Emma se sentou na cama com um susto. O coração estava acelerado, sua camisa branca de dormir estava grudada ao corpo devido ao suor, seus cabelos estavam uma bagunça. Ela olhou para o lado e viu apenas o cabelo grisalho da sua avó espalhados no travesseiro da cama improvisada ao lado da sua.
A jovem se levantou, o coração ainda batendo forte, a sua garganta estava seca. Ela foi até o jarro com água que ficava na cômoda do quarto e bebeu dois copos para saciar a sede. Parecia que tinha corrido do morro onde sonhara que estava há poucos minutos até seu quarto. Se sentou na cama e se lembrou do sonho, parecia tão real, não parecia um sonho comum que à medida que o tempo passa as lembranças vão sumindo, mas parecia que a cada minuto que passava a cena se reproduzia com mais detalhes em sua mente, como se ela tivesse vivenciado aquilo de verdade.
Emma se deitou mas não conseguiu adormecer novamente por muito tempo, pensando sobre o sonho.
"Será que significa alguma coisa? Mas o quê? Por quê? Que tradições são essas?" Ela se fazia essas perguntas quando foi vencida pelo sono, mas um sono perturbado e logo a moça despertou novamente.
A fala do lobo voltava a sua mente, o amanhecer estava distante, mas ela decidiu ir até uma feira distante. Ela sabia que ficaria algumas sobre seu cavalo e que chegaria tarde, o que despertaria curiosidades, mas ela sentia que não tinha opções. Onde mais ela poderia encontrar pergaminhos antigos? Histórias dos antepassados? Com certeza não seria trancada dentro de casa.
Se vestiu rapidamente, pegou seu arco e flecha novo e colocou o colar dado por sua avó. Fez tudo no maior silêncio para não despertar a avó que dormia em seu quarto. Saiu sem fazer barulho, pegou seu cavalo e disparou para a cidade vizinha que costumava ter uma feira ao ar livre contendo todo tipo de coisa.
Quando ela chegou lá, o dia começa a amanhecer, mas as tendas já estavam montadas. Se sentiu ridícula ao perceber que não havia levado moedas para compra e nenhum objeto para troca. Mas pelo menos ela poderia ver se lá era o lugar certo para encontrar o que precisava.
Passou por tendas com legumes e verduras, animais, artesanado... mas uma banca lhe chamou a atenção. Havia somente objetos antigos.
Mas enquanto Emma percorria com o dedo um antigo artefato, seus olhos se fixam em uma figura enigmática que parece emanar um magnetismo irresistível. Um rapaz com longos cabelos escuros que caem em cascata sobre seus ombros, que captura sua atenção de imediato. Seus olhos, de um tom penetrante de âmbar, brilham com uma intensidade que parece desvendar segredos antigos. Uma aura de mistério envolve-o, e o sorriso enigmático que ele lhe dirige desperta um certo interesse em Emma. Uma conexão inexplicável se estabelece entre eles, e Emma sente seu coração acelerar enquanto uma sensação de familiaridade toma conta de sua alma.
O rapaz se aproxima.
Com um sorriso tímido, Emma cumprimenta o rapaz enigmático.
— Olá, desculpe a intromissão, mas não pude deixar de notar sua tenda intrigante. Sou a Emma, e você é...?
Com um leve sorriso, O rapaz responde:
— Prazer, Emma. Me chamo Ethan. Não se preocupe, não é intromissão. É interessante como o destino nos coloca no caminho um do outro. Está a procura de algo?
— Com certeza! Sinto que havia algo especial aqui na sua tenda. Procuro por pergaminhos antigos, com histórias há muito esquecidas. Isso me desperta uma curiosidade. - Justificou ela.
Ethan a observa com um olhar intrigado.
— Concordo, Emma. Talvez haja segredos compartilhados pelo universo que estamos destinados a descobrir. - Ofereceu a ela um sorriso bonito e cúmplice - Vou te mostrar o que tenho, quem sabe eu possa encontrar mais coisas no futuro.
Se sentindo agradecida pela compreensão do novo amigo, ela ouviu com cuidado tudo o que ele tinha para compartilhar.
窗体顶端
窗体底端
***
O café já havia passado quando Emma chegou em casa, mas seus primos e seu pai a esperavam na varanda.
— Então, Emma. Nosso passeio na floresta está de pé? - O primo mais velho questionou.
— É claro que sim. Já estou preparada. - Ela disse enquanto mostrava o arco e flecha que carregava.
— Onde esteve, filha? - Sua avó que acabou de sair pela por porta da cozinha quer saber.
— Só fui dar uma volta por aí, vó.
