3- Aventura na floresta

Emma se sentou na cama com um susto. O coração estava acelerado, sua camisa branca de dormir estava grudada ao corpo devido ao suor, seus cabelos estavam uma bagunça. Ela olhou para o lado e viu apenas o cabelo grisalho da sua avó espalhados no travesseiro da cama improvisada ao lado da sua.

A jovem se levantou, o coração ainda batendo forte, a sua garganta estava seca. Ela foi até o jarro com água que ficava na cômoda do quarto e bebeu dois copos para saciar a sede. Parecia que tinha corrido do morro onde sonhara que estava há poucos minutos até seu quarto. Se sentou na cama e se lembrou do sonho, parecia tão real, não parecia um sonho comum que à medida que o tempo passa as lembranças vão sumindo, mas parecia que a cada minuto que passava a cena se reproduzia com mais detalhes em sua mente, como se ela tivesse vivenciado aquilo de verdade.

Emma se deitou mas não conseguiu adormecer novamente por muito tempo, pensando sobre o sonho.

"Será que significa alguma coisa? Mas o quê? Por quê? Que tradições são essas?" Ela se fazia essas perguntas quando foi vencida pelo sono, mas um sono perturbado e logo a moça despertou novamente.

A fala do lobo voltava a sua mente, o amanhecer estava distante, mas ela decidiu ir até uma feira distante. Ela sabia que ficaria algumas sobre seu cavalo e que chegaria tarde, o que despertaria curiosidades, mas ela sentia que não tinha opções. Onde mais ela poderia encontrar pergaminhos antigos? Histórias dos antepassados? Com certeza não seria trancada dentro de casa.

Se vestiu rapidamente, pegou seu arco e flecha novo e colocou o colar dado por sua avó. Fez tudo no maior silêncio para não despertar a avó que dormia em seu quarto. Saiu sem fazer barulho, pegou seu cavalo e disparou para a cidade vizinha que costumava ter uma feira ao ar livre contendo todo tipo de coisa.

Quando ela chegou lá, o dia começa a amanhecer, mas as tendas já estavam montadas. Se sentiu ridícula ao perceber que não havia levado moedas para compra e nenhum objeto para troca. Mas pelo menos ela poderia ver se lá era o lugar certo para encontrar o que precisava.

Passou por tendas com legumes e verduras, animais, artesanado... mas uma banca lhe chamou a atenção. Havia somente objetos antigos.

Mas enquanto Emma percorria com o dedo um antigo artefato, seus olhos se fixam em uma figura enigmática que parece emanar um magnetismo irresistível. Um rapaz com longos cabelos escuros que caem em cascata sobre seus ombros, que captura sua atenção de imediato. Seus olhos, de um tom penetrante de âmbar, brilham com uma intensidade que parece desvendar segredos antigos. Uma aura de mistério envolve-o, e o sorriso enigmático que ele lhe dirige desperta um certo interesse em Emma. Uma conexão inexplicável se estabelece entre eles, e Emma sente seu coração acelerar enquanto uma sensação de familiaridade toma conta de sua alma.

O rapaz se aproxima.

Com um sorriso tímido, Emma cumprimenta o rapaz enigmático.

— Olá, desculpe a intromissão, mas não pude deixar de notar sua tenda intrigante. Sou a Emma, e você é...?

Com um leve sorriso, O rapaz responde:

— Prazer, Emma. Me chamo Ethan. Não se preocupe, não é intromissão. É interessante como o destino nos coloca no caminho um do outro. Está a procura de algo?

— Com certeza! Sinto que havia algo especial aqui na sua tenda. Procuro por pergaminhos antigos, com histórias há muito esquecidas. Isso me desperta uma curiosidade. - Justificou ela.

Ethan a observa com um olhar intrigado.

— Concordo, Emma. Talvez haja segredos compartilhados pelo universo que estamos destinados a descobrir. - Ofereceu a ela um sorriso bonito e cúmplice - Vou te mostrar o que tenho, quem sabe eu possa encontrar mais coisas no futuro.

Se sentindo agradecida pela compreensão do novo amigo, ela ouviu com cuidado tudo o que ele tinha para compartilhar.

窗体顶端

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***

O café já havia passado quando Emma chegou em casa, mas seus primos e seu pai a esperavam na varanda.

— Então, Emma. Nosso passeio na floresta está de pé? - O primo mais velho questionou.

— É claro que sim. Já estou preparada. - Ela disse enquanto mostrava o arco e flecha que carregava.

— Onde esteve, filha? - Sua avó que acabou de sair pela por porta da cozinha quer saber.

— Só fui dar uma volta por aí, vó.

O pai de Emma levantou os olhos preocupados em direção aos dois sobrinhos.

— Vocês vão entrar naquela floresta amaldiçoada?

