O percurso até o Brooklin foi relativamente rápido, mas não o bastante para me tranquilizar, e só quando anunciei minha chegada ao porteiro do prédio onde Carol morava, me senti um pouco menos ansioso, mas ao ouvir o sujeito minha apreensão aumentou novamente.
- Ninguém atende no apartamento dela.
- Você sabe se ela saiu?
- Não posso afirmar, porque comecei a trabalhar aqui há dois dias e ainda não estou familiarizado com todos os moradores.
Merda! Ainda essa pra ajudar!
- Por favor, você pode interfonar no apartamento 56, gostaria de conversar com o Lucas ou o Gustavo, quem estiver em casa agora.
- Está bem, só um instante.
Aguardei impaciente, esperando que um dos vizinhos de Carol estivesse em casa e pudesse me informar algo a respeito dela. Eu não tinha muita inti
Fui a delegacia acompanhado de Gustavo. Lucas ficou no apartamento encarregado de ligar para os números da agenda do celular de Carol, no entanto, ainda que eu estivesse torcendo para ele ter sucesso e com isso descobrir algo sobre minha ex-namorada, não me senti confiante. Carol não tinha muitos amigos, na verdade as pessoas que ela considerava como tais eram seus vizinhos, nem mesmo as mulheres que faziam aula de balé, Carol via como amigas verdadeiras, de qualquer modo não podíamos deixar nada de lado. Por isso quando fui conversar com o delegado, contei tudo o que tinha acontecido nos últimos dias. A ida de Carol a minha casa no domingo à noite e minhas tentativas de falar com ela desde a madrugada de terça-feira, também contei que Caio tinha ligado para ela ontem à noite sem sucesso. - Certo, mas você é o que dela? – O delegado me perguntou. - Sou o ex-nam
Ao retornar ao Brooklin conversei com Lucas, contei sobre meu depoimento e as suspeitas do delegado. O vizinho de Carol também teve a mesma impressão de Gustavo quando eu relatei os fatos, no entanto não me acusou, na verdade foi bastante solidário. - Calma Alexandre, eu sei que você seria incapaz de fazer algo contra a Carol. Ela me contou o quanto você a ajudou quando o pai dela morreu e como você sempre foi bom com todos, portanto esqueça essa possibilidade e se concentre no seu irmão, porque infelizmente eu não consegui nada ligando para os números da agenda da Carol. - Você não obteve nenhuma informação? - Não, nada de importante. Aflito, passei os dedos pelos cabelos, afinal estava de mãos e pés atados. - Droga! Se pelo menos alguém soubesse de algo, poderia ajudar, mas a ún
Apesar de ter tido poucas horas de sono, saí de casa cedo para ir a sede do grupo Bastos. Estacionei meu carro numa das vagas destinadas a diretoria apenas com o intuito de procurar pelo Porsche de Ricardo, afinal se ele já estivesse lá eu poderia avisar o detetive, contudo não vi o carro do meu irmão e por isso fui ao escritório dele para conversar com sua assistente. Assim que me aproximei da mesa da jovem vi seus olhos brilharem, fato que acontecia sempre que eu aparecia na sede do grupo. - Olá Adriana, como vai? - Bem, obrigada e você? - Poderia estar melhor, mas em virtude dos últimos acontecimentos... - Claro, eu compreendo e lamento pelo seu pai. Aliás, todos aqui estão muito chocados com a morte repentina do senhor Bastos. - Sim, eu imagino, no entanto, uma pessoa em especial está me deixando mais preocupado, o meu irm&atild
