Escutei o barulho do chuveiro, abri os olhos e uma dor de cabeça horrível me fez fechar as pálpebras novamente. No entanto, os breves segundos em que estive de olhos abertos me mostraram que eu não estava na minha casa, ainda assim o local onde me encontrava agora era familiar. Meu coração saltou no peito e eu abri os olhos novamente.
Vi a sala de Carol ao mesmo tempo em que percebi as cobertas sobre meu corpo e meus sapatos num canto próximos a janela.
Ainda confuso, tentei lembrar o que tinha acontecido, como eu tinha ido parar ali, mas de repente o barulho do chuveiro cessou e eu escutei a porta do box bater. Pensei em Carol, minha ansiedade aumentou e com isso fechei os olhos, talvez fosse melhor fingir que eu ainda dormia.
Continuei a ouvir a movimentação de Carol, a escutei ir para o quarto, abrir portas e gavetas enquanto eu mantinha os olhos fechados. Então
Queria afirmar que superei sem problemas o fim do meu namoro, no entanto isso não aconteceu. Apesar de ter aceitado a decisão de Carol, de ter parado de procurar provas que me inocentassem e também de ter cessado minhas mensagens de voz ou texto e idas ao apartamento dela, o fato é que eu sofri como nunca tinha sofrido na minha vida. Nem quando perdi minha mãe senti tanta dor e solidão como naqueles dias. No início, logo após o flagrante, eu estava mais desesperado para provar que dizia a verdade do que triste, claro que me aborrecia estar longe de Carol, mas no fundo eu tinha esperanças de que ela acabaria acreditando em mim e me aceitaria de volta, entretanto após conversarmos e ouvi-la falar sobre Caio, todas as minhas esperanças evaporaram e eu mergulhei num abismo. O final de semana do nosso último encontro foi sombrio e os dias seguintes ainda mais. Para piorar, Caro
São Paulo, 22 de agosto de 2010 Carol, hoje faz exatamente trinta e sete dias que nos separamos. Desde que você esteve aqui em casa pela última vez, eu conto cada dia que fico longe de ti. Queria dizer que estou bem, que superei o amor que sentia por você, mas estaria mentindo se afirmasse isso. Claro que fiquei magoado por tudo o que você me falou quando estive no seu apartamento naquele domingo, mas mesmo assim meu ressentimento não é maior do que a minha paixão. Não queria, de verdade eu queria esquecê-la, afinal você não acreditou em mim momento algum, mesmo que eu tenha jurado, feito tudo para provar que era inocente, ainda assim você duvidou de tudo o que eu contei. Chegou até a zombar das minhas teorias da conspiração, foi assim que se referiu a minha versão para os fatos, está lembrada?
Acabei deixando a carta para Carol na portaria do seu prédio, contudo não perguntei por ela, porque apesar das minhas palavras eu respeitaria o desejo dela e me manteria afastado, de qualquer modo se um dia Carol quisesse me procurar sabia que eu a receberia de braços abertos. Então, após deixar o Brooklin aproveitei a tarde de domingo para dar uma volta de moto pela cidade. Andei pelas ruas do bairro, segui para a Av. Nações Unidas e cheguei até a parar alguns minutos no edifício do grupo Bastos. Olhei a imponente construção e um misto de sentimentos me agitou. Orgulho pelo trabalho executado, decepção pela traição de Pedro, saudade dos momentos que passei ali com Carol. Tudo se tornou muito pesado de repente e eu parti, voltei para a minha casa. Estava sem fome, ainda assim decidi olhar a geladeira para ver o que minha empregada tinha deixado pronto, mas ant
