O prazer da Vingança
O prazer da Vingança
Por: Rabetin
PRÓLOGO

Ele já havia perdido a conta dos copos que bebia, tentando esquecer pelo menos por um momento a traição da mulher que ama. Inácio nunca se permitiu sentir amor por uma mulher até que ela cruzou seu caminho, com seu rosto angelical e sua voz doce. Seu amor por aquela mulher era tão grande que ele se permitiu imaginar uma vida inteira ao seu lado.  Acreditando sinceramente que poderia seguir os passos de seu irmão mais velho e formar uma família feliz, seus sonhos e objetivos profissionais empalideceram na frente de seus sonhos com ela.

— Maldito mentirosa! — Gritou, atirando a garrafa contra a parede e vendo como ela se partiu em milhares de pedaços e o licor molhou o tapete.

— Inácio! Para!

Marcos o parou antes de pegar outra garrafa do frigobar. Até então, ele deixara de processar a dor da traição sem intervir.

— Por que não me disse que amar tanto doía? — Murmurou com um olhar perdido.

— Amar não faz mal, meu irmão—respondeu sentado ao lado —, o que dói é que você falhou.

— Devo ter parecido um tolo a entrar para comprar um anel de noivado para aquela traidora.

— Tem a certeza de que ela roubou o seu projeto?

— Tão certo como o seu amante, riu-se na minha cara enquanto ela me falava sobre o que planejavam fazer com o prêmio em dinheiro.

— Você não pode confiar nas palavras de um ladrão.

Inácio lembrou-se do olhar zombeteiro daquele homem quando ela dizia que se aproximou dele com o único propósito de roubar um de seus projetos para dar a ele. Mas ele não foi tolo o suficiente para acreditar nas palavras de um estranho. Além do testemunho daquele homem, houve a gravação das câmeras de segurança do prédio, em que ela entrou em seu apartamento quando ele não estava lá. Ele amaldiçoou o tempo em que confiou nela a ponto de entregar-lhe as chaves de seu apartamento de solteiro.

O riso daquele homem infeliz ainda ressoava em seus ouvidos enquanto ele lhe dizia que eles se divertiam muito, zombando de seu excesso de confiança nele. Dói-lhe imaginá-la nua, após se render ao outro, quando com ele só se comportou como uma virgem inexperiente. Se eu soubesse que uma cadela sem coração estava escondida sob a máscara de uma boa menina, eu a teria levado para a cama sem cerimônia, em vez de lhe dar tempo até que ela se sentisse pronta.

— Tudo sobre ela é uma mentira, meu irmão. — Inácio suspirou, olhando seu irmão na cara — ela nem me disse seu nome real. Devia ter visto a cara de satisfação daquele tipo, dizendo-me o nome e o apelido verdadeiros.

— Deixe-os apodrecer na cadeia e esqueça-os —Ele balançou a cabeça.

— Não é suficiente para mim vê-los na cadeia. Eles não ficaram, mas de três anos e quando estiverem livres, se encontrarão novamente e viverão seu amor, como se não tivessem atingido meu coração e meu futuro profissional. Se eles acham que vão tirar sarro de mim sem pagar as consequências, estão muito errados.

— Não faça nada de que se arrependa, digo por experiência —avisou-o, implorando-se para não ser tolo, mas ele estava com muito medo de que os seus avisos caíssem em ouvidos surdos.

— Vou fazer o que tenho de fazer — foi a sua resposta breve e desapaixonada.

Marcos saiu da sala assim que ele acreditou que seu irmão dormia, ignorando completamente que a mente de Inácio estava planejando um plano para aquela mulher receber o que ela merecia.

— Você roubou meu sonho, eu vou roubar o seu —murmurado, antes de cair exausto por fadiga e sono.

No dia seguinte, livre dos estragos da embriaguez, com um coração endurecido e uma ideia clara, ele apareceu acompanhado por seu advogado no lugar onde aquela mulher e seu amante foram detidos. Embora seu advogado discordasse, ele iria retirar a queixa, não só porque ele tinha seus próprios planos de vingança, mas porque ele não confiava na justiça comum. Antes de começar a papelada, ele pediu para falar com ela. Enquanto caminhava pelo corredor que o levou até a cela em que a trancaram, ele se armou com coragem para enfrentar a mulher que amava loucamente dias antes.