Por mais que eu olhasse o relógio parecia que os ponteiros não saiam do lugar. Eu estava em casa a apenas uma hora, mas parecia que um dia inteiro tinha se passado desde que chegara da sede do grupo Bastos. Esse tempo desconexo começou a me deixar ansioso e para piorar minha sensação passei a pensar em como Carol estava. Se estava se alimentando, se estava protegida do frio, se de algum modo estava sendo torturada... Minha garganta fechou ao imaginar pessoas inescrupulosas e cruéis vigiando Carol e sem conseguir respirar eu fui até a janela da sala e a escancarei. Inspirei o ar frio de agosto, mas ele não ajudou em nada, continuei a me sentir aflito e uma sensação terrível de claustrofobia começou a me dominar. Então eu saí. Andei a esmo pelas ruas do bairro, até que me aproximei do meu escritório, vi o carro de Melissa estacionado e decidi entrar, talvez se
- Alexandre! Você está aí? Tive a impressão de ouvir alguém gritar, mas estava sem forças para agir, para me levantar do chão e ir até a entrada de casa. - ALEXANDRE! Sou eu, o Pedro! Se está em casa, abra a porta! Escutei batidas fortes na janela da sala e de repente saí do estado de torpor. Caminhei até a porta e a abri. - Cara, o que aconteceu? Encarei Pedro sem o ver de verdade, porque ainda me sentia tonto, como se tivesse acabado de acordar, ou melhor, como se tivesse despertado de um longo período de inconsciência. - Eu toquei a campainha várias vezes, porque vi seu carro e moto na garagem, mas como as luzes estavam apagadas fiquei na dúvida se você estava ou não, por isso resolvi pular o muro e chamar por você. Não falei nada, apenas virei as co
Não respeitei os limites de velocidade para sair de São Paulo e acessar a rodovia, nem tão pouco quando entrei na estrada que parecia um tapete de tão bem conservada que era. Por isso cheguei ao primeiro pedágio quinze minutos depois de ter saído de casa. Aproveitei que tinha parado na cabine e olhei meu celular. Li uma mensagem do detetive. Alexandre, eu perdi o seu irmão, houve um acidente na pista que o retardou por algum tempo, mas acho que ele percebeu que estava sendo seguido e conseguiu escapar. De qualquer forma já liguei para a polícia e passei o endereço do sítio, eu também estou indo pra lá. Minha adrenalina disparou ao terminar de ler e mais ansioso que antes eu torci para o carro a minha frente sair logo do pedágio facilitando assim minha passagem. Quando finalmente eu também tive
De algum modo eu consegui pilotar a moto até o hospital para onde Carol e Ricardo foram levados; meu irmão também tinha sido baleado, porém não me importei com ele, eu queria mesmo saber de Carol, por isso ao entrar no hospital eu corri em direção para onde Carol estava sendo levada, mas fui impedido de prosseguir. - Você não pode entrar! Precisa esperar aqui. - Mas a minha namorada levou um tiro, eu preciso saber como ela está! Respondi a um segurança mal humorado que não se mostrou nem um pouco sensível com o que eu tinha dito. - Lamento, mas são normas do hospital. Cerrei os punhos, estava disposto a socar a cara do infeliz se isso me permitisse entrar para ver Carol, no entanto alguém me chamou. - Alexandre. Virei-me e me surpreendi ao ver o detetive. - Senhor Rodolf
Não tenho palavras para descrever o que senti quando vi Carol deitada no leito do hospital. Como a enfermeira havia dito ela estava dormindo devido aos remédios e talvez permanecesse assim por mais algumas horas. Por isso me aproximei e toquei a pele da sua face com suavidade para não a acordar ou machucar, mas ao fazer isso vi um hematoma no seu rosto, que se iniciava próximo da orelha e se estendia até o queixo. - Meu Deus! O que aconteceu com você nesses dias, princesa? Passei os dedos sobre a mancha roxa sentindo meu peito doer ainda mais ao ver a marca de violência pela qual Carol passou e senti tanta pena dela quanto ódio do meu irmão. - Você me paga Ricardo! – Comentei em voz alta, porém vi Carol se mexer e receoso que acordasse eu interrompi minha fala. Claro que eu queria conversar com ela, ouvir da sua boca como estava, contudo, eu sabia que Carol preci