A brisa da noite carregava o aroma da terra úmida e das folhas agitadas pelo vento. Amélia sentia cada partícula do ar deslizando por seu pelo branco cintilante, uma sensação nova e eletrizante. Seu corpo pulsava com energia bruta, seus músculos ansiavam por movimento. O instinto era forte, chamando-a para correr, para sentir a terra sob suas patas, para experimentar a liberdade absoluta que apenas sua nova forma poderia lhe oferecer.Seus olhos prateados encontraram os de Damian. Mesmo em sua forma de lobo, ele era imponente. Seu pelo negro com reflexos azulados parecia se fundir com a escuridão da floresta, e seus olhos âmbar brilhavam intensamente. Ele a observava com um orgulho silencioso, um sorriso selvagem estampado em sua expressão lupina."Vamos ver o quão rápida você é," a voz dele ecoou na mente dela através da ligação mental da matilha.Sem hesitar, Amélia saltou para frente, seu corpo movendo-se com uma agilidade que a surpreendeu. A floresta
A Casa da Matilha estava em polvorosa. Desde que a notícia da transformação de Amélia se espalhara, anciãos e alfas de diversas regiões começaram a chegar, todos ansiosos para testemunhar com seus próprios olhos a loba branca mencionada apenas em lendas. O burburinho dos recém-chegados enchia os corredores, e a energia no ar era carregada de curiosidade e especulação.Amélia, sentada ao lado de Damian na cabeceira do salão, observava tudo com um misto de nervosismo e fascínio. Nunca vira tanta gente reunida em um só lugar, e cada olhar que pousava sobre ela carregava uma mistura de respeito, espanto e, em alguns casos, temor.— Nunca imaginei que minha existência pudesse causar tanto alvoroço — ela murmurou para Damian, que, ao seu lado, mantinha a postura firme de Alfa.— Você não é uma loba comum, Amélia — ele respondeu, sua voz baixa e carregada de um tom protetor. — Ainda não sabemos exatamente o que sua transformação significa, mas garanto que descobr
Damian fechou os olhos por um instante, lutando contra o fogo que queimava dentro dele. O cheiro doce de Amélia estava por toda parte, embriagando seus sentidos, atiçando seu desejo como brasas ao vento. Seus braços a seguravam firmemente, como se soltar fosse um risco que ele não poderia correr.Amélia, sentindo a hesitação dele, deslizou as mãos pelo peito largo e definido, sentindo o calor de sua pele mesmo sob o tecido da camisa. Seu coração martelava contra o dela, sincronizado, como se ambos pertencessem a um mesmo ritmo.— Damian... — ela sussurrou, sua voz baixa, quase suplicante.Ele prendeu a respiração, os músculos tensionando. O nome dela em seus lábios era sua ruína.Com um rosnado contido, Damian capturou novamente seus lábios, dessa vez mais devagar, explorando cada detalhe, saboreando-a como se precisasse memorizar aquele momento. As mãos dele deslizaram por suas costas até seus quadris, apertando-a contra si, fazendo-a sentir
O Segredo EsquecidoO amanhecer tingiu o céu com tons suaves de laranja e dourado, mas a atmosfera na casa da matilha estava longe de ser tranquila. A revelação da noite anterior ainda pairava como uma névoa espessa sobre todos. O ancião mais velho, depois de soltar sua última frase impactante, havia se retirado sem dar mais explicações, deixando o fardo das perguntas pesando sobre Damian e Amélia.No grande salão, Damian se mantinha de pé diante da mesa central, as mãos apoiadas na madeira rústica, os olhos âmbar fixos nos mapas e anotações espalhados à sua frente. Os anciãos e alfas convidados ainda estavam na propriedade, divididos entre a incredulidade e a curiosidade. Alguns cochichavam em grupos, suas expressões carregadas de tensão.Amélia entrou no salão em silêncio, observando Damian. Ele parecia uma tempestade prestes a se romper, o maxilar cerrado, os músculos tensos sob a camisa de linho. Ela sabia que ele sentia o peso da responsabilidade sobr
