Não tenho palavras para descrever o que senti quando vi Carol deitada no leito do hospital. Como a enfermeira havia dito ela estava dormindo devido aos remédios e talvez permanecesse assim por mais algumas horas. Por isso me aproximei e toquei a pele da sua face com suavidade para não a acordar ou machucar, mas ao fazer isso vi um hematoma no seu rosto, que se iniciava próximo da orelha e se estendia até o queixo.
- Meu Deus! O que aconteceu com você nesses dias, princesa?
Passei os dedos sobre a mancha roxa sentindo meu peito doer ainda mais ao ver a marca de violência pela qual Carol passou e senti tanta pena dela quanto ódio do meu irmão.
- Você me paga Ricardo! – Comentei em voz alta, porém vi Carol se mexer e receoso que acordasse eu interrompi minha fala. Claro que eu queria conversar com ela, ouvir da sua boca como estava, contudo, eu sabia que Carol preci
Eu não queria sair de perto de Carol, mas enquanto eu não concordei em tomar pelo menos um café, Bia não me deu paz. Por isso eu deixei o quarto para ir até a lanchonete do hospital, mas poucos instantes depois me dei conta que tinha esquecido a carteira. Voltei para buscá-la, porém, ao abrir a porta meu coração disparou. Carol tinha acordado. Nos olhamos por uma fração de segundos, antes de ela abaixar a cabeça. Sua reação me deixou aflito e acho que por isso descontei em Bia minha ansiedade. - Por que você não me chamou quando ela acordou? - Ela acordou agora mesmo. Tentei não retrucar, afinal o que importava mesmo era falar com Carol, por isso me aproximei e num tom ameno perguntei: - Como você está? - Estou bem, um pouco confusa, mas estou bem. Eu sorri, no entanto me
Depois de ouvir meu relato, foi a vez de Carol me contar o que viveu na última semana. Sua narrativa se iniciou na noite do sequestro quando ela disse: - Na segunda-feira, após o balé, eu saí da academia por volta das dez da noite, fazia muito frio e por isso as ruas estavam desertas, procurei andar depressa até meu prédio, no entanto a poucas quadras de casa, vi um sujeito mal encarado, vestido todo de preto. Receosa, atravessei a rua, mas o homem me seguiu, eu apressei meus passos, mas não teve jeito, depois de alguns instantes fui agarrada pela cintura ao mesmo tempo em que um cheiro forte me invadiu, então não vi mais nada e quando acordei estava num quarto escuro, deitada sobre um colchão puído e sem nenhuma coberta. - Meu Deus amor, que horrível! Imagino o seu pavor ao acordar. - Sim, eu realmente fiquei apavorada e a primeira coisa que pensei fo
A narrativa de Carol sobre seus dias no cativeiro me deixou preocupado, no entanto não pude pensar nos detalhes dos fatos porque Bia retornou e com isso a conversa sobre o sequestro chegou ao fim. Apresentei minha prima a Carol e vi a simpatia imediata que surgiu entre elas, por isso concordei em sair para comer alguma coisa, mas acabei modificando meus planos e pedi a Bia que ficasse com Carol para eu poder ir a São Paulo trocar minha moto pelo meu carro, afinal devido ao ferimento no ombro seria complicado para minha namorada ir embora comigo quando tivesse alta. Porém, no caminho até a capital não deixei de relembrar os dias de terror vividos por Carol, e enquanto pilotava ia listando mentalmente tudo o que precisava fazer. A primeira coisa evidentemente era contratar um guarda-costas para a minha namorada, afinal pelo que supúnhamos o tal Navalha continuava solto e como o bandido não escondeu o rosto em
