Elaris StinsNão sei exatamente quando finalmente consegui dormir. Só sei que uma hora minha mente simplesmente cedeu, exausta demais para continuar lutando contra o caos que Davian tinha causado dentro de mim. Meu corpo ainda estava quente por estar tão perto do dele, e o som da respiração calma dele foi a última coisa que ouvi antes de ser puxada para o mundo dos sonhos, enquanto eu sentia o meu corpo ficar cada vez mais leve.Era escuro. O quarto ainda tinha aquele cheiro de madeira, terra e… dele. Era o mesmo lugar, a mesma cama. Mas, no sonho, eu acordei com outra coisa. Com um peso sobre mim.Com ele.Davian estava ali, sobre mim, o olhar sombrio, intenso. Diferente do jeito preguiçoso e tranquilo que tinha antes de dormir. Seu corpo era quente, quase febril, e seus dedos estavam firmes ao segurarem meus pulsos contra o colchão, por cima da minha cabeça, como se não quisesse que eu me movesse de jeito nenhum.Meu coração disparou como se fosse sair pela boca, enquanto eu sentia
Zane Quimby O cheiro de papel envelhecido e tinta fresca ainda pairava no ar quando o mensageiro entregou a carta.Eu a peguei sem muita pressa, ainda digerindo a conversa com Dellan.Relembrar do passado tinha trazido um raro momento de leveza. Mas, pelo visto, essa sensação não duraria muito, já que era bem óbvio para mim que as coisas seriam turvas no futuro.A carta estava em um envelope simples, mas havia um peso estranho nele. Algo estava errado.Meus instintos se retesaram antes mesmo de abrir o selo.Assim que rasguei a lateral e deslizei o conteúdo para fora, um peso frio se instalou no meu estômago.Minha respiração parou.Nas minhas mãos, envolto em um fino tecido escuro, havia um pequeno feto de lobo morto.Minúsculo. Frágil.E, nas suas costas, havia marcas.Marcas prateadas.As marcas da deusa da lua.Meus dedos se fecharam ao redor do embrulho.O horror veio primeiro.Depois, a raiva.O tipo de raiva que queimava como uma fogueira prestes a se tornar um incêndio incont
Davian DeaneO primeiro som que ouvi ao acordar foi a respiração tranquila de Elaris.A sensação de calor ao meu lado me fez lembrar exatamente onde eu estava.E com quem.Abri os olhos lentamente, e a primeira coisa que vi foi o rosto dela.Tão perto.Tão sereno.Por um momento, eu simplesmente fiquei ali, deitado, observando cada detalhe dela.Os fios soltos do cabelo espalhados pelo travesseiro.Os cílios longos descansam suavemente contra a pele.Os lábios ligeiramente entreabertos, convidativos sem nem ao menos tentar ser.Ela era linda.A verdade me atingiu com força.Não só bonita… mas linda.Linda de um jeito que fazia meu peito apertar, que me fazia esquecer momentaneamente todas as preocupações, todas as batalhas, todas as guerras que estavam por vir.Naquele momento, o mundo parecia distante.Só existíamos nós dois.Eu inspirei fundo, sentindo o cheiro dela misturado ao aroma amadeirado dos lençóis.E então, com cuidado, comecei a me mover.Mas antes que eu pudesse sequer p
Davian DeaneO ar dentro da cozinha parecia carregado, denso e tão quente que eu quase não conseguia aguentar. O silêncio que veio depois daquele beijo só fez a tensão aumentar. Eu ainda sentia o gosto dela nos meus lábios, e como ela me olhava… pela deusa. Eu já tinha desejado Elaris antes. Muitas vezes. Mas agora? Agora não tinha mais nada me segurando.Ela ainda estava ali, tão perto, os olhos brilhando daquele jeito. As mãos pequenas agarravam minha camisa, como se tivessem medo de que eu sumisse. Como se estivesse esperando que eu fizesse algo.E eu fiz.Segurei sua cintura com força, a puxando contra mim de novo, e tomei sua boca como se minha vida dependesse daquilo.Elaris grunhiu baixo, e o som fez meu corpo inteiro reagir. O beijo foi ficando cada vez mais intenso, mais desesperado. Minhas mãos subiram, deslizando pelas costas dela, os dedos apertando sua pele por cima da roupa.Ela era quente, macia, perfeita.As mãos dela subiram pelo meu peito, arranhando de leve, e depoi
