Ela era uma criança igual a cem mil outras crianças, brincava, sorria, criava histórias, menina aventureira e muito curiosa. Igual a todas as outras pessoas de sua idade, exceto, por não se sentir como se pertencesse de fato a tudo aquilo.
— Venha Kate, vamos brincar. — Luiza, a coleguinha de infância a chama.
— Vamos. — ela atende prontamente.
As meninas brincam do (trisca), pique-esconde, cola, e várias outras brincadeiras infantis. Em um dado momento a garotinha parou e ficou em pé, encostada na parede de sua sala vendo os outros coleguinhas brincando para lá e para cá, a menina estava tão distraída que nem viu que um garoto mais velho havia se aproximado dela.
— Ei, menina do olhão. — fala tentando provocar. Kate, que nem mesmo assustada abaixa a guarda, arregala os olhos ainda mais para ele, na intenção de mostrar que seu comentário não a ofendeu.
— Já tem os olhos grandes, e ao invés de aperta-los para ficarem menor faz é arregalar mais. — o garoto fala e se afasta, deixando Kate em paz, e um pouco triste.
A menina é bem magrinha, alta e de cabelos ondulados. Sempre sofreu 'bullying' dos coleguinhas por ser grande para sua idade e pelo seu peso. Geralmente nas escolas sempre tem alguém do qual todos os outros alunos tiram sarro, para o azar de Kate, na escola dela, ela é esse alguém.
A professora chama os alunos para a sala, e após a última hora de aula eles voltam para suas casas. Na volta Kate ia distraída com as borboletas no meio do caminho, observando uma coisa e outra, até que se assusta com um garoto passando por ela e derrubando seus materiais escolares. Kate olha irritada para o menino, que como resposta lhe faz uma careta e segue caminho em sua bicicleta.
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Após chegar em casa chateada e muito cansada de tantas provocações no mesmo dia, Kate pede a mãe sua comida. Amália, mãe da garotinha nem presta atenção em sua carinha de revolta, ocupada com seu filho mais novo, Bernardo.
— Pirralha, já chega morta de fome. — Maurício, seu irmão mais velho lhe provoca.
— Cala a boca Maurício, morto de fome é você. — ela responde atrevida. Mas seu atrevimento passa ao se surpreender com um, tapa na boca que recebe do irmão.
— Maurício? — Amália chama surpresa. — Para já com isso, como você pôde bater em sua irmã? — pergunta aborrecida.
Kate sai chorando para o quarto, muito abalada com tudo que lhe aconteceu no mesmo dia, sua vontade era pegar suas coisas e ir embora. Mas para aonde iria? Ela só imaginava em ir para a casa da avó, mas a mãe certamente não a deixaria ir morar com ela. Kate se olha no espelho, com lágrimas nos olhos e uma parte do rosto ardendo pelo (tapa) ela sente um desconforto diferente na boca, ao mexer um pouco com a língua vê que um dos seus dentes amoleceu, efeito da agressão sofrida. Ela amolece o dente com o dedo e com um pouco mais de esforço o arranca, cospe o sangue e sai da casa indo joga-lo no telhado ditando o verso que a mãe lhe ensinou.
Kate se senta na área, muito triste por o seu irmão ter lhe arrancado um dente, quando Amália a chama para vir almoçar, a menina diz que não quer mais comer, mas após a mãe ameaçar de lhe bater, ela retrocede na decisão, porém, a comida desce forçada, e a menina muito triste com sua situação.
Mais tarde naquele dia, Kate estava ainda no quarto olhando para o teto, não queria ir lá fora brincar, estava chateada com Maurício, não gostou de sua mãe tê-la forçada a comer contra sua vontade. Apesar de entender que Amália estava muito ocupada com seu irmãozinho menor e com todo o trabalho de casa.
Kate não se senti triste por sua mãe estar ocupada, se sentia triste por sua mãe não ver que ela às vezes não se sentia bem para fazer algumas coisas, por mais que fosse criança, ainda era humana, e como humana estava cansada do resto da humanidade lhe negligenciar.
A menina só tem sete anos, e se sente como se nunca fosse se encaixar em lugar algum. Pode ser drama por ser apenas uma pequenina garota, mas seu sentimento é muito vivo.
— Kate, vamos blincar de cavalinho? — ela desperta de seus devaneios após ouvir a voz de Bernardo e sentir sua mãozinha em sua perna.