Ouvindo passos se aproximando, Tamires rapidamente se levantou e se agarrou às barras de ferro frias da cela, pronta para rejeitar a oferta. O advogado de sua tia preferiu ficar trancada naquele lugar do que voltar para sua antiga casa, ciente de que nada de bom o esperava.

Ela não tinha ideia do que estava acontecendo, ela tinha sido trancada por dois dias e, se ela tinha certeza de alguma coisa, era que ela não roubou esse projeto. O problema é que ela não tinha como provar isso, sua única esperança era que Inácio acreditasse nela.

Vendo Inácio, ela sorriu, pensando que o que até então era um mal-entendido era claro e que ele iria tirá-la daquele lugar, mas seu sorriso desapareceu quando ela notou a frieza em seu olhar. Não havia nenhum traço do amor com que ele olhou para ela dias atrás.

— Olá, Tamires — soltou-a com desprezo, varrendo-a com os olhos — Ou prefere que te chame Thalia?

O ar ficou preso em seus pulmões assim que seu nome verdadeiro deixou os lábios do homem que ele amava.

— Posso explicar — perguntou, com um olhar implorando.

— Já sei tudo o que tenho que deveria saber.

— O que sabe?

— Que você é uma m*****a traidora, uma cadela manipuladora que entrou na minha vida e rasgou meus sonhos em pedaços —disse entre os dentes, segurando as barras com força.

— Eu não roubei, acredita em mim, por favor, Inácio? — enquanto seu coração estava encolhendo de dor devido ao ódio com o qual ela olhou para ela.

— Nunca mais vou acreditar nas palavras que saem da tua boca mentirosa.

— Se não acredita em mim, o que está a fazendo aqui? — Derramou dor, mas sem derramar uma única lágrima.

— Venho propor um acordo.

— Que tipo de acordo?

— A sua liberdade, em troca de concordar em ser a minha mulher —disse Inácio de uma forma que a fez tremer.

— Você não está falando sério? — disse, sem soltar as barras, precisava de algo para segurá-lo.

— Tão a sério que, se aceitar, casamos hoje.

Claro, ela sonhava em se tornar sua esposa, mas não assim, não com ele odiando-a e acreditando que ela era uma traidora. Esse casamento não tinha como ir bem.

— Posso pelo menos pensar nisso? — Ela já não conseguia segurar as lágrimas, mas estavam longe de o mover.

— Não! — Ele pegou o queixo entre o dedo indicador e o polegar e forçou-a a olhar para ele. — Acretido que não quer murchar numa prisão nos próximos anos. Quero uma resposta e quero-a agora.

Lembrando que em questão de horas o advogado e cúmplice de sua tia apareceria novamente, determinado a levá-la de volta à frança, ela disse a si mesma que não poderia agradá-la. Ela preferiu se casar com ele mil vezes, mesmo que acreditasse que era a pior coisa do mundo, voltar para sua tia antes de completar 24 anos. Se ela analisasse com a cabeça fria, deixando de lado seus sentimentos, esse casamento daria o tempo de que ela precisava para atingir a idade que lhe permitiria recuperar o que era seu.

— Aceito — murmurado com um fio de voz.

— Eu não te ouvi, diz de novo — Inácio zombou.

— Aceito — respondeu, elevando o tom.

Para o que aconteceu a seguir, ele colocou o piloto automático e deixou-se ir.

Seus sonhos de um casamento por amor foram destruídos enquanto, em uma sala fria e desagradável, ela assinou a certidão de casamento e repetiu as palavras do juiz. Não havia olhares, nem palavras de amor, nem tinha o vestido branco e vaporoso, nem o buquê de rosas e lírios-brancos que sempre imaginou para o seu casamento civil. Casou-se com as mesmas roupas sujas e enrugadas que usava durante os dias de confinamento. Olhando para o seu triste reflexo na janela do carro que a levaria para a sua nova “casa”, ela prometeu a si mesma que faria o seu melhor para fazer Inácio, ouvi-la, acreditar nela e amá-la novamente.

Ele não tinha ideia do dano que as mentiras que ele acreditava que seu melhor amigo e único apoio naquela cidade tinham causado. Ele confiava cegamente em alguém que não hesitou por um segundo em arruinar sua vida em troca de dinheiro.

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