Davian DeaneEu acordei sentindo um calor suave de Elaris contra minha pele.O quarto ainda estava meio escuro, banhado apenas pela luz fraca da manhã que entrava pela janela.Elaris estava deitada ao meu lado, respirando suavemente, seu corpo parcialmente enroscado no meu.Meu peito subia e descia devagar, tentando prolongar aquele momento.Eu olhei para ela.E, sem perceber, um sorriso idiota apareceu no meu rosto.Ela estava completamente marcada.Cada pedaço de pele que minha boca tinha encontrado na noite anterior agora exibia alguma marca.E, droga, aquilo me dava um orgulho ridículo.Eu passei os dedos de leve sobre a pele dela, traçando os contornos de uma das marcas em seu ombro. Ela se mexeu levemente, murmurando algo inaudível antes de afundar ainda mais o seu rosto contra o meu peito.Deuses… eu podia passar o dia inteiro assim. Mas eu queria. Como eu queria.Então…Alguém bateu na porta da frente.Minha testa franziu imediatamente.Quem diabos atrapalha um homem nessas ci
Astris O som metálico dos talheres batendo nos pratos se misturava ao aroma rico dos assados e dos vinhos finos.A sala de jantar do palácio estava iluminada por velas douradas, lançando sombras tremeluzentes sobre as paredes decoradas com tapeçarias luxuosas.Era um jantar comum.Ou, pelo menos, deveria ser.Mas eu simplesmente não conseguia parar de rir.O riso veio de repente, baixo no início, mas logo cresceu, ecoando pelo grande salão.Os servos desviaram os olhos rapidamente, tentando fingir que não ouviam, mas o som chamou a atenção do meu pai.Ele pousou a taça de vinho sobre a mesa e arqueou uma sobrancelha em minha direção.— Astris, querida, o que há de tão engraçado?Minha mãe também ergueu os olhos, curiosa.Eu limpei os cantos dos olhos, respirando fundo para tentar conter a diversão.— Estava apenas me lembrando do pequeno presentinho que enviei para a querida alcateia que está abrigando minha irmã.O sorriso do meu pai cresceu.— Ah… então finalmente tomou alguma atit
Zane Quimby - ALFA A brisa da noite soprava suavemente sobre a sacada, carregando consigo o cheiro das árvores e o frescor do orvalho.O céu estava limpo, pontilhado por estrelas, e a lua cheia iluminava a paisagem com um brilho prateado, era como se a própria deusa nos olhasse naquele exato momento, nos abençoasse.Mas eu não conseguia aproveitar nada disso.Porque meu peito ainda estava apertado, pensando em como as coisas seriam dali para frente.Minha mente ainda estava consumida pelo medo.E, bem ao meu lado, estava a razão para isso.Elena.Ela parecia tranquila, os olhos voltados para a imensidão do céu, os cabelos brilhando sob a luz da lua, sem nenhuma preocupação visível em seu rosto.Eu queria poder me sentir como ela.Queria poder acreditar que tudo ficaria bem.Mas não conseguia.— Eu tenho medo de perder você.Minha voz soou mais baixa do que eu pretendia, porque sinceramente eu não queria admitir aquilo em voz alta. Não queria desencorajar a mulher da minha vida.Elena
Davian Deane. A primeira coisa que senti ao acordar foi o cheiro.E que merda de cheiro.Fedia a sangue podre, um cheiro ferroso e forte que grudava no ar como se fosse parte dele.E, claro, tinha o detalhe maravilhoso de que eu estava acorrentado.Ótimo.Eu abri os olhos devagar, minha cabeça ainda latejando pelo maldito dardo que tinham me dado.As paredes de pedra ao meu redor eram frias e úmidas, o chão era coberto por sujeira, e havia algo escuro e seco nas fendas entre as pedras.Eu não queria pensar muito sobre o que era aquilo.Um grunhido fraco me fez virar o rosto e só então percebi Dellan, caído a poucos metros de mim, ainda desacordado.— Dellan, seu idiota, acorda. — murmurei, mas ele nem se mexeu.Suspirei pesadamente, tentando puxar as correntes. Elas estavam firmes.Porque, claro, não bastava só me jogarem nessa cela fedendo à morte.Eles tinham que me acorrentar também.E foi aí que ela apareceu.Astris.Ela surgiu na entrada da cela como uma sombra elegante e perigo