Davian DeaneTudo o que eu conseguia ver era vermelho, minha visão inteira parecia tomada pela cor.Uma névoa espessa, quente, densa, cobrindo minha visão por completo.O cheiro de sangue estava por toda parte. O cheiro dela. O sangue dela.Elaris.Caída no chão. Ferida. Fraca.E aqueles malditos desgraçados estavam sorrindo.Eu não pensei. Não hesitei.Meu corpo se moveu sozinho, impulsionado por algo mais primordial do que qualquer pensamento racional.Vocês vão sentir dor. Vão sentir cada pedaço do que fizeram a ela.E foi exatamente o que fiz.Os gritos deles foram como música para mim.O primeiro morreu rápido demais. Um erro. O segundo demorou mais. O terceiro… esse sofreu.Mas quando o último corpo caiu, sem vida, minha respiração pesada finalmente cortou o silêncio da floresta.E então eu vi.O rosto de Elaris.Ela estava me encarando, os olhos arregalados, o corpo tremendo.Eu conhecia aquela expressão.Medo.Meu coração parou por um segundo.A névoa vermelha começou a se dis
Davian DeaneEu ainda sentia o gosto dos lábios dela nos meus, a sensação quente e inegável daquela conexão que queimava entre nós.E então, eu senti.O fio.Aquela coisa invisível, mas poderosa, pulsando entre nós como se estivesse viva.Eu não precisava de explicações.Não precisava de mais nenhuma prova.Eu sabia o que aquilo significava.Mas, naquele momento, nada importava além de Elaris.Nada além do fato de que ela ainda estava ferida, frágil, e por pouco eu não a perdi.— Nunca mais me deixe, por favor. — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro contra o cabelo dela.Eu a segurei com mais força, e quando percebi, já a estava pegando no colo, segurando-a com um cuidado que beirava o desespero.Elaris não protestou.Ela apenas se aconchegou contra mim, suas mãos agarrando o tecido da minha camisa, como se tivesse medo de que eu desaparecesse a qualquer momento.Mas isso não ia acontecer.Nunca mais.Eu comecei a caminhar de volta para casa, ignorando o cheiro de sangue ao nosso r
Elaris StinsNão sei exatamente quando finalmente consegui dormir. Só sei que uma hora minha mente simplesmente cedeu, exausta demais para continuar lutando contra o caos que Davian tinha causado dentro de mim. Meu corpo ainda estava quente por estar tão perto do dele, e o som da respiração calma dele foi a última coisa que ouvi antes de ser puxada para o mundo dos sonhos, enquanto eu sentia o meu corpo ficar cada vez mais leve.Era escuro. O quarto ainda tinha aquele cheiro de madeira, terra e… dele. Era o mesmo lugar, a mesma cama. Mas, no sonho, eu acordei com outra coisa. Com um peso sobre mim.Com ele.Davian estava ali, sobre mim, o olhar sombrio, intenso. Diferente do jeito preguiçoso e tranquilo que tinha antes de dormir. Seu corpo era quente, quase febril, e seus dedos estavam firmes ao segurarem meus pulsos contra o colchão, por cima da minha cabeça, como se não quisesse que eu me movesse de jeito nenhum.Meu coração disparou como se fosse sair pela boca, enquanto eu sentia
Zane Quimby O cheiro de papel envelhecido e tinta fresca ainda pairava no ar quando o mensageiro entregou a carta.Eu a peguei sem muita pressa, ainda digerindo a conversa com Dellan.Relembrar do passado tinha trazido um raro momento de leveza. Mas, pelo visto, essa sensação não duraria muito, já que era bem óbvio para mim que as coisas seriam turvas no futuro.A carta estava em um envelope simples, mas havia um peso estranho nele. Algo estava errado.Meus instintos se retesaram antes mesmo de abrir o selo.Assim que rasguei a lateral e deslizei o conteúdo para fora, um peso frio se instalou no meu estômago.Minha respiração parou.Nas minhas mãos, envolto em um fino tecido escuro, havia um pequeno feto de lobo morto.Minúsculo. Frágil.E, nas suas costas, havia marcas.Marcas prateadas.As marcas da deusa da lua.Meus dedos se fecharam ao redor do embrulho.O horror veio primeiro.Depois, a raiva.O tipo de raiva que queimava como uma fogueira prestes a se tornar um incêndio incont
