Emma Collins observa a lua cheia brilhando intensamente no céu noturno, seu coração pulsando em compasso com o poderoso satélite. Ela sempre soube que havia algo de extraordinário dentro de si, uma força ancestral que clamava por liberdade, e com seu aniversário chegando, esse sentimento parecia ganhar força. Porém, não fazia ideia de que sua vida estava prestes a se entrelaçar com segredos épicos e uma missão que abalaria o próprio tecido da realidade.
No silêncio da noite, um sussurro suave chega aos seus ouvidos, uma voz feminina que ecoa em seu ser, convocando-a para o despertar de seu destino e para o enfrentamento do mal que ameaça engolir a humanidade. Em meio a um turbilhão de emoções e incertezas, Emma tenta entender o significado desses sentimentos.
Ela está sozinha em um pequeno morro, observando a lua linda e brilhante acima de si. Com a chegada de seu aniversário de 18 anos, ela começa a se sentir cada vez mais atraída pela lua e não sabe o motivo. A lua está alta no céu, já é tarde quando ela decide voltar a seu quarto e demora a pegar no sono tentando processar todo sentimento e pensamento sem explicação que a tem invadido ultimamente.
Pensando nesses sentimentos ela adormece, mas é um sono cheio de imagens e sons que ela não pode explicar.
***
A fumaça já saía pela chaminé do celeiro, onde o pai de Emma costumava trabalhar, mas ainda era cedo e ela decidiu verificar se estava tudo bem.
— Pai? Já está aí? – Abriu lentamente o parta que rangia com o movimento, o interior estava meio escuro, porém iluminado pelo fogo da forja.
— Oi, minha filha, já. Tenho muito trabalho a fazer e tenho que parar cedo hoje. Sua avó e seus primos vão chegar logo e temos que preparar tudo, afinal, hoje é o seu dia, não é? - Ele respondeu com um sorriso no rosto.
— É papai, é meu dia, sim. Precisa de ajuda? - Emma estava ansiosa por este dia: seu aniversário de 18 anos.
Sua família materna tinha uma tradição na qual ela não entendia a importância, mas se era importante para sua amada mãe, então seria importante para ela também.
— Hoje não, querida. Pode ir para os seus exercícios matinais e quando voltar, não precisa vir para cá como você costuma fazer. – O lugar já começava a esquentar e o cheiro de fumaça enchia o ar, embora tivesse uma chaminé.
— Tudo bem, então. Se precisar é só me chamar. - Ela se aproximou do pai, lhe deu um beijo na bochecha suada e saiu.
Ela caminhou até o estábulo, onde seu cavalo cor de caramelo costumava passar a noite, o pegou e se dirigiu ao campo onde se encontrava com Julian, seu amigo desde a infância e namorado há dois anos, para os treinos todos os dias de manhã. Ela era muito habilidosa com arco e flechas e tinha começado a ensinar Julian. Ele por sua vez, era ótimo com a espada e estava ensinando Emma como utilizar a arma, mas talvez aluna estivesse começando a superar o professor.
Ao chegar ao campo, avistou-o deitado na grama, como sempre fazia quando chegava primeiro.
— Já dormindo, seu preguiçoso. - Ela gritou com falsa indignação, as mãos na cintura e um sorriso que ele adorava.
— Emma! – O rapaz deu um pulo, fingindo ter se assustado, e a gargalhada que saiu da garganta da namorada, o deixou encantado.
— Deixa de ser bobo, Julian, vamos começar. Não posso demorar muito hoje. Você sabe por que, não é? - Ela disse enquanto pendia a cabeça de lado esperando a resposta dele.
— Eu deveria saber? - Ele coçou a cabeça e olhou para o alto. – Ah, espera! Estou lembrando de uma coisa. - Ele se aproximou dela, a abraçou e a beijou. - Feliz aniversário, meu amor, como eu ia esquecer? Aliás, você sabe que eu vou falar com seu pai hoje, não é?
— Eu sei e estou ansiosa, mas para de moleza e vamos começar logo.
No ano anterior, Julian pediu a mão de Emma em casamento, mas seu pai negou, dizendo que só permitiria quando a filha fizesse dezoito anos. E com a chegada de seu aniversário, ela estava ansiosa pelo pedido.