O pai de Emma levantou os olhos preocupados em direção aos dois sobrinhos.
— Vocês vão entrar naquela floresta amaldiçoada?
— O senhor acredita nessas bobagens, tio? - Arion respondeu. - Isso é invenção do povo. Como disse ontem, essa é a mesma floresta que cerca a minha aldeia e ninguém nunca falou nada do tipo sobre ela. As pessoas caçam e tomam banho no rio e nunca aconteceu nada. Ninguém nunca viu um "ser do outro mundo". - Ele deu ênfase à palavra e prosseguiu. - Julian também estava preocupado, mas acabou aceitando.
— Arion, entenda. As lendas que contam podem ser falsas, mas os desaparecimentos não são. Algo acontece, mas ninguém sabe o quê.
— Estaremos armados, e qualquer coisa estranha voltaremos. Não se preocupe, Emma estará em segurança.
— Não vai adiantar dizer " Não" mesmo. Então o que me resta é aceitar. Tomem cuidado.
Emma pegou seu cavalo cor de caramelo e foi buscar o cavalo malhado de seu pai para que os primos montassem, e foram em direção ao campo, onde ela sempre encontrava com Julian. Chegando lá, ele já estava a sua espera, mas não se encontrava deitado na grama como costumava fazer. O rapaz estava de pé, com a ponta da espada fincada no chão. Seu rosto estava tenso. Ele estava ali para a aventura na floresta contra sua vontade, apenas para defender Emma, ela percebeu.
— Que cara é essa, Julian?
— Você sabe, meu amor. Estou preocupado, pode ser perigoso.
Ela desceu do cavalo e seus primos também, deu a corda para que Yanni segurasse enquanto ela caminhava em direção a Julian.
— Você está aqui para me proteger, não é? - Ela disse colocando os braços em volta de seu pescoço. - Não há perigo, então. - Sorriu, esperando que essa atitude o tranquilizasse, mas não adiantou muito. Resolveu dar um beijo em sua bochecha e em seguida na sua boca, afastou uma mecha de cabelo castanho que caía sobre os olhos, encarando-os antes de se virar - Vamos. - O puxou pela mão e o jovem caminhou até seu cavalo enquanto ela voltava para o próprio.
Enquanto eles seguiam em direção à floresta, Arion falou com Julian, quebrando o silêncio.
— Você costuma deixar sua espada daquele jeito? Fincada no chão, sem nenhuma proteção?
— Não tenho onde guardá-la. - Julian respondeu simplesmente dando de ombros como se não se preocupasse com isso.
— Enrole-a em um pano, mas não a deixe assim. Você deve cuidar de sua arma, deve afiá-la com frequência e limpá-la todos os dias, mesmo que não a tenha usado. Ela deve estar pronta para uso a qualquer momento.
— Você fala como se estivéssemos em uma guerra. - Julian respondeu sem muita emoção, e Arion achou melhor encerrar o assunto ali mesmo.
— A arma é sua. Faça o que achar melhor - Respondeu e se adiantou, entrando na floresta na frente de todos.
— Julian! - Chamou Emma. - Dá pra tirar essa cara amarrada, por favor? Se permanecer assim vou pedir que você volte pra casa.
— Não vou deixar você aqui sozinha com esses dois idiotas. - Julian respondeu.
— Não são idiotas. Bom, talvez Yanni seja, mas ele só tem 14 anos, é da idade.
Julian começou a relaxar à medida que o tempo passava e eles caminhavam devagar pela floresta. Depois de uma hora, encontraram um riacho com água muito cristalina. Resolveram parar para que os cavalos bebessem água. Não haviam forçado os cavalos, mas os animais pareciam satisfeitos ao se aproximarem para beber a água.
Amarraram os animais em troncos de árvores e pegaram os suprimentos que haviam levado: água fresca, pão e algumas frutas. Do outro lado do riacho havia uma clareira com algumas rochas e troncos caídos, onde seria perfeito para se sentar e conversar um pouco. Emma percebeu uma ponte de madeira que permitia atravessar o riacho, e eles atravessaram para o outro lado, mas ao atravessar, a garota observou um brilho na água. Olhou novamente, mas viu apenas pedras coloridas no fundo do riacho cristalino.
Depois de um tempo conversando, rindo e comendo. Emma se levantou.
— Não treinamos hoje. Quero testar meu novo arco e flecha. - Ela caminhou para uma árvore, apontou sua flecha para um alvo qualquer e soltou a corda. - Na mosca! - Ela bradou satisfeita.
— Como vamos saber que foi "na mosca"? - Yanni indagou.
