Ele já havia perdido a conta dos copos que bebia, tentando esquecer pelo menos por um momento a traição da mulher que ama. Inácio nunca se permitiu sentir amor por uma mulher até que ela cruzou seu caminho, com seu rosto angelical e sua voz doce. Seu amor por aquela mulher era tão grande que ele se permitiu imaginar uma vida inteira ao seu lado. Acreditando sinceramente que poderia seguir os passos de seu irmão mais velho e formar uma família feliz, seus sonhos e objetivos profissionais empalideceram na frente de seus sonhos com ela.
— Maldito mentirosa! — Gritou, atirando a garrafa contra a parede e vendo como ela se partiu em milhares de pedaços e o licor molhou o tapete.
— Inácio! Para!
Marcos o parou antes de pegar outra garrafa do frigobar. Até então, ele deixara de processar a dor da traição sem intervir.
— Por que não me disse que amar tanto doía? — Murmurou com um olhar perdido.
— Amar não faz mal, meu irmão—respondeu sentado ao lado —, o que dói é que você falhou.
— Devo ter parecido um tolo a entrar para comprar um anel de noivado para aquela traidora.
— Tem a certeza de que ela roubou o seu projeto?
— Tão certo como o seu amante, riu-se na minha cara enquanto ela me falava sobre o que planejavam fazer com o prêmio em dinheiro.
— Você não pode confiar nas palavras de um ladrão.
Inácio lembrou-se do olhar zombeteiro daquele homem quando ela dizia que se aproximou dele com o único propósito de roubar um de seus projetos para dar a ele. Mas ele não foi tolo o suficiente para acreditar nas palavras de um estranho. Além do testemunho daquele homem, houve a gravação das câmeras de segurança do prédio, em que ela entrou em seu apartamento quando ele não estava lá. Ele amaldiçoou o tempo em que confiou nela a ponto de entregar-lhe as chaves de seu apartamento de solteiro.
O riso daquele homem infeliz ainda ressoava em seus ouvidos enquanto ele lhe dizia que eles se divertiam muito, zombando de seu excesso de confiança nele. Dói-lhe imaginá-la nua, após se render ao outro, quando com ele só se comportou como uma virgem inexperiente. Se eu soubesse que uma cadela sem coração estava escondida sob a máscara de uma boa menina, eu a teria levado para a cama sem cerimônia, em vez de lhe dar tempo até que ela se sentisse pronta.
— Tudo sobre ela é uma mentira, meu irmão. — Inácio suspirou, olhando seu irmão na cara — ela nem me disse seu nome real. Devia ter visto a cara de satisfação daquele tipo, dizendo-me o nome e o apelido verdadeiros.
— Deixe-os apodrecer na cadeia e esqueça-os —Ele balançou a cabeça.
— Não é suficiente para mim vê-los na cadeia. Eles não ficaram, mas de três anos e quando estiverem livres, se encontrarão novamente e viverão seu amor, como se não tivessem atingido meu coração e meu futuro profissional. Se eles acham que vão tirar sarro de mim sem pagar as consequências, estão muito errados.
— Não faça nada de que se arrependa, digo por experiência —avisou-o, implorando-se para não ser tolo, mas ele estava com muito medo de que os seus avisos caíssem em ouvidos surdos.
— Vou fazer o que tenho de fazer — foi a sua resposta breve e desapaixonada.
Marcos saiu da sala assim que ele acreditou que seu irmão dormia, ignorando completamente que a mente de Inácio estava planejando um plano para aquela mulher receber o que ela merecia.
— Você roubou meu sonho, eu vou roubar o seu —murmurado, antes de cair exausto por fadiga e sono.
No dia seguinte, livre dos estragos da embriaguez, com um coração endurecido e uma ideia clara, ele apareceu acompanhado por seu advogado no lugar onde aquela mulher e seu amante foram detidos. Embora seu advogado discordasse, ele iria retirar a queixa, não só porque ele tinha seus próprios planos de vingança, mas porque ele não confiava na justiça comum. Antes de começar a papelada, ele pediu para falar com ela. Enquanto caminhava pelo corredor que o levou até a cela em que a trancaram, ele se armou com coragem para enfrentar a mulher que amava loucamente dias antes.