O lugar que estavam era lindo: um campo que separava a aldeia da floresta. Eles usavam as árvores como alvos para treinar arco e flechas. Nos cantos do campo tinham canteiros com flores silvestres coloridas que Emma adora fazer um pequeno buquê e levar para casa de vez em quando para perfumar o seu quarto com um doce aroma selvagem. E neste grande dia, elas estavam lindas e coloridas, e Emma as usaria para alegrar o cômodo.
brandindo sua espada com determinação, Emma fala:
— Acha mesmo que vai conseguir me vencer hoje, meu caro? Afinal, é meu aniversário e estou me sentindo invencível!
Julian ri, erguendo sua espada.
— Ah, é? Acho que é só uma desculpa para se gabar, querida. Mas vamos lá, estou pronto para lhe mostrar uma pequena lição.
Emma dá uma risada animada.
— Você não sabe no que está se metendo! Prepare-se para ser derrotado pelo furacão de aniversário!
Os dois começam a duelar com suas espadas, exibindo movimentos rápidos e precisos. Emma desvia dos ataques habilmente, demonstrando agilidade e graça, enquanto seu namorado se esforça para acompanhar seu ritmo. Seu namorado está ofegante.
— Uau, você está realmente me surpreendendo! Talvez o aniversário tenha lhe concedido superpoderes secretos.
Emma ri, atacando com mais vigor.
— Quem sabe? Talvez eu seja um tipo de escolhida poderosa, e o domínio da espada seja apenas o começo.
Julian defende um golpe.
— Bem, se você for um tipo de escolhida, espero que pelo menos consiga me proteger dos perigos sobrenaturais. É um bom presente de aniversário, não acha?
Emma ri novamente, aproveitando uma brecha para atingir de leve seu namorado.
— Ah, meu querido, você tem um jeito encantador de pedir proteção. Mas é claro, estou aqui para protegê-lo de todas as criaturas sombrias, desde que você prometa sempre me trazer aquela sobremesa de menta que sua mãe faz nos dias quentes.
Seu namorado finge indignação.
— Essa é uma exigência bastante ousada, senhorita. Mas, em nome do nosso amor e da sua incrível destreza com a espada, farei o possível para cumprir essa tarefa árdua.
Emma sorri, encostando as espadas.
— Ótimo! Acho que é um acordo justo. Agora, vamos continuar treinando, meu destemido cavaleiro. Ainda temos muito a aprender antes que a batalha final chegue.
Os dois voltam a duelar, rindo e aproveitando a energia do momento, celebrando não apenas o aniversário de Emma, mas também a conexão especial que compartilham
No fim do treino, com muitos fios escapando do rabo de cavalo que ela havia feito caprichosamente em casa, a jovem montou em seu cavalo enquanto Julian montava o dele.
— Hoje eu vou com você. - Ele disse.
— Não precisa, Julian. - Ela respondeu sorrindo.
— Como não? Você mesma disse que sua avó e seus primos estão chegando. Eu posso ajudar seus primos com as arrumações enquanto você ajuda a sua avó. Ou você não quer que eu vá com você?
— É claro que eu quero. - Ela sorriu. Com o coração saltitando de felicidade, a jovem cavalgou até sua casa acompanhada de seu namorado que a seguia. Os dois gostavam de correr e apostar quem chegaria primeiro.
Ao chegar em casa, Emma percebeu logo sua vó sentada do lado de fora com uma bacia nas mãos, descascando alguma coisa. Ela desceu rapidamente do cavalo e foi correndo até a idosa. A saudade era imensa. Tinham ido até a aldeia da avó para visitá-la já fazia muito tempo.
— Vovó! - Ela disse abraçando a mulher com força. - Quanta saudade!
— Eu também estava com saudades de você, minha querida. Olha só pra você... - A avó observou a neta um pouco. - Está linda, uma mulher!
— Vovó! - Ela disse em um tom envergonhado e passou as mãos pelos cabelos. - Deixa te apresentar Julian, meu namorado. - Ela fez um sinal chamando Julian para se aproximar.
— Hum. - Respondeu sua avó com um sorriso malicioso. - Ele é bonito. É alto, forte, vai dar um bom marido.
— Não fala essas coisas perto dele, vovó, por favor. Quer me matar de vergonha?
— É claro que não, querida. - A avó respondeu com uma pequena risada.
Julian prendeu os cavalos em um tronco e se aproximou. Estendeu a mão para a avó de Emma e apertou a dela.
— Este é Julian, vovó.
— Julian, esta é minha avó, Elis. Mãe de minha falecida mãe. - Uma sombra de tristeza passou por seus olhos ao lembrar que a mãe poderia estar com ela neste dia e não estava. Na verdade, nem chegou a conhecê-la, tinha apenas a descrição das outras pessoas sobre ela, mas afastou esse pensamento, afinal hoje é um dia feliz.
