Apesar de ter tido poucas horas de sono, saí de casa cedo para ir a sede do grupo Bastos. Estacionei meu carro numa das vagas destinadas a diretoria apenas com o intuito de procurar pelo Porsche de Ricardo, afinal se ele já estivesse lá eu poderia avisar o detetive, contudo não vi o carro do meu irmão e por isso fui ao escritório dele para conversar com sua assistente. Assim que me aproximei da mesa da jovem vi seus olhos brilharem, fato que acontecia sempre que eu aparecia na sede do grupo.
- Olá Adriana, como vai?
- Bem, obrigada e você?
- Poderia estar melhor, mas em virtude dos últimos acontecimentos...
- Claro, eu compreendo e lamento pelo seu pai. Aliás, todos aqui estão muito chocados com a morte repentina do senhor Bastos.
- Sim, eu imagino, no entanto, uma pessoa em especial está me deixando mais preocupado, o meu irm&atild
Por mais que eu olhasse o relógio parecia que os ponteiros não saiam do lugar. Eu estava em casa a apenas uma hora, mas parecia que um dia inteiro tinha se passado desde que chegara da sede do grupo Bastos. Esse tempo desconexo começou a me deixar ansioso e para piorar minha sensação passei a pensar em como Carol estava. Se estava se alimentando, se estava protegida do frio, se de algum modo estava sendo torturada... Minha garganta fechou ao imaginar pessoas inescrupulosas e cruéis vigiando Carol e sem conseguir respirar eu fui até a janela da sala e a escancarei. Inspirei o ar frio de agosto, mas ele não ajudou em nada, continuei a me sentir aflito e uma sensação terrível de claustrofobia começou a me dominar. Então eu saí. Andei a esmo pelas ruas do bairro, até que me aproximei do meu escritório, vi o carro de Melissa estacionado e decidi entrar, talvez se
- Alexandre! Você está aí? Tive a impressão de ouvir alguém gritar, mas estava sem forças para agir, para me levantar do chão e ir até a entrada de casa. - ALEXANDRE! Sou eu, o Pedro! Se está em casa, abra a porta! Escutei batidas fortes na janela da sala e de repente saí do estado de torpor. Caminhei até a porta e a abri. - Cara, o que aconteceu? Encarei Pedro sem o ver de verdade, porque ainda me sentia tonto, como se tivesse acabado de acordar, ou melhor, como se tivesse despertado de um longo período de inconsciência. - Eu toquei a campainha várias vezes, porque vi seu carro e moto na garagem, mas como as luzes estavam apagadas fiquei na dúvida se você estava ou não, por isso resolvi pular o muro e chamar por você. Não falei nada, apenas virei as co
Não respeitei os limites de velocidade para sair de São Paulo e acessar a rodovia, nem tão pouco quando entrei na estrada que parecia um tapete de tão bem conservada que era. Por isso cheguei ao primeiro pedágio quinze minutos depois de ter saído de casa. Aproveitei que tinha parado na cabine e olhei meu celular. Li uma mensagem do detetive. Alexandre, eu perdi o seu irmão, houve um acidente na pista que o retardou por algum tempo, mas acho que ele percebeu que estava sendo seguido e conseguiu escapar. De qualquer forma já liguei para a polícia e passei o endereço do sítio, eu também estou indo pra lá. Minha adrenalina disparou ao terminar de ler e mais ansioso que antes eu torci para o carro a minha frente sair logo do pedágio facilitando assim minha passagem. Quando finalmente eu também tive
De algum modo eu consegui pilotar a moto até o hospital para onde Carol e Ricardo foram levados; meu irmão também tinha sido baleado, porém não me importei com ele, eu queria mesmo saber de Carol, por isso ao entrar no hospital eu corri em direção para onde Carol estava sendo levada, mas fui impedido de prosseguir. - Você não pode entrar! Precisa esperar aqui. - Mas a minha namorada levou um tiro, eu preciso saber como ela está! Respondi a um segurança mal humorado que não se mostrou nem um pouco sensível com o que eu tinha dito. - Lamento, mas são normas do hospital. Cerrei os punhos, estava disposto a socar a cara do infeliz se isso me permitisse entrar para ver Carol, no entanto alguém me chamou. - Alexandre. Virei-me e me surpreendi ao ver o detetive. - Senhor Rodolf
