CAPÍTULO 53 Theodoro Almeida Saí daquele hospital com tanta raiva daquela mulher, fui para casa saber como estava a Val, minha cabeça está a mil, só de pensar que aquela desclassificada pudesse ter feito algum mal a ela. — Ela está aqui? Está bem, Ane? — perguntei assim que cheguei no portão de casa. — Théo, eu não quis deixar a Valéria sozinha, eu cheguei na hora que a Carla estava esquentando uma faca no fogo, pra queimar o rosto da Val, e ela conseguiu ainda dar umas bengaladas nela, mas não tem como saber pra onde ela foi, a direção, nem nada. Se eu não tivesse chegado naquele momento, poderia, sim, ter acontecido alguma coisa. — QUE MERDA! QUAL É DAQUELA MULHER? — PORQUE PAGOU UMA PROSTITUTA, SENDO CASADO, THÉO? DEIXOU A VALÉRIA SOZINHA, ONTEM? — EU SÓ PAGUEI UMA DELAS PRA CUIDAR DAQUELA PUTA, NADA MAIS! DESCULPA AS PALAVRAS, MAS ESTOU SATURADO COM A AUDÁCIA DAQUELA MULHER, ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM! — Se acalme, tá? Eu também acho que não deveria
CAPÍTULO 54 Valéria Muniz Eu nem comecei a explicar para o delegado, e quase caí de costas ao ouvir a voz da Carla, juntamente com aquele cheiro que agora me dá náuseas. — Você não tem autorização para entrar aqui! Ponha-se daqui pra fora! — Theodoro falou alto, percebi que levantou da cadeira, pelo barulho e levantei também, parecia realmente irritado com a Carla — Viemos prestar queixa de você, é melhor não piorar as coisas! — Eu vim me explicar, por favor me deixem explicar! Seu delegado, eu preciso me desculpar com a moça, realmente perdi a razão, sou uma burra! — Carla falou, parecendo apavorada, não entendi o que estava acontecendo, mas senti quando o Théo me puxou pra perto dele, abraçando meu corpo e me colocando do seu lado. — Então a senhorita é a Carla? — delegado perguntou com um tom de voz mais alto e firme. — Sim! Por favor, me permita falar, explicar o que aconteceu... — tentou ela e senti que estava mais perto, talvez por isso o Théo tenha me puxado. — Pegue os
CAPÍTULO 55 Theodoro Almeida Eu já estava suando frio, inquieto e louco para que aquilo terminasse bem. Acho que foi a primeira vez depois de anos, que alguém me fez ficar feito um bobo, com receio de dar um passo, de falar algo que não deveria, de falhar. A minha mente entrou em colapso, era o delegado de um lado, (com o seu jeito dominador, alguém que está acima de mim)... de outro a Carla que tive vontade de inforcar, mas não poderia, por estar na delegacia, porém o pior foi a Val, que na sua doce inocência quis se vingar da Carla e ainda discutir com o delegado, pensei que teria um treco, ou na melhor das hipóteses, seríamos presos. Nem acreditei quando consegui sair lá de dentro com a Val, que ainda estava uma vespa, sem me deixar encostar nela. “Será que sempre foi assim? Ou estraguei a sua ternura, quando fui ajudar a Carla?“ — Você esqueceu a sua bengala, trouxe pra você! — entreguei pra ela antes de entrar no carro, e praticamente puxou da mi
CAPÍTULO 56 Valéria Muniz Theodoro estava me tratando muito bem, isso eu não posso negar, mas o que me causou uma forte dor no peito e uma tristeza diferente, foi o fato de eu ter criado a ilusão de que estava em uma vida dos meus sonhos, e veio uma pessoa e chacoalhou tudo, me fazendo relembrar algo que não quero viver novamente. Encostei a cabeça na cabeceira da da cama, já que tive um dia movimentado, então lembrei de ter ouvido que teria jogo hoje, me preocupei, e não deu outra, começaram os fogos de artifício e em seguida ouvi um grito que já sabia o que era, Théo teve outro surto. Sentei na cama, procurei os óculos e a bengala e segui de onde vinha o som dos gritos. — AHHHH! AVANÇAR, TROPA! — ele gritou de repente, então tive certeza que estava acontecendo alguma coisa. Levantei, contei os passos ao sair do quarto, e parada ali, me concentrei no cheiro e no som. — ELES ESTÃO SE APROXIMANDO! — ao ouvir outro grito, percebi que vinha da cozinha, eu só precisava me concentrar