Kate e sua família moram em uma pequena fazenda no interior de uma cidade paraense por nome de bom Jesus do Tocantins Pará, ela ama seu lugar de origem. Brincar com as galinhas, patos, os porcos, e ver o pai e o irmão mais velho tirando o leite das vacas são os seus passatempos mais frequentes. Ela tem três irmãos, Bernardo, o mais novo com quatro anos, Maurício 17 anos, o mais velho, e Liza com 15 anos, essa está sempre ajudando a mãe na cozinha, e sempre descontando suas raivas na pobre Kate, que ainda não tem força suficiente para se defender.
— Vamos! — ela diz animada indo brincar com Ber.
O cavalinho são dois pedaços de pau que os dois pegam e amarram uma corda na ponta, montam e saem dando pulinhos e correndo atrás das galinhas, as quais eles chamam de vacas. Amália olha para seus dois filhos mais novos e sorri consigo mesmo, pensa que uma hora vai pirar com tantos filhos para cuidar e separar brigas, mas ela ama cada um com uma força que ninguém consegue explicar.
As crianças brincam muito, embaixo de uma chácara que tem em frente a casa, até que resolvem amarrar tiras de pano umas nas outras para prenderem nos pés de duas galinhas nanicas. A diversão vai às alturas ao ver as galinhas correndo e parando sendo impedidas pelas amarras dos dois traquinotes. Resolvem que vão deixá-las presas até o dia seguinte, pois até lá elas vão ficar mais mansas, e eles sempre veem o pai deixando bezerros amarrados de um dia para o outro para não fugirem do chiqueiro. Os dois então, decidindo que iriam manter as aves presas, resolvem procurar outra diversão por enquanto, Kate vê uma árvore caída, consequência de uma chuva na noite passada. Resolve ir andar em cima dela, pede para Bernardo não subir, pois, ele não vai conseguir se equilibrar, ao virar as costas e seguir para a outra ponta, Bernardo sobe na árvore caída, quando Kate vê, o garotinho está bambeando na tentativa de se equilibrar.
— Ber, não. — Kate grita ao vê-lo cair da parte mais alta da árvore de boca no chão.
Kate que ficou muito nervosa não sabia o que fazer, por um lado o irmão que estava chorando de dor e de susto, por outro estava o pai que vinha furioso após ver a arte dos filhos. Adolfo sempre foi um homem calmo, porém naquele instante ele estava muito irritado e Kate ficou com muito medo de apanhar do pai, apesar disso nunca ter acontecido antes. Quanto mais Adolfo se aproximava mais a menina sentia vontade de sair correndo, para piorar Bernardo não parava de chorar.
— Mas o que diabos aconteceu aqui? Kate, como pôde levar o seu irmão a participar dessa brincadeira estúpida? — fala enfurecido.
— Papai eu falei para ele não subir. — ela tenta se defender, mas já tremendo de medo.
— Você falou? Você não deveria nem mesmo ter vindo brincar aqui, sabe que seu irmão não sabe de nada, onde você vê que ele poderá se machucar você não pode ir brincar. — Adolfo fala pegando Bernardo no colo.
— Papai — a menina tenta falar.
— Você está proibido de brincar aqui novamente. Proibida. Entendeu bem? — Adolfo diz de modo autoritário. — se eu voltar a ver você aqui, ou se eu sonhar que você está aqui eu te dou uma surra que você irá se arrepender de ter nascido. — Ele diz e sai, indo cuidar do filho caçula que não parava de chorar.
— Eu já me arrependi de ter nascido. — a menina fala consigo mesmo ao ficar sozinha.
🌺Amanheceu e com ele um raiar de sol lindo, Kate já tinha se esquecido dos aborrecimentos do dia anterior, e com um sorriso no rosto saiu do quarto indo dar bom dia para sua mãe e sua irmã mais velha. A mãe a recebeu com um beijo no rosto. Liza, por outro lado, já estava com sua irritação de adolescente, parece que seu uniforme escolar amanheceu com uma mancha, efeito de uma goteira que tinha em seu quarto. Kate dormiu tão profundamente que nem viu a chuva, mas Liza não só viu, como se enfureceu pela Bendita goteira.
Na fazenda as chuvas sempre eram bastante fortes, e como as galinhas sempre subiam no telhado acabava criando falhas nas telhas, apesar de Adolfo sempre estar consertando e reformando sempre apareciam uma e outra falha, e dessa vez para o azar de Liza quem sofreu foi seu uniforme.
— Porque essas coisas têm sempre que acontecer comigo? — Liza lamenta. — ódio, ódio, ódio. — sai batendo o pé.
— Ela está possessa. — Amália diz rindo. — crianças.
— Mãe, mas a Liza já não é grande para ser criança? — Kate pergunta inocentemente. Amália rir e fala.
— Para mim vocês serão sempre minhas crianças. Para sempre meus docinhos. — diz coando o café.