— Prazer em conhecer a senhora.
— O prazer é meu, meu filho. Os primos de Emma estão na oficina, você pode ir lá chamá-los, por favor? Precisamos começar a fazer as coisas.
— É claro que sim. - Ele deu um beijo no rosto de Emma e partiu para a oficina.
Emma decidiu tomar um banho e se trocar, para então começou a ajudar a avó no preparo das comidas que teriam naquela noite. Eram diversos pratos, doces e salgados, tudo que se podia fazer para uma festa. Enquanto isso ela observava o trabalho de seus primos e de Julian em arrumar tudo para a festa. Eles cortaram lenha e empilharam onde seria a grande fogueira. Arrumaram uma grande mesa onde as comidas ficariam e bancos para os convidados. E no centro uma cadeira enfeitada onde Emma se sentaria para receber os presentes, em uma cerimônia simples, mas tradicional da família de sua mãe.
Ao perceber que já estava tudo quase terminado, dona Elis pegou duas caixas com ajuda de Emma e levou para fora. As caixas tinham fitas e flores que os meninos teriam que usar para enfeitar o ambiente. Foi divertido ver a expressão de desagrado da face dos garotos, porém se propôs a ajuda-los, pois não queria sua festa estragada porque seus primos e seu namorado não saberiam onde colocar uma flor ou uma fita como enfeite. No final de tudo, o quintal na parte de trás da casa estava lindo, todo enfeitado com flores coloridas e fitas brancas e de um tom claro de verde.
— Querida - Chamou sua avó. - Vá se arrumar, daqui a pouco os convidados começam a chegar e você tem que ser a mais linda hoje.
— Mas vó, temos que colocar os pratos na mesa, é muita coisa pra senhora sozinha.
— Não se preocupe, minha querida, seu pai já está vindo e seus primos vão ajudá-lo a colocar as coisas na mesa. Eu já vou me aprontar também.
— Tudo bem.
Emma se despediu de Julian, avisando que estava se recolhendo afim de se aprontar para a festa. O rapaz também partiria em breve com o mesmo objetivo.
Ao sair do banho, Emma encontrou um vestido lindo esticado em sua cama. Ele era verde claro de um tecido muito leve e esvoaçante. Possuía uma faixa branca na cintura e um babado branco que ficaria pendurado em seus ombros e cobriria parte de seus seios por cima do vestido verde. Sua avó, estava sentada no canto de sua cama observando com atenção a neta.
— Gostou?
— É lindo, vó! Obrigada!
— Veste. Quero ver como ele vai ficar em você!
Acatando o pedido de sua avó, Emma vestiu-o e caminhou para o espelho para arrumar o cabelo. Seu cabelo cacheado era muito cheio e dava muito trabalho arrumá-lo, mas com paciência ela soltou e enrolou cada cacho negro de forma que ficassem soltos e definidos em uma cascata cacheada até a cintura.
— Linda. Minha neta está linda! Para completar, você precisa de um sapato e um enfeite para o cabelo. - A idosa começou a se afastar até a bolsa quando uma batida soou na porta.
— Entra. - Ela respondeu achando que poderia ser seu pai. - Julian! Já chegou?
— Surpresa em me ver? Eu queria chegar antes da festa começar para te dar meu presente. Aliás, você está linda demais.
— Obrigada. - Ela respondeu levemente envergonhada porque sua avó estava presenciando tudo. - Mas o presente é só na hora dos presentes.
— Se eu te der meu presente na hora dos presentes não vai ter graça, eu quero que você use meu presente. Se você gostar dele, é claro.
Ele tirou uma caixa branca das costas, onde ele a estava escondendo. Não era grande nem pequena. Ele entregou a caixa para Emma que estendeu a mão para pegá-la.
— Feliz aniversário, Emma.
Ela desfez o laço rosa que prendia a tampa da caixa e de dentro retirou um arco de cabelo com três linhas de um metal prateado e cada um deles era coberto por pérolas brancas. Ela foi para o espelho e colocou o arco nos cabelos, deixando um cacho cair solto na frente. Ajeitou os cabelos e se olhou em diferentes ângulos antes de se virar pra Julian.
— É lindo, meu amor, obrigada. Mas isso deve ter sido caro.
— Não foi tão caro, você merece. E te deixou ainda mais linda.
Ela o abraçou forte e em seguida o rapaz saiu do quarto.
— Vovó, como estou? - Ela apontou para o arco em sua cabeça.
