seu pai dessa forma, não é desse jeito que você vai conseguir o que quer. - Carol, me admira você falar isso, afinal você deveria ser a primeira pessoa a me
- Carol, espera, amor por favor, espera! Escutei os gritos de Alexandre enquanto eu ia em direção a porta da sala, não parei um instante para responder, porque tudo o que eu queria era sumir dali, mas quando estava com a mão na maçaneta Alexandre surgiu ao meu lado ofegante. - Por favor Carol, você não pode ir embora! Nós precisamos conversar! Ele segurou minha mão e eu o repeli. - Nós não temos nada o que conversar, portanto volte pra cama pra desfrutar do resto da noite com aquela mulher, seja ela quem for! - Não Carol, você não está achando que eu fui pra cama com aquela mulher, está? - Não foi?! Pois não foi isso o que eu acabei de ver? Você nu e uma mulher ao seu lado? - É a Suzana... - O que?! Gritei sem conseguir me c
Não sei ao certo quando parei de chorar, se foi quando vi meu reflexo no espelho evidenciando meu estado deplorável ou se foi quando escutei a porta da sala ser aberta. Eu saí do banheiro e dei de cara com Alexandre. - O que você veio fazer aqui? - Eu vim conversar, explicar o que aconteceu, amor! - Não me chame de amor, nem tão pouco perca seu tempo ou o meu tentando me ludibriar, porque eu não quero ouvir nada! - Carol, isso não é justo, eu posso explicar o que aconteceu. - Pode?! Puxa, que bom! Pena que eu não esteja disposta a ouvir, portanto vá embora! Empurrei Alexandre para ele me dar passagem, no entanto ele falou com firmeza. - Eu não vou embora até você escutar o que eu tenho pra dizer. - Não vai?! Pois isso é o que vamos ver! Eu vou chamar a pol&i
De uma escapada de manhã, o amor já é história pra vocêÉ um hábito que você está criando, este corpo está desesperado por algo de novoApenas uma questão de sentimentoEsses momentos de loucura com certeza passarãoE as lágrimas secarão enquanto você estiver partindo... Traduzi mentalmente a letra de A matter of feeling, um antigo sucesso de uma das minhas bandas favoritas, o Duran Duran, que apesar de não tocar com tanta frequência nas rádios hoje em dia, estava em alta no meu apartamento, porque era essa a trilha sonora do fim do meu romance com Alexandre. Duas semanas haviam se passado desde o terrível flagrante, mas apesar do tempo eu não podia afirmar que estava melhor, ao contrário, estava cada d
Cheguei exausto em casa, afinal não tinha descansado um instante sequer em Curitiba, contudo por mais que eu tivesse rodado a cidade averiguando em cada escritório de arquitetura o paradeiro de Suzana, nenhuma informação sobre aquela vagabunda tinha chegado a mim. Eu decidira procurar pela garota lá, depois que a ordinária desapareceu do meu escritório, afinal só se a reencontrasse teria alguma chance de convencê-la a contar a verdade a Carol. Porque infelizmente, por mais que eu tivesse tentado convencer minha namorada da minha inocência ela não acreditou em mim um único instante. Logo no início eu fui atrás de provas ou pistas no meu escritório que comprovassem a participação de Pedro no flagrante, afinal depois de confrontar meu pai, ainda na noite em que Carol me viu com Suzana, eu concluí que o único culpado era meu s&oac
Depois de deixar meu pai no seu prédio, resolvi procurar Carol. Eu não a via há três semanas, o tempo que estávamos afastados, apenas ouvia sua voz quando deixava mensagens no celular, mas apesar da minha insistência, Carol não falava comigo. Ainda assim eu não ia desistir. Ela era a mulher da minha vida, o meu verdadeiro amor e eu não deixaria que uma mentira acabasse com tudo. Por isso decidi procurá-la mais uma vez, agora para contar o que tinha feito nessas três semanas. Eu ia dizer sobre a busca frenética por pistas que fiz no meu escritório logo após o flagrante, sobre a descoberta de que o endereço de Suzana aqui em São Paulo era falso, sobre a briga com Pedro e minha última tentativa de achar algo para provar minha inocência indo até Curitiba, cidade natal de Suzana, segundo ela própria disse quando estivemos lá.
Escutei o barulho do chuveiro, abri os olhos e uma dor de cabeça horrível me fez fechar as pálpebras novamente. No entanto, os breves segundos em que estive de olhos abertos me mostraram que eu não estava na minha casa, ainda assim o local onde me encontrava agora era familiar. Meu coração saltou no peito e eu abri os olhos novamente. Vi a sala de Carol ao mesmo tempo em que percebi as cobertas sobre meu corpo e meus sapatos num canto próximos a janela. Ainda confuso, tentei lembrar o que tinha acontecido, como eu tinha ido parar ali, mas de repente o barulho do chuveiro cessou e eu escutei a porta do box bater. Pensei em Carol, minha ansiedade aumentou e com isso fechei os olhos, talvez fosse melhor fingir que eu ainda dormia. Continuei a ouvir a movimentação de Carol, a escutei ir para o quarto, abrir portas e gavetas enquanto eu mantinha os olhos fechados. Então
Queria afirmar que superei sem problemas o fim do meu namoro, no entanto isso não aconteceu. Apesar de ter aceitado a decisão de Carol, de ter parado de procurar provas que me inocentassem e também de ter cessado minhas mensagens de voz ou texto e idas ao apartamento dela, o fato é que eu sofri como nunca tinha sofrido na minha vida. Nem quando perdi minha mãe senti tanta dor e solidão como naqueles dias. No início, logo após o flagrante, eu estava mais desesperado para provar que dizia a verdade do que triste, claro que me aborrecia estar longe de Carol, mas no fundo eu tinha esperanças de que ela acabaria acreditando em mim e me aceitaria de volta, entretanto após conversarmos e ouvi-la falar sobre Caio, todas as minhas esperanças evaporaram e eu mergulhei num abismo. O final de semana do nosso último encontro foi sombrio e os dias seguintes ainda mais. Para piorar, Caro