A noite já está caindo e resolvo pegar a estrada secundária para voltar a fazenda. Mas de repente o motor do triciclo para. "Essa não!!!” Tento religar e nada! Vejo que tenho combustível, ao menos é o que diz o painel. E para minha felicidade, não trouxe meu telefone. Acabei deixando ele na cômoda do quarto. "Sou uma imbecil… saio de casa sem telefone e sozinha! Agora como vou voltar?!?” A estrada parece esquecida, não há vestígio de que muitos carros passem por ali. "A inteligente aqui ainda vai e pega a estrada menos movimentada" O sol já está se pondo e continuo aqui, sozinha. Não sei o que vou fazer. O vento frio começa a aparecer e meu Deus, se anoitecer como vou caminhando até a sede da fazenda. Cansada de esperar, resolvo sair andando, ao menos posso encontrar algum camponês no meio do caminho. E quando estou começando a andar, ouço um barulho de carro. Seja lá quem for, vou aproveitar para pedir uma carona. Vejo os farois vindo e balanço meus braços
Não sei que bicho mordeu meu pai, mas há muitos anos ele não fala assim comigo. "Monica vou abusar da sua hospitalidade… pede para uma das meninas, me levarem no quarto um leite com aquele pão que você fez no café da manhã, se ainda tiver… vou arrumar minhas malas e me deitar" Moni sorri, deixando claro que irá pedir. Saio andando, mas me viro e falo: "Gregory, pede para um dos meninos irem na estrada secundária… o triciclo parou de repente e só cheguei em casa graças ao seu funcionário… se não fosse por ele, possivelmente teria que andar até aqui" Meu pai fica com aquela cara, o que foi que eu fiz?!? Mas já estou bem azeda para lidar com ele. Além de ter minha boca invadida por aquele neardental, agora vem meu pai com crise de excesso de proteção. Melhor deixar para conversar com meu pai em outro momento Vou para o quarto. Tomo um banho, Moni veio pessoalmente me trazer o café que pedi. "Você não precisava me trazer. Era só me falar que eu buscava" "Que nada lindeza, a
Erika me coloca a par de tudo que preciso para seguir meus dias. Meu Deus quanto trabalho! Já pela manhã saio fazendo algumas ligações, vendo alguns documentos e assim, minha rotina de trabalho me alcança. Algumas vezes me pego pensando no estranho e nossa noite incrível, outras me vejo lembrando daquele Shrek dos tempos modernos e sua boca atrevida. Preciso encontrar um meio de deletar esses dois da minha vida. Hoje estarei me reunindo com o representante dos vinhos Martelli. Estou muito feliz por esse feito. Papai tinha razão em me persuadir a ir além, muitas vezes precisamos deixar nossa zona de conforto e encarar novos desafios. Mesmo eu me sentindo pronta, fui! E aqui chegamos nós! Em vias de fechar um grande negócio. Essa conquista trará muitas possibilidades juntas. Novas portas irão se abrir. "Marcela, o pessoal da empresa já te espera na sala de reuniões", me avisa Erika, pelo telefone da minha mesa. Saio em direção a reunião, feliz por estar dando um g
Os Martelli já estão na sétima geração de fabricação de vinhos. O que começou meio que regionalizado, hoje é nome de requinte e bom gosto, quando se depara com uma garrafa à mesa. Os vinhos Martelli já estiveram em mesas que jamais marca alguma chegará! E isso torna ainda mais valioso essa parceria. Os vinhos Martelli já chegaram à realeza, pois há séculos são o único vinho consumido pela monarquia de um grande país europeu. Alguns chefes de estado fazem questão de ter em suas recepções, os vinhos e espumantes Martelli, o que eleva ainda mais o patamar da marca. E mais, são eles os responsáveis pelas garrafas de espumante usadas na Fórmula 1, algo que o bisavô do Ícaro conseguiu e que se mantém até hoje, foi incorporado a mais três categorias que a marca passou a patrocinar. Além de serem os queridinhos de muitos Sheiks árabes, entre outros figurões da sociedade mundial. Essa marca, por si só, já abre muitas portas, devido a sua grande importância no mercado. É uma chance q