Ouvindo passos se aproximando, Tamires rapidamente se levantou e se agarrou às barras de ferro frias da cela, pronta para rejeitar a oferta. O advogado de sua tia preferiu ficar trancada naquele lugar do que voltar para sua antiga casa, ciente de que nada de bom o esperava.
Ela não tinha ideia do que estava acontecendo, ela tinha sido trancada por dois dias e, se ela tinha certeza de alguma coisa, era que ela não roubou esse projeto. O problema é que ela não tinha como provar isso, sua única esperança era que Inácio acreditasse nela.
Vendo Inácio, ela sorriu, pensando que o que até então era um mal-entendido era claro e que ele iria tirá-la daquele lugar, mas seu sorriso desapareceu quando ela notou a frieza em seu olhar. Não havia nenhum traço do amor com que ele olhou para ela dias atrás.
— Olá, Tamires — soltou-a com desprezo, varrendo-a com os olhos — Ou prefere que te chame Thalia?
O ar ficou preso em seus pulmões assim que seu nome verdadeiro deixou os lábios do homem que ele amava.
— Posso explicar — perguntou, com um olhar implorando.
— Já sei tudo o que tenho que deveria saber.
— O que sabe?
— Que você é uma m*****a traidora, uma cadela manipuladora que entrou na minha vida e rasgou meus sonhos em pedaços —disse entre os dentes, segurando as barras com força.
— Eu não roubei, acredita em mim, por favor, Inácio? — enquanto seu coração estava encolhendo de dor devido ao ódio com o qual ela olhou para ela.
— Nunca mais vou acreditar nas palavras que saem da tua boca mentirosa.
— Se não acredita em mim, o que está a fazendo aqui? — Derramou dor, mas sem derramar uma única lágrima.
— Venho propor um acordo.
— Que tipo de acordo?
— A sua liberdade, em troca de concordar em ser a minha mulher —disse Inácio de uma forma que a fez tremer.
— Você não está falando sério? — disse, sem soltar as barras, precisava de algo para segurá-lo.
— Tão a sério que, se aceitar, casamos hoje.
Claro, ela sonhava em se tornar sua esposa, mas não assim, não com ele odiando-a e acreditando que ela era uma traidora. Esse casamento não tinha como ir bem.
— Posso pelo menos pensar nisso? — Ela já não conseguia segurar as lágrimas, mas estavam longe de o mover.
— Não! — Ele pegou o queixo entre o dedo indicador e o polegar e forçou-a a olhar para ele. — Acretido que não quer murchar numa prisão nos próximos anos. Quero uma resposta e quero-a agora.
Lembrando que em questão de horas o advogado e cúmplice de sua tia apareceria novamente, determinado a levá-la de volta à frança, ela disse a si mesma que não poderia agradá-la. Ela preferiu se casar com ele mil vezes, mesmo que acreditasse que era a pior coisa do mundo, voltar para sua tia antes de completar 24 anos. Se ela analisasse com a cabeça fria, deixando de lado seus sentimentos, esse casamento daria o tempo de que ela precisava para atingir a idade que lhe permitiria recuperar o que era seu.
— Aceito — murmurado com um fio de voz.
— Eu não te ouvi, diz de novo — Inácio zombou.
— Aceito — respondeu, elevando o tom.
Para o que aconteceu a seguir, ele colocou o piloto automático e deixou-se ir.
Seus sonhos de um casamento por amor foram destruídos enquanto, em uma sala fria e desagradável, ela assinou a certidão de casamento e repetiu as palavras do juiz. Não havia olhares, nem palavras de amor, nem tinha o vestido branco e vaporoso, nem o buquê de rosas e lírios-brancos que sempre imaginou para o seu casamento civil. Casou-se com as mesmas roupas sujas e enrugadas que usava durante os dias de confinamento. Olhando para o seu triste reflexo na janela do carro que a levaria para a sua nova “casa”, ela prometeu a si mesma que faria o seu melhor para fazer Inácio, ouvi-la, acreditar nela e amá-la novamente.
Ele não tinha ideia do dano que as mentiras que ele acreditava que seu melhor amigo e único apoio naquela cidade tinham causado. Ele confiava cegamente em alguém que não hesitou por um segundo em arruinar sua vida em troca de dinheiro.
