Se não senti vontade de manter contato com a família de Alexandre, não aconteceu o mesmo com relação aos seus colegas de trabalho, por isso quase uma semana depois da festa do grupo Bastos acompanhei meu namorado até seu escritório em Moema.
O lugar era extremamente agradável, ficava numa rua arborizada e o sobrado que abrigava o escritório era bastante charmoso e acolhedor.
Além das garotas que eu já havia conhecido, uma mulher na faixa dos quarenta e poucos anos chamada Elaine trabalhava como assistente. Ela me recebeu muitíssimo bem e apesar de não ser bonita, era simpática e bastante eficiente segundo Alexandre.
Meu namorado tinha sua própria sala, Pedro ocupava outra, mas Carla e Melissa dividiam o espaço num cômodo mais amplo, porém todos trabalhavam no segundo andar do sobrado e no térreo ficavam a recep&
Finalmente chegou o dia de ir para Ribeirão Preto e na estrada eu tentei me manter serena e não pensar muito nas reações dos meus pais quando conhecessem Alexandre. Dois dias antes eu havia ligado e contado à minha mãe que estava saindo com um homem, contudo não dei detalhes sobre meu namorado, apesar de dona Carmem me bombardear com perguntas. Eu não queria responder nenhuma delas por telefone e por isso disse que precisava terminar um relatório do hospital para entregar ao meu chefe. Então desliguei e tentei não pensar no assunto, mas faltando pouco mais de uma hora para chegar ao destino, comecei a sentir a ansiedade crescer cada vez mais. - No que está pensando, minha linda? Está tão calada! Olhei para Alexandre, era ele quem dirigia, estava atento ao volante, mesmo assim não parecia preocupado com nada, já eu estava quase dizendo para ele f
Apesar da discussão com minha mãe, ela não foi grossa com Alexandre, claro que não ficou saltitando de alegria pela casa, mas conseguiu pelo menos prestar atenção nele quando ele falava. Não era difícil porque Alexandre era o tipo de pessoa que cativava facilmente os demais, era simpático e tinha um bom papo e isso facilitou bastante o entrosamento com meu pai, meu sobrinho e com Camila, que só o conheceu no final do dia, porque tinha passado o feriado dando plantão no hospital, mas após jantarmos e arrumarmos a cozinha minha irmã comentou quando estávamos apenas nós duas. - Mas que gato você arranjou, heim?! Estou morrendo de inveja! - Ai Cacá! Eu ri, ela também, de qualquer modo eu sabia que sua fala não passava de brincadeira, porque de verdade nós nos dávamos muito bem, a
Na tarde de domingo voltei para São Paulo junto com meu namorado. Ele estava dirigindo, mesmo assim me perguntou pouco tempo depois de deixarmos a casa dos meus pais. - Algum problema, amor? Você parece triste. - Realmente estou um pouquinho, sempre fico assim quando vou embora, mesmo depois de tantos anos morando longe da minha família ainda não me acostumei com a distância e o tempo que fico sem vê-los. - Entendi, e acho que se estivesse no seu lugar também me sentiria mal, porque todos são ótimos! É uma bela família! - Você gostou deles? - Claro! De todos! Seu pai não é de muitas palavras, mas foi atencioso comigo, sua irmã também é simpática e seu sobrinho é um menino muito esperto. - E minha mãe? Qual foi sua impressão sobre ela? - Bem
Eu já havia rodado todo o shopping a procura de um presente para Alexandre, mas nada do que tinha visto até então me agradara. Claro que tinha encontrado roupas e calçados bonitos, mas o problema era que não tinha achado tais objetos interessantes para serem dados no dia dos namorados. Suspirei, antes de me sentar para tomar um chá, talvez um tempinho refletindo me ajudasse a decidir o que comprar, porém, meu celular tocou e ao ver o número me senti mais desanimada. - Alo. - Oi princesa, tudo bem? - Sim... - Tem certeza? Não é isso o que seu tom de voz está mostrando. Alexandre comentou. Não queria preocupá-lo, mas fui obrigada a ser sincera. - O problema é que estou no shopping há mais de duas horas e até agora não encontrei nada para lhe dar de presente amanhã.
No sábado trabalhei até uma da tarde e embora tenha passado a noite anterior com Alexandre, já estava com saudades, além de extremamente arrependida por ter esquecido o dia dos namorados; afinal, se não tivesse dado plantão no hospital eu poderia ter cuidado da minha aparência no período da manhã e desse modo teria o resto do dia livre para ficar com Alexandre. De qualquer modo não foi isso o que aconteceu e após a manhã cheia que tive, passei a tarde no salão de beleza. Só falei com meu namorado uma vez por telefone, quando recebi um lindo buque de flores e liguei para agradecer. Alexandre conversou um pouco comigo, sem o menor resquício de amargura que apresentou na véspera após encontrarmos Caio, mas ainda assim eu sabia que precisava recompensá-lo pelo meu lapso de memória numa data importante como a que iríamos comemorar. Por i
Quase uma semana depois do dia dos namorados voltei a casa de Alexandre. Ele havia me ligado na tarde de sexta-feira e pedido para eu ir ao seu encontro, porque estava cansado e não queria dirigir. Concordei, afinal não era certo apenas ele se deslocar com uma muda de roupas toda vez que íamos ficar juntos, mas ao separar as peças que levaria na mochila pensei novamente no pedido de casamento e no quanto ainda sentia meu peito doer por ter recusado. Racionalmente eu sabia que tinha feito a coisa certa, afinal como um casamento entre mim e Alexandre poderia ter futuro? Nós estávamos apaixonados é claro, no entanto meu namorado era jovem e eu pensava sempre nisso. Na diferença de idade, nas expectativas com o amanhã, no espírito livre de Alexandre, além é claro de relembrar as palavras de minha mãe, me dizendo que eu era uma aventura para alguém como meu namorado. Mas apesar
Depois de uma semana do desagradável encontro com o senhor Xavier Bastos, precisamente no dia vinte e cinco de junho, sexta-feira, acordei assustada após um terrível pesadelo. Não conseguia relembrar com detalhes as imagens do meu inconsciente, pois ele misturava pessoas e situações, contudo me lembro de estar chorando muito num quarto fechado e escuro, ao mesmo tempo em que via meu pai e também o senhor Xavier. Ambos discutiam, uma reprodução imparcial da briga que eu ouvira entre Alexandre e seu pai dias antes, de qualquer modo o mais impressionante no pesadelo foi a sensação de angústia que eu senti e que me fez acordar aos gritos. - Carol! Amor, o que houve? Com o coração acelerado levei alguns instantes para me situar no ambiente, até perceber que estava no meu quarto e Alexandre estava me observando preocupado. - Eu... eu est
Não há palavras para descrever o que foram aqueles dias após a morte do meu pai. Nunca em toda a minha vida eu tinha me sentido tão triste, e as sensações de vazio e melancolia não eram apenas minha, mas também de minha mãe, irmã e sobrinho. Claro que Tiago não compreendia muito a situação e as vezes perguntava pelo avô, contudo, quando Camila lhe explicava que o vovô não estaria mais conosco, meu sobrinho fazia um biquinho triste e indagava, nunca mais? Minha irmã apenas acenava em concordância tentando engolir o choro, porém a constatação do nunca mais era pesada demais para todos nós e cada um ficava num canto com sua própria dor. Apenas um fato me deu força, a presença constante de Alexandre. Ele providenciou tudo para viajarmos, malas, dinheiro, helicóptero, enfim, o que