O sol começava a se pôr no horizonte quando o grupo deixou os portões da matilha para trás. O vento frio do entardecer sussurrava entre as árvores, anunciando o início de uma jornada sem garantias de retorno.Damian liderava a caminhada com passos firmes, os olhos âmbar atentos a cada detalhe do caminho. Ao seu lado, Amélia sentia o peso da missão crescendo a cada passo. Atrás deles, guerreiros experientes seguiam em silêncio, alguns na forma humana, outros já transformados, seus corpos lupinos se movendo ágeis pela trilha sinuosa.A escolha de seguir a pé não foi tomada por acaso. As terras do Norte eram traiçoeiras, com terrenos acidentados, florestas densas e perigos desconhecidos. O faro e a agilidade em forma lupina seriam essenciais para a sobrevivência. Além disso, cavalos poderiam ser um fardo, incapazes de atravessar certos trechos mais hostis.Antes da partida, um momento inesperado trouxe uma reviravolta. O ancião mais velho da ma
A floresta era um campo de sombras vivas. Os olhos pálidos das criaturas brilhavam no breu, refletindo a luz difusa da lua. Elas se moviam com uma agilidade antinatural, seus corpos deformados deslizando entre as árvores como espectros de outro mundo. O cheiro de morte e decomposição impregnava o ar, misturando-se ao faro aguçado dos lobos que rosnavam em posição de ataque.Damian avançou primeiro, sua lâmina cintilando ao luar. Ele era um guerreiro treinado para enfrentar o desconhecido, mas até mesmo ele sentia um desconforto profundo diante daquelas coisas. Quando uma das criaturas saltou sobre um dos lobos do grupo, ele reagiu instintivamente, girando o corpo e golpeando a fera. A lâmina cortou o ar e se cravou na carne escura da criatura. Um grunhido gutural ecoou, e a coisa se afastou com um movimento sinuoso, como se a dor não a afetasse completamente.— Eles são rápidos demais! — rosnou Ethan, desviando de um ataque.Os lobos da matilha usavam
A manhã avançava lentamente, e o grupo seguia em silêncio, imerso no peso dos próprios pensamentos. O confronto da noite anterior ainda pairava no ar como uma tempestade prestes a desabar.O vale em que haviam parado para descansar ficava para trás, e agora seguiam por uma trilha estreita que cortava as terras do Norte. O terreno era traiçoeiro—um misto de rochas úmidas e raízes retorcidas que pareciam querer agarrar os pés de quem passava. A vegetação densa os cercava, formando túneis naturais onde a luz do sol mal conseguia penetrar.Amélia caminhava ao lado de Damian, sentindo a presença dele como uma âncora. Desde que as criaturas haviam recuado diante dela, ele não saíra do seu lado. Sua proteção era sutil, mas constante.Ethan, em sua forma lupina, liderava a frente, farejando o ar de tempos em tempos. Outros membros da matilha também seguiam na forma de lobos, os olhos atentos ao menor sinal de perigo.Mas o verdadeiro perigo era invis
O dia avançava lentamente enquanto o grupo continuava sua jornada pelas terras do Norte. O frio se intensificava conforme subiam as trilhas rochosas, e o vento cortante carregava um cheiro de neve distante. Cada passo os afastava mais da segurança da matilha e os aproximava do desconhecido.E daquilo que os seguia.A sensação de serem observados persistia, uma presença silenciosa que nunca se revelava. Mas, assim como o ancião dissera, eles não seriam os primeiros a agir.Não enquanto não fossem atacados.---A Fúria da MontanhaAo final da tarde, o terreno começou a mudar. As árvores altas deram lugar a formações rochosas irregulares, criando desfiladeiros estreitos e perigosos. As fendas no solo se tornavam armadilhas mortais para os menos atentos, e cada pedra solta sob os pés era uma ameaça.Foi Ethan quem primeiro percebeu.— O vento mudou — murmurou, farejando o ar. Seu corpo lupino estava r