Levou quase a noite inteira, mas finalmente Cerberus e Helena chegaram até algumas civilização.— E agora, o que faremos? — Selene perguntou.No rosto de todos havia dúvidas, angústias e muita preocupação.— Cerberus, vou ligar para sua mãe, você e Helena não podem ficar na rua com uma criança pequena, é perigoso demais. Ela vai gostar de recebê-los.— Todos saberão de Helena, apenas a minha mãe sabe, mas e você? Para onde vai?— Eu me viro, sempre me virei. — Apollo disse com um sorriso de lado, sua vida era uma incógnita e se dependesse dele, continuaria sendo.Não demorou muito para o motorista de Hera aparecer, ele ficou encarregado de levar Cerberus e Helena para aquele que seria o seu novo lar.Apollo partiu em um táxi logo em seguida, iria para o seu refúgio, para a casa que um dia deixou para trás quando foi trabalhar com Cerberus.-------Na casa de Hera, ela deixava uma mesa posta, tinha tudo que o filho mais gostava e muito mais, pois ela pensava se Helena gostaria também.
Helena foi levada para o quarto de Cerberus, demorou alguns minutos para acordar e quando despertou, tinha todos ali a olhando. Até mesmo um médico foi chamado.— Veja, ela está acordando... — O médico disse ao ver seus olhos se mexerem. — Olá senhorita. — Senhora! — Cerberus rosnou para o médico, o fazendo engolir seco e tremer.— A senhora, teve uma queda de pressão, deve ter passado por algum pico de estresse.— Helena, o que houve? Algo a irritou? — A mãe de Cerberus perguntou.Helena olhou Hades ali parado próximo a porta, parecia pronta para dizer seus medos, para entregar tudo, mas os olhos sombrios dele a fizeram recuar, não podia, não deveria fazer isso, pois talvez se colocasse em perigo se o fizesse.— Vocês falaram de um incêndio em sua casa, acham pouco? É muito estresse. — Hades disse. Ele era astuto, daria um jeito de manter Helena calada.Helena apenas concordou com a cabeça e forçou um sorriso, não questionaria ou revelaria nada, não nesse momento.------Enquanto i
Os dias juntos a família de Cerberus não eram de todos ruim. O pai de Cerberus, Teseu, não falava muito, na verdade, mal olhava para Helena ou para o bebê. Já Hera enchia a criança de mimos, buscou no porão vários brinquedos que foram de Hades e Cerberus quando pequenos, adorava passar suas tardes com a criança, ela comprou roupas, comprou até mais do que Helena e Eros precisava.O único problema era Hades, a simples presença dele, seu olhar frio, era sempre uma ameaça velada que a fazia se trancar no quarto como um animal assustado. Mas sempre que o medo tomava conta de seu coração, Cerberus aparecia.Ele gostava de envolver Helena e o filho em seus braços, e assim fazê-los sentirem -se seguros.-----Naquela manhã, Helena estava a mesa, tomando café com a família, tinha Eros no carrinho ao seu lado e todos comendo a mesa. Os modos de Cerberus tinham melhorado muito, ele ainda odiava talheres e comidas finas, gostava de carne, de churrasco e claro de lanches, principalmente os feitos
Hera ficou boquiaberta com a cena, pensou que seria um feliz reencontro, mas não, aquilo não agradou Helena.— Quando eu disse que estava grávida, vocês me abandonaram, me deixaram no internato para padecer sozinha, dei a luz sem família, sem ninguém passei os primeiros dias chorando junto com o Eros, pois não sabia como cuidar de um bebê. Minha vida mudou quando reencontrei o Cerberus, ele e a senhora Hera cuidaram de mim, me acolheram antes mesmo de saber da ligação de Eros com eles, coisa que vocês deveriam ter feito.O pai de Helena engoliu seco, pensou que se tivesse acolhido a filha quando ela precisou, agora teria ligação com uma família poderosa.— Senhores, acho melhor irem embora, não pensei que tivessem coragem de fazer algo assim! — Hera falou com raiva.— Pois não saio, quero resolver a situação com a minha filha. — O pai disse.Cerberus passou o bebê para Helena e desceu na frente, parou diante daquele que seria seu sogro. Ele não sorriu... Não, aquele só parecia um rosn