CAPÍTULO 57 Carla — AHHHHH, ME SOLTA, ME DEIXE IR! — continuei gritando até que me levaram até as celas, cheia de mulheres presas num lugar só, sem ter onde ficar, todas sentadas no chão, ou agarradas nas grades. — Já chega de show! — Você vai me colocar aqui? AQUI NÃO TEM LUGAR, ESTÁ LOTADO! — UÉ? VOCÊ NÃO FOI CORAJOSA E COVARDE PARA BATER NUMA CEGA? AGORA ESTÁ COM MEDO? POIS VAI FICAR AQUI, ESPERANDO A SUA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA OU ALGUÉM PAGAR SUA FIANÇA. E, DIGO MAIS... SE COMPORTE, PORQUÊ ELAS NÃO ESTÃO DE BOM HUMOR! — o homem simplesmente me obrigou a entrar, me empurrou e eu fiquei ali... morrendo de raiva, sem olhar pra dentro da cela, mas vendo a mesma cena catastrófica do outro lado do corredor. Os minutos foram passando, e não foram poucos, acabei ficando com dores nas pernas, me virei para dentro da cela. Percebi que estavam todas me olhando e comentando, e eu a ponto de matar um. — TÁ OLHANDO O QUÊ? CRIATURA INFELIZ, TODA
CAPÍTULO 58 Theodoro Almeida Eu não sei o que teria acontecido comigo se a Val, não estivesse ali. Alguns barulhos me tiram do meu estado normal, me levam novamente para a guerra, e normalmente não consigo sair de lá com facilidade, e ela conseguiu de novo. Essa mulher tem um brilho dentro dela, é diferente de outras pessoas. Sei que ela consegue sempre me trazer de volta, não vou mais dormir separado dela... só que o que ela disse sobre fazer terapia, é considerável. Disfarcei durante a conversa, porque tenho evitado que o quartel saiba, porém entendo que preciso, tem esse tipo de tratamento lá dentro. Cuidei para que descansasse, quando voltei do banho já havia dormido, apenas a cobri e me deitei do seu lado... “Ah, Val... mesmo brava, ainda é tão linda!“ Seu cheiro suave me faz querer ficar mais perto dela, e isso me ajuda a dormir rápido... diferente de antes, que sempre precisava de uma bebida, reparei que nunca mais bebi nada com álcool pra
CAPÍTULO 59 Theodoro Almeida Quando percebi que o semblante da Val mudou tanto, segurei na sua mão, só que ela não se conteve, e nem eu quis que ficasse calada, mas sofri junto com ela, com a sua pergunta, a sua dor, também era minha... — Então... posso nunca voltar a ver? — ela perguntou com as palavras pausadas, parecia que segurava o choro, e senti meu coração apertar, não queria que ela desanimasse da sua cura. Acariciei a sua mão, será que foi tão magoada assim? Que pensa que se o problema for emocional, não alcançará a cura? “Mas e eu? Não posso ajudar nessa cura? — Calma senhora, a gente ainda precisa avaliar bem, te passar por um especialista averiguar isso, podemos fazer a cirurgia de recuperação de retina, né... realocar a retina, e com fisioterapias oculares a senhora começar a enxergar com o óculos. — Viu só, minha menina? — virei ela pra mim, tentando olhar nos seus olhos para lhe transmitir confiança, mas como? Como mostraria o meu olhar p
CAPÍTULO 60 Valéria Muniz Fiquei muito assustada, o Théo saiu e essa mulher esnobe encostou em mim, me tratando como se eu fosse uma mendiga, mas coloquei a minha melhor roupa, aquela que Théo me deu, o que está acontecendo? Meu coração disparou, ao saber que não era bem vinda, parecia que estava pressentindo. Mas quando ouvi a voz do meu tenente, e senti a sua mão na minha, foi como poder respirar novamente, aliviou um pouco, mas a mulher insistiu: — Eu me recuso a frequentar um restaurante com pessoas que se vestem dessa maneira, esse é um restaurante sofisticado, no mínimo deveria ser exigido um esporte fino! O senhor é o dono, não é? Se quiser que pessoas como “eu” e minha família continuem frequentando aqui, terá que expulsá-los! — abri a boca em espanto, não gostaria de passar por tal humilhação, estávamos tão mal vestidos, assim? Ou seria eu acima do peso, sem muita beleza? — Théo... — puxei seu braço, querendo ir embora. — Senhorita Desi