A história dos Vargas vai muito além dos grandes prédios multinacionais que acumulam fortunas bilionárias ao redor do mundo. Essa família milenar passou séculos servindo a uma tradição que ainda está viva: caçar seres sobrenaturais.Muitos dos Vargas deixaram a profissão de caçador e passaram a trabalhar em escritórios, mas dentro de cada um ainda existe aquele instinto primitivo. Por isso, quando ouvem histórias bizarras de ataques sobrenaturais a humanos, eles agem como policiais sobrenaturais, investigando e caçando essas criaturas.Lorenzo não se mudou para aquela cidade por acaso. Além de ser a cidade natal de sua esposa, Elisabete, ele havia observado que uma grande alcateia estava perdendo o controle, com lobisomens gigantes atacando pessoas. Era intrigante, pois aqueles lobos não deixavam a cidade, nem mesmo os Ômegas, lobisomens que permaneciam em sua forma animal o tempo todo. Isso não acontecia fora daquela cidade, e Lorenzo decidiu levar sua família para lá, procurando um
LunaTudo estava diferente em mim. O mundo ao meu redor, antes tão comum e tedioso, agora parecia ter mudado completamente. Claro que isso me assustava. As habilidades que eu tinha iam muito além do que eu imaginava. Mas abri mão dos conselhos e da companhia das minhas ancestrais. Deixei minha avó para trás. Sei que devo me concentrar no presente, nas pessoas vivas ao meu redor e no meu objetivo, mas a saudade é inevitável. A quem recorrerei quando tudo der errado? Quando eu não souber o que fazer?Não sei tudo. Mas lembro-me de ter acessado uma versão de mim em outro universo. Será que ainda posso fazer isso e pedir conselhos? A última vez, disseram que eu tinha todas as respostas, mas agora, deitada na cama, olhando para o teto, parece que não tenho resposta alguma.Respiro fundo, fecho os olhos e penso em Adrian. Sempre que penso nele, uma calma repentina me invade. Claro, junto vêm lembranças de lobos, maldição, bruxa. Mas, imaginando nós dois juntos, encontro paz.Quando estamos
Luna acordou com os primeiros raios do dia atravessando a cortina fina da janela do seu quarto. Seus olhos piscavam lentamente, ajustando-se à claridade. O sol já estava alto o suficiente para indicar que todos na casa provavelmente já estavam acordados. Ela suspirou, sabendo que em poucos minutos teria que enfrentar seus parentes na mesa do café da manhã.Ela preferia ficar no quarto. Sempre se achou muito antissocial, muito diferente de todos eles. Luna amava sua família, os tios, as tias, os primos, e claro, seus pais. Mas desde sempre sentiu que era diferente de todos. Era mais reservada, mais introspectiva. Passava a maior parte do tempo com fones de ouvido, alheia às conversas ao redor. Quando alguém a chamava, ela tirava os fones com relutância e pedia para repetirem a pergunta, mesmo sabendo que não queria responder.Luna nunca soube exatamente por que se sentia assim. Até que pisou naquela maldita cidade. Aquilo não justificava tudo, mas começava a se entender. Afinal, levant
Luna aconteceu essa escadas animada, mesmo com um bilhão de coisas para resolver. O fim de semana, finalmente, acabou a casa enorme, finalmente, era só dela e dos seus pais. Ela gostava dos seus parentes ,mas a forma fervorosa.No entanto, ao descer as escadas, ela encontra sua mãe, que falava sozinha, sem saber que Luna se aproximava. A garota para bem na frente dela ,onde finalmente percebe. Ela queria saber o que estava perturbando Elisabete. — Está chateada? — ela pergunta, com o cenho franzido. Elisa não queria descarregar toda sua frustração em cima da filha. Aceitava a família do seu marido vir visitar, ia até as suas casas, mas ela sabia que eles não estavam ali de passagem. Não foram visitar a família. Aquilo era trabalho. Iríamos caçar lobos. Lorenzo sabia o quanto isso chateava ela, e mesmo assim, ele os trouxe para dentro de casa, com esse propósito.Naquele momento, em frente a sua filha, ela tentaria disfarçar. Mas Luna não era tola. Era uma sensitiva, e sabia o quan
