Jane estava sentada em sua poltrona de veludo escarlate, no centro de sua sala moderna, porém desprovida de calor humano. Ela nunca se acostumara com a frieza minimalista da decoração contemporânea; as linhas retas e superfícies brilhantes pareciam refletir a desordem em sua mente. Seus dedos pálidos e alongados tamborilavam no braço da poltrona, enquanto ela observava os móveis flutuarem e se rearranjarem ao seu redor, movidos pela magia que emanava de suas mãos como uma extensão de sua própria vontade.A sala, embora moderna, tinha um ar de passado, preenchida com artefatos antigos e livros empoeirados que destoavam da mobília atual. Um candelabro de cristal pendia do teto, balançando levemente sem vento, iluminando o espaço com uma luz trêmula.Jane sempre foi uma criatura de reclusão e mistério, preferindo a companhia de seus pensamentos e encantamentos à presença de outros. Ela havia vivido mais de um século, navegando pelas eras com uma habilidade astuta de adaptação, mas sempre
Luna sabia que era perigoso sair de casa, justamente quando todo mundo parecia estar de olho nela. Lisa dava pistas do que poderia estar acontecendo naquela casa. Ironias soltas, de propósito, deixavam Luna intrigada. Tudo que ela mais queria era ficar em paz, sem barulho. O momento estava conturbado. Ela não podia ver Adrian sempre. Mas naquela noite, ela ficou decidida a sair dali de qualquer forma e encontrá-lo. Estava de saco cheio e achou que isso poderia ajudar. Sair da rotina atual de estar presa em seu quarto o tempo todo. Todos questionando o porquê de tudo isso. O porquê de ela ser tão diferente e de não se interessar pelas coisas da família. Eram perguntas e mais questionamentos. Coisas que ela não queria responder e não podia.Sua mãe, Elisabete, parecia recuada também. Uma prisão em sua própria casa. Algo que ela não podia expressar. Elisabete amava seu marido e entendia que a forma deles agirem e trabalharem era algo comum. Que veio de gerações. Assim como veio de geraçõ
O luar penetrava timidamente através das copas densas das árvores, criando sombras dançantes na floresta. O ar estava impregnado com o cheiro da terra úmida e da folhagem densa, enquanto o som de folhas sendo esmagadas sob passos apressados quebrava o silêncio da noite. Lisa e seus tios avançavam implacáveis, seus olhos brilhando com uma determinação feroz. Eles eram caçadores de lobos, e hoje, a caçada seria diferente.Os lobos solitários, um pequeno grupo de três, estavam assustados. Suas respirações eram audíveis, seus corações batendo em ritmo frenético. Eles sentiam o perigo iminente, mas algo em suas mentes, uma faísca de consciência, os fazia correr e se esconder. Um deles, mais corajoso ou talvez mais desesperado, tentou se defender, rosnando para os caçadores que empunhavam balas de prata e flechas com pontas afiadas do mesmo metal mortal.De repente, um estalo. Um dos lobos caiu em uma armadilha escondida sob a folhagem. Seus uivos de dor ecoaram pela floresta, um som que ge
O primeiro raio de sol atravessou a janela da cabana, tingindo de dourado o interior do pequeno refúgio. Luna e Adrian estavam deitados no chão de madeira, abraçados, envoltos em uma serenidade alheia ao mundo exterior. O calor do sol tocou suavemente o rosto de Luna, despertando-a do sono. Ela piscou lentamente, ajustando-se à luz crescente.- Adrian, - sussurrou ela, sacudindo-o levemente. - O sol já está nascendo. Nós deveríamos ter voltado para casa horas atrás.Adrian abriu os olhos, a preocupação substituindo rapidamente a calma em seu semblante.- É, perdemos a noção do tempo. – Ela sorriu, concordando, lembrando da noite maravilhosa que os dois tiveram.Ela nunca esteve tão feliz. Mesmo com tantas coisas estranhas acontecendo ao mesmo tempo.- Temos que ir antes que alguém descubra que não passamos a noite em nossos quartos.Se dependesse dela, passaria o dia naquele lugar, com ele e mais nada.- Prometa que tomará cuidado. – Ele a impediu de sair de perto. – Usar a magia, só