— Mas a Liza parece um doce daqueles azedinhos. — Kate diz para a mãe que rir do comentário da filha.
— Mas aqueles doces azedinhos também são gostosos, não são? — Amália refere-se a um doce com essência de limão que ela fez dias atrás.
— Ah sim! São muito gostosos. — Kate responde animada.
— Agora mocinha, tome o seu café para você não se atrasar para sua escola.
— Esses pães de queijo estão tão bonitos. — a menina diz pegando um.
— Estão né? Então coma e depois, escola. — Amália diz rindo, indo pegar Bernardo que acabara de levantar.
Amália é uma mulher muito bonita, com seus quarenta e poucos anos, pele clara, cabelos negros e lisos, alta e com um corpo de dar inveja em muitas moças mais novas. Sempre foi uma mulher muito feliz e amorosa, uma mãe maravilhosa e uma esposa dedicada. Kate nunca viu a mãe reclamar de sua vida, pelo contrário, a menina sempre via os olhos da mãe brilhando e felizes.
— Mãe, já estou indo. — Kate fala para a mãe, já saindo para a escola.
— Filha, espera! — Amália pede e sai depressa. — seu lanche. — diz entregando para a menina uma lancheira com várias coisinhas dentro. — cuidado meu amor, e quando a aula acabar, venha direto para casa.
— Tá! Mamãe, te amo! — a menina diz carinhosa.
— Eu te amo mais. — Amália responde beijando o topo da cabeça da filha.
Kate sai cantarolando pelo caminho, a escola era um pouco longe da sua casa, mas mesmo com sete anos a mãe deixava ela ir sozinha, pela falta de tempo e por confiar na filha. Sua família era bastante conhecida pelos outros proprietários de terras, e todas as outras crianças iam caminhando para a escola, algumas iam juntas, mas Kate apesar de ter sempre outras crianças indo na mesma direção que ela, a menina nunca gostava de companhia, assim, às vezes ela esperava eles irem primeiro ou então ia mais cedo para não precisar ir com eles. Algumas vezes ela até se escondia na beira da estrada para eles passarem sem vê-la. Amália não sabia dessa faceta da filha, mas Kate se sentia muito mais feliz, sozinha do que com os coleguinhas da escola. Ela até tentava ser amigável com eles, mas às vezes eles a ignoravam, noutras zombavam dela, até que um dia decidiu que não precisava de nenhum deles para se divertir, Kate, mesmo com sete anos descobriu que sua própria companhia se bastava e que ninguém precisa implorar por atenção de ninguém.
— Bom dia, Kate! — a professora Rosa lhe cumprimentou sorridente.
— Bom dia, dona Rosa! — a menina falou também sorrindo.
A professora Rosa era bastante conhecida na região, sempre prestativa a senhora de cinquenta anos costumava ajudar todos que precisavam de sua ajuda. Toda vez que uma mãe precisava levar um filho ao médico ou alguém precisava fazer uma viagem a outra cidade ela acompanhava, era muito querida por todos. Todas as outras crianças a chamavam de tia Rosa, porém Kate preferia a dona, e Rosa nunca exigiu nada diferente da menina, apesar de as outras crianças a acharem antipática por ela não chamar a mulher de tia.
— Crianças, vou passar essa atividade, quem responder toda corretamente até o horário do Intervalo vai sair para lanchar, quem não me entregar vai lanchar na sala. — dona Rosa passa então a atividade, na tentativa de fazer com que os alunos se empolguem e venham a aprender mais sobre aquele assunto.
Kate termina a atividade primeiro que todos os outros alunos e Rosa a libera para sair da sala. A menina fica por um tempo e depois ao perceber que ninguém mais iria sair se decide por comer o seu lanche. Quando ela entrou de volta na sala de aula viu os coleguinhas a olhando de cara feia, mas a menina não tinha culpa de eles não prestarem atenção nas aulas da professora. Kate, se sentindo bem consigo mesmo se senta plenamente em sua carteira, apesar de ouvir cochichos.
Após alguns minutos ela vê uma menina jogando um papel embolado em outra que pega lê, escreve outra coisa e joga de volta para a primeira menina. Elas se entreolham, depois dar uma olhada em Kate e voltam a escrever novamente. Na sala Kate é acostumada a ver as outras crianças fazendo essas cartinhas e sempre olhavam para ela. A menina nunca falou nada, mas apesar de sempre querer ignorar essas situações, ela acabava ficando triste no final, e Kate odiava se sentir triste porque as pessoas falavam dela.