Ao retornar ao quarto vi Carol acordada novamente, ela parecia bem disposta, conversando e rindo com Bia, também sorri, antes de escutar. - Alexandre, nunca vou te perdoar por não ter me apresentado sua prima antes, a Bia é um doce de pessoa! Eu assenti. - Realmente ela é muito legal, mas como já passou a perna em mim uma vez ao ficar com uma garota que eu estava afim, achei mais prudente mantê-la longe de você. Comentei antes de me inclinar e beijar Carol, mas ouvi o protesto de Bia. - Alexandre! O que a Carol vai pensar de mim ao escutar você dizer isso? - Vai pensar a verdade, que você tem o mesmo bom gosto que eu quando o assunto é mulher, não é? Bia riu. - É verdade. – Ela admitiu e voltou a olhar para a minha namorada. – Carol, sabia que muitas vezes quando saía
De maneira inacreditável consegui dormir uma noite inteira tranquilo e sem pesadelos no sofá-cama disponível no quarto de Carol. Acho que saber que ela estava segura e que agora estávamos juntos novamente ajudou, assim como o cansaço físico e o stress acumulado pelos últimos acontecimentos. De qualquer forma o importante agora era preparar as coisas para a nossa partida e, por isso, eu me levantei quando Carol ainda dormia. Olhei seu rosto lindo e sorri, no entanto, não foi um sorriso despreocupado, porque ao ver seu hematoma, as recordações do seu sofrimento retornaram e eu pensei em quantas pendências restavam. Batidas na porta do quarto chamaram minha atenção e eu vi a copeira surgir trazendo o café da manhã. Agradeci, mas esperei a mulher sair para acordar Carol. Aproximei-me da cama e beijei seu rosto. - Bom dia princesa, dormiu bem? –
Não contei a Carol que tinha ido ver meu irmão, menos ainda falei a respeito do que ele dissera sobre meu pai, afinal não podia ser verdade, meu pai não esconderia de mim algo tão importante, porque ele viu como eu fiquei mal por estar separado de Carol, portanto Ricardo estava mentindo sim. Ele queria se vingar pelas coisas que eu tinha dito e por isso inventou tal intriga. Convicto disso procurei me concentrar apenas na linda mulher ao meu lado, que em poucos minutos estaria diante do delegado de polícia para contar mais uma vez o inferno que viveu, contudo, quando chegamos a delegacia, Carol me pediu para ficar do lado de fora da sala, mas eu protestei. - Amor, quero acompanhar seu depoimento, você pode precisar de mim. - Não Alexandre, prefiro que espere aqui fora, por favor. - Mas... - Por favor. – Carol falou ao mesmo tempo em que levava seus dedos aos meus l&aa
Apesar do jantar ter sido descontraído continuei a achar Carol estranha. Nem Lucas ou Gustavo comentaram nada, porém eu conhecia minha namorada a fundo e sabia que algo tinha acontecido na minha ausência sim, por isso, quando fiquei a sós com Carol após a partida dos seus amigos eu voltei a comentar. - Estou te achando tensa, amor, o que houve? - Nada. - Carol, eu conheço você. Quando eu saí você estava relativamente bem, mas quando retornei achei você estranha, por que? - Impressão sua Alexandre, eu não estou estranha, estou apenas cansada, afinal foi um dia cheio em todos os aspectos, com minha ida a delegacia, depois a conversa com minha mãe, o reencontro com meus amigos, enfim, tudo isso mexeu comigo, mas é natural, não é? Afinal acho que qualquer um que tenha passado pelo que eu passei fica sensível, ca
Na manhã de segunda-feira acompanhei Carol até a clínica de Vagner. Ela foi pedir ao chefe mais alguns dias de folga, porque em breve deveria retornar ao trabalho, no entanto, ainda não tinha condições emocionais de fazê-lo. Claro que para justificar tal pedido Carol foi obrigada a contar tudo o que viveu nos últimos dias e ao ver a expressão de choque no rosto do meu velho amigo eu voltei a sentir ódio do meu irmão. De qualquer modo tentei não pensar nisso, apenas para me concentrar unicamente na minha namorada, contudo, quando estávamos deixando a clínica de ortopedia e seguindo para o hospital onde Carol trabalhava com o propósito de entregar ao seu outro chefe o falso atestado médico emitido por Vagner para manter Carol de licença pelo resto da semana, meu celular tocou e eu acionei o viva voz para atender enquanto dirigia. - Alo.