— Ah, é? - Ela caminhou até a árvore, arrancou sua flecha balançando-a bem, para que ficasse bem marcado o local. Usou a mesma flecha, se afastou, mirou e soltou. - Na mosca! - Ela repetiu com um sorriso orgulhoso para Yanni.
Arion se levantou arrancando as facas das botas.
— Meu negócio são as facas - anunciou.
Emma, retirou a flecha, e mirando no mesmo local, Arion se afastou posicionando um pé a frente do outro, segurando a faca pela ponta, mirou e lançou.
— Acertei! - Comemorou, e repetiu o feito outras vezes, comemorando.
Enquanto Arion e Emma treinavam acertar o alvo com flechas e facas, Yanni e Julian começaram uma luta corpo a corpo, mesmo Yanni sendo menor, ambos tentaram treinar, mas logo a luta virou brincadeira. O mais leve se jogava sobre o mais pesado, caindo um por cima do outro e não demorou muito para que Arion e Emma se juntassem a eles.
Algum tempo depois todos estavam cansados, mas felizes, há muito tempo Emma não se divertia dessa forma. A sensação de recordar as travessuras de quando era criança e se divertir despreocupadamente era libertadora. A tensão do passeio havia se dissipado completamente. Logo decidiram que era hora de voltar, e ao atravessar a ponte logo atrás dos garotos, Emma novamente percebeu um brilho vindo do riacho. Dessa vez ela se abaixou e esticou os braços remexendo o fundo do riacho. Acabou encontrando o motivo para o brilho que ela havia percebido, era um espelho dourado, lindo. A jovem não resistiu e pegou. O vidro estava perfeito.
— Olhem! Encontrei um espelho e está perfeito. - Disse Emma.
— Coloca de volta no lugar. - Arion falou com voz firme.
— Por quê? Está perdido aqui, e eu achei. E é tão bonito.
Julian tomou da mão de Emma para olhar.
— Deixa-me ver. É realmente muito bonito. Mas como veio parar aqui? É de ouro, a quem deveria pertencer? - Julian ainda observava o espelho quando um barulho de árvores se quebrando chamou a atenção deles. O rapaz colocou o espelho no cinto, arrancou a espada presa do outro lado da cintura, se posicionou na frente de Emma e se preparou. Mas ele não esperava ver o que surgiu por entre as árvores. Nenhum deles esperava.
Dois animais enormes, cautelosos, mas rugindo para mostrar sua ira. Eles haviam sido despertados e estavam mal humorados, era o que parecia. Mas como dois animais que pareciam duas estátuas douradas de lobos que ganharam vida poderiam estar dormindo ou demonstrar emoções? A confusão tomava conta da mente dos quatro jovens. Nunca imaginaram algo assim. De repente tudo fez sentido: os "seres de outro mundo" e os desaparecimentos, alguém havia saído com vida e espalhou sobre esses animais há muito tempo e a história virou lenda.
Os animais possuíam pedras de rubi no lugar de olhos e rugiam com dentes dourados enormes. Eram verdadeiras estátuas de ouro se movendo em direção a eles. Não poderiam fugir, todos souberam no momento que colocaram os olhos naquelas criaturas, no segundo em que corressem, tudo estaria acabado. Teriam que lutar, mas como?
Os animais avançaram. Emma saltou e se agarrou às costas do animal. Julian tentou atacar com a espada, mas somente para descobrir que ela nada faria contra aquele ser. O jovem caiu de frente para a fera e não sabia o que fazer. No outro lobo, Arion tinha feito o mesmo que Emma e se agarrava ao pescoço da besta. Yanni também havia descoberto que as armas de nada valiam.
Julian tentou golpear a barriga, mas também era dura como o resto do corpo. Yanni tentou encontrar outros pontos fracos, mas nada encontrou. Estavam ficando sem tempo, os jovens se cansariam em breve e a brincadeira acabaria. Os lobos os matariam facilmente. Emma viu seu noivo realizar uma última tentativa: o rapaz lançou a espada na boca do animal, mas ela bateu em algo maciço e caiu. Ouro, o animal era todo feito de ouro, mas como? A garota já estava caindo, não se aguentava mais, os ombros e os braços queimavam. Arion tinha conseguido montar, mas não estava muito melhor.
Um movimento na árvore chamou a atenção deles, mas não podiam se distrair. De repente uma voz feminina rompeu o ar.
— Arranquem os olhos deles. É o único ponto fraco!