Luna desceu do carro, seus olhos imediatamente se fixando na imponente estrutura do colégio. A escola, um majestoso castelo gótico, erguia-se contra o céu cinzento, suas torres alcançando as nuvens. O coração de Luna acelerou ao contemplar a magnitude daquele lugar que sempre a fazia se sentir pequena e insignificante.Respirando fundo, ela tentou ignorar o turbilhão de emoções que a dominava. Medo, ansiedade, e uma sensação estranha de estar sendo observada. Cada passo que dava em direção às portas de madeira maciça parecia ecoar pela eternidade. Ela desejava passar despercebida pelos colegas que se aglomeravam nos corredores, mas sentia todos os olhares sobre si.Subindo as escadas, o barulho ao redor foi diminuindo gradualmente até que apenas seus próprios passos podiam ser ouvidos. No último andar, a torre mais alta do castelo, estava a sala que poucos visitavam. Ali, longe do movimento incessante do colégio, Adrian a esperava.A porta rangeu ao abrir, e Luna entrou, ofegante. A s
Jane estava sentada em sua poltrona de veludo escarlate, no centro de sua sala moderna, porém desprovida de calor humano. Ela nunca se acostumara com a frieza minimalista da decoração contemporânea; as linhas retas e superfícies brilhantes pareciam refletir a desordem em sua mente. Seus dedos pálidos e alongados tamborilavam no braço da poltrona, enquanto ela observava os móveis flutuarem e se rearranjarem ao seu redor, movidos pela magia que emanava de suas mãos como uma extensão de sua própria vontade.A sala, embora moderna, tinha um ar de passado, preenchida com artefatos antigos e livros empoeirados que destoavam da mobília atual. Um candelabro de cristal pendia do teto, balançando levemente sem vento, iluminando o espaço com uma luz trêmula.Jane sempre foi uma criatura de reclusão e mistério, preferindo a companhia de seus pensamentos e encantamentos à presença de outros. Ela havia vivido mais de um século, navegando pelas eras com uma habilidade astuta de adaptação, mas sempre
Luna sabia que era perigoso sair de casa, justamente quando todo mundo parecia estar de olho nela. Lisa dava pistas do que poderia estar acontecendo naquela casa. Ironias soltas, de propósito, deixavam Luna intrigada. Tudo que ela mais queria era ficar em paz, sem barulho. O momento estava conturbado. Ela não podia ver Adrian sempre. Mas naquela noite, ela ficou decidida a sair dali de qualquer forma e encontrá-lo. Estava de saco cheio e achou que isso poderia ajudar. Sair da rotina atual de estar presa em seu quarto o tempo todo. Todos questionando o porquê de tudo isso. O porquê de ela ser tão diferente e de não se interessar pelas coisas da família. Eram perguntas e mais questionamentos. Coisas que ela não queria responder e não podia.Sua mãe, Elisabete, parecia recuada também. Uma prisão em sua própria casa. Algo que ela não podia expressar. Elisabete amava seu marido e entendia que a forma deles agirem e trabalharem era algo comum. Que veio de gerações. Assim como veio de geraçõ
O luar penetrava timidamente através das copas densas das árvores, criando sombras dançantes na floresta. O ar estava impregnado com o cheiro da terra úmida e da folhagem densa, enquanto o som de folhas sendo esmagadas sob passos apressados quebrava o silêncio da noite. Lisa e seus tios avançavam implacáveis, seus olhos brilhando com uma determinação feroz. Eles eram caçadores de lobos, e hoje, a caçada seria diferente.Os lobos solitários, um pequeno grupo de três, estavam assustados. Suas respirações eram audíveis, seus corações batendo em ritmo frenético. Eles sentiam o perigo iminente, mas algo em suas mentes, uma faísca de consciência, os fazia correr e se esconder. Um deles, mais corajoso ou talvez mais desesperado, tentou se defender, rosnando para os caçadores que empunhavam balas de prata e flechas com pontas afiadas do mesmo metal mortal.De repente, um estalo. Um dos lobos caiu em uma armadilha escondida sob a folhagem. Seus uivos de dor ecoaram pela floresta, um som que ge