França, três anos antes de tudo...Minha vida mudou e não exatamente para melhor quando minha mãe faleceu tentando trazer para o mundo meu irmão que eu tanto desejava. Papai caiu em uma depressão profunda e, embora ele me amasse, preferiu não me ver. Parecia tanto com minha mãe que minha presença o fez lembrar o que ele perdeu. Pensei que, com o tempo, ele pararia de ver minha mãe em mim e retomaríamos o bom relacionamento que sempre tivemos, mas isso não aconteceu. Nem um mês se passou quando sua irmã viúva se mudou para nossa casa e assumiu o controle de tudo.Eu, que era uma filha amada e mimada por meus pais, de um dia para o outro eu estava trancada em um internato. Quando o pai anunciou a sua decisão de me mandar para a Inglaterra, não pude ignorar o sorriso sorrateiro da infeliz da minha tia. Eu não tinha dúvidas de que ela plantou a ideia de me mandar para aquele internato com a desculpa de que eu teria uma boa educação e seria bem atendida. Lembro-me de chorar até adormecer,
Quando a viagem chegou ao fim, voltei para Inglaterra, pronto para aceitar uma das ofertas de emprego em mãos. Depois de muita análise, tive que escolher entre as duas melhores opções. A primeira coisa que eu estava planejando fazer assim que recebi meu primeiro salário foi mudar para um apartamento que não foi pago com o dinheiro do meu pai. Senti-me pronta para me tornar uma mulher independente e, pelo menos naquele momento, pensei que nada arruinaria os planos da tia em mente. Infelizmente, uma ligação da minha tia mandou-os para o inferno e fui forçada a voltar para a França.Papai sofreu um acidente e estava em estado crítico em uma clínica e, em um de seus poucos momentos lúcidos, pediu para me ver.— Um carro privado vai buscá-la, eu ligo quando aterrizar na França.Arrumei minha mala sem realmente ver o que eu estava colocando dentro dela. Meus olhos manchados de lágrimas me impediram de ver claramente, não importava o que meu pai fizesse comigo, eu queria estar ao lado dele e
O corpo do pai foi cremado e a urna com as suas cinzas, colocada ao lado da minha mãe e do meu irmão, na cripta da família. Seus amigos estavam presentes em sua despedida, que quando me viram não podiam deixar de mencionar a minha extraordinária semelhança com a minha mãe. Entre os presentes no funeral estavam meus padrinhos de batismo.— Sinto muito, conte comigo para o que você precisa — disse madrinha, me envolvendo em um abraço caloroso.— Vai ficar? — Perguntou ao meu padrinho, olhando alcance para a minha tia.— Eu não sei — respondi honestamente.A verdade é que no dia anterior, quando entrei em minha antiga casa, percebi que não era mais a casa que eu desejava. Não havia vestígios das coisas com as quais minha mãe decorava a casa, minha tia havia se encarregado de redecorar e se livrar de quaisquer detalhes que a lembrassem de seu antigo dono.Quando todos saíram, exaustos, fui para o meu quarto e assim que coloquei a cabeça no travesseiro, caí exausto. O rugido de um motor de
Tamires.Um mês após o casamento, eu estava mais do que acostumado com Inácio me ignorando, o que quero mais, eu apreciei o que ele fez. As poucas vezes que ele falou comigo foram basicamente para me lembrar que eu não poderia sair de casa, a menos que eu fosse acompanhada por um dos guardas que ele contratou especificamente para impedir de fugir.Em termos práticos, eu era um prisioneiro naquela casa, mas eu preferia mil vezes aquela prisão onde eu não tinha falta de comida e estava confortável, do que uma prisão real. O problema com esta prisão era que um dos meus guardas era um gato que parecia me odiar tanto ou mais do que Inácio. Matará gostava de rasgar minhas roupas, a maioria dos meus sapatos eram adornados com suas garras e sempre que eu saía do quarto, eu me certificava de fechá-lo firmemente e que aquele demônio peludo não estava por perto. As cicatrizes dos últimos arranhões que ela me deu em um descuido eram quase perceptíveis e eu não tinha intenção de dar a ela uma nova