— Maravilhosa, querida, agora só falta o sapato.
As duas se abraçaram, sorrindo, em breve a festa começaria. Ela se perguntou se o pai a acharia bonita também, se ele estava feliz. Sua vó e seu namorado disseram que estava linda e ela estava se achando muito bonita mesmo neste dia, e se a festa trouxesse ao pai certa melancolia, ela trataria de alegra-lo. Afastou a insegurança, calçou os sapatos e saiu do quarto. Este era o seu grande dia e não poderia haver espaço para insegurança.
A festa já estava começando e Emma foi em busca de seus primos e namorado. Logo os encontrou perto da fogueira. Yanni, seu primo mais novo, estava sentado, quase deitado, apoiado pelos cotovelos e gargalhando como louco. Ela sentiu vontade de rir só de velo daquele jeito. Arion, seu primo mais velho, estava sentado com as pernas cruzadas e olhando com um rosto sério para seu irmão. Julian estava mexendo na fogueira, o que exatamente ele estava fazendo ela não sabia, mas parecia que fora ele quem a acendeu pouco tempo atrás.— Posso saber o motivo de toda essa alegria? - Ela perguntou e colocou as mãos na cintura.— Quem é você? - Yanni perguntou. - Você é muito bonita, minha prima não é bonita desse jeito.— Deixa de ser idiota, Yanni. - Ela disse enquanto sentava de frente para os primos. Não demorou muito e Julian ocupou o lugar ao lado dela.— Você vai sujar o vestido. - Ele disse.— Também não é assim, não é, Julian. - Ela disse com uma expressão séria no rosto.— Eu só disse. - E
Emma se sentou na cama com um susto. O coração estava acelerado, sua camisa branca de dormir estava grudada ao corpo devido ao suor, seus cabelos estavam uma bagunça. Ela olhou para o lado e viu apenas o cabelo grisalho da sua avó espalhados no travesseiro da cama improvisada ao lado da sua.A jovem se levantou, o coração ainda batendo forte, a sua garganta estava seca. Ela foi até o jarro com água que ficava na cômoda do quarto e bebeu dois copos para saciar a sede. Parecia que tinha corrido do morro onde sonhara que estava há poucos minutos até seu quarto. Se sentou na cama e se lembrou do sonho, parecia tão real, não parecia um sonho comum que à medida que o tempo passa as lembranças vão sumindo, mas parecia que a cada minuto que passava a cena se reproduzia com mais detalhes em sua mente, como se ela tivesse vivenciado aquilo de verdade.Emma se deitou mas não conseguiu adormecer novamente por muito tempo, pensando sobre o sonho."Será que significa alguma coisa? Mas o quê? Por qu
— Quem é você? - Emma perguntou.— Quem sou eu, não importa, salvei sua vida. - A estranha respondeu.— Obrigada.— Meu nome é Isis. - A estranha suspirou impaciente. - Moro em uma aldeia do outro lado da floresta. Antes que você pergunte, eu estava aqui caçando, ou tentando. Vocês espantaram qualquer possível caça. - Fez uma cara de desgosto. - Então, quem são vocês?Emma analisou a estranha. Não tinha como saber se ela era de confiança, mas salvara sua vida. E também, o que eles estavam fazendo de tão importante ali? A garota deveria ter a sua idade, se fosse mais velha seria no máximo um ano. Seu cabelo era loiro platinado e trançado até abaixo da cintura. Ela era bonita e tinha um ar superior e confiante.— Eu sou Emma, esses são meus primos Arion e Yanni, e este é meu namorado Julian. Antes que você pergunte, estávamos apenas explorando a floresta. - Isis a estudou com calma e falou finalmente.— O que vocês pegaram?— O quê? - Emma se espantou.— Vocês pegaram algo aqui na flore
Emma dispara para o mercado onde havia encontrado Ethan no dia anterior. O trabalho com seu pai; a aventura na floresta e a noite em claro não foram o suficiente para aplacar a curiosidade e ansiedade que a tomavam. Portanto, antes que mais alguém na casa despertasse, além dela mesma, a jovem pegou o cavalo e foi de encontro ao único que poderia aplacar ao menos um pouco aqueles sentimentos.Ao chegar, ela caminha pelo mercado, seu olhar atento à procura de Ethan. Seu coração acelera quando finalmente o encontra, com um sorriso enigmático nos lábios.— Ethan! Que bom te encontrar novamente! Senti que precisava voltar aqui, algo me chamava de volta.— Emma, fico feliz que tenha seguido essa intuição. Eu tenho novidades para você. Encontrei algo sobre um objeto antigo, um medalhão ancestral, bem parecido com esse que você tem - Ethan apontou para o objeto que Emma recebeu de presente de sua avó no dia de seu aniversário - que pode estar diretamente ligado à sua busca por respostas.— Um