Ela já sabia que não era boa em se encaixar, mas também não conseguia passar despercebida, sempre alguém via uma coisa ou outra, sua amiguinha mais próxima era Luiza, mas naquele dia a menininha não apareceu na aula. Algumas vezes Bia, uma menina morena e muito tagarela a chamava para brincar, mas Lorena, outra garota prima de Kate não gostava muito dela, e como Lorena também era prima de Bia, ela sempre tirava a amiguinha de perto de Kate. Toda vez que Lorena via Bia rindo com Kate ela dava um jeito de tirar Bia de lado. Lorena era do tipo de criança que gostava de ter todas as atenções para si, e se não tinha, ficava com raiva e chegava a passar até de um mês sem falar com a pessoa. Então a maioria das crianças procurava não irrita-la e Bia definitivamente não gostava de irritar a prima. A única criança naquela escola que não se importava com o que Lorena falava ou achava era Kate, e era exatamente por isso que Lorena não gostava da prima.
— Crianças, estão liberadas. Façam o dever de casa, e até amanhã. — a professora Rosa diz dispensando os alunos.
Dona Rosa fica na porta dando um beijo no topo das cabeças de cada criança que passa, a criançada sai conversando entre si, rindo e falando um monte de coisas, planeando para o dia seguinte e outras amenidades.
Ao sair da sala uma menina de uma turma mais avançada chama Kate, quando a moça se aproxima Kate percebe que ela vai fazer algo desagradável, mas antes dela conseguir se afastar a menina a agarra pelo braço e puxa a sua saia, fazendo com que a peça caísse aos seus pés e ela ficasse exposta no meio de vários alunos de todas as idades no pátio.
— Isso é para você aprender o seu lugar, sua magrela. — a menina fala com ódio e sai puxando Marcela pelo braço. Marcela foi uma das meninas que ficou na sala por não responder à atividade da professora Rosa.
Kate, com lágrimas nos olhos levanta a saia, e tentando ignorar todos os comentários ofensivos abaixa a cabeça e ruma para sua casa. Mas antes ela sente um par de olhos lhe observando, quando ela olha vê Liza a encarando com um olhar culpado e um pouco envergonhado.No Caminha para casa, Kate reflete sobre tudo o que aconteceu. Ela não consegue entender o porquê de sua irmã não a ter defendido, ela é sua irmã mais nova, por mais que Liza tivesse aquele jeito grosso com ela em casa, Kate continuava sendo sua irmã, e como tal, não merecia a proteção dela?— Kate, já chegou? — sua mãe pergunta ao perceber que alguém adentrou pela porta.— Sim, mãe. — a menina responde ainda chateada.— Vem aqui me ajudar com Bernardo enquanto eu termino o almoço. — Amália pede já agoniada por o almoço estar atrasado e o seu filho mais novo estava muito traquino naquele dia.— Vem Ber. — A menina chama sem ânimo, Bernardo olha para ela e sai correndo em sua direção. Kate ob
Seis anos depois.Amália nunca estivera mais errada. Os sonhos ruins nunca são apenas sonhos ruins, eles são coisas ruins, situações ruins, avisos ruins.Hoje faz seis anos que Kate foi tocada pela primeira vez de maneira insolente, faz também seis anos que sua mãe lhe disse que sonhos ruins são apenas sonhos ruins. Mas o dela se tornou pesadelo real, João continuou a tocar.Naquela segunda tarde ele colocou a mão em sua pele abaixo de sua calcinha, na tarde seguinte ele separou seus lábios vaginais com um maldito dedo, na próxima tarde ele enfiou o dedo, e assim continuou. Sempre que terminava ele pedia para a menina não contar para ninguém, e depois dava lhe um doce, assitia um filme, dava um presente, qualquer coisa que lhe agradasse e que viesse a ser usado para mudar o rumo das conversas com a mãe. Como a menina chegava animada com algo, Amália não desconfiava de nada, e
A vida é mesmo uma incógnita, coloca no mundo quem não quer ser colocado e tira quem não quer ser tirado. Kate esperou por mais de uma hora para ver o efeito dos remédios e finalmente encontrar a paz, mas desistiu ao ver que possivelmente a potência dos medicamentos eram fracas e o seu objetivo não fora alcançado. Desanimada, ela percebe que a vida lhe deu outra oportunidade. Ou um grande chute na bunda. A menina se despede dos peixinhos e do rio, e faz sua volta em silêncio para casa. Ela não percebe, mas ao se virar e seguir seu curso, as águas sempre calmas formam pequenas ondas, e os peixes pulam mais felizes, como se todos tivessem parado para vê o resultado da besteira que aquela ingênua menina esteve prestes a fazer.— Kate, meu amor. Venha aqui por favor! — ao adentrar a casa ela se surpreende com sua mãe lhe chamando.— Sim, mãe? — fala desanimada.— Kate. — Amália diz limpando uma lágrima dos olhos. — a minha querida, me d
