Capítulo 5 Sem canalhice

Minha mãe era uma pessoa que vivia para o mundo, quando meu pai se casou com ela, sabia que não havia laços suficientes fortes para mantê-la em um lugar apenas. E foi assim, quando eu tinha apenas quatro anos de idade que ela nos deixou. Ela foi embora, dizendo que nos amava o suficiente para não querer forçar a nós sua tristeza e amargura, ela sempre foi um pássaro livre e quando se casou com meu pai, deixou sempre claro essa possibilidade de passar pela porta sem olhar para trás.

Meu pai quis arriscar, pois se apaixonou por ela, acreditou que dando a ela um lar e segurança financeira, seria isso o suficiente para ela permanecer com ele.

Mas infelizmente a felicidade dele não estava apenas em seu querer, mas dependia da minha mãe também e assim ficamos sozinhos.

Quando eu tinha doze anos, chegou a notícia de que minha mãe havia sofrido um AVC e não havia resistido.

Vi meu pai ficar triste, pois sabia que lá no fundo ele nutria a esperança dela voltar em algum momento. Mas nem sempre a vida consegue seguir o que planejamos e assim seguimos como sempre foi, meu pai e eu.

Ele teve alguns namoricos, mas sempre me disse que não queria se relacionar sério com ninguém, pois estava feliz à sua maneira.

Quando sai de casa para estudar, ele ficou bem, porque trabalhava ainda como Sommelier e vivia viajando para muitos lugares.

Hugo Schaffer é um respeitado Sommelier internacionalmente conhecido e com isso, quando tive a ideia de abrir um ecommerce na rede, que juntasse o que há de melhor dos vinhos para fazer chegar em todos os lugares, meu pai me ajudou muito e mais ainda, meu sobrenome me abriu muitas possibilidades, mesmo eu não o vinculando a minha empresa.

Comecei meu trabalho sozinha, foi bem difícil no começo pois só tinha a ideia e mais nada. Mas corri atrás, busquei cursos e mais cursos, busquei formação e enfim, me tornei empreendedora e Sommelier como meu pai.

Hoje minha empresa ocupa um prédio de dois andares. Tenho em meu portfólio algumas marcas bem reconhecidas e já lancei algumas outras no mercado. Nossa empresa é especialista em trazer algo bom e de qualidade, buscando sempre lançar produtos de alta qualidade e que alcance todos os bolsos. Assim, estamos sempre em busca de novidades.

E agora estou eu a caminho de encontrar o representante de uma das maiores marcas de vinho e não só uma grande marca, mas uma marca que não abre caminhos para muita gente.

Achei que seria muito mais difícil minha conversa com o senhor Gregory, pois dada a importância da marca. No entanto, ele passou a maior parte do tempo relembrando histórias com meu pai.

Os dois passaram um bom tempo trabalhando juntos, quando meu pai prestava assistência a uma importadora de vinhos.

Ali surgiu a grande amizade entre eles e ele me fez prometer que levarei meu pai ao seu vinhedo, pois faz questão de ter a opinião dele sobre sua produção de uvas.

Esqueci de mencionar, meu pai também ajudou muitos produtores de vinhos com seus vinhedos, eles sempre buscaram a ajuda do meu pai para poder produzir uma boa uva para se chegar a um vinho ainda melhor.

É, meu pai é o cara do vinho!

Volto para a empresa satisfeita, Gregory me deixou claro que nossa negociação está bem firmada, que será difícil sua cliente não aceitar a proposta. Isso me deixou bem feliz e meu pai ficou eufórico, pois ele disse que sabia que tudo iria dar certo.

Acho que meu pai mexeu mais que seu pauzinhos para me ajudar nessa negociação.

Mas quer saber, tanta gente gostaria de ter um pai e uma mãe dando força, ajudando e apoiando, mas muitas vezes não tem.

Agora euzinha aqui, que tenho o melhor pai do mundo vou ficar reclamando?

Mas não vou mesmo!

Se meu pai sabe os caminhos, foi porque desbravou primeiro.

Foi lá e fez por merecer adentrar a esses espaços.

E se agora, ele me quer adentrando, estou mais do que pronta para caminhar.

Chego na empresa e Erika está em sua sala ao telefone.

Aceno para ela, que me fala por gestos, que depois vai até minha sala.

Meu pessoal de marketing está me aguardando, só tenho tempo de ir ao banheiro e beber um copo de suco que peguei em meu frigobar.

Tenho muita coisa para fazer.

O dia está cheio como sempre.

Volta e meia, me vejo lembrando daquele episódio da festa.

Uau, nunca havia tido uma festa daquela!

Nossa, lembrar de tudo o que eu e o Everest fizemos.

Nossaaaa, chega sinto as borboletas vibrarem em minha barriga com a lembrança.

Mesmo com meus dias corridos, entre uma coisa e outra me surpreendo tentando imaginar quem era aquele Everest que veio e nos levou daquela maneira.

Por mais bizarro que seja, Erika acabou indo parar em uma outra festa naquela noite. Ela não soube me explicar como isso foi possível, pois ela não lembrava de ter trocado os convites.

E assim, ela não conseguiu me ajudar a descobrir quem era o estranho.

Claro que omiti toda a história, porque como vou contar para minha amiga que deixei ser levada daquela maneira por um estranho, me deixando ser explorada de uma maneira absurdamente ousada.

Não sou nenhuma santarrona, mas também não sou nenhuma depravada. Não sou uma mulher cheia de experiências, ao contrário, coleciono desastres e mais desastres.

O último cara com que me relacionei era um tremendo idiota, ele veio atrás de mim não pelo que eu era, mas pelo meu conhecimento e bagagem em vinhos.

Você acredita que o maldito tinha até noiva!

Sim, o canalha do Samuel me escondeu isso durante seis meses.

Seis malditos meses!

Descobri por um acaso, fui em uma feira de vinhos regionais, pois meu pai seria um dos palestrantes naquele dia e o imbecil nem acabou se ligando que eu poderia estar com meu pai.

Ele não teve esse cuidado, para seu azar e para minha total sorte. Pois aquele safado iria continuar me enganando, disso não tenho dúvidas!

Ah, essa canalhice eu tenho que contar.

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