Ela pegou os livros e se retirou. Julian, vindo logo atrás dela, tomou os livros de suas mãos.— Eu levo.— Oh, que cavalheiro! — Sempre fui - disse sorrindo para a noiva.Ao chegarem ao quarto, dona Elis estava terminando de trocar os emplastros do pai de Emma.— Podem entrar, já estou terminando.— Pensei que a senhora já estivesse dormindo, vovó.— E eu estava, mas acordei e vim trocar os emplastros. Se ficarem secos perdem o efeito curativo, mas já vou voltar para a cama. E vocês dois também precisam dormir, vão acordar cedo amanhã. Vou tentar colocar aqueles dois para dentro também. Se virarem a madrugada acordados, vão acabar caindo do cavalo.— Boa sorte, vovó. Aqueles dois são dois cabeças duras.— Ah, eu peço na gentileza, se não funcionar eu pego a correia.Emma riu das palavras da avó. Sabia que era tudo só ameaça, mas ninguém nunca a desafiou o suficiente pra ter certeza de até onde ia a tolerância de dona Elis. Julian colocou os livros na cômoda que ficava perto da cama,
Ísis repreendeu a irmã para que não saísse àquela hora. Já era final de tarde, em breve começaria a escurecer.— Fique tranquila, minha irmã. - Dizia Kiara. - Quantas vezes entrei nessa floresta a essa hora? Hein? Conheço cada canto perfeitamente. Sou capaz de voltar para casa no escuro, você sabe.— Sei que é capaz, Kiara. - Replicou Ísis. - Mas não é prudente. Existem estranhos por aí, já colocaram fogo na aldeia, podem estar escondidos ainda e sabe-se lá o que podem fazer.Kiara vestiu sua capa bege, pegou seu cesto, e foi em direção aos degraus de pedra por onde ela teria acesso a parte superior da caverna de sua aldeia. Depois de subir os degraus, ela ainda andaria por um caminho de pedras até que a grama começava a nascer e o terreno se tornava cada vez mais verde e iniciava uma descida até uma região mais plana com plantas mais altas. Uma região onde os morangos, a fruta preferida de Kiara, crescia em abundância, e ela sempre ia até ali para colhê-los, sempre de manhã bem cedo
— Ela não está em lugar nenhum. Procurei em todos os lugares, ela sumiu! - Disse Ísis subitamente.Nira levantou o olhar para Ísis. Sem demonstrar qualquer perturbação, pediu que Ísis se sentasse ao seu lado. Respirando fundo para controlar a raiva e o nervosismo, Ísis fez o que a sua avó pediu.— Ísis, esses são: Emma, Arion, Yanni e Julian. Vieram conhecer nossa aldeia. - Disse Nira sem demonstrar abalo.— Eu sei, minha vó. Lembro-me deles. Agora posso falar do desaparecimento de minha irmã? - Falou Ísis asperamente. Nira apenas acenou com a cabeça permitindo que Ísis falasse.Ísis contou tudo que havia acontecido. Falou de sua procura por toda manhã pela floresta. Nira e os outros ouviram atentamente.— Ísis, minha neta, entendo que esteja preocupada com sua irmã. Eu também estou, acredite. Mas se ficar sem comer e dormir não terá condições de encontrar sua irmã. Não dou três dias para você cair de exaustão e fome. Vou fazer uma reunião mais tarde com todos os aldeões que tenham fo
Emma saiu do quarto para que seu pai não ouvisse a conversa. — Você está dizendo que seu irmão desapareceu? — Bem, pelo menos ele ainda não chegou em casa. Estou torcendo para que esteja numa taverna bebendo cerveja com os amigos. Mesmo ele não sendo disso - respondeu Julian. — Eu vou com vocês! — Não, Emma! Pode ser perigoso, falo sério, fique aqui. Se realmente me ama, me escuta. Não sabemos o que está acontecendo. Aquela garota da outra aldeia sumiu, meu irmão ainda não chegou e pode ter sumido também. Ninguém sabe o que está acontecendo. E outra coisa. Se você for conosco, a casa ficará desprotegida. Seu pai está fraco ainda, minha mãe e sua avó terão dificuldades para se defender se acontecer alguma coisa...- Ele suspirou profundamente. - Por favor! — Tá bom! - ela disse ficando mal-humorada. - Mas só porque alguém precisa ficar aqui! Já volto! - disse ela entrando no quarto. Quando saiu estava com o arco dos primos na mão. Deixou o pai descansando, pois tinha dito a ele que