Tirei uma camisa preta do cabide e, quando mostrei a ele, soltou uma risada que ecoou em todos os cantos do meu corpo.— Preto? — Ele arqueou a sobrancelha.— Com essa cor, a sujeira não é perceptível.— Vou levar.Eu o levei até o caixa e, por alguma estranha razão, fiquei ao lado dele enquanto pagava pela camisa feliz. Descobri que o nome dele era Inacio Montes. Suspirei, não sei se é um alívio, quando ele entrou pela porta da loja e saiu.— Ele gostou de você, e vai voltar uma e outra vez só para te ver.As palavras do meu parceiro tornara-se realidade três dias depois, quando Inacio entrou na loja e me procurou. Desta vez, ele queria uma jaqueta formal e demorou a decidir-se enquanto tentava saber mais sobre mim.— Você concordaria em tomar um café comigo? — Ele perguntou, apontando para a jaqueta azul-marinho.— Não — respondi, quando estava mesmo a morrer para dizer sim.— Voltarei quantas vezes for necessário até que diga sim — ele prometeu-me e eu acreditei nele. E o que é pior
Segunda-feira foi cansativa e, por volta da hora da partida, eu me vi desejando que Inácio parecesse continuar insistindo em sair comigo. Chame-me de idiota, mas fiquei desapontada quando ele não apareceu, nem nos dias seguintes. Na sexta-feira, quando verificamos que tudo estava em ordem dentro de nossas seções, Amanda me disse que na noite seguinte ela iria a uma festa com pessoas que poderiam impulsionar sua carreira de modelo.— Espero ter sorte.— Você vai ter e em poucos meses você estará em uma passarela, vestindo as roupas dos grandes designers — eu encorajei.— Gostaria de se juntar a mim? — Pergunta de repente e olhei para ela sem saber se aceitava ou não.— Onde estamos? — Ele sorriu para mim e eu sorri de volta para ela. A verdade é que a conheço muito pouco e eu gostei de ser considerada. Também Amanda gostava muito de mim.******Esse foi um dos meus dois sábados gratuitos por mês e, pela primeira vez em muito tempo, tive o prazer de fazer compras e fiz isso em uma loja
Inácio.Eu não sabia o que esperar daquele primeiro encontro com Thalia, mas eu faria o que fosse preciso para impedi-la de rejeitar um segundo. Nosso encontro na noite anterior foi obra do acaso, Paulo estava envolvido com sua amiga, me deu a desculpa perfeita para me aproximar dela e, aliás, salvar sua amiga de se tornar a amante do turno daquele idiota. Eu ainda podia sentir o calor de sua pele, o cheiro delicioso que seu cabelo emitia e o ritmo acelerado de sua respiração.Eu gostei, eu não tinha dúvidas, mas as palavras que ela me disse no dia em que me encharcou e com a palavra na boca naquela cafeteria estavam frescas na minha memória. Talvez por isso tenha preferido não entrar na loja na semana anterior. Juro que estava prestes a desistir de meus esforços para conseguir um encontro com ela, mas o destino queria que nos víssemos novamente e eu tomei como o sinal de que eu precisava para continuar.— O que está fazendo acordado tão cedo no domingo? — Marcos perguntou assim que pu
O almoço, além de ser rico, nos fez perceber nosso amor pela massa bolonhesa. Ela não queria que o encontro terminasse, mas teve que terminar de uma maneira memorável e, pela mesma razão, eu a convidei para fazer um passeio de barco no canal. O passeio durou menos de uma hora e, quando saímos do barco, o sol estava quase escondido.— Espero que tenham gostado tanto deste compromisso que queiram repetir — disse-lhe assim que parei o carro à porta do seu prédio.— Gostei — admitiu com um sorriso.— Isso significa que vamos repetir a esse encontro?Sem dizer nada apenas agradeci e deu um sorriso e Inácio pegou em meu braço e quase me beijou e eu ia deixar. Porém me lembrei que poderia ser perigoso demais para mim.ThaliaInácio não apareceu na loja a semana toda e tão pouco ligou e eu pensei que depois do nosso primeiro encontro ele não teve mais vontade. Eu não sabia se deveria ficar aliviada ou desapontada, por não ter que mentir e pular coisas da minha vida anterior e desapontado porq