Emma dispara para o mercado onde havia encontrado Ethan no dia anterior. O trabalho com seu pai; a aventura na floresta e a noite em claro não foram o suficiente para aplacar a curiosidade e ansiedade que a tomavam. Portanto, antes que mais alguém na casa despertasse, além dela mesma, a jovem pegou o cavalo e foi de encontro ao único que poderia aplacar ao menos um pouco aqueles sentimentos.Ao chegar, ela caminha pelo mercado, seu olhar atento à procura de Ethan. Seu coração acelera quando finalmente o encontra, com um sorriso enigmático nos lábios.— Ethan! Que bom te encontrar novamente! Senti que precisava voltar aqui, algo me chamava de volta.— Emma, fico feliz que tenha seguido essa intuição. Eu tenho novidades para você. Encontrei algo sobre um objeto antigo, um medalhão ancestral, bem parecido com esse que você tem - Ethan apontou para o objeto que Emma recebeu de presente de sua avó no dia de seu aniversário - que pode estar diretamente ligado à sua busca por respostas.— Um
Alguns meses depois de receber de presente o amuleto de família, Emma já havia aprendido os padrões de seus sonhos. Eles ocorriam sempre por cinco dias na lua cheia, na noite do auge da lua e dois dias antes e dois dias depois. Ela agora estava se preparando para ir para a casa de sua avó, pois era aniversário dela e a jovem passaria a semana em sua casa. A viagem a estava deixando mais ansiosa do que costumava deixar nos anos anteriores, dessa vez a garota tinha algo a mais. Na conversa que teve com sua avó, no dia em que achou que a única explicação para tudo o que ela estava vendo fosse a loucura, sua avó disse algumas coisas que a tranquilizou: “— Querida. Sua mãe teve esses sonhos e eu também. Você não está ficando louca. Essa é uma pedra que está sendo passada de mãe para filha há várias gerações. Na primeira lua cheia que a recebi, tive sonhos como esses que você teve e sua mãe também. Depois os sonhos somem, devem ser lembranças de nossos antepassados. “Mas quando os sonhos
Emma abriu o baú que tinha lençóis e toalhas, mas quando os retirou, por baixo tinham muitos livros antigos. Ela retirou um a um e foi empilhando-os ao redor deles. Eram oito livros ao todo. A jovem pegou um muito grande com as páginas um pouco abertas, colocou no meio deles e o abriu. Era um livro de mapas. Muitos mapas dobrados no interior do livro, ele não era nem tão grosso como havia parecido, mas as folhas dobradas davam esse aspecto a ele.— É um livro de mapas. - Emma falou enquanto abria um deles.Eles o observaram. Uma floresta se estendia de ponta a ponta desde as montanhas onde o rio nascia até a outra cadeia de montanhas que separava a floresta do mar. O rio cortava a floresta desde sua nascente, atravessando-a por toda sua extensão até o mar. Haviam três clareiras, uma mais próxima das montanhas onde havia a nascente do rio, outra no meio da floresta, mas próxima ao rio e outra também próxima ao rio, mas já se aproximando das montanhas que separavam a floresta do oceano.