Alguns meses depois de receber de presente o amuleto de família, Emma já havia aprendido os padrões de seus sonhos. Eles ocorriam sempre por cinco dias na lua cheia, na noite do auge da lua e dois dias antes e dois dias depois. Ela agora estava se preparando para ir para a casa de sua avó, pois era aniversário dela e a jovem passaria a semana em sua casa. A viagem a estava deixando mais ansiosa do que costumava deixar nos anos anteriores, dessa vez a garota tinha algo a mais. Na conversa que teve com sua avó, no dia em que achou que a única explicação para tudo o que ela estava vendo fosse a loucura, sua avó disse algumas coisas que a tranquilizou: “— Querida. Sua mãe teve esses sonhos e eu também. Você não está ficando louca. Essa é uma pedra que está sendo passada de mãe para filha há várias gerações. Na primeira lua cheia que a recebi, tive sonhos como esses que você teve e sua mãe também. Depois os sonhos somem, devem ser lembranças de nossos antepassados. “Mas quando os sonhos
Emma abriu o baú que tinha lençóis e toalhas, mas quando os retirou, por baixo tinham muitos livros antigos. Ela retirou um a um e foi empilhando-os ao redor deles. Eram oito livros ao todo. A jovem pegou um muito grande com as páginas um pouco abertas, colocou no meio deles e o abriu. Era um livro de mapas. Muitos mapas dobrados no interior do livro, ele não era nem tão grosso como havia parecido, mas as folhas dobradas davam esse aspecto a ele.— É um livro de mapas. - Emma falou enquanto abria um deles.Eles o observaram. Uma floresta se estendia de ponta a ponta desde as montanhas onde o rio nascia até a outra cadeia de montanhas que separava a floresta do mar. O rio cortava a floresta desde sua nascente, atravessando-a por toda sua extensão até o mar. Haviam três clareiras, uma mais próxima das montanhas onde havia a nascente do rio, outra no meio da floresta, mas próxima ao rio e outra também próxima ao rio, mas já se aproximando das montanhas que separavam a floresta do oceano.
Depois de muito caminhar por entre as muitas ervas e plantas medicinais, avó e neta caminharam para dois bancos de pedra que ficavam de frente um para o outro, bem no meio do canteiro. Elis se sentou em um e apontou para que Emma se sentasse no outro. A garota assim fez e olhou diretamente para sua avó que parecia esperar alguma coisa.— Você quer me contar alguma coisa, Emma?A jovem pensou um pouco.— Vovó, daqui a pouco as pessoas estarão aqui para seu jantar.— Não se preocupe com isso. Alguma coisa te perturbou, eu percebi. Quer me contar o quê?Então Emma contou. Tudo. E no final sua avó estava olhando com um ar sério para o rosto da neta.— E você acha que vai ser você, não é? E acha que não está pronta, que vai falhar. - Emma baixou a cabeça, ela ainda não tinha se permitido pensar na palavra "falhar". Se ela falhasse depois de tantas gerações, depois de pessoas que foram vitoriosas, seria vergonhoso e ela carregaria a culpa da ruína do mundo. A garota só conseguiu assentir pa
Depois daquele sonho desesperador, Emma não conseguia mais dormir. O medo de novas informações era nada perto do medo que ela sentiu no sonho e ainda sentia. Ela precisava saber mais. Sentou-se na cama, acendeu a vela que ficava ao lado; pegou o livro, colocou-o em seu colo e com um suspiro profundo, tomou coragem e o abriu. Passou pela página onde havia o desenho do amuleto e o que ela tinha lido com os primos. Na próxima página havia um desenho de montanhas e entre elas um castelo. Virando a folha, ela viu um texto que dizia:" No início, o deus das Sombras vivia em harmonia com os outros deuses. Os deuses viviam entre os mortais e eram venerados por eles. Esses deuses habitavam o alto das montanhas em um castelo, mas conviviam com os mortais e realizavam o seu trabalho. A deusa da Chuva era responsável pelas colheitas fartas, as crias saudáveis dos animais e também pelos filhos fortes dos aldeões, e por isso recebeu um templo em homenagem e reconhecimento pelos seus feitos. Seu tem