— O senhor acredita nessas bobagens, tio? - Arion respondeu. - Isso é invenção do povo. Como disse ontem, essa é a mesma floresta que cerca a minha aldeia e ninguém nunca falou nada do tipo sobre ela. As pessoas caçam e tomam banho no rio e nunca aconteceu nada. Ninguém nunca viu um "ser do outro mundo". - Ele deu ênfase à palavra e prosseguiu. - Julian também estava preocupado, mas acabou aceitando.

— Arion, entenda. As lendas que contam podem ser falsas, mas os desaparecimentos não são. Algo acontece, mas ninguém sabe o quê.

— Estaremos armados, e qualquer coisa estranha voltaremos. Não se preocupe, Emma estará em segurança.

— Não vai adiantar dizer " Não" mesmo. Então o que me resta é aceitar. Tomem cuidado.

Emma pegou seu cavalo cor de caramelo e foi buscar o cavalo malhado de seu pai para que os primos montassem, e foram em direção ao campo, onde ela sempre encontrava com Julian. Chegando lá, ele já estava a sua espera, mas não se encontrava deitado na grama como costumava fazer. O rapaz estava de pé, com a ponta da espada fincada no chão. Seu rosto estava tenso. Ele estava ali para a aventura na floresta contra sua vontade, apenas para defender Emma, ela percebeu.

— Que cara é essa, Julian?

— Você sabe, meu amor. Estou preocupado, pode ser perigoso.

Ela desceu do cavalo e seus primos também, deu a corda para que Yanni segurasse enquanto ela caminhava em direção a Julian.

— Você está aqui para me proteger, não é? - Ela disse colocando os braços em volta de seu pescoço. - Não há perigo, então. - Sorriu, esperando que essa atitude o tranquilizasse, mas não adiantou muito. Resolveu dar um beijo em sua bochecha e em seguida na sua boca, afastou uma mecha de cabelo castanho que caía sobre os olhos, encarando-os antes de se virar - Vamos. - O puxou pela mão e o jovem caminhou até seu cavalo enquanto ela voltava para o próprio.

Enquanto eles seguiam em direção à floresta, Arion falou com Julian, quebrando o silêncio.

— Você costuma deixar sua espada daquele jeito? Fincada no chão, sem nenhuma proteção?

— Não tenho onde guardá-la. - Julian respondeu simplesmente dando de ombros como se não se preocupasse com isso.

— Enrole-a em um pano, mas não a deixe assim. Você deve cuidar de sua arma, deve afiá-la com frequência e limpá-la todos os dias, mesmo que não a tenha usado. Ela deve estar pronta para uso a qualquer momento.

— Você fala como se estivéssemos em uma guerra. - Julian respondeu sem muita emoção, e Arion achou melhor encerrar o assunto ali mesmo.

— A arma é sua. Faça o que achar melhor - Respondeu e se adiantou, entrando na floresta na frente de todos.

— Julian! - Chamou Emma. - Dá pra tirar essa cara amarrada, por favor? Se permanecer assim vou pedir que você volte pra casa.

— Não vou deixar você aqui sozinha com esses dois idiotas. - Julian respondeu.

— Não são idiotas. Bom, talvez Yanni seja, mas ele só tem 14 anos, é da idade.

Julian começou a relaxar à medida que o tempo passava e eles caminhavam devagar pela floresta. Depois de uma hora, encontraram um riacho com água muito cristalina. Resolveram parar para que os cavalos bebessem água. Não haviam forçado os cavalos, mas os animais pareciam satisfeitos ao se aproximarem para beber a água.

Amarraram os animais em troncos de árvores e pegaram os suprimentos que haviam levado: água fresca, pão e algumas frutas. Do outro lado do riacho havia uma clareira com algumas rochas e troncos caídos, onde seria perfeito para se sentar e conversar um pouco. Emma percebeu uma ponte de madeira que permitia atravessar o riacho, e eles atravessaram para o outro lado, mas ao atravessar, a garota observou um brilho na água. Olhou novamente, mas viu apenas pedras coloridas no fundo do riacho cristalino.

Depois de um tempo conversando, rindo e comendo. Emma se levantou.

— Não treinamos hoje. Quero testar meu novo arco e flecha. - Ela caminhou para uma árvore, apontou sua flecha para um alvo qualquer e soltou a corda. - Na mosca! - Ela bradou satisfeita.

— Como vamos saber que foi "na mosca"? - Yanni indagou.

— Ah, é? - Ela caminhou até a árvore, arrancou sua flecha balançando-a bem, para que ficasse bem marcado o local. Usou a mesma flecha, se afastou, mirou e soltou. - Na mosca! - Ela repetiu com um sorriso orgulhoso para Yanni.

Arion se levantou arrancando as facas das botas.

— Meu negócio são as facas - anunciou.

Emma, retirou a flecha, e mirando no mesmo local, Arion se afastou posicionando um pé a frente do outro, segurando a faca pela ponta, mirou e lançou.