Depois de muito caminhar por entre as muitas ervas e plantas medicinais, avó e neta caminharam para dois bancos de pedra que ficavam de frente um para o outro, bem no meio do canteiro. Elis se sentou em um e apontou para que Emma se sentasse no outro. A garota assim fez e olhou diretamente para sua avó que parecia esperar alguma coisa.— Você quer me contar alguma coisa, Emma?A jovem pensou um pouco.— Vovó, daqui a pouco as pessoas estarão aqui para seu jantar.— Não se preocupe com isso. Alguma coisa te perturbou, eu percebi. Quer me contar o quê?Então Emma contou. Tudo. E no final sua avó estava olhando com um ar sério para o rosto da neta.— E você acha que vai ser você, não é? E acha que não está pronta, que vai falhar. - Emma baixou a cabeça, ela ainda não tinha se permitido pensar na palavra "falhar". Se ela falhasse depois de tantas gerações, depois de pessoas que foram vitoriosas, seria vergonhoso e ela carregaria a culpa da ruína do mundo. A garota só conseguiu assentir pa
Depois daquele sonho desesperador, Emma não conseguia mais dormir. O medo de novas informações era nada perto do medo que ela sentiu no sonho e ainda sentia. Ela precisava saber mais. Sentou-se na cama, acendeu a vela que ficava ao lado; pegou o livro, colocou-o em seu colo e com um suspiro profundo, tomou coragem e o abriu. Passou pela página onde havia o desenho do amuleto e o que ela tinha lido com os primos. Na próxima página havia um desenho de montanhas e entre elas um castelo. Virando a folha, ela viu um texto que dizia:" No início, o deus das Sombras vivia em harmonia com os outros deuses. Os deuses viviam entre os mortais e eram venerados por eles. Esses deuses habitavam o alto das montanhas em um castelo, mas conviviam com os mortais e realizavam o seu trabalho. A deusa da Chuva era responsável pelas colheitas fartas, as crias saudáveis dos animais e também pelos filhos fortes dos aldeões, e por isso recebeu um templo em homenagem e reconhecimento pelos seus feitos. Seu tem
Emma disparou para a sala. Na porta, parado, estava Julian. Suas roupas, braços e rosto estavam sujos de fuligem. A garota sentiu um frio percorrer a espinha e um nó se formou em seu estômago.— Julian! O que aconteceu? Por que você está sujo de fuligem?— Seu pai está bem, Mel. Fique tranquila, mas sua casa pegou fogo.As pernas de Emma amoleceram e ela precisou sentar imediatamente. De medo, tristeza e alívio.— Meu filho, entre. Vá tomar um banho. Os meninos deixam roupa aqui, as roupas de Arion devem servir em você. - Disse dona Elis.Julian aceitou. Poucos minutos depois ele voltou para a sala limpo e com as roupas emprestadas que lhe serviram bem. O rapaz se sentou ao lado da noiva e pegou em suas mãos.— Eu vou fazer um chá para nós. Já volto. - Disse dona Elis indo em direção a cozinha.— Emma. Seu pai está seguro em minha casa. Minha mãe está cuidando dele e meu irmão a essa hora já chegou do trabalho. Não se preocupe. Vim direto pra cá porque não podia ficar lá e você aqui s
— Vai ficar tudo bem, Emma. - Disse Julian enquanto se aproximava dela. A jovem que ainda estava ajoelhada ao lado do pai desacordado, segurou a mão que o noivo estava lhe estendendo e se levantou.— Quero ir na minha casa, Julian! Tentar encontrar qualquer pista de quem fez isso.— Tem certeza?— Sim. Eu tenho.— Tudo bem. Eu vou com você.— Obrigada. Eu vou trocar de roupa. Você pode pegar alguma coisa pra gente comer no caminho e água?— Você não prefere comer antes de sair?— Não. Você pode comer se quiser, mas eu prefiro que você leve algo para mim.— Eu vou pegar, então.Assim que Julian saiu do quarto, Emma começou a trocar de roupa. Poucos minutos depois alguém bateu na porta. Era sua avó. Ela terminou de se ajeitar e abriu a porta. Seus primos estavam junto com Dona Elis, e estavam trazendo as malas de Emma. A garota não tinha levado tanta coisa, mas tinha trago quase todos os livros de sua avó, por isso as malas estavam bem pesadas..— Pensei que estivesse carregando você ne
Eles estavam voltando da floresta, já havia passado a hora do almoço e estavam famintos. Emma ia um pouco a frente e parou de repente. Julian se aproximou.— O que foi?— Olhe! - Ela sussurrou apontando para a lateral da casa de Julian, e o rapaz viu uma figura totalmente vestida de preto. Parecia vestida da cabeça até os pés com uma espécie de roupão, e um capuz cobria sua cabeça. Mas ao mesmo tempo que parecia real, poderia parecer algo vindo dos contos de terror. Ao se mover, não parecia andar, mas deslizar, e da mesma maneira que aparecera, sumiu. — O que foi aquilo? - Julian falou.— Não faço a menor ideia. - Ela respondeu.— Por que vocês pararam? - Perguntou YanniEmma contou aos primos o que viram.— Será que pode ser a mesma pessoa que colocou fogo na sua casa? - Falou Arion.— Pensei nisso. - Emma respondeu.— Teremos que ficar mais atentos depois disso, vamos montar grupos de vigia durante a noite. - Falou Arion. – Julian, você e seu irmão vigiam a casa durante um período