Na aldeia de Ísis, dona Nira havia organizado uma reunião. Uma fogueira queimava no centro da praça, os aldeões se amontoavam em volta dela. O centro da atenção naquele momento era dona Nira que contava a todos sobre o desaparecimento da neta mais nova. Ao fim da história pediu que os aldeões que estivessem dispostos a ajudar na procura da garota, levantassem sua mão.— Argos, pode por favor contar as mãos levantadas? - Nira pediu. Argos estava parado um pouco atrás da anciã, assim como sua irmã, Ísis e o guerreiro Zorak.Argos entrou na multidão e começou a contar as mãos levantadas. Ao se aproximar de Nira ele falou em seu ouvido e voltou para sua posição.— Pois bem! - Nira disse ao público. - Temos um bom número de voluntários e agradeço a todos vocês. Iremos dividir em grupos. Para que sempre tenha alguém procurando em todos as áreas possíveis e em todas as horas do dia. Não será permitido a saída durante a noite. Não queremos perder mais ninguém. A segurança da aldeia será refor
Antes da primeira luz do Sol, Ísis já estava pronta para sair. Ela iria no primeiro grupo de busca. Ela não precisava ir, na verdade seu dever era ficar para o revezamento da guarda da aldeia. Na volta ela assumiria seu posto, mas não podia simplesmente largar a busca por sua irmã nas mãos dos outros. Sendo assim, já armada e preparada, Ísis esperava o grupo iniciar a busca. Eles iriam verificar a área onde supostamente Kiara teria desaparecido. Ísis ainda tinha a imagem do cesto caído e isto a afligia de uma forma assustadora.Finalmente eles iniciaram a busca. A floresta era sempre desértica. Principalmente naquele lado onde o acesso era mais difícil. E mesmo assim ela mal havia entrado na parte gramada mais abaixo quando ouviu som de cavalos e uma conversa baixa. Ísis fez sinal para que todos se escondessem na floresta e assim todos se espalharam escondendo-se atrás de árvores e arbustos, pedras ou qualquer coisa que pudesse ocultar a presença deles. Os sons aumentavam, e no momen
Olá, queridos leitores. Precisei fazer uma pausa no livro, pois estava preparando uma nova história. Vocês já podem procurá-la para ler aqui também na plataforma: Um filho para o rei Alfa. Como a nova história já está bastante adiantada, retornei para continuar as postagens deste livro. Tenham uma ótima leitura...Tendo passado quase um dia inteiro e uma noite na floresta, eles estavam cansados, famintos e imundos quando chegaram na casa de Julian. Todos queriam saber as novidades, dona Téia tinha esperança de ver seu filho mais velho retornar com eles, mas logo percebeu que Heron não estava entre os eles. Mesmo cansados, falaram tudo que descobriram. E que a ideia era voltarem no dia seguinte no final da tarde para observar o castelo nesse horário, talvez a atividade nele seria maior durante a noite. Precisavam saber o máximo possível para bolar um plano. Tudo que eles queriam era um bom banho, comida e uma noite de sono tranquilo.No dia seguinte pela manhã depois do café, Emma re
Chegando na casa. Eles desceram dos cavalos e os amarraram. Hedi pegou um balde com água no poço e colocou para os animais. Seus olhos lacrimejaram quando viram a casa queimada, destruída. Emma percebendo o estado emocional do pai, se aproximou e o abraçou. Os dois choraram em silêncio, compartilhando o sofrimento da perda da memória que aquele lugar trazia. Hedi começou a acariciar os cabelos da filha.— Eu vou reconstruir nossa casa. Não será a mesma coisa, mas a memória de sua mãe continuará intacta.— Pai, eu quero conversar com o senhor.— Vamos para o celeiro. Mas espere um pouco. - Hedi se afastou de Emma e foi até onde os meninos estavam parados, aparentemente esperando instruções. Eles conversaram rapidamente, Emma via apenas a cabeça dos meninos confirmando algum pedido de seu pai. Logo ele aproximou-se novamente e pegando em sua mão a conduziu até o celeiro.— Ah... como eu estava com saudades desse lugar. - Disse Hedi. - Sabe minha filha, a mãe de Julian me trata muito bem