Davian DeaneO primeiro som que ouvi ao acordar foi a respiração tranquila de Elaris.A sensação de calor ao meu lado me fez lembrar exatamente onde eu estava.E com quem.Abri os olhos lentamente, e a primeira coisa que vi foi o rosto dela.Tão perto.Tão sereno.Por um momento, eu simplesmente fiquei ali, deitado, observando cada detalhe dela.Os fios soltos do cabelo espalhados pelo travesseiro.Os cílios longos descansam suavemente contra a pele.Os lábios ligeiramente entreabertos, convidativos sem nem ao menos tentar ser.Ela era linda.A verdade me atingiu com força.Não só bonita… mas linda.Linda de um jeito que fazia meu peito apertar, que me fazia esquecer momentaneamente todas as preocupações, todas as batalhas, todas as guerras que estavam por vir.Naquele momento, o mundo parecia distante.Só existíamos nós dois.Eu inspirei fundo, sentindo o cheiro dela misturado ao aroma amadeirado dos lençóis.E então, com cuidado, comecei a me mover.Mas antes que eu pudesse sequer p
Davian DeaneO ar dentro da cozinha parecia carregado, denso e tão quente que eu quase não conseguia aguentar. O silêncio que veio depois daquele beijo só fez a tensão aumentar. Eu ainda sentia o gosto dela nos meus lábios, e como ela me olhava… pela deusa. Eu já tinha desejado Elaris antes. Muitas vezes. Mas agora? Agora não tinha mais nada me segurando.Ela ainda estava ali, tão perto, os olhos brilhando daquele jeito. As mãos pequenas agarravam minha camisa, como se tivessem medo de que eu sumisse. Como se estivesse esperando que eu fizesse algo.E eu fiz.Segurei sua cintura com força, a puxando contra mim de novo, e tomei sua boca como se minha vida dependesse daquilo.Elaris grunhiu baixo, e o som fez meu corpo inteiro reagir. O beijo foi ficando cada vez mais intenso, mais desesperado. Minhas mãos subiram, deslizando pelas costas dela, os dedos apertando sua pele por cima da roupa.Ela era quente, macia, perfeita.As mãos dela subiram pelo meu peito, arranhando de leve, e depoi
Davian DeaneEu acordei sentindo um calor suave de Elaris contra minha pele.O quarto ainda estava meio escuro, banhado apenas pela luz fraca da manhã que entrava pela janela.Elaris estava deitada ao meu lado, respirando suavemente, seu corpo parcialmente enroscado no meu.Meu peito subia e descia devagar, tentando prolongar aquele momento.Eu olhei para ela.E, sem perceber, um sorriso idiota apareceu no meu rosto.Ela estava completamente marcada.Cada pedaço de pele que minha boca tinha encontrado na noite anterior agora exibia alguma marca.E, droga, aquilo me dava um orgulho ridículo.Eu passei os dedos de leve sobre a pele dela, traçando os contornos de uma das marcas em seu ombro. Ela se mexeu levemente, murmurando algo inaudível antes de afundar ainda mais o seu rosto contra o meu peito.Deuses… eu podia passar o dia inteiro assim. Mas eu queria. Como eu queria.Então…Alguém bateu na porta da frente.Minha testa franziu imediatamente.Quem diabos atrapalha um homem nessas ci
Astris O som metálico dos talheres batendo nos pratos se misturava ao aroma rico dos assados e dos vinhos finos.A sala de jantar do palácio estava iluminada por velas douradas, lançando sombras tremeluzentes sobre as paredes decoradas com tapeçarias luxuosas.Era um jantar comum.Ou, pelo menos, deveria ser.Mas eu simplesmente não conseguia parar de rir.O riso veio de repente, baixo no início, mas logo cresceu, ecoando pelo grande salão.Os servos desviaram os olhos rapidamente, tentando fingir que não ouviam, mas o som chamou a atenção do meu pai.Ele pousou a taça de vinho sobre a mesa e arqueou uma sobrancelha em minha direção.— Astris, querida, o que há de tão engraçado?Minha mãe também ergueu os olhos, curiosa.Eu limpei os cantos dos olhos, respirando fundo para tentar conter a diversão.— Estava apenas me lembrando do pequeno presentinho que enviei para a querida alcateia que está abrigando minha irmã.O sorriso do meu pai cresceu.— Ah… então finalmente tomou alguma atit