Adrian flutuava rapidamente pelo caminho de volta para casa, o coração martelando no peito. A cada segundo que passava, a preocupação crescia. Ele sabia que seus pais notariam sua ausência e que a reação deles não seria boa. No entanto, ao se aproximar da grande mansão, algo parecia diferente. A quantidade de seguranças estava menor do que o normal, uma anomalia que aumentava sua inquietação.Ao atravessar os portões da propriedade, Adrian sentiu uma onda de apreensão. Ele empurrou a pesada porta de entrada e encontrou sua mãe, Melissa, na sala de estar, andando de um lado para o outro, visivelmente preocupada. Quando ela o viu, correu até ele, envolvendo-o em um abraço forte e ansioso.- Adrian! Onde você estava? - A voz de Melissa estava carregada de preocupação e irritação.Adrian, ainda ofegante e com o coração acelerado, sabia que sua mãe ouviria a verdade em seu batimento.- Eu... eu fui encontrar Luna, - confessou, a culpa pesando em suas palavras. - Desculpa, mãe. Se eu tivess
— Minha mãe inventou tudo isso para parecer algo mais humano. — Ele disse, jogando a cabeça para trás. — Mas eu não quero. — Luna pega em sua mão, sentindo seus sentimentos. Ele estava com medo. — Tudo o que mais quero é que essa noite passe logo.A garota não parava de reparar na beleza dele. Óbvio que Adrian era o garoto mais atraente e bonito, que ela já viu. Era só seu. Mas existia tantas barreiras entre eles. Tudo o que ela mais desejava era o proteger e sempre estar ao seu lado.— Então finja que é normal. — ela deu a ideia o fazendo encara-la. Adrian não entendia o porquê disse isso, pois mesmo que se esforçasse, aquela noite, não seria nada normal. — Seus amigos vão estar lá. Eu também...— Não! — Foi enfático. O tom de voz transmitia aquele pensamento de que Adrian não queria ser contrariado. Luna franziu o cenho, chocada. Claro que ela sabia dos perigos, entretanto, sua namorada deveria estar ao seu lado, no dia do seu aniversário. — Luna, — Pegou em sua mão, vendo que ela s
LunaEra em momentos como esse que eu não queria estar unida a Adrian. Ele, com certeza, vai sentir que estou em perigo. Mas, sinto que essa é a única forma de finalmente acabar com dois problemas ao mesmo tempo. Primeiro, a bruxa. Apesar de não saber como lutar contra ela, já que sou sozinha, e não faço ideia de como usar os meus poderes contra alguém que é tão experiente e antiga.A segunda coisa séria enfrentar o alfa, que odeia todas as mulheres, bruxas, que se sucederam da bruxa primordial.Sei que minha família vem de uma geração bastante complicada com a dele. Por isso, o ódio que os Bolton sentem por mim e por todas as minhas ancestrais. Mas eu sou diferente, assim como algumas das outras.Ele tinha que entender que, dessa vez, não era a linhagem bruxa que estava lutando contra os lobos, e sim eu, a feiticeira, criada para desfazer da bruxaria feita por uma mulher que se sentiu traída e que condenou todos os filhos do homem que ela amava a serem sérias que poderiam ou não se c
Acho que os meus pais estão a um ponto de surtar. Da forma como eles me imitaram, pasmos como se houvesse um monstro em sua frente. Era interessante, pois para um caçador como ele, estar no frente de um bruxo não era nada. Afinal, ele já havia matado muitas delas. Isso ainda me perturba. Eu nem quero entrar na mente dele e vasculhar os seus segredos, assim como fiz com a Lisa. Bem, aquilo foi necessário para entender o que estava acontecendo. Mas, acabei descobrindo um segredo de família no qual eu não quero de forma alguma participar. Ainda mais eu sendo um ser, que possivelmente iria ser sacrificado por eles. Respiro fundo, mesmo sentindo ansiedade, e vou para o centro da sala. Aquele lugar, mesmo que imenso, ficou pequeno naquele instante. Minha mãe continuava com os olhos arregalados, assustada. Mas, acredito que isso não é uma surpresa para ela. Talvez eu ser uma bruxa, ou melhor dizendo, uma princeseira, seja a causa de tanto pânico. Eu parecia, e queria parecer, bastante