Capítulo 4 O desconhecido

Acho que acabei pegando no sono.

Olho em volta tentando encontrar algo familiar, mas nada aqui é pessoal.

Estou em um quarto, como cheguei aqui???

Olho em volta e estou sozinha, mas…

”Aiii… que merda!!!", que legal, ainda estou sob efeito do álcool.

"Não devia ter exagerado tanto", falo para mim mesma.

Nossa, as lembranças da bebedeira me chegam aos montes e deixam claro que fui além do que poderia.

Volto a encarar o quarto, tudo muito bem decorado e aconchegante.

Minha cabeça está bem entorpecida pela bebedeira.

Nesse momento a lembrança do desconhecido também chega e nossa, o que foi aquilo???

E põe nossa nisso!!!

Pois, será que vivi mesmo o que vivi???

Será que sonhei???

Será que imaginei tudo isso?!?

Estranho!!!

Mas minhas partes lá embaixo me deixam claro que não!!!

Que não foi sonho, nem tão pouco delírio.

O formigamento de que meu parque de diversão foi muito bem aproveitado, deixa nítido que alguém esteve se divertindo lá embaixo.

No entanto, estou ao que parece sozinha!

E acabo lembrando completamente da noite incrível que vivi ao lado de um homem com um olhar tão único e intenso. As lembranças das suas carícias, dos seus beijos, de tudo o que nos proporcionamos chegam com toda força em mim.

Mas cadê o Everest?!?

Continuo olhando e não há mais ninguém comigo.

Parece que estive sozinha o tempo todo.

Será que alucinei???

Pode ser efeito da bebida?!?

Será que passei mal e me trouxeram para cá???

Mas minha vitalidade lá embaixo, me fala que ela foi muito bem cuidada e não faz muito tempo.

Percebo que há uma porta entreaberta no quarto e acho que pode ser um banheiro.

Me forço a levantar, pois minhas pernas não querem atender meu chamado.

Me obrigo a ir ao banheiro e lá faço uma toalete, pois preciso me recompor.

Volto ao quarto para colocar minhas vestes, pois não estou desfrutando de nenhuma roupa, tudo me foi tirado.

Coloco meu vestido, o sutiã sem alça que estava usando, mas procuro pelo quarto minha calcinha preta do conjunto e cadê a danada da calcinha.

Nada!!!

Reviro tudo e nada de encontrar a infeliz!

Acabo deixando para lá, afinal, não posso passar horas aqui procurando a danada de uma calcinha perdida, melhor me arrumar e sair.

Assim que saio do quarto, percebo que é uma área restrita, que parece não dar acesso aos demais convidados da festa.

Fico desconsertada em sair, mas preciso. Sem condições de seguir a noite.

Ainda sinto o efeito do álcool e essa leseira não está me ajudando muito.

Depois desse Everest me alcançar, melhor bater em retirada.

Quando estou saindo, um senhor caminha em minha direção.

"Boa noite senhorita, sou Antônio Dupret, estou a sua disposição para levá-la onde quiser"

O homem que estava na porta quando cheguei, parece atento ao que está acontecendo e vem até mim.

"Pode confiar no Antônio, ele trabalha em nossas festas e isso é uma cortesia da organização"

Fico um pouco mais aliviada com aquelas informações, agradeço ao homem da porta e vou com o Antônio até um luxuoso carro.

"Senhorita só preciso do seu endereço"

"Ah desculpa, estou distraída"

E assim falo meu endereço, ele coloca o carro em movimento e tempos depois estou na segurança do meu lar.

Tomei um banho, tentando processar a noite.

Porque não esperava viver nada do que vivi ali e de repente, aqui estou eu tentando saber quem era o Everest, que me levou daquela maneira.

Agora, como vou saber sobre um homem que eu não faço ideia de quem seja.

Pois não trocamos uma única palavra.

Apenas deixamos com que nossa natureza falasse por nós o tempo todo.

Foi algo incrível, único!

Nunca vivi nada como isso!

Nunca deixei ninguém me levar assim!

No entanto, tudo o que desfrutamos fez com que por aqueles momentos, muito do que eu ainda guardava de raiva pelo safado do Samuel, sumisse!

Mas como vou saber quem era o fantástico Everest???

Não tenho nem por onde procurar.

Mas quer saber, não entendi nada até agora. Ainda sinto a brisa da bebedeira, acho que não escaparei de um boa ressaca.

Mas nem ligo, a diversão inesperada da noite valeu cada gole de bebida.

Melhor dormir, depois falo com a Erika sobre a festa, porque essa sim me deve explicações, pois me deixou na mão a noite toda.

Vai saber se ela na consegue me ajudar a descobrir mais sobre aquele delicioso estranho.

Dias depois…

"Papai eu sei, que temos um combinado", falo para meu pai ao telefone.

"Marcela, sei que te apoiei em todo o processo da criação dessa empresa… mas filha, você precisa dar um passo maior, se você quer ser reconhecida nesse meio vinicultor"

"Falando assim, até parece que não quero, papai!!!"

Percebo meu pai respirar pesadamente.

"Marcela, meu anjo de cabelos vermelhos, desde quando arriscar não é algo bom? Minha pequena, o não, você já tem! Agora precisa buscar o seu sim!!!”

"Papai, eu queria esperar mais, não acho que esteja a altura de encarar uma marca como essa agora"

"Minha querida, vai por seu velho aqui, a hora é agora e o momento é já… e dito isso, entrei em contato com o representante da marca e agendei um horário para você meu amor"

Fico estarrecida com o que ouço.

"Papai, você não fez isso?!?”

"Claro que fiz, aproveitei da amizade que temos em comum, dado ao meio que frequentei durante esses mais de trinta anos como Sommelier e sim, marquei esse encontro. Já mandei tudo para Erika e enfim, agora é com você"

Me sinto frustrada, porque de maneira nenhuma queria que as coisas seguissem assim.

Meu pai me conhece e sai falando:

"Amore, eu sei da sua competência, do seu conhecimento e do quanto você está mais que pronta para encarar essa nova etapa. Essa marca irá trazer tantas outras oportunidades, faça como sempre faz… com carinho e amor, que tudo já deu certo!!!"

Meu pai tem essa coisa de ser grande em todo o tempo.

Grande no amor, grande na compreensão e maior ainda em me apoiar.

Eu cresci vendo ele se tornar o grande conhecedor de vinhos que é, estava com ele em cada nova oportunidade que surgia e sem medo meu pai a encarava. Ele dizia, que depois que mamãe nos deixou, foi a forma que ele encontrou de seguir em frente e ser algo maior e melhor do que já era.

Com isso, aprendi muito sobre vinhos, sobre uvas, sobre esse mundo tão especial que essa bebida tão milenar promove.

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