Depois que Bia lançou a suposição de que Ricardo poderia ser o mentor do plano para me afastar de Carol, conversamos em detalhes sobre aquele dia. Repassei tudo o que tinha acontecido até mencionar a Bia sobre o telefonema que Suzana quis dar a um primo. Segundo ela, o tal primo poderia vir buscá-la, pois trabalhava aqui perto, no entanto Suzana alegou que seu celular estava sem bateria e pediu para usar o telefone daqui. Eu concordei e ao contar isso a Bia, ouvi: - Bem, é claro que você já telefonou para o número que a Suzana ligou, então... - Bia. – Interrompi minha prima e um tanto envergonhado eu contei. – Pra dizer a verdade eu não liguei para o telefone para o qual Suzana ligou, aliás até conversar com você eu nem sequer tinha pensado em fazer isso. - Então você não ligou para o tal primo? Para saber so
Tentei caminhar, seguir até o portão, no entanto levei alguns segundos para acreditar que Carol estava mesmo ali. Senti meu coração bater tão forte no peito que parecia até que ele era uma britadeira, então eu ouvi. - Oi, tudo bem? - Tudo. - Será que podemos conversar? Me dei conta que ainda estava parado a alguns metros do portão, então respondi. - Claro! – Andei rapidamente e destravei o portão, o abri e senti mais uma vez meu coração martelando dentro do peito. Encarei Carol, ela também me olhou nos olhos por breves instantes, mas logo abaixou a cabeça, ao fazer isso seu perfume chegou até mim e um misto de sentimentos me agitou, alegria, saudade, esperança... - Podemos entrar? Carol perguntou quando voltou a me olhar e ainda tonto eu respondi.&n
Depois de Carol partir eu voltei para sala, mas não consegui fazer nada. Estava abalado com os sentimentos que disputavam espaço no meu peito. Dor e ódio me consumindo. Andei de um lado para o outro pensando em Carol, relembrando sua conversa com Caio e sua confirmação que ainda estavam juntos e se até hoje pela manhã eu ainda me permitia nutrir o mínimo de esperança de um dia Carol voltar para mim, depois de hoje, essa esperança sumiu! Afinal se Carol ainda me amasse ela teria me pedido para voltar, mas não, ela não fez isso e para me confirmar o que havia me dito naquele dia no seu apartamento ainda ouvi sua conversa com Caio me mostrando que ela realmente estava em outra. A paixão por seu primeiro namorado tinha ressurgido aniquilando tudo o que ela sentiu por mim um dia, e se Carol teve a decência de vir aqui foi apenas porque se preocupou com o fato de meu irmão
Uma hora depois de deixar o apartamento do meu pai cheguei ao prédio do meu ex-sócio. Antes mesmo de tocar o interfone, ouvi. - Alexandre. - Manuel, é você? – Indaguei ao interfone reconhecendo a voz do porteiro do prédio, por coincidência o mesmo que estava trabalhando na noite em que briguei com Pedro e que obviamente soube o que tinha acontecido entre mim e meu amigo. - Sim, sou eu. - Como vai Manuel? - Bem, obrigado. - Que bom! O Pedro está? - Eu não sei, quer dizer, acho que sim, mas... - Escuta Manuel, você pode por favor interfonar e avisar que eu gostaria de conversar com ele? - Está bem, vou fazer isso. - Obrigado. Falei e aguardei enquanto pensava no receio do sujeito. Ele era um bom homem, eu o conhecia há bastante tempo, pois antes de
Na segunda-feira bem cedo liguei para o apartamento do meu pai. Conversei com a mesma empregada da véspera e fui informado que tanto Ricardo quanto meu pai já tinham voltado. Indaguei se meu irmão já havia saído para o trabalho e por sorte ouvi que não, havia chegado tarde e ainda dormia. Por isso me decidi, eu ia confrontá-lo naquela manhã. Saí de casa e em pouco tempo estava no apartamento dos Jardins. Não perguntei pelo meu pai, apenas confirmei com a empregada se Ricardo ainda dormia. Ao ouvir a resposta afirmativa eu disse: - Perfeito! Vou até o quarto dele. Fiz menção de deixar a sala, mas escutei. - Seu Alexandre, não seria melhor esperar o seu irmão acordar? Ele não gosta que o chamem quando vai dormir tarde. Virei-me para responder. - Não se preocupe, vou acordá