E sorrio, indo de encontro a ele. "De verdade, acabei decidindo vinte minutos atrás " "E você me fala uma coisa dessa assim, na lata dona Marcela!" "Ueh… desde quando mentimos um para o outro " E caímos na risada. "Deixa eu te apresentar meu novo cliente…" "Cliente não Dona Marcela! Já passamos dessa fase faz tempo!", me corta Ícaro com um largo sorriso no rosto. "Verdade! Corrigindo, deixa eu te apresentar meu AMIGO Ícaro Martelli" "Não pode ser?!? Você não traria um membro da vinícola Martelli sem me avisar" Balanço a cabeça afirmando que sim. "Não acredito que estou recebendo um Martelli em minha sala de vinhos… eu não acredito Marcela que você está fazendo isso, sem me avisar!!! Que bela amiga você está sendo!!!" E quando vou responder, Ícaro se antecipa: "Olha, se isso te ajuda… não me serve nada relacionado a minha família, que já te perdoou!" E todos caímos na risada. Saio levando Ícaro para meu sofá favorito. Ele fica num cantinho, que não chama muito atenção,
Ícaro para pensar. "Marcela, podemos segurar a entrega por quantos dias?" "Por até dez dias corridos" "Nesse prazo conseguimos a distribuição?", Ícaro pergunta ao ogro. "Posso garantir até antes" "Perfeito, mamãe e Marcela, vamos manter nossos planos. Urias, pegue alguns homens e já troque as caixas de lugar" Meu pai vai com Urias e Ícaro ajudar. E eu fico na maior aflição de que tudo dê certo para amanhã. Porque planejamos tanto, fizemos uma grande campanha publicitária para ver tudo ruindo assim. Espero de verdade que esses vinhos façam sucesso, pois pode ser nossa sentença ao fracasso e logo agora que passamos a trabalhar juntos. Mas vamos lá, pensamentos positivos é o que precisamos, não posso sequer imaginar algo ruim nos acontecendo. Não precisamos dessa nuvem negra sobre nós! E pensando assim, saio para ajudar. Ficamos terminando de organizar as coisas e ao finadar da noite nos despedimos na porta do salão. "Bom, no final, parece que conseguimos organizar t
E subimos as escadas. Ele para diante da porta que falei e eu sigo até o final do corredor onde fica meu quarto, mas paro antes de entrar e olho para ele que está parado me olhando. Percebo algo acontecendo dentro de mim, com seus olhos me encarando. Algo estranho, fico perdida em seu olhar e ele percebe que está me levando através de seus olhos, de forma inesperada ele entra, me deixando ali, perdida, sem saber o que esperar. Nossa, será que sempre será assim?!? Preciso superar aquele beijo. Tenho certeza que foi aquele beijo que me deixou ligada a ele, deve haver algum tipo de vodu ou algo parecido. Nunca fiquei dessa forma por conta de um beijo. Foi só um beijo, um simples e inocente beijo. Afff, quem eu quero enganar?!? De simples e inocente aquele beijo não teve nada, era tão urgente, tão necessário, tão louco, quanto os beijos que troquei com aquele estranho na festa. O mascarado me beijava com tanto desejo, com tanta necessidade, com tanta vontade. E o que dize
Isso está esquisito demais. Como não tenho muito o que fazer e nem quero perder meu precioso tempo com gente doida. Caminho para passar pela porta, quando ele me toma em seus braços e mais uma vez me beija, só que agora com muita profundidade, um beijo carinhoso, cheio de cuidado. Sinto meu corpo todinho se render a ele, nossos lábios brincam entre si. O momento é mágico!!! Ele me leva e isso me faz reviver algo que dias atrás eu vivi. Sua maneira de me beijar me trás a memória, aquela festa. Eu estava muito bêbada, mas a maneira que ele me beija, fecho os olhos e sinto aquele mascarado, mas quando abro meus olhos, já não sei quem é quem. Isso está confuso demais! Fecho os olhos, sinto o mascarado, abro os olhos, estou nos braços do ogro. Preciso tirar isso a limpo. E quando vou sair falando algo a voz do meu pai surge, vindo da sala. E nos largamos na hora. "Ah, vocês ainda estão em casa… filhota, quer carona?" Fico sem graça por quase ter sido pega aos beijos com n