Cerberus e Helena estavam vivendo bem, mas sentiam falta de seu lar, seu refúgio, do lugar com grama e natureza. Já Hera, está radiante, passava suas tardes mimando o pequeno Eros.— Helena, sei que disse não a sua mãe sobre o casamento, mas nisso eu concordo com ela, você tem que se casar. Podemos fazer uma festa pequena, depois de casados, vocês voltam para o sítio, já está quase tudo pronto por lá.— Senhora não precisa se incomodar, eu nunca sonhei com isso, com um casamento. Apenas quero a felicidade do Cerberus e do Eros também. — Helena falava de coração, amava a família que lhe acolheu.Hera pensou em conversar com Helena, pelo filho não teve informações, talvez Helena fosse mais aberta.— Querida, notei que o Eros dorme em seu quarto, dorme com você e com o Cerberus, vocês não fazem... Bom, não na frente dele não é? Pois isso é errado, muito errado.Agora foi a vez de Helena ficar vermelha de vergonha.— Senhora, jamais faria um ato desse, nunca teria intimidade com Cerberus,
Memórias e Novos ComeçosApollo estava em pé, apoiado na mesa da cozinha. A luz suave da manhã iluminava seu rosto tenso. Selene estava ao seu lado, o olhar em expectativa ansiosa pelas palavras dele. Ela o observava com cuidado, percebendo o turbilhão de pensamentos que passava por sua mente. Ele olhava para as fotos que ela havia encontrado, as imagens de sua primeira esposa e filha, e sentia como se o peso do mundo estivesse de volta sobre seus ombros, a dor e a culpa o corroiam.— Não devia ter pego isso... — Ele disse pegando em suas mãos as fotos que antes se recusava a olhar.— Desculpe. Apollo, eu confio minha vida a você, por favor, confie em mim.Os olhos de Selene lhe passaram confiança. Talvez a coragem para enfrentar o passado estivesse ali. Ela não o pressionou, mas sua presença era um alicerce silencioso. Ele precisava falar — Eu quero contar. — Apollo começou, sua voz mais grave do que o normal. — Vou contar... — Era doído, as palavras ardiam em sua garganta.Selene a
Helena não pensou que existisse tamanha dor...— Respire senhora Helena, respire! — A médica dizia a todo momento, enquanto a preparava.— Sou senhorita! — Ela respondeu e gritou com a dor.— Está bem senhorita. Vamos colocar essa criança no mundo. Helena apenas concordou com a cabeça. Pensou que nada ali estava certo, que ela não deveria ser mãe.A médica a anestesiou, agora podia cortar a carne de Helena sem querer ela sentisse tanta dor.Helena olhava a todo momento para baixo, curiosa, pensava que dali não sairia bebê nenhum, que seu caso era outro e quando descobrissem, ela já estaria morta. Infelizmente, um tecido separava ela da visão.Por fim, a dor parou. Helena se questionava se havia morrido, se sua vida tinha chegado ao fim e por isso, não era mais capaz de sentir dor.Junto com o alívio da dor ter cessado, veio um sentimento novo e forte. Seu coração batia descompassado, como se visse o amor de sua pela primeira vez.O choro fino, baixo e infantil tomou conta do ambiente
Viver em um internato não era ruim, Helena tinha amigas, tinha uma educação exemplar e contava com as regalias que o dinheiro podia pagar.Helena entrou no internato com apenas 10 anos, seus pais queriam preservá-la para um futuro casamento, para que quando adulta ela soubesse obedecer seu marido e encontraram ali uma solução.Os pais de Helena tinham posses. Não eram podres de ricos, mas o que tinham, lhes permitia certas extravagâncias, como uma escola cara.Para eles aquilo era comum, as filhas eram moedas de troca, eram preservadas para no futuro se casarem com pessoas que lhe dariam riquezas e poder. E aquele internato era famoso por preservar as meninas até a idade adulta, assim elas saíram de seus muros direto para um casamento e na maioria das vezes um casamento sem amor.Helena achava o prédio do internato sombrio, as paredes eram frias e a noite não tinha coragem de sair do dormitório, pois a escuridão, o breu era denso demais. Mas o que mais assustava Helena eram os sons, o