Emma pegou uma flecha e fincou no canto dos olhos do animal. Ele começou a pular como um touro, tentando tirar Emma de suas costas. Arion fez o mesmo utilizando a faca e a reação do animal foi a mesma. Emma se agarrou àquela esperança e mesmo com o braço queimando não largou. Tentou até que sentiu a pedra ceder e cair, e em seguida sentiu a fera perder força. Começou a tentar com o olho seguinte. Arion e Yanni lutavam tentando arrancar os olhos do animal, cada um com uma faca na mão. Yanni estava pendurado de lado e Arion ainda montado. O animal parecia um touro enfurecido até que começou a diminuir a velocidade e a pedra que Yanni tentava tirar, saiu e em seguida a outra caiu no chão. A fera desabou imediatamente. Emma ainda lutava, mas conseguiu não muito tempo depois arrancar o olho restante e a fera parou de se movimentar. Alívio tomou conta de todos, mas muitas perguntas surgiram.
— Quem é você? - Emma perguntou.— Quem sou eu, não importa, salvei sua vida. - A estranha respondeu.— Obrigada.— Meu nome é Isis. - A estranha suspirou impaciente. - Moro em uma aldeia do outro lado da floresta. Antes que você pergunte, eu estava aqui caçando, ou tentando. Vocês espantaram qualquer possível caça. - Fez uma cara de desgosto. - Então, quem são vocês?Emma analisou a estranha. Não tinha como saber se ela era de confiança, mas salvara sua vida. E também, o que eles estavam fazendo de tão importante ali? A garota deveria ter a sua idade, se fosse mais velha seria no máximo um ano. Seu cabelo era loiro platinado e trançado até abaixo da cintura. Ela era bonita e tinha um ar superior e confiante.— Eu sou Emma, esses são meus primos Arion e Yanni, e este é meu namorado Julian. Antes que você pergunte, estávamos apenas explorando a floresta. - Isis a estudou com calma e falou finalmente.— O que vocês pegaram?— O quê? - Emma se espantou.— Vocês pegaram algo aqui na flore
Emma dispara para o mercado onde havia encontrado Ethan no dia anterior. O trabalho com seu pai; a aventura na floresta e a noite em claro não foram o suficiente para aplacar a curiosidade e ansiedade que a tomavam. Portanto, antes que mais alguém na casa despertasse, além dela mesma, a jovem pegou o cavalo e foi de encontro ao único que poderia aplacar ao menos um pouco aqueles sentimentos.Ao chegar, ela caminha pelo mercado, seu olhar atento à procura de Ethan. Seu coração acelera quando finalmente o encontra, com um sorriso enigmático nos lábios.— Ethan! Que bom te encontrar novamente! Senti que precisava voltar aqui, algo me chamava de volta.— Emma, fico feliz que tenha seguido essa intuição. Eu tenho novidades para você. Encontrei algo sobre um objeto antigo, um medalhão ancestral, bem parecido com esse que você tem - Ethan apontou para o objeto que Emma recebeu de presente de sua avó no dia de seu aniversário - que pode estar diretamente ligado à sua busca por respostas.— Um
Alguns meses depois de receber de presente o amuleto de família, Emma já havia aprendido os padrões de seus sonhos. Eles ocorriam sempre por cinco dias na lua cheia, na noite do auge da lua e dois dias antes e dois dias depois. Ela agora estava se preparando para ir para a casa de sua avó, pois era aniversário dela e a jovem passaria a semana em sua casa. A viagem a estava deixando mais ansiosa do que costumava deixar nos anos anteriores, dessa vez a garota tinha algo a mais. Na conversa que teve com sua avó, no dia em que achou que a única explicação para tudo o que ela estava vendo fosse a loucura, sua avó disse algumas coisas que a tranquilizou: “— Querida. Sua mãe teve esses sonhos e eu também. Você não está ficando louca. Essa é uma pedra que está sendo passada de mãe para filha há várias gerações. Na primeira lua cheia que a recebi, tive sonhos como esses que você teve e sua mãe também. Depois os sonhos somem, devem ser lembranças de nossos antepassados. “Mas quando os sonhos
Emma abriu o baú que tinha lençóis e toalhas, mas quando os retirou, por baixo tinham muitos livros antigos. Ela retirou um a um e foi empilhando-os ao redor deles. Eram oito livros ao todo. A jovem pegou um muito grande com as páginas um pouco abertas, colocou no meio deles e o abriu. Era um livro de mapas. Muitos mapas dobrados no interior do livro, ele não era nem tão grosso como havia parecido, mas as folhas dobradas davam esse aspecto a ele.— É um livro de mapas. - Emma falou enquanto abria um deles.Eles o observaram. Uma floresta se estendia de ponta a ponta desde as montanhas onde o rio nascia até a outra cadeia de montanhas que separava a floresta do mar. O rio cortava a floresta desde sua nascente, atravessando-a por toda sua extensão até o mar. Haviam três clareiras, uma mais próxima das montanhas onde havia a nascente do rio, outra no meio da floresta, mas próxima ao rio e outra também próxima ao rio, mas já se aproximando das montanhas que separavam a floresta do oceano.
