Capítulo 6 O vinhedo

Imagina a cena.

Estou lá toda linda e feliz ao lado do meu pai, que além de ser o homem que é, tem a capacidade de chamar atenção por onde quer que passe, pois diga-se de passagem, meu progenitor é um homem lindo!

Alto, forte, atlético, de semblante determinado. Tem um sorriso que alcança o nosso coração rapidinho e claro, que há um belo fã clube atrás dele, mas ele não dá a mínima.

O que eu sempre achei engraçado.

Eu não tenho sua altura, mas todo mundo diz que somos cópias um do outro, o que me deixa ainda mais orgulhosa.

Então, sou a cópia em miniatura dele e isso enche meu coração.

Estou lá ao lado do meu pai depois da sua palestra, quando observo um casal todo sorridente vindo em nossa direção.

Na hora achei que estava tendo alguma alucinação, ou poderia ser algum irmão muito parecido, porque a verdade é só uma, quando você se depara com uma situação estranha, você sai buscando alguma explicação plausível.

Porque é tosco demais você sequer imaginar viver algo tão bizarro quanto o que vivi.

No entanto, ele não se deu conta que estava vindo em minha direção, pois estava na maior viadagem com a garota.

Pensa numa cena daquelas de embrulhar o estômago, pois é, essa!

Eu não aguentei e sai chamando o cachorro safado.

Quando ele virou na minha direção, me olhou incrédulo e a garota parecia ainda mais perdida sem saber quem eu era.

Acelerei o passo para chegar rápido até o ser, porque jamais deixaria algo assim passar em brancas nuvens.

Ele não sabia o que fazer e nem precisava, estava escrito com letras garrafais que ele estava brincando com meus sentimentos. Aquele canalha estava me enganando da pior maneira possível.

Eu nem perdi tempo, enfiei meus cinco dedos na cara dele, deixando bem marcada minhas digitais, para que todos vissem que uma mulher esteve com sua mão ali.

A moça até gritou de susto, quando se deu conta da cena que eu estava protagonizando.

Virei as costas para sair, mas quis ajudar a infeliz a saber quem era o canalha, porque se ele estava fazendo isso, muito provavelmente não seria a primeira vez.

Dei meia volta e soltei:

"Se você não quiser ver o salário desse maldito ir todo para pensão todo mês e nem tão pouco, ajudar a sustentar os filhos dele, que muito provavelmente terá fora do casamento, melhor cair fora, pois esse merda aí, gosta de comer fora e nem se importa em esconder"

E virei, deixando ela enchendo ele de mais alguns t***s.

Fui má?!?

Fui nada, fui justa!

Porque, se todo safado fosse desmascarado, seríamos poupadas de passar por essas palhaçadas.

Depois dessa lambança, achei melhor fechar meu túnel do tempo, e deixar o mesmo descansar em paz.

E eu estava em paz, até aquela festa.

E detalhe, acabei indo parar em uma festa que a Erika não soube me falar como.

Buscamos em meio a todos os convites que geralmente recebemos e nada!

Era como se a festa não tivesse existido.

Já me peguei pensando, se não bebi demais em casa e acabei alucinando tudo.

Pois é tudo muito estranho.

Mais isso não pode ser, porque além das evidências materiais como roupa e sapato que me deixaram ciente que sai naquela noite, ainda tinha minha amiga que deixou claríssimo sua felicidade ao ser explorada como foi.

Fiquei com a lembrança de uma noite muito diferente e inesperada.

Acabei conseguindo a marca que eu tanto relutei em ter, por achar que seria muito para nós.

A empresa entrou em contato, coloquei meu jurídico para cuidar de tudo e já estamos em vias de colocar no mercado todo o portfólio deles, pois ganhei a oportunidade de representá-los em sua totalidade, algo que nunca havia acontecido.

Até este momento, nenhuma empresa havia conseguido esse exclusivo da marca, ela sempre foi muito seletiva, mesmo porque não é uma marca nova, mas sim uma marca que vem há algum tempo e empresas assim, sempre são muito seletivas quanto às parcerias que fazem.

Minha equipe vibrou com nossa conquista, pois isso representa algo muito grande.

Logo começaremos a ser requisitados para assinar com outras marcas tão importantes quanto essa.

Temos muito o que fazer, mas ainda bem que não nos intimidamos com o trabalho, ao contrário, tanto eu quanto minha equipe amamos desafios, o que é muito bom!

Meu pai me chamou para ir visitar Gregory com ele. Pois me falou que seria muito bem vindo, tirarmos um tempo para descansar. Que eu poderia deixar Erika cuidando de tudo por alguns dias.

Ele nem me telefonou para fazer o convite, ao contrário, veio para nos levar, eu e Erika, para almoçarmos com ele.

Porque, meu pai tem uma coisa que não sei explicar, foi a Erika contar que era sozinha, que havia deixado seus pais em sua cidade natal e vindo em busca de algo melhor, para meu pai adotá-la. Mesmo ele sabendo que ela é doida de pedra, mas que como assistente, sua loucura sempre cai como uma luva para mim.

Saímos e foi difícil negar esses dias para meu velho.

Pegamos a estrada cedo, papai tinha pressa de chegar ao vinhedo Costa do Sol, um dos mais incríveis que meu pai já tenha conhecido.

Ele não acreditou quando Gregory contou para ele, que havia comprado em sociedade o lugar e por isso queria que meu pai fosse visitá-lo.

Entramos numa estrada cheia de vinhedos, para onde você olha, há mais e mais parreiras estendidas por todos os lados.

"Filha pensa numa terra boa para produção de uva, é essa que estamos entrando… tive a honra de vir a esse lugar algumas vezes e só tenho lembranças incríveis"

Vejo o saudosismo na feição do meu pai, o que me leva a crer, que há algo mais nessa história, que ele não está me contando.

Decido deixar passar, mas ainda vou perguntar sobre essa saudade toda.

Depois de passarmos pelo portão de entrada da fazenda ainda rodamos mais uns quinze minutos até chegarmos a casa sede da fazenda.

Gregory já estava a postos, nos esperando!

Meu pai e eu, descemos da caminhonete dele e caminhamos na direção onde seu velho amigo nos esperava.

"Eita que o tempo continua sendo generoso com você seu cavalo velho"

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