Não tenho palavras para descrever o que senti quando vi Carol deitada no leito do hospital. Como a enfermeira havia dito ela estava dormindo devido aos remédios e talvez permanecesse assim por mais algumas horas. Por isso me aproximei e toquei a pele da sua face com suavidade para não a acordar ou machucar, mas ao fazer isso vi um hematoma no seu rosto, que se iniciava próximo da orelha e se estendia até o queixo. - Meu Deus! O que aconteceu com você nesses dias, princesa? Passei os dedos sobre a mancha roxa sentindo meu peito doer ainda mais ao ver a marca de violência pela qual Carol passou e senti tanta pena dela quanto ódio do meu irmão. - Você me paga Ricardo! – Comentei em voz alta, porém vi Carol se mexer e receoso que acordasse eu interrompi minha fala. Claro que eu queria conversar com ela, ouvir da sua boca como estava, contudo, eu sabia que Carol preci
Eu não queria sair de perto de Carol, mas enquanto eu não concordei em tomar pelo menos um café, Bia não me deu paz. Por isso eu deixei o quarto para ir até a lanchonete do hospital, mas poucos instantes depois me dei conta que tinha esquecido a carteira. Voltei para buscá-la, porém, ao abrir a porta meu coração disparou. Carol tinha acordado. Nos olhamos por uma fração de segundos, antes de ela abaixar a cabeça. Sua reação me deixou aflito e acho que por isso descontei em Bia minha ansiedade. - Por que você não me chamou quando ela acordou? - Ela acordou agora mesmo. Tentei não retrucar, afinal o que importava mesmo era falar com Carol, por isso me aproximei e num tom ameno perguntei: - Como você está? - Estou bem, um pouco confusa, mas estou bem. Eu sorri, no entanto me
Depois de ouvir meu relato, foi a vez de Carol me contar o que viveu na última semana. Sua narrativa se iniciou na noite do sequestro quando ela disse: - Na segunda-feira, após o balé, eu saí da academia por volta das dez da noite, fazia muito frio e por isso as ruas estavam desertas, procurei andar depressa até meu prédio, no entanto a poucas quadras de casa, vi um sujeito mal encarado, vestido todo de preto. Receosa, atravessei a rua, mas o homem me seguiu, eu apressei meus passos, mas não teve jeito, depois de alguns instantes fui agarrada pela cintura ao mesmo tempo em que um cheiro forte me invadiu, então não vi mais nada e quando acordei estava num quarto escuro, deitada sobre um colchão puído e sem nenhuma coberta. - Meu Deus amor, que horrível! Imagino o seu pavor ao acordar. - Sim, eu realmente fiquei apavorada e a primeira coisa que pensei fo
A narrativa de Carol sobre seus dias no cativeiro me deixou preocupado, no entanto não pude pensar nos detalhes dos fatos porque Bia retornou e com isso a conversa sobre o sequestro chegou ao fim. Apresentei minha prima a Carol e vi a simpatia imediata que surgiu entre elas, por isso concordei em sair para comer alguma coisa, mas acabei modificando meus planos e pedi a Bia que ficasse com Carol para eu poder ir a São Paulo trocar minha moto pelo meu carro, afinal devido ao ferimento no ombro seria complicado para minha namorada ir embora comigo quando tivesse alta. Porém, no caminho até a capital não deixei de relembrar os dias de terror vividos por Carol, e enquanto pilotava ia listando mentalmente tudo o que precisava fazer. A primeira coisa evidentemente era contratar um guarda-costas para a minha namorada, afinal pelo que supúnhamos o tal Navalha continuava solto e como o bandido não escondeu o rosto em