Depois de muito caminhar por entre as muitas ervas e plantas medicinais, avó e neta caminharam para dois bancos de pedra que ficavam de frente um para o outro, bem no meio do canteiro. Elis se sentou em um e apontou para que Emma se sentasse no outro. A garota assim fez e olhou diretamente para sua avó que parecia esperar alguma coisa.— Você quer me contar alguma coisa, Emma?A jovem pensou um pouco.— Vovó, daqui a pouco as pessoas estarão aqui para seu jantar.— Não se preocupe com isso. Alguma coisa te perturbou, eu percebi. Quer me contar o quê?Então Emma contou. Tudo. E no final sua avó estava olhando com um ar sério para o rosto da neta.— E você acha que vai ser você, não é? E acha que não está pronta, que vai falhar. - Emma baixou a cabeça, ela ainda não tinha se permitido pensar na palavra "falhar". Se ela falhasse depois de tantas gerações, depois de pessoas que foram vitoriosas, seria vergonhoso e ela carregaria a culpa da ruína do mundo. A garota só conseguiu assentir pa
Depois daquele sonho desesperador, Emma não conseguia mais dormir. O medo de novas informações era nada perto do medo que ela sentiu no sonho e ainda sentia. Ela precisava saber mais. Sentou-se na cama, acendeu a vela que ficava ao lado; pegou o livro, colocou-o em seu colo e com um suspiro profundo, tomou coragem e o abriu. Passou pela página onde havia o desenho do amuleto e o que ela tinha lido com os primos. Na próxima página havia um desenho de montanhas e entre elas um castelo. Virando a folha, ela viu um texto que dizia:" No início, o deus das Sombras vivia em harmonia com os outros deuses. Os deuses viviam entre os mortais e eram venerados por eles. Esses deuses habitavam o alto das montanhas em um castelo, mas conviviam com os mortais e realizavam o seu trabalho. A deusa da Chuva era responsável pelas colheitas fartas, as crias saudáveis dos animais e também pelos filhos fortes dos aldeões, e por isso recebeu um templo em homenagem e reconhecimento pelos seus feitos. Seu tem
Emma disparou para a sala. Na porta, parado, estava Julian. Suas roupas, braços e rosto estavam sujos de fuligem. A garota sentiu um frio percorrer a espinha e um nó se formou em seu estômago.— Julian! O que aconteceu? Por que você está sujo de fuligem?— Seu pai está bem, Mel. Fique tranquila, mas sua casa pegou fogo.As pernas de Emma amoleceram e ela precisou sentar imediatamente. De medo, tristeza e alívio.— Meu filho, entre. Vá tomar um banho. Os meninos deixam roupa aqui, as roupas de Arion devem servir em você. - Disse dona Elis.Julian aceitou. Poucos minutos depois ele voltou para a sala limpo e com as roupas emprestadas que lhe serviram bem. O rapaz se sentou ao lado da noiva e pegou em suas mãos.— Eu vou fazer um chá para nós. Já volto. - Disse dona Elis indo em direção a cozinha.— Emma. Seu pai está seguro em minha casa. Minha mãe está cuidando dele e meu irmão a essa hora já chegou do trabalho. Não se preocupe. Vim direto pra cá porque não podia ficar lá e você aqui s
— Vai ficar tudo bem, Emma. - Disse Julian enquanto se aproximava dela. A jovem que ainda estava ajoelhada ao lado do pai desacordado, segurou a mão que o noivo estava lhe estendendo e se levantou.— Quero ir na minha casa, Julian! Tentar encontrar qualquer pista de quem fez isso.— Tem certeza?— Sim. Eu tenho.— Tudo bem. Eu vou com você.— Obrigada. Eu vou trocar de roupa. Você pode pegar alguma coisa pra gente comer no caminho e água?— Você não prefere comer antes de sair?— Não. Você pode comer se quiser, mas eu prefiro que você leve algo para mim.— Eu vou pegar, então.Assim que Julian saiu do quarto, Emma começou a trocar de roupa. Poucos minutos depois alguém bateu na porta. Era sua avó. Ela terminou de se ajeitar e abriu a porta. Seus primos estavam junto com Dona Elis, e estavam trazendo as malas de Emma. A garota não tinha levado tanta coisa, mas tinha trago quase todos os livros de sua avó, por isso as malas estavam bem pesadas..— Pensei que estivesse carregando você ne