Kate pegou seus livros do chão rapidamente e desceu correndo para sua casa, Davi ficou a olhando arrependido, pensou em ir atrás dela, mas resolveu, por fim, ir para sua casa. O garoto se sentia um idiota, e de fato ele era.— Kate, aconteceu alguma coisa? — João pergunta ao ver a menina chegando nervosa.— O quê? — ela se assusta ao ver que o homem estava na casa. Kate, com tudo o que aconteceu acabou se esquecendo que ele estaria em sua casa fazendo almoço.— Por que você está tão nervosa? — João a questiona preocupado.— Não foi nada. — ela fala tomando um copo de água.— Pequena, o que aconteceu? — ele insiste.— Já disse que não foi nada. — fala se afastando de seu toque e indo em direção ao seu quarto.— Kate, volte já aqui e me fale o que aconteceu. — João fala a pegando pelo braço.— Me solta, eu já disse que não foi nada. — ela responde se
Um mês se passou e eles não tiveram notícias de Amália, Adolfo preocupado com a falta de atenção da esposa fez algumas ligações para parentes próximos dela, mas ao ser ignorado por uns e enrolado por outros, acabou desistindo de procurá-la. Bernardo estava cada vez mais calado, ele não brincava como de costume, desligava o rádio que tinha em cima do armário quando a irmã ligava e não se comunicava direito mais com ela. Adolfo trabalhava muito para dar conta da casa e de pagar a faculdade de Liza e Maurício, esses dois ligavam sempre para saber como tudo estava indo, dava palavras de forças para o pai e falavam que a mãe um dia voltaria. Adolfo não acreditava nisso, mas ficava quieto para os caçulas não sofrerem mais do que já estavam sofrendo. Tudo estava muito complicado, ele sabia que o casamento não estava indo bem, mas n&
Kate e Bernardo retornam para casa antes de Adolfo chegar do serviço. Começam a arrumar a casa e fazer o jantar, os dois estão animados, sorrindo e contando histórias. Quando o pai chega se surpreende e se alegra ao ver os filhos felizes e amigos outra vez, pelo menos isso estava voltando ao normal novamente, para a felicidade dele.— Que bom! Ver vocês assim. — comenta fazendo com que notem sua presença.— Papai. — falam ao mesmo tempo, correndo para dar um abraço em Adolfo.— Se todo dia eu chegar e ser recebido com um abraço gostoso desse vai valer muito a pena todo o estresse que passo no trabalho. — ele diz beijando o topo da cabeça dos filhos que sorriem em resposta.Após o banho todos se sentam a mesa para jantar, animados, Adolfo conta sobre o dia no serviço para eles, conta que uma vaca por apelido de" Carema" pariu, portanto, é bom que as crianças fiquem espertas e tenham cuidado, pois, a mesma é valente e tem muito ciúmes da cria. Os do
Amália se assusta ao ouvir a respiração surpresa de Kate, Diane olha para a menina levando a mão na própria boca como se com o gesto fosse possível colocar as palavras de volta, João está sem reação e os cinco segundos seguintes é tão carregado que parecem cinco horas. Kate sai do transe quando vê sua mãe se movimentando para perto dela e de move com rapidez saindo da casa, mas a menina só consegue correr alguns metros antes de parar vomitando tudo o que havia ingerido no dia.— Filha? — Amália chama levando uma mão incerta nas costas da garota que está tentando conter a ânsia, após não ter mais nada no estômago. — Kate, se acalme. — a mulher pede.— Aquilo. — ela tenta dizer. — o que a vovó disse...— Kate. — Am
O mundo é um mar de decepções ou as pessoas que são cruéis umas com as outras? Kate acreditava que às duas coisas se colidiam e se transformavam em um aglomerado perfeito de destruição e desesperança.Não podia ser!Ela simplesmente não podia acreditar que descobriu que Adolfo não era o seu pai, e que Davi foi embora no mesmo dia.Mentira!Davi realmente partira, e talvez nunca mais fosse o ver. Mas sobre o seu pai, era mentira!Adolfo era sim, o seu pai, se não fosse de sangue era de alma, coração, vida, que fosse como fosse, mas que fosse seu pai. Porque Kate poderia aguentar tudo, menos a rejeição do homem que lhe criou com tanto amor e carinho. Mas mesmo que Adolfo descobrisse ele não lhe rejeitaria.Rejeitaria?<