— Acertei! - Comemorou, e repetiu o feito outras vezes, comemorando.

Enquanto Arion e Emma treinavam acertar o alvo com flechas e facas, Yanni e Julian começaram uma luta corpo a corpo, mesmo Yanni sendo menor, ambos tentaram treinar, mas logo a luta virou brincadeira. O mais leve se jogava sobre o mais pesado, caindo um por cima do outro e não demorou muito para que Arion e Emma se juntassem a eles.

Algum tempo depois todos estavam cansados, mas felizes, há muito tempo Emma não se divertia dessa forma. A sensação de recordar as travessuras de quando era criança e se divertir despreocupadamente era libertadora. A tensão do passeio havia se dissipado completamente. Logo decidiram que era hora de voltar, e ao atravessar a ponte logo atrás dos garotos, Emma novamente percebeu um brilho vindo do riacho. Dessa vez ela se abaixou e esticou os braços remexendo o fundo do riacho. Acabou encontrando o motivo para o brilho que ela havia percebido, era um espelho dourado, lindo. A jovem não resistiu e pegou. O vidro estava perfeito.

— Olhem! Encontrei um espelho e está perfeito. - Disse Emma.

— Coloca de volta no lugar. - Arion falou com voz firme.

— Por quê? Está perdido aqui, e eu achei. E é tão bonito.

Julian tomou da mão de Emma para olhar.

— Deixa-me ver. É realmente muito bonito. Mas como veio parar aqui? É de ouro, a quem deveria pertencer? - Julian ainda observava o espelho quando um barulho de árvores se quebrando chamou a atenção deles. O rapaz colocou o espelho no cinto, arrancou a espada presa do outro lado da cintura, se posicionou na frente de Emma e se preparou. Mas ele não esperava ver o que surgiu por entre as árvores. Nenhum deles esperava.

Dois animais enormes, cautelosos, mas rugindo para mostrar sua ira. Eles haviam sido despertados e estavam mal humorados, era o que parecia. Mas como dois animais que pareciam duas estátuas douradas de lobos que ganharam vida poderiam estar dormindo ou demonstrar emoções? A confusão tomava conta da mente dos quatro jovens. Nunca imaginaram algo assim. De repente tudo fez sentido: os "seres de outro mundo" e os desaparecimentos, alguém havia saído com vida e espalhou sobre esses animais há muito tempo e a história virou lenda.

Os animais possuíam pedras de rubi no lugar de olhos e rugiam com dentes dourados enormes. Eram verdadeiras estátuas de ouro se movendo em direção a eles. Não poderiam fugir, todos souberam no momento que colocaram os olhos naquelas criaturas, no segundo em que corressem, tudo estaria acabado. Teriam que lutar, mas como?

Os animais avançaram. Emma saltou e se agarrou às costas do animal. Julian tentou atacar com a espada, mas somente para descobrir que ela nada faria contra aquele ser. O jovem caiu de frente para a fera e não sabia o que fazer. No outro lobo, Arion tinha feito o mesmo que Emma e se agarrava ao pescoço da besta. Yanni também havia descoberto que as armas de nada valiam.

Julian tentou golpear a barriga, mas também era dura como o resto do corpo. Yanni tentou encontrar outros pontos fracos, mas nada encontrou. Estavam ficando sem tempo, os jovens se cansariam em breve e a brincadeira acabaria. Os lobos os matariam facilmente. Emma viu seu noivo realizar uma última tentativa: o rapaz lançou a espada na boca do animal, mas ela bateu em algo maciço e caiu. Ouro, o animal era todo feito de ouro, mas como? A garota já estava caindo, não se aguentava mais, os ombros e os braços queimavam. Arion tinha conseguido montar, mas não estava muito melhor.

Um movimento na árvore chamou a atenção deles, mas não podiam se distrair. De repente uma voz feminina rompeu o ar.

— Arranquem os olhos deles. É o único ponto fraco!

Emma pegou uma flecha e fincou no canto dos olhos do animal. Ele começou a pular como um touro, tentando tirar Emma de suas costas. Arion fez o mesmo utilizando a faca e a reação do animal foi a mesma. Emma se agarrou àquela esperança e mesmo com o braço queimando não largou. Tentou até que sentiu a pedra ceder e cair, e em seguida sentiu a fera perder força. Começou a tentar com o olho seguinte. Arion e Yanni lutavam tentando arrancar os olhos do animal, cada um com uma faca na mão. Yanni estava pendurado de lado e Arion ainda montado. O animal parecia um touro enfurecido até que começou a diminuir a velocidade e a pedra que Yanni tentava tirar, saiu e em seguida a outra caiu no chão. A fera desabou imediatamente. Emma ainda lutava, mas conseguiu não muito tempo depois arrancar o olho restante e a fera parou de se movimentar. Alívio tomou conta de todos, mas muitas perguntas surgiram.

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